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Channel: POETAS SIGLO XXI - ANTOLOGIA MUNDIAL + 20.000 POETAS: Editor: Fernando Sabido Sánchez #Poesía
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ANTÓM LAIA LÓPEZ [14.366]

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Antóm Laia López

Melide, La Coruña  1956. Trabalha de mestre em Arçúa. Vive entre Melide e Corunha.

Poesía:

NO BALOUÇAR DO VENTO. 2013. Desenhos de Xosé Tomás.
AS MARGENS DO TEMPO. Desenhos de Tomás Roures- Próxima saída.-
NO CINZEL LIVRE DAS SECURAS. Próxima saída.
Narrativa:
DO MADRID-PARÍS A JACQUES BREL. Em construçom.

Poética:

De sempre…dende a miudez dos tempos-a leitura em estâncias solitárias-amando mesmo antes de saber dos dedos-como vento lizgairo que me mancava nos desejos…

A poesia …esse mistério fecundo-sempre me atravessou-de forma nom sempre lúdica-nom sempre cósmica-nom sempre amante-nom sempre formalmente belida…

Cuspe-se sangue no mundo do terror…mas volve como as queirotas nas primaveras-umha vez e outra-na busca sempre da casa habitada-das palavras…sempre as palavras-sempre elas amantes amadoras nas praias comunais-nas redes escarlate, nas gándaras onde cavei o meu corpo como um ausente…
Na língua na que soubem dos pica-folhas, dos trompos-do esgaravatear dos olhos como vagalumes de ternura-vivências das mulheres nas que tenho gravidado como folha acquosa na que nadei em corpo-como o nascer do tempo no que vim as ponlas enverdecer e medrar-tam aginha como os azuis do céu que me assoalha…

…significa que o mar nos foi deixando
solitarios-
como ás bestas
e non puidemos derruba-la esperanza—

mas as palavras-na lingua do leite que se maçou nos tempos-como o queijo da tataravó que permanece, nesse sabor agre e doce que é a vida-sendo sempre as palavras do poema-o regresso-espelhos rotos, nas miradas das crianças…

tens um menino nos olhos—

como temos borboletinhas de futuro, sempre carregadas de urces e chorimas-amadurecendo nos versos, neste nosso tempo-de maçás rubias-jazendo no morar das ausências, terriveis desatinos —

Nosso país-como barquinha des-profundado-nossas palavras-esnaquiçadas nos vidros, no balouçar do vento, como chuva-enxergando luzes de vitória—-




Poemas:

MULHER CEIVE LIVRE PATRIA. (no balouçar do vento)

a Teresa, companhéira.

Mulher ceive de livre patria
fito dentro e alvisco-te inteira
e permaneces plena na memória.
Hoje em ti estou na longa espera
como folha averdecida pola água.
Amor-amante altivo e solitário
que te procura noite a noite em desespero,
noite a noite nos anseios.
Mulher ceive livre patria, mulher amada!
enmergulho nos teus seios minha alma
que fondamente no mais fondo te penetra.
Mulher livre patria,em ti espedadaço-me
anaco tras de anaco para acochengar-me
no liquem fresco das tuas carnes
no liquem fresco das tuas carnes
como folhas averdecidas polas águas.







E NOM NAVEGO MAIS RÍO QUE O TEU CORPO. 
(no balouçar do vento)

O nosso amor une-se subterrâneo
como as mâos agretadas de trabalho,
como os grâos de milho serodio,
como o río que no poço desemboca!

Nosso amor, sinal acesa nos espaços,
como os olhos que se abrem e se fecham,
como as lilás que tardias arrecendem,
como labres que se bicam fondamente!

O nosso amor, águas navegaveis surcando
nos seios frondosos da selvagem,
plenitude azul de tudos os anseios.

O nosso amor que se une subterrâneo
nas noites furiosas dos abraios,
fértil arvoreda na Fraga dos Esqueços.

E nom navego mais rio que o teu corpo!







MULHERES (no cinzel livre das securas)

Longos cravos espetados
nos corpos, nas coxas, nos seios
cabo do mundo de elas.

Fecharon-lhes as cancelas para
traguer-lhes a nuite nos menceres.
oxidaron-lhes as mâos com
grilhotes de ferro encadeadas…..

Fecharon-nas, cravaron-nas, oxidaron-nas
em séculos murchos de dominio.
como bestas de arrastre forom
usadas, calumniadas, explotadas,
violadas, assassinadas, matadas.

Cortaron-lhes as linguas para que
nom falaram e os olhos para que
nom fitaram….

Tentarom choe-las na miseria,
na escravitude, no silêncio,
nas covas do medo e da tortura.

E elas, soinhas e balteiras, marias
comunais de mâos e vigor,
escano a escano tras escano:
resistirom, termarom, rebelarom
para verquer nos horizontes,
passo a passo,umha trabe de
ouro e dignidade





ÁFRICA. (no cinzel livre das securas)

as faces negras da gente
exprimindo ausências,
os olhos pretos das meninas
olhando-se ao longe,
as mâos entrelaçadas
em lombos aranhados,
o deserto em ilhas de soidade,
ébano,
negro sobre preto,
Ángola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde,
a voz da dozura dos pés descalços,
Pepetela, Mia Couto, Amilcar Cabral,
negritude na que
ninguém impedirá a chuva
nem o cheiro novo das florestas depois da chuva,
ninguém poderá silenciar a dança nem o rufar do tambor,
Agostinho Neto, a palavra nua, preto derriba de preto,
negro sobre negro em olhos limpidos,
S.Tomé e Principe,
ébano,
onde os poetas acendem as estrelas,
onde a companheira canta na sanzala,
a camarada negra deitada sobre a esteira
na África preta, na África negra,
no cinzel livre da secura,
nas mâos agretadas da esperança.







pero yo cuando te hablo a ti… palabras para Julia.
 j.agustin goytisolo

PALAVRAS A DOA. (as margens do tempo)

Medrou a lua e aquel bonequinho permanece
neste meu coraçom de brasa que se apaga,
nestas horas de recordo ,nestes segundos
de tanta busca balouçando-me na tua espera—

Medrou a lua e o sol tardio bate nos meus olhos
e queima de ansiedade as minhas mortas horas,
escrevendo cum giz no vento que me sufoca o
dor que me espinha na amanhâ que me alboreja.

Medrou a lua nos diálogos sonâmbulos da noite
onde jogo decote cos sonhos que persistem,
como essa água da fonte que frecuentemente
molha de lágrimas a minha secura de outrora.

Medrou a lua e ti segues como os amorodos
que o avó recolhia na Cabana para encher de
sabor livre o quarto da Casa Velha,onde vivem
todos os presentes guardados naquela artesa.

Medrou a lua e disque as flores ainda vivem
e sonzinho tenho que bicar-te na tua meixela.
para que saibas que os meus dedos nom se
apartam dos meus sonhos nem das esperas…

Medra a lua hoje-caminho de tantos caminhos,
e quero que saibas que tudo permanece,
como as nanas daquel livrinho de palhaços ledos,
nas que imaginavas um mundo ateigado de soles.

Medra a lua-filha-agrandando-se cara os Tessos
daquel Taro Branco, naquel confím da encruzilhada,
para que voltem cara os mundos que deixamos
o arrezender das águas que abrolham no retorno.

Medra a lua, e tudo fica e tudo transcorre e segue
e nas minhas palavras sempre a Mouchinha Branca—





ESCOLA.

Tens um menino nos olhos. Kha Tembe. (as margens do tempo)

Ainda tes um neninho de luz nos olhares
e recordas-te naquel escano de freixo
onde olhavas as letras cinzeladas na
piçarra preta
onde debuxavas um sol um mundo e umha árvore
e contavas um conto de poucas
palavras.

Pássaros esvoando no ar cálido
dos seráns no regresso entardecido
onde ainda achas recordos de secretos
guardados no peto fondo da memória.







GUY DAVENPORT [14.367] Poeta de Estados Unidos

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Guy Davenport 

Nació en 1927, en Carolina del Sur, Estados Unidos y murió el 4 de enero de 2005. Conocido sobre todo como ensayista de renombre y crítico literario, fue también poeta, pintor, ilustrador y notable traductor (por ejemplo, su libro de traducciones de poetas y filósofos griegos de la antigüedad 7 Greeks, 1995, obtuvo los premios del PEN y de la Academia Americana de Poetas), además de ser un reconocido cuentista (su libro ¡Tatlin!, es incluido en “El canon occidental” de Harold Bloom). En 1961 obtuvo su Doctorado por Harvard con un estudio sobre Pound.

Los ensayos de Davenport han sido feliz y abundantemente traducidos al español, sobre todo por el poeta y editor mexicano Gabriel Bernal Granados: El museo en sí (Aldus, 1999); La sonata Concord (Libros Magenta, 2012); La muerte de Picasso (Verdehalago, 2000); Objetos sobre una mesa (Turner y FCE, 2002); Cuaderno de Balthus (Umbral, 2005) y ¿Qué son las revoluciones? (Libros Magenta, 2008).

Sus libros de poesía son Cydonia Florentia (The Lowell-Adams House Printers/Laurence Scott, 1966) Flowers and Leaves: Poema vel Sonata, Carmina Autumni Primaeque Veris Transformationem (Nantahala Foundation/Jonathan Williams, 1966; Bamberger Books, 1991), con ilustraciones suyas; The Resurrection in Cookham Churchyard (Jordan Davies, 1982); Goldfinch Thistle Star (Red Ozier Press, 1983); Thasos and Ohio: Poems and Translations, 1950–1980 (North Point Press, 1986) (incluye gran parte de Flowers and Leaves, así como traducciones de 6 de los “7 Griegos” y de Rainer Maria Rilke y Harold Schimmel). Hasta donde sé, ninguno ha sido traducido al castellano.
[por León Félix Batista]


Poemas del estadounidense Guy Davenport



En Maratón

Marianne Moore saludó el campo de batalla.
Su endeble mano al borde del sombrero
redondo como un plato, de pie en pose de atención
en su mejor estilo Astilleros de Brooklyn
o como años antes Jim Thorpe y ella
izaron la bandera escolar en Carlisle.
Aquí en largas capas escarlata las hileras
avanzaron con escudos sillados, entonando
a los tambores azotados y el pífano chillando
el himno despiadado de Apolo el Lobo,
lanzas remitiendo, colas de caballo fluyendo
de cascos enmascarados con ojos de ultratumba.
Los sableros próximos y los jabalinistas
Más capas rojas, Ares salvaje en sus filos.
Las jabalinas silbaron como perdices
parejas en un monte y cayeron cual nevisca.
Los persas penetraron, barrena de avispones.
Los griegos lanzaron su estocada como el fuego
engulle un palo. Mañosamente sabios
los persas se retiraron hacia el mar
y navegaron fuertemente hasta Atenas,
la cual, el ejército griego en la llanura,
se arrodilló a sus pies, victoria de mañana.
Pero los griegos estaban allí el día siguiente
para reducirlos. Habían corrido toda la distancia
desde Maratón, veinte millas, en bronce.
Hace dos mil cuatrocientos cincuenta y cinco
años. Hay cosas que uno nunca debe
dejar incompletas, como venir de Brooklyn
durante la vejez para saludar al ejército
en Maratón. ¿Qué son los años?



At Marathon

Marianne Moore saluted the battlefield.
Her frail hand at the brim of her hat
round as a platter, she stood at attention
in her best Brooklyn Navy Yard manner,
or as years before she and Jim Thorpe
raised the school flag at Carlisle.
Here in long scarlet cloaks the ranks
advanced with ashlares shields, singing
to the thrashed drums and squealing fife
the pitiless hymn of Apollo the Wolf,
spears forward, horsetails streaming
from the masked helmets with unearthly eyes.
The swordline next and the javelineers,
More red cloaks, Ares wild in their blades.
The javelins whistled up like partridges
flushed in a brake and fell like sleet.
The Persians bored in, an auger of hornets.
The Greeks flowed around their thrust
as fire eats a stick. Wise to the ruse,
the Persians pulled back to the sea
and made hard in their ships for Athens,
wich, the Greek army there on the plain,
lay naked to their will, tomorrow’s victory.
But the Greeks were there on the morrow
to cut them back. They had run all the way
from Marathon, twenty miles, in bronze.
Two thousand, four hundred and fifty-five
years ago. There are things one must not
leave undone, such as coming from Brooklyn
in one’s old age to salute the army
at Marathon. What are years?





La Medusa

es Juno de las Cintas en gelatina,
poco más, como Lyman dijo a Agassiz,
que agua organizada, el cerebro de Hegel,
en un chal de encaje, luz de luna tejida,
su cúpula de cristal líquido
sellada por suturas invisibles,
sus bolsas de espora disfrazadas de ojos
alternadas con ojos, ojo testículo,
ojo testículo, pétalo brillante,
seis sexos que florecen en seis ojos
orlados con pliegues delgados como el vino
descendiendo por la copa
cosido a la cúpula con telaraña.
Su confeti de cuarenta patas cuelga,
raíz de orquídea malar,
página de punto en plata de Da Vinci
en el murmullo y meandro de los ríos
que remolinean, espiral contra espiral,
como el pelo de Isabella de’Este.
Esta anatomía de agua
con su cuenco de cristal de sombrero
colgado con ojos sexuales y sexos ópticos
es nombrada Medusa por las amas
de la denominación, Arethusa y Ariadna,
señoras cuya suerte estaba en laberintos.
Es el Hombre Portugués de Guerra,
la ortiga marina, la medusa punzante.
Constructores con cestos de átomos
en los siete días, uniendo protozoarios
llamaron a estas jibas de légamo
barbadas con helecho transparente
La Señora Eléctrica, Venus Quintaesencial,
Jezebel en Panoplia, Hera de las Borlas.
Esta esfera graciosa cercada
y vestida en pelo de Isolda,
cangrejo tímido, improbablemente intrincado,
y por la palabra de cualquier artesano virtuoso
imposible, es cincuenta libras de agua
y cuatro onzas de carne,
es electricidad de volantes replegados,
y es transparente. Puedes ver
a su través lo que hay detrás, un pez
curvo como en un espejo con urdimbre,
o coral oprimido y estirado
por esta lente de agua gorda. Lía
para copular un estilo de engranaje
alrededor de otra que a su vez
está rodando alrededor de otra, ojo
viendo en otro ojo, semental entre la cuenca.
Es un hermafrodita y puede,
si la urgencia es grande, acoplarse con seis
al mismo tiempo y es sabido
que, con la mar picada y él tan diestro,
dispara de entre sus compañeros
dos pies en el aire.
No empolla bebés Circes sino
anémonas, flores carnívoras,
granadas del océano que
se mezclan, como sus titanes
padres Venus y Mercurio.
Acéfalas, no son seres
sino semillas de los seres,
padre, huevo e infante en uno,
huesos de agua, carne de película.
Su progenie es el pulpo fantasma
con piernas de humo, la dormida-
bifurcada-y-ojeada Medusa Cyanea,
disparo en el azul, rápido aguijón,
una ferocidad de luz
en la fría oscuridad de los mares.



The Medusa

is Juno of the Ribbons in gelatin,
little more, as Lyman said to Agassiz,
than organized water, Hegel’s brain
in a lace shawl, knit moonlight,
its dome of liquid glass
sealed by invisible sutures,
its spore sacs disguised as eyes
alternate with eyes, testicle eye,
testicle eye, petalwise radiant,
six sexes flowering in six eyes
fringed with pleats thin as wine
down the side of a glass
stitched to the dome with cobweb.
Its confetti of forty legs
hang bellow, mylar orchid roots,
a silverpoint page of da Vinci
on the purl and meander of rivers
that eddy, curl in countercurl,
like Isabella de’Este’s hair.
This anatomy of water
with its crystal bowl of a hat
hung with sexual eyes and optical sexes
is named Medusa by the masters
of naming, Arethusa and Ariadne,
ladies whose fate was in mazes.
It is the Portuguese Man of War,
the sea nettle, the stinging jellyfish.
Builders with baskets of atoms
in the seven days, sticking the protozoa
together, called these humps of slime
bearded with transparent fern
The Electric Lady, Quintessential Venus,
Jezebel in Panoply, Hera of the Tassels.
This gracefullest sphere ringed
and dressed in Isolde hair,
crawfish-shy, improbably intricate,
and by any virtuoso craftsman’s word
impossible, is fifty pounds of water
and four ounces of flesh,
is an electricity of convolute frills,
and is transparent. You may see
through it what’s behind, a fish
rippled as in a mirror with a warp,
or coral squeezed and stretched
by this lens of fat water. To
copulate it rolls cogwheel fashion
around another which in turn
is rolling around another, eye
looking into eye, seeder into socket.
It is an hermaphrodite and can
if the press is great mate with six
at once and has been known,
what with the sea unsteady and itself so slick,
to shoot from among its fellows
two feet into the air.
It hatches not baby Circes but
anemones, carnivorous flowers,
pomegranates of the ocean which
like their titan parents are
Venus and Mercury blended.
Headless, they are not beings
but the seeds of beings,
parent, egg, and, and infant in one,
bones of water, flesh of film.
Their progeny is the ghost octopus
with legs of smoke, the dozen-crotched-
and-eyed Medusa Cyanea,
fire in azure, quick to sting,
a ferociousness of light
in the cold dark of the seas.

http://www.vallejoandcopany.com/







JUSTINUS KERNER [14.368] Poeta de Alemania

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Justinus Kerner

Justinus Andreas Christian Kerner o Justinus Kerner (n. 18 de septiembre de 1786, en Ludwigsburg, Baden-Wurtemberg, Alemania – † 21 de febrero de 1862, en Weinsberg, Baden-Wurtemberg), fue un médico y poeta alemán de Weinsberg. Dio la primera descripción detallada del botulismo y fue también el precursor de las aplicaciones terapéuticas de la toxina botulínica experimentando sus efectos sobre sí mismo y sobre numerosos animales. Se le conoce sobre todo como lírico y formó, con Uhland, Schwab y Mörike, la escuela suaba. Publicó cinco colecciones de poesías (de 1826 a 1854) y, en prosa, Siluetas de viaje (1811), Libro ilustrado de mi adolescencia (1849), y La vidente de Prevorst (1829) sobre el hipnotismo.

Nació en Ludwigsburg, Württemberg. Tras asistir a las escuelas clásicas de Ludwigsburg y Maulbronn, entró como aprendiz en una fábrica de tejidos, pero, en 1804, debido a los buenos servicios del profesor Karl Philipp Conz, pudo entrar en la Universidad de Tubinga. Estudió medicina, pero también tuvo tiempo para actividades literarias en la compañía de Ludwig Uhland, Gustav Schwab y otros. Alcanzó el grado de doctor en 1808, pasó algún tiempo viajando, instalándose como médico en ejercicio en Wildbad.

Allí completó su Reiseschatten von dem Schattenspieler Luchs (1811), en la que describe sus propias experiencias con humor cáustico. Después colaboró con Uhland y Schwab en el Poetischer Almanach de 1812, que fue seguido por el Dichterwald Deutscher (1813), en los que serían publicados algunos de los mejores poemas de Kerner. En 1815 obtuvo el nombramiento oficial de médico oficial de distrito (Oberamtsarzt) en Gaildorf, y en 1818 fue transferido a Weinsberg, donde pasó el resto de su vida.

Su casa, situada al pie del histórico Schloss Weibertreu y que le fuera entregada por los ciudadanos, llegaría a ser una meca de peregrinos literarios, todos los cuales serían bien recibidos. Gustav IV Adolfo de Suecia vino con una mochila a su espalda. Los poetas Christian Friedrich Alexander von Württemberg y Nikolaus Lenau eran invitados constantes, y en 1826 llegaría Friederike Hauffe, hija de un guardabosques de Prevorst, somnámbula y clarividente, convirtiéndose en protagonista de la famosa obra de Kerner Die Seherin von Prevorst, Eröffnungen über das innere Leben des Menschen und über das Hineinragen einer Geisterwelt in die unsere (La vidente de Prevorst, revelaciones sobre la vida interior del hombre y de la intrusión de un mundo espiritual en el nuestro]]) (1829; 6ª ed., 1892). En 1826 publicó una colección de Gedichte (Poemas) que sería más tarde complementado por Der letzte Blütenstrauß (1852) y Winterblüten (1859). Entre otros de sus mejores poemas están la encantadora balada Der reichste Fürst; una canción de bebedores, Wohlauf, noch getrunken, y el pensativo Wanderer in der Sägemühle.

Además de sus producciones literarias, Kerner escribió algunos libros de divulgación médica, versados sobre magnetismo animal, un tratado sobre la influencia del ácido sebácico en organismos animales, Das Fettgift oder die Fettsäure und ihre Wirkung auf den tierischen Organismus (1822); una descripción de Wildbad y sus aguas curativas, Das Wildbad im Königreich Württemberg (1813); mientras dio una bonita y vívida cuenta de su juventud en Bilderbuch aus meiner Knabenzeit (1859); y en Die Bestürmung der württembergischen Stadt Weinsberg im Jahre 1525 (1820), mostró una considerable habilidad en la narración histórica.

En 1851 se vio obligado, debido a una ceguera creciente, a retirarse de su práctica médica, pero vivió, atendido cuidadosamente por sus hijas, en Weinsberg hasta su muerte. Fue enterrado junto a su esposa, que había muerto en 1854, en el cementerio de Weinsberg, y la tumba está marcada por una losa de piedra con una inscripción que él mismo había elegido: Friederike Kerner und ihr Justinus.

Listado cronológico de obras

1811 Reiseschatten. Von dem Schattenspieler Luchs (Collage de cartas)
1816 Die Heimatlosen (Historia)
1817 Der rasende Sandler (Sátira)
1824 Geschichte zweyer Somnambülen. Nebst einigen anderen Denkwürdigkeiten aus dem Gebiete der magischen Heilkunde und der Psychologie
1826 Gedichte (publicaciones ampliadas en 1834, 1841, 1847 y 1854)
1829 Die Seherin von Prevorst. Eröffnungen über das innere Leben der Menschen und über das Hereinragen einer Geisterwelt in die unsere
1835 Der Bärenhäuter im Salzbade (Farsa dramática)
1840 Bilderbuch aus meiner Knabenzeit. Erinnerungen aus den Jahren 1786 bis 1804
1852 Der letzte Blüthenstrauß (Poemas)
1853 Die somnambülen Tische. Zur Geschichte und Erklärung dieser Erscheinung
1856 Franz Anton Mesmer aus Schwaben, Entdecker des thierischen Magnetismus
1859 Winterblüthen (Poemas)
1890 Klecksographien (Publicado póstumamente por su hijo Theobald Kerner)

Asociación con George Rapp y la Harmony Society

En Bilderbuch aus meiner Knabenzeit, Kerner recuerda las visitas de George Rapp a su padre, Oberamtmann en Maulbronn. El padre de Kerner había ayudado a proteger a Rapp del procesamiento religioso por las autoridades en Alemania, y Kerner recordaba bien a Rapp y su larga barba negra. George Rapp y sus seguidores finalmente abandonaron Alemania en 1803, estableciéndose en los Estados Unidos, e iniciando la Harmony Society. En 1829 Kerner publicó Die Seherin von Prevorst [La vidente de Prevorst], sobre la relación de Kerner con una joven llamada Friederike Hauffe (1801-1829), que tenía fama de tener poderes visionarios y curativos, y que había producido un extraño lenguaje 'interior', conteniendo elementos similares al hebreo. Este libro causó una gran impresión entre los miembros de la Harmony Society en 1829, que lo consideró como la confirmación del nuevo milenio y de sus opiniones religiosas.

Evaluación

Kerner fue uno de los más inspirados poetas de la escuela suaba. Sus poemas, que en gran parte tratan con fenómenos naturales, se caracterizan por una profunda melancolía y una inclinación hacia lo sobrenatural, lo cual, sin embargo, es equilibrado por un humor pintoresco, evocador del Volkslied.

Referencias culturales

El poeta Thomas Medwin permaneció con él desde 1848 a 1849 y más tarde escribió un poema en su honor To Justinus Kerner: With a Painted Wreath of Bay-Leaves publicado en London en 1854.




KLEKSOGRAFÍAS DE JUSTINUS KERNER
SELECCIÓN, TRADUCCIÓN 
Y ESTUDIO PRELIMINAR
Luis Montiel


Antes de proceder a explicar el significado del término considero necesario justificar su traducción, si de traducción puede hablarse en este caso y no de mera transcripción al español. «Kleksographien» es el nombre dado por Kerner a figuras como las que aquí se muestran; un neologismo no acuñado por él mismo, sino por «un ingenioso amigo del arte y del humor»16 cuya identidad desconocemos. Después de considerar varias opciones he optado por la mera adaptación al español, pues la traducción del vocablo alemán «Kleks» —borrón, mancha de tinta— habría producido
engendros como «borronografías» o «manchografías»; la opción «maculografías»  quedaba descartada por el hecho de que el propio Kerner podría haber utilizado el vocablo latino de haber querido; y, por fin, su adopción —y la nuestra en otros casos— de la desinencia griega sin traducir —como en fotografía, telegrafía, calcografía, etc.—, me incitaba a hacer otro tanto con el eufónico —pues no en vano incluye una onomatopeya— vocablo alemán. Algunos motivos, pues, pero también una preferencia personal, explican —no sé si justificándola— mi decisión.

En su breve introducción a la edición existente de algunas kleksografías, su autor nos explica cómo su creciente pérdida de visión, debida a cataratas, ha provocado, por una parte, una mayor torpeza al escribir, que se traduce en profusión de borrones, y por otra en la toma en consideración de las caprichosas formas, aún bien perceptibles para él, que adoptan las gotas de tinta sobre el papel inutilizado para la escritura después de plegarlo del mismo modo que, como ahora recuerda, hacían a
veces otros escolares y él mismo en la lejana infancia para divertirse con semejantes productos del azar. La semejanza de este proceder con el test de Rorschach ha sido generalmente reconocida, hasta convertirse en un lugar común. Sin embargo, no he conseguido encontrar un testimonio explícito a este respecto. El autor de referencia en la historia de la «psiquiatría dinámica», Henri F. Ellenberger, da por sentada la influencia de las kleksografías de Kerner, pero sin aportar prueba alguna. Y el propio Rorschach sólo de refilón emplea dicho neologismo sin siquiera asociarlo al médico romántico.

Desde el punto de vista técnico, Kerner utilizó diversas sustancias para producir sus figuras: tinta común para escritura, desde luego, pero también, como él mismo advierte en algunos de los poemas que las acompañan en la citada edición incluidos en la presente selección, café y tinta de imprenta. En algunos casos retocó a plumilla las imágenes así creadas, lo cual, para los interesados en la aplicación del método de Rorschach a nuestro autor, representa una primera interpretación. Y por fin, añadió  a cada figura un poema. Desde el punto de vista técnico algunos de ellos son bastante complejos, con métrica y rima variables que, en la mayor parte de los casos, no se someten a reglas clásicas de construcción y que he procurado respetar escrupulosamente.

En la perspectiva del significado, aunque algo podrían decir a los psicoanalistas, no encuentro adecuado considerarlos sin más como una especie de test de Rorschach inocentemente autoaplicado, pues en casi todos los casos los textos están al servicio de la voluntad de su autor, una voluntad que, a menudo, resulta risible e incluso desagradable al lector actual por su contenido en eso que Nietzsche llamó despectivamente «moralina». Cierto es que, en muchas ocasiones, el talento poético de Kerner sale incólume de la confrontación con esa ideología suya, acentuada por la edad, la proximidad de la muerte y la tristeza en la que, según sus propios testimonios y los de sus contemporáneos, le había sumido el fallecimiento de su esposa.

Con todo, algo hay en el origen de estas «kleksografías» que escapa a la propia voluntad y que, por lo tanto, les confiere esa cualidad misteriosa que su autor reconoce en dos de los primeros poemas:




De la muerte los heraldos
desde la noche de tinta
traen del Hades los grabados.

(¡Corazón, nada sabías!).



Estas figuras del Hades,
negras, que me traen temores,
son espíritus menores;
por sus solas fuerzas nacen.
Para espantarme, sucintas,
brotan de manchas de tinta.
Así, siempre pienso en ellas
en la noche, en las tinieblas.


También más tarde, al comienzo de la sección «Imágenes del infierno», recalca esta idea, señalando también en qué medida tales imágenes pueden estar fuera del control de quien las ha hecho surgir: 



De una noche aún más profunda
trae el tintero turbamulta
antes de hallar una frase.
¡Si lo hubiera sabido antes!
De este modo he aprendido
cuán grandes son los peligros
al kleksografiar de noche:
con manchas de tinta negra
surge un gato a troche y moche
que al diablo hace muecas;
y es Satán quien nos la juega.
Kleksógrafos, con frecuencia,
son burlados a conciencia
por espíritus que cambian
sus figuras a mansalva,
igual que en vida trocaron
por lo oscuro lo más claro,
y siguen eternamente
su derrota impenitente. 





El fantasma cadáveres anuncia.
Largas y negras pestes él preludia.
Cuando se acerca este nocturno espectro
quejas y llantos se oyen a lo lejos;
dice el sabihondo1: «Es el ulular
del búho, del bosque en la soledad».
Mas de pronto ve, igual que el labriego,
sentada en el muro del cementerio
a la plañidera, le posee el espanto;
grita ella en la noche, alzando los brazos:
«¡Que de vosotros Dios tenga piedad!
¡Con vuestro Señor poneos en paz!
¡Se acerca la peste con celeridad!»
Y luego en el aire desaparece;
y la peste llega volando, volando,
y hace tantos muertos, que el camposanto
de tumbas y fosas muy pronto carece. 




Esta es Doña Volantes,
quien su cadáver contempla
en el lugar donde tiembla:
el Purgatorio del Hades.
«¡Ponedme un volante más!»
demandaba en su agonía;
la ropa, mientras vivía,
le importaba por demás.
Ahora grita: «¡Ay, que oscuro!
¡Estoy fría, tiesa y dura!
¡Dígame usted, señor cura:
En la luz de un cielo puro
flota un ángel de bondad
que hasta el buen Dios va a llevarte’.
¡Buen Dios! ¡Que de mi se apiade!
¡Cuán grande es mi soledad!
¿Dónde la luz celestial?
¿Dónde el sol y las estrellas?
Solo en la noche siniestra
mi vestido fantasmal».
Lejos se oye: «¡Vuelve en ti!
¡La ganga abajo te arrastra!
¡Da nueva luz a tu alma!
¡Deja que vuelva a subir!
¡Vencer tu ceguera osa!
¡Vamos! ¡Quítate la venda
y que tu gusano aprenda
a trocarse en mariposa!». 




Cuando hoy kleksografiaba
no con tinta: con café,
vi cómo se presentaba
la Consejera Salomé.
A diario de visita,
una, cuando no dos veces,
en el sofá sentadita
como en el agua los peces.
Deslumbrada por su prima
y otras damas de su altura,
sólo libros de cocina
constituían su lectura.
Agonizando decía:
«De visita he de marchar».
Y la muerte respondía:
«A café te he de invitar».
¡Ay! Lleva muchas semanas
en Hades, en soledad.
pero al olor del café
algo se empieza a animar.
Se aviva; quiere una cita;
se deja kleksografiar.
El café es lo que la excita
y se viene a presentar.
Mas si yo hubiera probado
con café moca esta vez
no la habría convocado,
lo que me hace suponer
que ahora el arrepentimiento
hacia Dios la está volviendo. 

¡Quién es este aparecido
del café al grato olor?
Tinta es lo único que ha olido,
lo que al Hades le llevó.
Actas: su solo placer;
un amigo: el palillero;
su gran deleite: el dinero;
el alma envuelta en papel.
«En un tintero me veo
—dice— por falsificar
pasaportes por dinero;
ni pluma ni tinta hay.
¡Ay, si alguien me procurara
un par de gotas de tinta!
Pero con esto no basta:
papel y pluma querría.
Escribiría al buen Dios
una queja razonable
explicándole que estoy
erróneamente en el Hades».
«¡Atrás! —grité— ¡Que me abrumas,
alma de papel secante,
mapa de todas las culpas
por las que estás en el Hades!»
Se zambulló en su tintero
rápido y sin rechistar:
signo de arrepentimiento
que sólo puedo aprobar.
La vocera de las llamas,
gran mariposa nocturna, 
cuando nadie vela, surca
el cielo sobre las casas.
El aire rojo se torna
como en medio de un incendio
y ella grita, como loca,
desde lo alto: «¡Fuego! ¡Fuego!»
Quien la escucha, con temor
se pregunta: «¿Arde la casa?»
Pero al cabo, nada pasa;
desaparece el fulgor.
Mas, pasada una semana,
el vigía de la torre
ha de tocar las campanas:
¡Terrible incendio en la noche!
También en el campo suenan.
De muy lejos se ve el fuego
y el viento sopla con fuerza:
diez casas ardieron luego.
Todos saben bien quien fue
la vocera de las llamas;
muy listo no hay que ser,
y nadie a engaño se llama.
Era una mujer muy mala
que estranguló a su marido.
Para ocultar su delito
incendió toda su casa.
El viento sopló colérico
atizando bien las brasas
hasta diez casas ardieron,
pero ella no salió salva.
A falta de una semana
para que surja un incendio
sopla un viento que la arrastra
para que anuncie ese fuego.
El cielo dictó sentencia:
esa es su penitencia.
«¡Fuego!», grita, aterradora,
y en el aire se evapora. 

Como una pupa, esta híbrida cosa
entre la oruga y la mariposa
del Hades asciende privada de alas.
—«¡Vuelve con las sombras, aquí no haces nada
hasta que brillantes alas no te salgan!»
—«¡No salen! ¡Ya basta! ¡No me engañarás!
¡No quiero ya más en la noche esperar!
'Asciende a la luz'¡Vaya una nonada!
¡A la luz nos lleva sólo la razón!
Mi lúcida mente siempre así pensó».
Así me habló el alma extraviada,
y yo le dije: «tu faz empecatada
no ha dejado de ser la de una pupa;
sobre ella, la espesa caperuza
que ni en el mismo Hades te has quitado
me demuestra que nada has madurado:
Tu cabeza, tu orgullo, tu autoengaño
es lo que en ti las alas ha abortado».
Así hablé a la pupa, y una mano
invisible hacia el Hades la arrastró
para que rompa el vestido terrenal,
esa cabeza tan sólo racional
que el amor propio sin freno envenenó,
y el alma alada volar pueda veloz
de la noche a su patria celestial. 




Todas las noches, de aquel castillo
con negras ropas sale el espíritu.
Cuando en la torre las doce dan
sobre su falda, negro alquitrán,
surge el dibujo de un esqueleto:
el de su pobre marido muerto.
Brilla en la noche, fosforescente;
lo envenenó, dice la gente.
Cuando en la noche cruza mi seto,
por la mañana yo me estremezco,
porque mis flores, hasta ayer vivas
hoy en el suelo yacen, marchitas. 

Del castillo, de una dama en el cuarto
cuelga un vetusto espejo.
Custodiado quedó hace muchos años
bajo cerrojos fieros.
Lo que con el espejo sucedió
hace ya largo tiempo
por más que pueda despertar pavor
narrároslo hoy quiero.
Las puertas, al sonar la medianoche
se abren una a una
y el marco del espejo resplandece
cual la luz de la luna.
Luego se ve surgir de su interior
una helada figura
Si alguien la ve, sólo siente terror
pues muy pronto se esfuma.
¿Quién era, preguntáis? Preciosa y fatua
sin tasa, una mujer
que tanto se admiraba ante el espejo
que murió ante él.
Agonizante, dijo a su doncella:
«tiñe bien mis cabellos,
pues no quiero que grises aparezcan
ni en el sueño eterno.
Y antes que mi cadáver quede expuesto
perfila bien mis labios; 
no temas darles forma con tus dedos:
que queden como antaño».
Aún quiso ordenar más, seguir hablando
de cierto corsé, creo,
de unos dientes postizos, tanto y cuanto,
pero no tuvo tiempo.
Empero nada hizo la sirvienta
de lo que fue ordenado;
así, noche tras noche, macilenta,
la muerta ha retornado.
Teñir desea cana cabellera,
hallar corsé y dientes,
mas canta el gallo y de igual manera
del espejo se pierde.
Tantos son ya los que del caso hablaban
que el alcaide, medroso,
ordenó que el espejo se encerrara
bajo firmes cerrojos.
Y ya que mi atención llamar quería,
la plasmo, indiferente,
macabra muestra de peluquería,
kleksográficamente. 





Imagen de la falsedad
surgida del infierno
en tinta te he de ahogar
si lleno mi tintero.
Tú, máscara perversa
—un gato en la cabeza
y otro más en el pecho—,
vuélvete, pues, al fuego
donde tienes tu sitio:
yo te kleksografío. 




Quién fuera antaño este trasgo
tan sólo yo lo he averiguado.
Decía uno: «Un actuario
glotón famoso y bebedor».
Otro, profundo pensador,
dijo: «era un cura mercenario;
se ve con toda claridad
por su negruzca ropa talar».
Dijo el tercero: «un boticario
que envenenó los excipientes
para matar a los pacientes».
Hablé y rompieron a reír:
«Me indica su barba de chivo
y sus dos varas de medir
que en vida hubo de ser muy vivo
robando sin sufrir desastres
y sólo pudo ser... un sastre». 


Kleksografiando con tinta de imprimir
—sólo el diablo me pudo a ello inducir—
tamaño escándalo se atrevió a surgir.
No sé quien es ni sé cuando vivió;
Fausto, tal vez, quien la imprenta inventó.
Un mal cristiano fue —de él sabemos bastante—
y en el infierno está por nigromante.
Que su destino fuese éste o no
nunca me resulto muy interesante
hasta que vi su imagen denigrante:
esa es la tinta que crea las erratas;
por ella sufren las letras alteradas.
Textos salen de imprenta que son una irrisión
mientras que su autor muere de pura humillación
y grita a su familia en la noche serena:
«¡Mujer, hijos, mirad, mirad qué pena:
lo que de mi obra ha hecho esa maldita imprenta!
En lodazal estoy sin remisión».
Cuánto calvario esa tinta aún traerá
 no oso decirlo. Y ¿quién se atreverá?
Mas, aunque tiemblo,
he aquí un ejemplo:
Un librero se queja ante su autor:
«¡Si nunca hubiera impreso nada suyo!
Su diccionario de indio, buen señor,
en diez años no me ha dejado un duro;
y su apología... ¡por favor!
Y con sus otros libros, aún peor.
Aquí los tengo, todos en montón».
Bien pensado, todo esto son fintas
¡negro de imprenta! para exorcizarte. 

Yo kleksografiaré sólo con tinta
y nunca volveré a utilizarte.
Apenas dicho esto, se desliza
hacia el tejado, chimenea arriba;
una lluvia de piedras me agrede
y no encuentro lugar donde esconderme.
«¡Ay!», grito, «¡el demonio va a cogerme!»
Pero es sólo un momento pues, de un salto
cierro la puerta de la chimenea.
Una explosión se escucha, que envenena
la casa desde el suelo hasta lo alto.
Miro entre el humo, y aún distingo apenas
cómo esta quimera kleksográfica,
figura de las faltas tipográficas,
monta a caballo, burlándose de mí,
sobre un brazo de imprenta, y así,
orgullosa cual rey, de mí se aparta. 




Cuando, frente al tintero
me sentaba yo de nuevo,
mi plumilla remojando
para escribir un rato
algo apareció, reptando
como la cola de un gato.
Receloso me mostraba
pues la cosa se estiraba.
¿Un ratón? ¡Por San Antonio!
¡Pero si era el demonio!
Hízome tres reverencias,
con el rabo haciendo anillas;
me contó mil maravillas;
para ganarse mi anuencia
dijo haber sido una vez
en Nápoles canciller.
«Ahora estoy, según parece
—dijo— gastando otro terno,
—tiene lo que se merece—
un ratito en el infierno.
Antes era poderoso;
ahora, por decirlo pronto,
sólo soy un pobre diablo
mas, eso sí, industrioso:
trabajo con los pigmentos
de la imprenta de mi amo.
Y te digo —no te enfades—:
para figuras del Hades
precisas de otro elemento.
Tu tinta es bastante clara;
con la mía has de mezclarla». 

Le respondí, enojado:
«¿Es que crees que no he notado
que eres el diablejo aquél
a quien en día señalado
por la chimenea expulsé?
¡Déjame que me caliente!
¡Mi tintero he de arrojarte
algo luteranamente!
Aunque esto ha de bastarte»:
Sé que lo odia el Maligno
y de la cruz hice el signo.
Adelgazó con premura.
Insistí entonces con saña:
como el hilo de una araña.
salió por la cerradura. 





Manicomio o la poesía como mancha oscura

Por: Esther M. García



En 1857 Andreas Justinus Kerner, médico y poeta alemán, publica un raro y transgresor libro titulado Kleksographien (“Klecksografías” en español), en donde incluyó por primera vez imágenes en un libro de poesía.  El título del libro debe su nombre a un neologismo inventado por él y un amigo, del cual se desconocen sus generales.

Tomando el vocablo alemán Klecks -Borrón, mancha de tinta- había producido una nueva visión poética y linguística e hizo de los poemas emisarios del inframundo.

Este libro fue dividido en tres partes: “Heraldos de la muerte”, “Imágenes del hades” e “Imágenes del infierno” en donde las “Klecksografías” van emanando de la página en blanco como manchas deformes al principio,  para luego tomar forma y cuerpo con la poesía.

A manera de prólogo, Kerner escribe un Memento mori que consta de dos klecksografías con sus correspondientes poemas, dando una composición de 40 poemas y 51 figuras que se despliegan por todo el libro.

En su mayoría las figuras corresponden a formas de “mariposa” y desde el punto de vista técnico, Kernel utilizó diversas sustancias para crear las figuras: tinta común para escribir, café y tinta de imprenta que vertía sobre el papel para después plegarlo y crear la figura, el cuerpo al que luego insuflaba vida a través de la escritura, el lenguaje.

En cada poema se apreciar la visión que el poeta alemán tenía sobre el infierno, la maldad, la locura y esa noche negra del alma que muchos temen: la soledad como equivalente de la nada, el vacío:



Estas figuras del Hades,
negras, que me traen temores,
son espíritus menores;
por sus solas fuerzas nacen.
Para espantarme, sucintas,
brotan de manchas de tinta.
Así, siempre pienso en ellas
en la noche, en las tinieblas



Kerner nos mostraba así la decadencia y el dolor; la batalla de la lucidez contra la locura, en donde el escenario principal es el infierno, un lugar en donde la poesía es fuego y ceniza.

Casi 30 años después de la publicación de este libro,  nace en Suiza uno de los mayores exponentes de la psiquiatría moderna, padre de uno de los test más famosos del mundo: Hermann Rorschach, quien basó el trabajo artístico de Kerner y las asociaciones verbales en herramientas para el estudio del comportamiento y personalidad del ser humano.




“Manicomio”, de Maurizio Medo. (2014), ed. Varasek.


Pero regresemos algunos años antes de la invención del test, de cuando Rorschach era ya un eminente médico psiquiátrico, regresemos al tiempo de su niñez cuando el pequeño Hermann era apodado der klecks, la mancha.

En Suiza se volvió popular el juego de la Klecksografía y Rorschach era un ávido seguidor que disfrutaba de entintar hojas en blanco para después plegarlas y crear así, curiosas formas de aves o mariposas.

¿Fue el juego lúdico, la poesía infernal de Kerner, o la combinación de ambos, los que hicieron a Hermann formular, años más tarde, una de las teorías psiquiátricas más importantes del mundo? No se sabe, pero su influencia perduró a pesar de su temprana muerte a los 37 años por una peritonitis, a pesar de las duras críticas que recibió al publicar su teoría, porque el arte y la locura no deberían de existir, deberían ser erradicados.

Hace unos años, publiqué mi primer libro de poemas en una editorial independiente de Monterrey llamada “La Regia Cartonera”. En esa editorial conocí un libro bastante singular, su portada era una mancha, que me invitaba a adentrarme en ella y descubrir/me a través de su interior. Se trataba de Manicomio y en sus vísceras Rorschach y Kernan fluían danzantes.

El libro era una reedición del original publicado en 2005 por el poeta Maurizio Medo (Lima, 1965) con la cual se abrió un fuente de conocimiento desconocida para muchos de los jóvenes poetas que vivimos en el norte de México.

Inmediatamente mi pregunta al hojear el libro fue ¿qué podría ser esto?

Las imágenes relacionadas al test, la intertextualidad con diversos artistas, las menciones de la juventud, la locura, el dolor, la relación amor-odio hacia padre-madre me hicieron perderme en este laberinto donde cada poema es una habitación donde reina la locura.

Desde “Etumina”, “Sparagmos, sparagmos,” “El falso Ginsberg” o “La mala hierba”, Medo nos transporta por zonas insospechadas de nosotros mismos en donde el autor de este libro se nulifica para que el lector se apropie del texto.

Pero, ¿qué es lo que ve el lector/paciente dentro de estos poemas? Una proyección.

Así como Kerner proyectaba sus sombras internas por medio de aquellas manchas de tinta, o al igual que Rorschach analizando al paciente, los poemas en Manicomio cumplen la función visual de espejo.

La mancha constituye un estímulo óptico activando imágenes que son proyectadas de vuelta a las manchas y ésta es la médula de un poema: la función de espejo, de estímulo que nos hace traer a la superficie a ese otro que se esconde debajo de nuestra piel, condenado a la locura, al dolor, a la desesperación.

Porque ¿qué es la escritura sino una mancha de tinta sobre papel?, ¿qué es el cuadro en blanco, si no el terror a la nada, la soledad, el vacío?

En Manicomio ocurre lo mismo que en Kleksographien: el infierno de la locura y  la alteridad se hacen presentes para convertirse en lugares donde la poesía está destinada a ser de quien se identifique o se proyecte en sus imágenes, sus palabras, los juegos lúdicos y perversos en donde queda la huella honda de un sólo suceso: la escritura.

En todo el libro discurre la sensación de la supresión de un yo poético para dar cabida al otro, al lector. Como sucede en la parte de las láminas del test en donde queda descubierto “El cuerpo muerto del autor”.

Las cinco láminas utilizadas en este libro permiten la intervención del lector y lo que están viendo/leyendo, la transgresión de adentrar al profundo hoyo del conejo a ese otro que está fuera, de mostrar el abismo de la locura y la muerte.

La sociedad en sí ha tratado de evadir la zona negra que integra el yo interno de un ser humano. La locura, la violencia, el odio, la muerte, la soledad o la nada son temas espinosos que han tratado de borrar de diferentes maneras: llenando su vacío con nuestras inconformidades (compra esto, come aquello, debes de sentirte así, no asá ya que los ganadores y triunfadores siempre son seres felices).

Dentro de este reino es imposible pensar, sentir, hacer. En la época actual ¿qué es la poesía?, ¿cómo reacciona el paciente/lector/espectador ante una obra de arte? o quizás, debería decir: ¿cómo reacciona un lector ante la poesía que transgrede y va más allá de la experimentación del lenguaje?

Manicomio es un libro que nos cuestiona, que nos pica en zonas dolorosas en donde el poema es una mancha que se adhiere dentro de nosotros y nos toca precisamente a nosotros, como lectores, descubrir su significado en la lectura.








ALISON WONG [14.369] Poeta de Nueva Zelanda

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Alison Wong 

Nació en Nueva Zelanda, en 1960. Ella es de ascendencia china y actualmente vive en Australia. Ha publicado el libro de poemas Cup en 2006, que fue nominado para los Premios del Libro Montana Nueva Zelanda 2007. Ha recibido numerosas distinciones, incluyendo el Robert Burns Fellowship en 2002 por la Universidad de Otago, Reader’s Digest – NZ, Sociedad de Autores Stout, Centro de Investigación de Becas; NZ Fundadores Premio de Investigación, Premio Janet Frame de ficción y un Copyright Licensing NZ / NZ Sociedad de Autores de Ayuda de Investigación. Ella también ha recibido Becas de Creative NZ y, en 2014, la prestigiosa Beca de Residencia Shanghái, International Writing Program. Su novela Cuando la tierra se vuelve de plata (Penguin NZ, Picador Australia / Reino Unido) se publicó en 2009 y obtuvo el Premio de Narrativa New Zealand Post Book Awards 2010. Fue finalista del premio literario Primer Ministro de Australia. Fue traducida al español (Cuando la tierra gira plateada, Siruela), al francés (Les Amants Papillons, Liana Levi) y al polaco (Gdy sie srebrzy ziemia, Wydawnictwo Nasza Księgarnia).

Por su poesía es considerada una autora destacada de Nueva Zelanda y forma parte de varias antologías, como por ejemplo, en la Antología de la Literatura de Nueva Zelanda de la Universidad de Auckland, 150 Esenciales poemas de Nueva Zelanday 99 Maneras de la poesía en Nueva Zelanda.


ASÍ ESCRIBE ALISON WONG

(Traducción al español: Enrique Solinas)



after
lovers are light
on the earth
they do not understand
gravity
yet
as I lie
draped over you with nothing
not a molecule
between us
I feel like a soft wet leaf
a piece of news
paper wet with the love of you —
we are both
draped over this paper
maché world
and nothing can
separate us
the mix of our
bodies, our words
all the world’s
affairs
being recreated
softly





después
los amantes son livianos
sobre la tierra
ellos no entienden
la gravedad
aún
mientras estoy acostada
cubierta sobre ti sin nada
no hay una molécula
entre nosotros
Me siento como una hoja suave húmeda
una noticia
papel mojado con tu amor -
nosotros somos
tapados sobre este mundo
de papel maché
y nada puede
separarnos
la mezcla de nuestros
cuerpos, nuestras palabras
todo el mundo
asuntos
siendo recreados
en voz baja





Playground 

In the playground, a girl calls to her
brother, Look out for the Chinese boy.
I look at my son. He can say bum, fart
and all kinds of body parts—all in Chinese.
He has dark blonde hair.

I am Chinese, he says proudly.
When I’m an adult, I will eat my vegetables.
I will be a woman.

~

He rides a rocking hamburger
alongside his two best girlfriends.
This is where they discuss
the meaning of life and happiness.
Vagina, one says. Piss, he says, laughing.
Later coming down the stairs, the other
sister smiles. Piss you off, she says.

That night his father asks,
You know what vagina means,
don’t you? Yes, he says, smiling,
I love Sasha and Courtney.






Patio de juegos

En el patio de juegos, una chica llama a su
hermano, Cuidado con el niño chino.
Miro a mi hijo. Él puede decir vago, pedo
y todas las partes de su cuerpo en chino.
Tiene el pelo rubio oscuro.

Soy Chino, dice con orgullo.
Cuando sea un adulto, voy a comer mis verduras.
Yo voy a ser una mujer.



~



Él monta una hamburguesa mecedora
junto a sus dos mejores amigas.
Aquí es donde discuten
el sentido de la vida y la felicidad.
Vagina, dice una. Piss, él dice, riendo.
Más tarde, bajando las escaleras, la otra 
hermana sonríe. Vete a mear, dice ella.

Esa noche su padre le preguntó:
Tú sabes lo que significa vagina,
no es cierto?  Sí, dice, sonriendo,
Me encanta Sasha y Courtney.





One hundred pounds 

For Wong Wei Jung, Wellington 1914 

There is no photograph of the father
of the father of my father
only one taken
from the ancestral home by a man
not related. I imagine him
(inside a cardboard
box, lost in the tenements of
modern Canton)
shot
in pure black
and white, and perhaps aged
the colour of old blood,
and wonder
did he have hair
that swung across his back
in the style of Manchurian
subjection, or was it cut
short and covered by
a trilby? Ah, there
is nothing to see, only brazen black
letters on aged white paper:
a notice of Murder
from the Minister of Justice
the reward as great
as the poll tax*.

* £100 was the reward offered for information leading to the conviction of the murderer of the author’s great-grandfather. It was also the amount of the entry tax (called the poll tax) levied on all non-naturalised Chinese. (Chinese not born in New Zealand were denied naturalization.)





cien libras

Para Wong Wei Jung, Wellington 1914


No hay fotografía del padre
del padre de mi padre
sólo un tomada
en el hogar ancestral por un
desconocido. Me lo imagino
(adentro de una caja
de cartón,  perdida en las viviendas de
la Canton moderna)
disparado
en negro puro
y  blanco, y quizás de años
el color de la sangre vieja,
y la maravilla
¿él tenía el pelo
que colgaba a la espalda
en el estilo del sometimiento
de Manchuria, o se cortó
corto y lo cubrió con
un sombrero? Ah, aquí
no hay nada para ver, sólo negro descarado
cartas sobre su edad en papel blanco:
un aviso de Crimen
del Ministro de Justicia
la recompensa tan grande
como el impuesto de capitación.*

* £ 100 fue la recompensa ofrecida por información para hallar al asesino del bisabuelo de la autora. También era  el impuesto que los chinos pagaban para entrar a Nueva Zelanda (a los chinos no nacidos en Nueva Zelanda se les dejó la naturalización).




cup
this is what we form
what we hold in our hands

ten thousand blessings*

the colour of air

and the sound of hunger

hot or cold, everything
comes to the same end

we hold out
more than we hold in

* 10,000 in Chinese symbolically means an infinite or very large number.





taza

esto es aquello que formamos
lo que tenemos en nuestras manos

diez mil bendiciones*

el color del aire

y el sonido del hambre

caliente o fría, todo
viene con el mismo fin

resistimos
más de lo que tenemos

* 10.000 en chino simboliza un número infinito o muy grande.






light

he moves his hand
down the dip of her back
over her buttocks
then up again
each stroke
the sound of a wave
over shingle
it’s like your skin has a grain he says
like the scales of a fish
oh she says feeling the world turn
liquid
she turns and there
it is—a touch
of rainbow in her skin
as he catches her
in the right
light





luz

él mueve su mano
por la inclinación de la espalda
sobre sus nalgas
luego de nuevo
cada golpe
el sonido de una ola
sobre la teja
es como si tu piel tuviera un grano, dice
como las escamas de un pez
oh ella dice sintiendo el mundo
líquido
ella gira y
es –un toque
del arco iris en su piel
como él la agarra
en la derecha
luz



Alison Wong: “El amor, las complejidades de la familia y las relaciones humanas, son el eje central de mi poética”

Por: Enrique Solinas


1) ¿Cómo llega la literatura a tu vida?

Cuando era chica, iba a la cama y todo era oscuro y quieto. Eso pensaba y no podía dormir, entonces empecé a escribir mis pensamientos. Así comenzó la literatura para mí. Y todavía me quedo pensando en la noche y no puedo dormir, y escribo. Mis primos me dijeron –después de que me hice conocida como escritora– que cuando jugábamos de chicos, yo solía contar historias, aunque no lo recuerdo. Desde joven siempre tuve amor por la lectura.

2) Primero has publicado poesía y después narrativa. ¿Por qué ese orden y no al revés?

Siempre estoy escribiendo y me tomo mucho tiempo para investigar y escribir.  Cuando la tierra se vuelve de plata, me llevó más de doce años su escritura. (La novela es histórica y pasé años investigando y entrevistando gente porque quería que la novela fuera históricamente precisa. Aunque se trata de ficción, algunos de los personajes secundarios y acontecimientos eran reales. Mientras yo seguía escribiendo la novela,  un editor pidió publicar mi poesía, y por esta razón es que el libro de poemas salió publicado primero.

3) Naciste en Nueva Zelanda, viviste en China y actualmente resides en Australia. ¿De qué manera influye en tu escritura este desarraigo?

El lugar donde vivo afecta profundamente mi forma de escribir. Cuando estoy en un espacio muy diferente, uso mis sentidos, la energía y la psiquis, absorbida para adaptarme al nuevo entorno. Escribir sobre este desarraigo ayuda a procesar y reflexionar sobre nuevas experiencias. Si estoy utilizando gran parte de mi energía se acaba viviendo en un ambiente extraño. No es fácil escribir desde un lugar  completamente desconocido.

4) ¿Te sientes extranjera todo el tiempo?

Sí y no. Sobre todo no me siento extranjera Porque si somos bondadosos y amables con los demás, no importa dónde estemos, por lo general la gente responde bien. Nosotros podemos tener diferentes culturas y lenguas, y compartir nuestra humanidad.

Hay un sentido en todo esto, yo a veces puede sentir diferente. Miro diferente que otra gente de Australia y Nueva Zelanda y muy de vez en cuando esto ha importado a los que me conocen –una persona racista poniendo apodos, por ejemplo, o una actitud antiasiática, la cual no está directamente dirigida hacia mí.

Hay un gran número de neozelandeses en Australia (y viceversa) y, aunque los dos países tienen mucho en común, se hace notar que Australia es muy diferente a Nueva Zelanda –paisaje, flora y fauna, en actitudes generales y en la forma en que se hacen las cosas. A veces esto puede descolocarte porque ambos países son lo suficientemente similares como para esperar que sean más iguales entre ellos.

China, por supuesto, es muy diferente a Nueva Zelanda y Australia. Crecí hablando sólo Inglés y mi pobre lengua china es un problema en China, a menos que la gente pueda hablar un buen Inglés No puedo comunicarme en chino en profundidad. Culturalmente soy más neozelandeasa, pero con influencias chinas. China es un país diferente, mis bisabuelos y abuelos se fueron de allí hace más de 100 años. Cuando fui por primera vez a China en la década del ‘80 sentí un real shock cultural. ¡Nunca había visto tanta gente china! Ahora, viviendo en Shanghai, es mucho más parecido a los países occidentales, aunque sigue siendo diferente. Tal vez, muchos de nosotros nos sentimos “extranjeros” o diferentes. Yo soy diferente de mis hermanos, distinta. Me llaman “la artista”. Muchos escritores y artistas se sienten diferentes y esto puede ser la fuente de su escritura o de su arte.

5) ¿Cuál es el lugar donde prefieres para vivir?

Wellington, Nueva Zelanda. Me encanta Wellington a pesar del tiempo terrible. Se le conoce como ‘viento Wellington’ y es uniforme, en los días de verano puede resultar molesto. El invierno es frío. No hay nieve, llueve un poco, puede haber granizo y puede haber fuertes vientos y la humedad hace que se sienta frío. Sin embargo, en un día tranquilo Wellington es impresionante. Es una pequeña ciudad situada en las colinas en torno a un hermoso puerto, y con un vibrante y compacto, artístico, café cultural en el centro de la ciudad. Me mudé a Australia por mi marido, pero Wellington es donde fui a la universidad. He vivido la mayor parte de mi vida en el Gran Wellington.

6) Tu poesía tiene la sencillez de lo cotidiano y la profundidad surge a partir de las reflexiones que realizas sobre lo que cuentas. ¿Cuáles son los temas que te interesa abordar en tu obra?

Mi familia, amigos y relaciones son muy importantes para mí. El amor, las complejidades de la familia y las relaciones humanas, son el eje central de mi poética. Estoy interesada en la interacción entre las culturas, así como la dislocación, la migración, sobre el sentido de identidad y pertenencia y sobre el hogar. Me interesa también la dimensión espiritual, aquello que le da sentido a nuestras vidas.

7) Actualmente, ¿qué estás escribiendo? ¿Poesía, narrativa, o ambos géneros?

Estoy escribiendo un libro que en parte es un libro de memorias, en parte literatura no ficción. En realidad, no hay mucha diferencia entre mi poesía y mi prosa. Me encanta la musicalidad, la belleza y el poder del lenguaje. Me gusta escribir despojadamente, para que el lector aprecie la inteligencia, la imaginación y las emociones de la escritura. A menudo lo que escribo podría haber sido escrito como poesía o como prosa. En el libro que estoy escribiendo ahora exploro a mi familia y a mí, como si fueran otras experiencias en Nueva Zelanda, Australia y China.

8) ¿Cómo ves tu futuro?

Espero el bien de mi hijo y de mi marido. Espero poder ayudar a los necesitados. Y me gustaría escribir más libros –novelas, poesía, posiblemente más literatura de no ficción–  pero yo soy una escritora lenta. No quiero sacrificar a mi familia y a los que me necesitan, necesito tiempo para reflexionar, para ser, para crear y así elaborar algo que valga la pena escribir. Nunca será una escritora prolífica.

9) ¿Puedes decirme tres palabras que te definan como escritora?

Amor, identidad, belleza.



JUAN RAMÓN ARDÓN [14.376] Poeta de Honduras

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Juan Ramón Ardón

Poeta, narrador, ensayista y periodista hondureño. Nació en el año 1911 en Tegucigalpa, Honduras. Falleció en el año 1985.

Dedicado a la política y al periodismo, como casi todos los intelectuales hondureños, viajó por Ecuador, Perú, Chile, Argentina, Uruguay, Brasil y Venezuela en la gira del presidente Ramón Villeda Morales por Sudamérica, de la que fue cronista oficial. En Río de Janeiro le contestó en verso el improvisador Euricledes Formiza, quien había dedicado unas estrofas a la Primera Dama de Honduras.

Colaboró con los periódicos El Atlántico, El País, El Espectador, Diario del Norte, El Heraldo, El Hondureño, La Época, El Día, además con los periódicos salvadoreños Diario de Hoy, Prensa Gráfica y diario latino.


Publicaciones

Escribió varias obras sobre historia política.

Poesía 

Perfiles. Sonetos (1939), 9 poemas y un soneto (1975).

Ensayo

Monografía geográfica e histórica del Municipio de Comayagüela (1937), Una democracia en peligro (1954), Enciclopedia de las siglas (1978), El Cronista y Don Paulino (1982), Herrera: ciudadano de la libertad y de la gloria (1982) y Presencia en el tiempo de una organización intelectual (1984).

Crónica

La ruta de los cóndores, estampas de un viaje (1958), Rasgos biográficos del Abogado y Profesor Luis Landa (1958), Días de infamia (1969), Al filo de un Guarizama (1971), Honduras: objetivo rojo de Centroamérica 1975).

Premios

Por su trayectoria gano el Premio Merghentaler, como el mejor periodista de América.





El siguiente poema de celebración de la hondureñidad fue escrito por el periodista Juan Ramón Ardón en 1969, cuando estaban frescos los recuerdos de la traicionera agresión de El Salvador contra Honduras en la llamada “Guerra de las Cien Horas”. Por: Juan Ramón Ardón


¡Salve Honduras! 
País generoso de Centro América. 
La de la tierra ubérrima, ante la cual se inclinan 
reverentes todos sus hijos, para hacerla producir. 

¡Salve Honduras! 
La Patria que nos legaron nuestros Mayores, 
fortalecida por una nacionalidad que esplende 
ejemplar con prometedoras alboradas.

¡Salve Honduras! 
Con sus soldados héroes. 
Macizo brazo armado del pueblo. 
Con sus viriles soldados siempre listos, 
vigentes y erguidos como el Pico de Erapuca. 
Siempre preparados, para defender tu Soberanía. 

¡Salve Honduras! 
“Donde cada hondureño es un soldado, y cada soldado un héroe!

¡Salve Honduras! 
Con las dieciocho estrellas de sus departamentos, 
que como esculpidas en el más alto de sus picachos, 
resplandecen libertad, 
bajo el amparo invicto de su Ejército. 
Bajo la protección de su pueblo, 
que se irguió imponente ante la barbarie de allende 
el Goascorán.

¡Salve Honduras!: 
en toda la ancha y larga tierra, 
que se vuelve expresiva de recursos naturales, 
desde El Segovia hasta el Goascorán. 
En la presencia autónoma de los habitantes de la Sierra 
y de Texíguat, Curarén, Alubarén, Reitoca e Intibucá, 
que llevan en sus venas sangre morazánica; 
que se bañan de luz en las fascinantes amanecidas, 
cuando los pájaros se vuelven locos de trinos y que, 
como todos sus hermanos, 
se ganan el pan de cada día, 
con el trabajo que redime.

¡Salve Honduras! 
Con sus intactos e inviolables 115.205 kilómetros cuadrados 
e extensión territorial. 
Con sus valles, sus montañas, su Golfo de Fonseca, 
sus ríos y sus lagos; su Mar de las Antillas y su cielo azul y blanco, 
que refleja el alto y noble sentimiento de sus hijos, 
siempre listos a trocar sus instrumentos de trabajo, 
en armas propicias a la defensa de tu Soberanía.

¡Salve Honduras! 
La del Valle de las Piedras Azules, 
en un marco luminoso de Comayagua. 
La del Valle de las Piedras que Cantan, 
acariciada por los perpendiculares rayos del sol del mediodía, 
con una embrujante musicalidad.

¡Salve Honduras! 
Con sus ricas pampas olanchanas, 
que conmueven el los cascos en movimiento 
de millares de cabezas de ganado vacuno y caballar. 
Perfumadas por las palmeras florecidas que, 
prodigio de la naturaleza, 
brindan el burbujante champaña natural. 
Con ríos que arrastran áureas pepitas y donde, 
en todos sus páramos, se levanta, 
exornada de enredaderas florecidas, 
“La Casita de Pablo”.

¡Salve Honduras! 
¡Nuestra bienamada Honduras! 
En todas las manifestaciones de su variada 
y panorámica Geografía: 
Con las tornasoladas aguas de Río Lindo 
y el susurro polifónico de sus pinares. 
Con su Mosquitia imponderable. 
Su “Valle de los Ángeles” y la presencia aromática 
y colorida de los claveles de Santa Lucía 
y el nacimiento inquieto de su Tegucigalpa 
y su dinámica ejemplar San Pedro Sula.

¡Salve Honduras! 
Con su ciudad Mártir, Nueva Ocotepeque, 
que como el Ave Fénix se levantará de sus cenizas. 
Con su blanca y paradisíaca Siguatepeque. 
Con su Ojojona, la de la arcilla áurea 
y esa perla del Mar de las Antillas, 
las Islas de la Bahía, que tremolan bellezas 
y toda su resonante Geografía.

¡Salve Honduras! 
La Patria donde reposan los restos de nuestros 
magníficos mayores. 

¡Salve Honduras! En toda la amplitud de su territorio…



Tomado del libro “Días de Infamia: El Monstruo Pipil”, de Juan Ramón Ardón. 1970









BALDOMERO IGLESIAS - MERO- [14.377]

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Baldomero Francisco Iglesias Dobarrio
Seudónimo:Mero

Profesor, poeta, cantante y escritor
Nacimiento: 27 de junio de 1951 en Vilalba (Lugo)
Trabaja como profesor en el medio rural. Se dedica a la música propia de Galicia y a su recogida en los entornos de su provincia. Es componente del grupo "A Quenlla". Fue integrante de "Fuxan Os Ventos".

Obras realizadas

Realiza trabajos de recopilación de información relativa a la cultura tradicional y en compañía de Mini, escribió algunos libros, por ejemplo: Contos de vellos para nenos (de cuentos), Somos lenda viva (de leyendas), Nadal en Galego (de música sobre la Navidad) y Coplas cantos e Romances de cego (de Romances de cego) de los que ya se han elaborado varios tomos. Escribe poemas y es cantautor.

Otros datos de interés

Obtuvo los siguientes premios: 2º premio en el "XX Premio Nacional de Poesía sobre o Nadal" (Begonte, Lugo, 1995). 2º premio en el "XXII Premio Nacional de Poesía sobre o Nadal" (Begonte, Lugo, 1997). 1º premio en el "XXIII Premio Nacional de Poesía sobre o Nadal" (Begonte, Lugo, 1998). 1º premio en el "XXIV Premio Nacional de Poesía sobre o Nadal" (Begonte, Lugo, 1999). 2º premio en el "XXV Premio Nacional de Poesía sobre o Nadal" (Begonte, Lugo, 2000). 1º premio en el "Certame de Poesía Manuel Oreste Rodríguez López" en Paradela, 2000. Accésit en el "Certame de Poesía Manuel Oreste Rodríguez López" en Paradela, 2001. Premiado en el "Certame Excelentísimo Concello de Vilalba", 1999 y 2000. Premiado en el "Certame Antonio Prados Ledesma" en 2002 (Viveiro). 2º premio de poesía en el Certamen "José Domínguez Guizán" (Begonte, Lugo, 2002).

En 2006, Mini y Mero, fundadores de Fuxan os Ventos y A Quenlla, reciben un homenaje en el marco de la Festa das Letras de Ponteceso. En 2009 obtuvo el "Pedrón de Ouro" por su trabajo en favor de la música y de la cultura de Galicia. Obtuvo el Premio FACER PAÍS 2011, instituído en las tierras de Láncara.



Bio-bibliografía en galego:

Chámome Baldomero Francisco Iglesias Dobarrio, todos me coñecen por Mero. Nacín en Vilalba da Terra Chá o 27 de xuño de 1951. Estou xubilado de mestre de galego, profesión que exercín no rural durante 39 anos e no que aínda vivo,. Escribín tres libros de poesía: “Na lonxitude do tempo” (premiado polo Concello de Viveiro), “Recendos de luz e sombra” e “No papel que mudo escoita”. Ando polo universo dos poemas chegado desde o coñecemento directo de autores e a suxestión que os mesmos me produciron na distancia curta.  Tamén desde a sedución da canción, terreo no que habito e interpreto, mesmo musico poemas de moi diversos autores e milito nos seus poemas. Levamos máis de vinte cds no mercado e formo parte dun grupo de música galega que anda a cantar, a dicir palabras, a difundir poemas de todas e todos, espallalos e dar conta da súa mensaxe, convertendo así en canción os versos.




A miña Patria está
xusto naquel anaco de terra
no que habita a memoria,
onde me eu sinto libre
expresando, neste acento,
eufonías de beleza:
cando os solpores do outono,
cando os recendos do aire
traen no amencer primaveras!


Meu berce, Vilalba,
señora da Chaira.
Outeando ao lonxe
que por veces canta
unha canción leda
que semella anaina
e outras veces cando oe
e silandeira cala!


Vilalba,
baleira soidade que me enche de consolos,
clandestina escuridade da tenue luz,
que pola tarde, cando á raiola,
xunta na amizade as xentes solidarias.
Abstraído neses recendos
me transporto correndo espazos e tempos,
polas estradas dos soños,
levado de pensamentos nos que me agocho deixado,
alleado de algaradas, de ruídos e de présas,
neste bulir impaciente
que aventa pola atmosfera ánimos vigorosos.
E, no avesío entre as sombras, serás a aberta bufarda
que descubre toda a terra, …es da Terra Chá “Señora”!.



CANTO DOE A DOR, CANTA DOR, CANTADOR.

Foi en Viznar, en Granada,
Escuras salvas de morte
Descargaron dende as sombras
En agosto, un dezanove,
Rebentando os anhelados
Inmensos soños dos homes.
Crimes cubertos de tebras
O tempo sempre os descobre!

Coidaban matar a alba disparando cara ao sol.
Aínda por veces se escoitan e como ecos resoan, 
Non acalaron os tiros tanta dor no corazón.

Gardou o pobo lembranzas
Aforrando na memoria,
Recuperando a razón
Contra os que usaron a forza.
Ímpetos de liberdade
Agardan contar a historia.

Ten que saberse a verdade condenando a insurrección, 
Orgullosos dun exame que repoña a dignidade, 
Debendo dar conclusión a tanto tempo de aldraxe:
O silencio ecoa as balas das feridas e a traizón.

Liberdade aínda coutada
O pasado non o atende.
Roubárannos toda a alba!
Co exemplo daquela xente
A luz prende na esperanza!

E a culpa daquela infamia non prescribe coa omisión
Angustiaría os desexos dun futuro de ilusión. 
Dicían matar a alba disparando cara ao sol 
Ou berrando “viva a morte”, verdugos da erudición.
Reciben bágoas os ollos, …malia quen nolos matou!



Nun recanto deste outono que se avén
dará a volta o aire
impregnado de recendos pardos,
de perfumes feitos brisas
en remuíños de castañas que no lume
estalen cal bolboretas.
Desprendendo sabores de certezas
aromas roubados entre os soutos,
entre ourizos, no fogar sublime dos amores
que nos levan cara ao inverno
mentres amolecen as sensacións no ourizo,
da candea en castiñeiro.



NUN BICO.

Somos carne e ósos
ansiando anacos de vida
que pousen na nosa pel
sensacións, calor e frío.
Que pousen preto de nós
a tenrura e o aloumiño
avivecendo por dentro,
enriquecendo os sentidos
que transportan polo corpo
ata o máis fondo de nós
todo o amor que hai nun bico.



Nesta constante guerra fratricida que herdamos
seguimos a loitar contra nós mesmos,
perdendo forzas en papeis, en leis e emendas,
sen darnos a razón nas vaguidades
aínda que a teñamos ou que a teñan.
Nesta loita fratricida que perdura,
matamos o froito deste ventre natural que é Galiza
deixándoa sen matriz, sen consciencia, sen memoria,
sen raíz,
…sen ser nós mesmos, renunciando á vida.



Están todos medindo, cuantificando, calculando,
ponderando, avaliando, …e os científicos queren medir
canta emoción cabe nunha bágoa, nunha soa,
que me escorre a meixela desde a ledicia ou a mágoa,
e a pena que cabe nela.
Queren saber canta tenrura posúe un só aloumiño,
canto bafo se converte en pinga cando sube polo aire,
agatuñando no frío, …canto sono pecha os ollos
e cando se quedan durmidos,
cantos soños caben nunha noite, nun segundo esvaecido
soñando as sendas da sorte.
As estrelas que hai no ceo canda o Sol,
a Lúa e os luceiros, canto pracer hai nun bico,
boca seca de amores lindos ou canto dura o estremecemento
que dá unha nota de chelo tocando en cortesía as cordas
de entrañas e sentimento.
Canta emoción produce vibrante, en cordas ao vento.



Sempre estiven agardándote.

Souben que virías espida,
arrolando soños,
como as pólas sen folla das árbores de outono.
Souben que virías abeirándome as tristezas
que se visten de pardos grises
e se confunden nas néboas mestas,
da realidade invisible.
Mesmo inventei os teus beizos
e os bicos brandos, aqueles
que saloucando un só verso
acendían máis aínda
as ansias do meu desexo.
Aquel que acochado en soños
quedou para sempre preso
nese territorio enorme
da lonxitude do tempo
por detrás da realidade
no principio dos desertos.



Baten
os badais do meu sangue
no meu peito roto
percutindo triste notas
con sabor acedo,
nunha dor, nun oco
que me fere ausencias
sobre pulsos tolos.



Ventre, berce,
casa, fogar
raíz, alcuño,
familia, clan,
contorno verde
de lume e pan.
Útero, orixe,
morada, lar,
estirpe, tribo,
eido, casal,
nome, apelido,
asento e tempo
para vagar.
Causa e motivo,
canto e recanto
recendo limpo
para soñar.
Mencer da alba
no espazo longo.
Solpor das tardes
para o luar.
Patria de afectos
e dor amarga,
cicatriz fonda,
marca e sinal.
Patria de infancia
propia e de sempre,
herdo da esencia
nación de nós,
chan natural.
Orballo eterno
que nos alenta,
lentura exacta
a do noso chan.



Xunto letras
e ás veces sae unha palabra fermosa.
Xunto sons
e ás veces digo unha verba harmoniosa.
Xunto verbas
e, ás veces, elas xuntas fan das súas
compoñendo unha sentenza, unha bonita oración.
Xunto sentenzas
e, ás veces, deposítoas na miña voz
para expresalas con timbre
tecidas cos meus alentos, sobre un melódico son
para facelas cantigas, feridas do corazón.
Xunto cantigas
e, ás veces, cantando síntome eu só
recreándome en palabras
ata tocar a emoción.
E choro prantos sen verbas,
e sinto o seu tremor
rebotándome no peito,
aliviándome na dor.



Todos nós somos terra: foulas, cinzas, lama e pedras,
de sequeiro ou regadío, arxila, bulleiro, area.
Na terra buscamos vida, na terra estará a senda.
De terra son as distancias, de terra son as ausencias.
De terra é a memoria e cada acordo que lembra.
Nela nace o pan que comes e o mesmo pan sabe a terra.
Terra son os meus latexos e o sangue que vai nas veas.
Todos nós somos terra, as nosas raíces afunden nela!
Os nosos ósos son po e fume son as ideas.
De terra son os meus soños, as certezas e incertezas.
De terra é a miña ollada, terra é a patria mesma.
Terra é a miña voz, terra son as miñas verbas.
De terra son os anceios. Este poema é de terra.
E os meus saloucos son aire e miña conciencia, néboa!
Cando os baleiros nos citan, que poden ser senón terra?
Todos nós somos de terra,
…queiramos ou non queiramos, o silencio é quen nos leva.



Cántame esa canción
que cura a mágoa
mesmo por dentro, no corazón.
Esa que a media voz
nos aloumiña en verbas tenras
cheas de amor.
Dáme desa poción, doce ledicia,
que enxuga as bágoas
da miña dor.
Bálsamo brando e suave,
tranquilo e mol.
Porque eu sen ti
son luz sen brillo,
noite sen lúa, día sen sol.
Porque eu sen ti
son mar sen auga
ou mar sen ondas e sen rumor.
Porque eu sen ti
son todo fume, néboa de ausencias
e nin eu son!



Non volvas, para mirarme, os ollos da túa cara
que están luxados de noite e cobren de negro as cores
aquelas que che eu pintara.
Non volvas, para mirarme, os ollos da túa cara
que teñen escuras sombras borrando as luídas formas,
espazos que eu perfumara.
Non volvas, para mirarme, os ollos da túa cara
que envían ao corazón dardos finos de dolor
que me queiman as entrañas.
Non volvas, para mirarme, os ollos da túa cara, …
se eu me mirar neles
morrerei nos teus quereres
que me enfeitizan e encantan.



Hoxe a palabra está extenuada:
calquera voz é un silencio que agatuña un berro
desgonzado e ao final, que non di nada.
Hoxe, séntese falar con grandes xestos
con acenos que vocalizan outra farsa,
que ocultan a verdade tras das verbas e non din nada.
Hoxe, ninguén fala para entenderse
senón para xustificarse, lexitimando a insensatez
e as ausencias da razón e os argumentos,
as soidades con ruptura en baleiros e desterro,
e non din nada.
E o peor non é o seu silencio, perturbado tras das voces,
o peor é cando a resposta muda algún segredo
adobiado de ruídos, infestado en decibelios.



Si, meu fillo,
o avó tamén foi mozo algún día
e foi pícaro e xogou a correr as bolboretas.
Si, miña filla,
e algún día desteceu os amenceres
e gardou na súa memoria os contornos das estrelas.
E eu tamén
debullei as andoriñas entre as nubes
escribindo mil historias de relatos e de lendas.
Eu tamén
anoitecín buscando as fábulas dos soños
e a luz do Sol enorme, nun solpor da primavera.
Todos nós
aloumiñamos, coma ti,
un futuro de esperanzas encantadas,
de ledicias entusiastas lonxe de covardías e medos,
das bágoas dos ollos, e con sorrisos nos beizos!
Algún día tecerás os soños que nós perdemos
por camiños tortuosos de miserias, de fames para moitos,
e para poucas riquezas.
E aínda verás no camiño traidores
daqueles que nos venderon, daqueles que abusaron
profanaron a palabra e a razón, a xustiza, o entendemento.
Tede tino,
que sempre agardan na sombra
á espreita, …eles –os canallas-
tamén ser reproducen e acrecentan!



Pésanme, co tempo,
as pálpebras dos ollos,
as pedras dos anos
que amurallan rochas
nos seus contornos,
e que arrolan idades,
tempos xa idos,
sobre os outonos.

Quen volverá polo neno adormecido en silencios
que estremecido de medo choraba en soidade prantos.
Quen mirará á criatura recollida entre os seus brazos
que se agocha na penumba e está en sombras gardado.
Quen atenderá ao neno que todos levamos dentro
falto de sonos, de soños falto, de amor e afectos.



Como nace unha canción.

No albor insomne e fértil dalgunhas noites, cos silencios regalados.
nas altas horas dolorosas e nocturnas, nace a música escondida tras dun verso.
Nace por tras dun rumor do vento, coas leves vibracións dunha vixilia
que se fai música e balbordo, e que se deixa flotar no aire
e mesmo voa nun desexo, na atmosfera da tensión,
da voz emocionada que colle cos seus beizos un bico e unha verba,
…tan só para bicala.



Mai,
sempre estabas esfiañando as luces do amencer,
bebendo a luz primeira das mañás
desde as miúdas pingas de calquera orballo,
antes do Sol
para erguer en nós unha esperanza nova
sobre as fiestras azuis da mañanciña.
Voabamos lixeiros de equipaxe e cargados de razón,
inventando azos fortes para a vida
entre as nubes grises que hai por tras dos soños, cada día.



NON SEI COMO DICIRCHO.

No meu país abundan os silencios
e a xustiza está agochada
ou marchou ventureira a outros lares.
Tanta é a nosa dor, tanta é a nosa débeda
que nada temos, na hipoteca diaria con nós mesmos.
Todas as nosas obrigas
sempre nos saen custosas e todas cantas nos deben
están tiradas de prezo.



A miña Patria vive desolada e soa
e, na súa desestima, odia canto ignora e envexa,
agardando, …sempre agardando saír da súa propia enfermidade,
e do rancor cara a si mesma,
e do silencio covarde que a nosa voz nos rouba!



Non eran homes de leis
pero eran homes de lei.
Dunha soa lei: a honradez.
Unha soa.
Defenderon a legalidade
fronte á usurpación mesquiña e miserable
que só emprega a forza.
Unha soa.
Preservaron a dignidade do pobo
fronte á tiranía de mentes perversas
que abusan da persoa.
Defendéronnos a nós
fronte do insulto e o crime
fronte á inxustiza coa loita.
Non eran homes de leis
pero eran homes de lei.
E tiñan a razón toda!



EN LUGO.

Chove gris en Lugo
sobre as pedras,
e pon de brillos mil reflexos
coma nun soño de fadas
as pucharcas son o espello.
Chove azul en Lugo
cando orballa
e con moi finas pingueiras,
cando na primeira luz
trae mencer de primaveiras.
Chove verde en Lugo
docemente e moi mainiño
cando ao lonxe, desde o Parque
pousa a ollada sobre O Miño.



Ule a vainilla e a caramelo
o azucre na mazá feito marmelo.
Ule a pan, a alimento
o recendo da mañá naquel momento.
Ule a verde a primavera
cando vén pola mañá coa luz primeira.
Ule a ti, á túa voz,
ao teu silencio de amor, ao meu contento.
Ule a vida e a ledicia,
á esperanza de vivir coa túa caricia.
Ule a fresa e a cereixa
o amencer do verán que o sol apreixa.
A vainilla e chocolate
nas idades desde a infancia, tempo gris, sen brillo e mate.



Deixa que pouse o tempo
no teu regazo
que faga ondas no teu sosego,
frescas de aromas,
mesturas xordas de auga e argazo
baixo do ceo.
Deixa que veñan lentos,
finos recendos,
que nos envolvan na mañá calma
dun mol desmaio,
sabendo a flores
coa lene brisa rosada en ventos.
Deixa que teza soños
no azul dun lenzo
e que acariñe as nubes brancas no espazo
mentres debullas
baixo do sol os teus cabelos
e fas un lazo
cerrando os ollos para prendelos.






TULIO GALEAS [14.378] Poeta de Honduras

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TULIO GALEAS

Tulio Galeas. Médico urólogo. Nació en La Ceiba, Honduras (1942). Perteneció a los grupos literarios: La voz convocada y Vida nueva. En 1969 obtuvo el Premio de Poesía Juan Ramón Molina patrosinado por la Escuela Superior del Prefesorado.

Obra: Las razones (poesía), Tegucigalpa, 1979. De acuerdo a Marco Tulio del Arca, "es un lírico, un poeta de los más compactos y serios. Su trabajo tiene lucidez, entretiene y contempla el dorso de la vida para continuar descifrando los enigmas de la misma...

Médico de profesión, especialista en urología, pero, por sobre todas las cosas un poeta notable, de una enorme fuerza y aliento; desafortunadamente se conoce muy poca producción suya. Unos cuantos poemas sueltos en antologías breves, publicados en su años de juventud y su poemario LAS RAZONES (1970) es cuanto ha publicado Ojalá, entre los quehaceres profesionales que le han permitido ganarse el sustento, Galeas haya encontrado el tiempo para escribir y legar a Honduras muchos más poemas de impostergable lectura. Tulio Galeas, como otros notables poetas hondureños, un desconocido para las generaciones de fin de siglo XX y la de comienzos de siglo XXI.



LAS RAZONES

Desde el silencio vine. Yo traía
Un sol, un cielo joven,
Un extraño sabor de bosque que crecía,
De tierra que germina,
Un sonido de mar embotellado,
De energía aplastada como un tigre entre redes,
De lluvia que se acerca paso a paso en la noche
Hasta no ser sino un soplo aburrido.
Solo quería ver lo que llamaban
Territorio y poesía, vida plena.
Llegué aquí. Las espinas
Se enamoraron de mis pies desnudos,
Los hierros me lamieron las manos y las sienes,
Me enseñas las tardes ocultas, los talleres
Donde el hombre comprime su almacén de pecados;
Trepé hasta los sudores,
Bajé hasta las ternuras mas hurañas,
Hasta los manantiales sepultados, hasta el fuego
Que oculta su desnudez y su hambre
De madera y rosales.
Me vi de pronto inmensamente triste,
Respirando y comiendo, encadenado
A los deudos del día, al equilibrio
De la muerte de sollozo.
Ya no puede volverme hacia la tiniebla,
Y un caserón de huesos contenía
Mis fiebres inconclusas,
Mi violencia de párpados hundidos,
De ruidos que se aplastan,
De música que ahoga su temor en el pecho.
Ya no pude volverme, y tuve miedo,
Miedo del viejo tren que tenia
Su marcha tenebrosa
En una esquina turbia donde todo está frío,
Miedo del largo viento de la noche
Que pasaba
Desbaratando rostros y creando tempestades.





LA MUERTE PEQUEÑA

Vino la muerte un día y me dejo vació.

Fue una muerte pequeña, fue un mensaje
De la muerte infinita, una gota tal vez, un hilo apenas….

En mi perfil se recostó su estrella,
Medio metro de sombra se enroscó en mi cintura.

Pero borró más huellas primitivas
Y la mañana azul de mi palabra niña.
Yo me quedé ante el mundo como recién nacido.
Se arrodilló mi corazón de pronto,
Y me miré las manos, y tenía
Un puñado de tierra hecho destino.





TREGUA

En el amor total quiero asilarme
Toda la noche como un fugitivo
De la espesa república del tedio;
En el amor mis oídos perseguidos
Quieren santificarse.

En el amor entero quiero hundirme
Con mi dolor que pesa como un motor cansado,
Con mi vegetación de soledades,
Con mis pañuelos y mis cartas viejas
Que saben a bandera arrinconada,
En el amor quiero pertenecerme
Con la misma pasión que los abogados tienen para la sed,
Y el que murió peleando por la olvidada cama,
Toda la noche quiero morirme
En tus besos, en tu rojo extraviado,

Quiero debilitarme,
Llenarme el puño con tu horrible usura,
Provocar tu guitarra vengativa,
Arrugarte la angustia hasta que llores

Quiero mancharme, amor, que me bendigas
En tu tiempo maldito, donde el dolor
Es una espada amable,
Y la agonía huele a casa nueva,

De donde vengas, amor, y a donde vallas,
Seas un huracán amaestrado,
O una calle sucia, abandonada,
Porque ya no hay espacio para poner los pies,
El rostro de una niña
Donde el deseo aún no ha meditado,
Un papel amarillo nunca escrito,
Una rosa apretada hasta la espina,
Una tarde mestiza, un sol sin tierra,

O lo sea al fin pero que me ame
Toda esta larga noche, hasta que el mundo
Con su parto de luz nos despedace.





EL CAMINO

Está el camino solo, arrinconado
Bajo los pies del mundo.
Si intenta respirar las hiervas ofendidas
Le arrebatan el solo, y apenas
Se levanta lo desmenuza es viento

Está el camino solo. De si mismo aburrido,
Sin tiempo, en una mueca
Que la muerte ha olvidado.

Viene noches y días, pero todo reposa
Sobre el polvo ojeroso,
Sobre el mismo camino donde corrió la sangre
Y el sueño, y se escribieron
Números de tragedia.

Como línea roída,
Como un abrazo muerto,
Está el camino solo, aclimatado
A sus alas de plomo,
Y a su invierno de muros.

Nada pasa, ni estalla. Nada se precipita
Y el camino es un gajo de cielo encadenado
A unas mismas pupilas
Como a un ahorcado a su árbol!,

Es un vientre apagado, un mar fingido,
Es un olor a trajes sepultados,
Una arruga sin nombre
Sobre la piel terrestre.





EL VIAJE

Desde la ceniza, si la ceniza,
De su ambición de ser, de coger forma,
De su vida latente evidenciada,
De su poder amar, y su acomodo,
Al toque de sus signos, a su grito
De barco enronquecido, a su conjuro tétrico,
A su rose de fuego, a su timbre,
Asta el espejo diario y las campanas,
A la fijeza material, al hueso,
A la rima monótona del tiempo,
A pedir una gota de llama, y un pedazo
De espacio, y otro de aire: venimos.

A puntapiés, a incendios, a vendavales,
Hacia arriba, hacia adentro, hacia los lados,

En grandes manotazos, gota a gota,
Despojados de todo, descarnados,
Por caminos, por sueños, por veleros,
Gastada nuestra unión, desposeídos,
Secos y sin ventanas, y sin dones,
De hilo flotante, de quebrada aguja,
Hasta se fruto quizás, y hasta la noche,
Por ser polvo aquí, rama allá lejos,
Mano en el Norte, un brazo en el Sur,
para ya no ser mas lo que hemos ido:
nos vamos.






ENTRE LOS PIES DEL FRÍO

Hemos abandonado los rosales,
Los pequeños temblores que no saben
Crucificarse, el temor
Por los ruidos de muertos intranquilos.

Todos nos confundimos entre los pies del frío.

Y l frió crece con la industria, el frío
Va consumiendo historias y paisajes, el frío
Triza minutos y desnuda cuerpos.

Los rosarios se caen y los pies acomodan
Las curvas en la tierra, el humo llena
La noche de campanas.

La piedad disfrazada entre el tedio y la bruma
Va olvidando su sueño de que hay tras cada estrella
Un cielo almacenado.






LA TIERRA SE ESTA HACIENDO….

La tierra se esta haciendo de nosotros,
Está creciendo a diario con nosotros,
Le damos nuestros huesos de pan endurecido,
Nuestra saliva espesa como una sopa amarga,
Nuestro pobre dolor desfigurado,
Nuestros ojos como uvas de un racimo inconcluso.
La tierra se alimenta de nosotros,
Crece junto al misterio
De cada ciudad muerta.

Hacia ella va la sangre cesante y defraudada
La angustia con sus ritmos averiados,
Va la pasión con sus tinteros rotos,
Y el llanto como vino depurado
En las bodegas lóbregas del sueño.
Y el hombre todo entero con sus pies consumidos,
Con sus ciencias en fuga,
Con su mundo en diluvio y su abandono,
Con su derrumbamiento, acribillado
De sombra, acribillado de paz y de sequía,
Desahuciado y siniestro,
Va al polvo hacia la tierra,
Como ola desertora va hacia la tierra el hombre,
Hacia la misma tierra que le sostuvo el cuerpo,
Y le agito los brazos,
Y le encendió los labios
Y la sirvió de potro con salvaje obediencia.
Es un delirio suelto
Que se rompe en la tierra.

La tierra esta haciendo de nosotros,
Esta creciendo a diario con nosotros……..





DE PIE EN LA NOCHE

La noche estalla entre nosotros, cuelga
Sus arañas hambrientas,
Su rumor afilado,
Su frescura de muerte recién hecha.

(Su leve viento apenas se sostiene
Por la amenaza de lluvia
Y rueda
Un olor a humedad sobre las hojas).

Nada interrumpe la caída. Nada
Modifica el desastre ni el dominio
De la inercia, ni el peso,
Ni atracción funesta de la tierra.

En las piedras dormidas
Pueden sembrarse esperas,
O vaciarse fatiga tenazmente
Aprendidas o escribirse
Los sueños que caminan
Sobre gradas desiertas
Hacia el alba.





UN DÍA LLEGARÁS.

Un día llegarás y contigo el reclamo
De siglos que pasaron acechando mis ruidos
Detrás de la semilla y del hambre nocturna.
Vendrá el sabor sin publicar el hálito,
Rodeado de tibieza, de la mañana
Que me perdió, las rosas
Apenas defendidas por suspiros.
Todo vendrá contigo. No sabré contenerme,
Ni tocarme, ni herirme.
Como una casa nueva
Se encenderá mi corazón, y el llanto
Morderá mis orgullos, mi estación decadente.

Un día llegaras. Será justo el reclamo
Por la tierra negada, por las noches en vano
Rotas en las alcobas
Donde mi amor desfiguró tu sangre.
Será justo que pidas el odio que no he dado,
El sentimiento oscuro, la ración de silencio.

Será justo que llames.
Pero ahora descansa.
No levantes tus ojos de fantasma
Intranquilo tu cerebro sin sexo,
Tus atisbos de luz, no martirices
La escalera del sueño, no persigas
El peso de mi nombre. Espera
Un día Serás recompensado.





JALAL EL HAKMAOUI [14.379] Poeta de Marruecos

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Jalal El Hakmaoui 

(Casablanca, Marruecos  1965). Es poeta, traductor, crítico de cine y periodista independiente. 

Ha publicado los libros: 

Livres de poésie

Certificat de célibat, Galgamesh,1997, Paris 
Allez un peu au cinéma ,Toubkal, 2006 Casa

Prose 

Das Bild Des Andern : Berlin-Casa-Rabat, Goethe-Institut & Azzaman (collectif)

Traductions 

Cinq poètes marocains , Marsam, 2005
Entre deux nuages de Widad Benmoussa, Marsam 2006.




Cd. de México, México (15 noviembre 2014).-   

El marroquí Jalal El Hakmaoui tituló a su poema "43". Sólo dos versos, escritos en árabe, que trajeron a la memoria la tragedia de Ayotzinapa: 


"Vivos se los llevaron. 
Vivos los queremos".





¿POR QUÉ EL POETA LLEVA A SU MUJER 
A UN MCDONALDS ?


Cruzas tus piernas
Mientras que hay olas que se arrodillan a tus pies
Como un rebaño de camellos furiosos
Comes por primera vez en tu vida
Una hamburguesa americana
Mientras tanto acaricias el cuello carnoso de tu esposa
Discutiendo sobre la lavadora “Nifari”
La camisa agujerada de ‘Othmane’
Y la mosca rubia americana que acabas,
Sin darte cuenta, de tragar
Pero tu esposa te dice que tu automóvil es igual de feo que un perro sarnoso
Que deberías cambiarlo por un burro respetable
Si no quieres que ella te cambie a ti y a tus teorías críticas
Por cualquier mueble que sirva para decorar el dormitorio
Tu esposa se muere de risa y llora con todas sus fuerzas
Abriendo a la lengua del viento las plumas de sus muslos
Tú quisieras apretarla entre tus dientes
Y romperla como una nuez podrida
O encerrarla en una caja de cerillos vacía posada sobre la mesa
Eres entonces un hombre de principios convencido
De haberte casado después de una “lovestory”
Con una cerda que tiene facciones de “Manfalouti” y patas de “Nazic”
Y que a causa de todo eso
Tú te suicidas cotidianamente tragando 100 poemas clásicos
No te interesan los cerdos
Pero los cerdos tampoco tienen
Tiempo para perder tratando de interesarte
(Y es esto lo que importa)
Así, desde que pones los labios sobre los de la ballena sentada en frente de ti
Te das cuenta que la Tierra se hunde en un vaso medio lleno de agua congelada
Y que eres un poeta lleno de dicha
La joven niña flaca
Con la cabeza tan pequeña como una pelota de tenis
Está leyendo “Femme Actuelle” viendo (con ingenuidad)
A las parejas dentro de un McDonalds
Que escupen felicidad enseñando (fingiendo la paternidad) sus manos
Detrás de sus pequeños hijos rubios que lloran diciendo:
Papá… papá… mira… ese hombre está meando nuestro automóvil
McDonalds se ríe burlonamente mientras se rasca el culo
Y el poema, el poema es un filete de pescado que usa mallas gigantes
Para atrapar la mayor cantidad posible de osos
No me fiaré de la esposa de un poeta que tiene razgos de Manfalouti
Ni de la joven muchacha flaca que leía “Femme Actuelle” y miraba
(de vez en cuando) su reloj, dejando de lado su vaso todavía lleno de Coca-Cola.

Traducción de Pablo Robles Gastélum



WHY DOES THE POET TAKE HIS WIFE 
OUT TO MCDONALD'S?

Conceited you sit with your legs crossed
While the waves are asleep under your feet
you look like a herd of wild camels
As you eat American hamburgers
For the first time in your life
Patting meanwhile
Your wife's fat neck
As you tell her about Al-Nifarri's washing machine
And about Othman's shirt with the hole in it
And about the blond American fly you have recently
Swallowed - unwittingly. 
And she talks to you about hideous car
That resembles a scabby greyhound
Telling you that you ought to barter it for a respectable donkey
Before she herself barters you, together with all your critical
Theories, for anything that would do to decorate the bedroom. 
Your wife giggles aloud
As she boisterously cries, 
Opening the feathers of her legs to the tongue of the air. 
You wish you could place her between your teeth
And crack her as you would crack a rotten walnut, 
Or lay her inside the empty matchbox on the table. 
But you are a faithful person
You believe that your own marriage was the
culmination of a love story, 
That you got married to a pig having the countenance of
Al-Manfaluti and the trotters of Nazik Al-Mala'ika, 
And that you (therefore) commit suicide daily
By swallowing 100 classical poems. 
Surely you do not joke with swine
And the swine (this is what is important) have no time to waste joking with you. 
For as soon as you press your mouth against the mouth
of the whale sitting before you, 
You realise that the earth cannot sink in a glass half-filled with chilly water, 
And that you are a poet at the peak of happiness. 
The skinny girl with the tiny head
That resembles a tennis ball
Reads Femme Actuelle
And stupidly stares at
The couples in the McDonald's cell
As happiness rushes out of their big mouths
Like spit, 
While they, with such paternal affection, put their hand on the
Bums of their blond kids who keep crying as they point to the
Street with their little plastic fingers: PAPA… PAPA… Regarde… regarde… Cet 
homme pisse sur notre voiture
The McDonald's laugh and scratch his tail
And the true poem is a net with huge holes
Intended to trap as many hyenas as possible. 
I do not trust the poet's wife - who has the countenance of Al-Manfaluti
Nor do I trust the eyes of the net. 
The same is true of the skinny girl
Who reads Femme Actuelle
And from time to rime glances at her watch
Without drinking her glass of Coke.

Translation: Hassan Hilmy












NAIMA EJBARI [14.384] Poeta de Marruecos

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Naima Ejbari 

Nació en 1965 en Beni Gorfet en Marruecos. Emigra a Almería en el año 2000. 
Licenciada en Literatura Árabe por la Universidad 'Abd.Almalike.Assadi'.


Rechazo de las cadenas y las rejas en Almería
Naima Ejbari


"El libro de Naima Ejbari es muy intenso, donde la poesía aparece como compromiso y como transformación. En el libro hay una honda reflexión sobre nuestra memoria y como recuperar la memoria que hemos perdido en parte. Desde luego está la Chanca al fondo, porque el barrio le ha marcado de por vida. Hay una inmensa rebeldía y un grito de libertad, libertad de expresión, libertad de pensamiento y libertad de movimiento", comentó Ceba.

Por su parte, Naima Ejbari explicó cómo surge la idea de escribir el libro de poesía. "Cuando lo hice fue porque me encontraba muy enfadada y dolida por una experiencia personal. En vez de irme a un psicólogo lo mejor que hice fue coger una libreta y un bolígrafo y ponerme a escribir. Empecé a escribir todo el enfado que sentía dentro de mí".

"Aparte quiero escribir obras de teatro y guiones para el cine, no solo me quiero quedar en la poesía", señalaba Ejbari, que no descarta tampoco escribir novela. "Pienso como una mujer marroquí, cuando escribo también lo hago como una mujer árabe", confesaba. Pero sin duda, Ejbari ha escrito una obra muy intensa y cargada de emociones.



Identidad del amor

I

Abrid las puertas.
Quiero salir.
Quiero tocar el sol y esperar a ver las estrellas.
Volveré dentro.
Cerraré las puertas.
No puedo llegar a tocar el sol ni ver las estrellas.
Me duelen los ojos; me queman las manos.


II

Siento un calor abrasador y quiero desnudarme.
Intentar secar la piel de mi cuerpo.
Sobre mi cuerpo caen gotas de sudor del mismo color
de mis lágrimas.
Pueden ser gotas de lluvia,
lluvia de verano.
Pueden ser restos de cristales rotos.


III

Pero no. Son gotas de sudor de diferentes cuerpos.
De cuerpos llenos de vida y de encuentros.
Pueden ser.
O quizás puede ser amor.
Pero no. Son gotas de sudor de dos cuerpos que se aman.


IV

Son gotas que se abrazan y se mezclan, nunca se separan.
Son gotas que se enfrentan a un mundo real o a un mundo ideal.
Son gotas de diferentes identidades, diferentes creencias.
Pero conocen el verano y sienten el calor del sol.
Ven la belleza de la primavera y sienten la tristeza.


V

En pleno invierno sienten caer lágrimas del cielo.
Y se sienten tristes cuando se esconde el sol,
por largo tiempo.
Pero las gotas del sudor no quieran sentir
que están en la última página de nuestro libro.
Que es como nuestro diario de otoño.
Tampoco quieren ser hojas tiradas.
Ni abandonadas, ni cambiadas de color.
Son gotas que conocen el verano.
Sienten el calor del sol
y la belleza de la primavera.
Gotas de diferentes identidades,
y diferentes creencias.
Pero llenas de vida y de encuentros.




Poemas ebrios

I

Por el monumento
abandonado.
Lloraba.
Lloraba los siglos.
Buscaba el silencio.
En la embriaguez,
con las bebidas,
con los poemas,
con la honestidad.
En la embriaguez.


II

Mi otoño ha florecido.
Mi sol se prepara
para un anochecer.

Soledad profunda,
extraña.
Llena del misterio.


III

Esta furia
es la mía.
Esos gritos,
estas lágrimas,
esos rituales.
son míos.


IV

Buscaba
los dulces momentos.
Los florecidos recuerdos.
Buscaba
los misteriosos recuerdos.
Donde se ha dibujado
mi destino.
Y el destino
del monumento
abandonado.



Naima Ejbari | Rechazo de las cadenas y las rejas en Almería
Biblioteca Africana – Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes | Octubre de 2014





FERNANDO DE HERRERA [14.385]

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Fernando de Herrera 

(Sevilla, 1534 - 1597) fue un escritor español del Siglo de Oro, conocido especialmente por su obra poética. Fue apodado «el Divino».
Su poesía parte de la herencia petrarquista, en la que pretende introducir novedades, y él mismo plantea su producción como una profundización con respecto de Garcilaso de la Vega. En este sentido, Herrera es autor de unas Anotaciones a la poesía de Garcilaso (1580), donde, entre otras cosas, pone de relieve el carácter de imitador de los clásicos en lengua romance de Garcilaso e historia los distintos géneros poéticos usados por él.
Su obra literaria es relativamente variada, teniendo en cuenta, además, las obras perdidas. Entre sus obras conservadas destacan unas en prosa, como la Relación de la guerra de Chipre y suceso de la batalla naval de Lepanto y el Elogio de la vida y muerte de Tomás Moro, semblanza de su vida con valoraciones de su pensamiento político.
Entre las no conservadas figuran varios poemas de carácter épico y mitológico como La gigantomaquia, sobre los titanes; El rapto de Proserpina y Gestas españolas de valerosos.

Nació en Sevilla en el seno de una muy humilde familia, y se educó a las órdenes del maestro Pedro Fernández de Castilleja sin obtener, a lo que parece, título académico alguno.

Trabó amistad con don Álvaro y doña Leonor de Milán, conde y condesa de Gelves, llegados a Sevilla en 1559, que, desde muy pronto, se convirtieron en sus protectores, y esta última en su Musa, la enamorada que aparece aludida en sus versos como Luz, Estrella, Eliodora etc.
Hacia 1565 ó 1566, tras haber recibido órdenes menores, se convierte en beneficiado de la iglesia de San Andrés. Frecuentó el reducido círculo de intelectuales y poetas sevillanos que se formó alrededor del humanista Juan de Mal Lara, entre los que se encontraba el pintor Pacheco y otros poetas, que darían lugar a la llamada Escuela sevillana.

Juan Rufo y otros contemporáneos señalaron su carácter áspero, retraído y orgullloso. En 1572 publica en Sevilla su Relación de la guerra de Chipre y suceso de la batalla naval de Lepanto, en que incluyó su celebérrima Canción en alabança de la Divina Magestad por la victoria del señor don Juan en la batalla de Lepanto. Tras la muerte de su musa en 1578, Herrera se dedicó a corregir y limar los versos nacidos de su amor juvenil. La publicación de su comentario a los poemas de Garcilaso de la Vega (Obras de Garcilaso de la Vega con anotaciones de Fernando de Herrera [Sevilla, 1580]) originó una agria polémica entre los admiradores del poeta toledano. Un castellano, con el seudónimo de Damasio, escribió una carta feroz contra Herrera, y el Conde de Haro, Juan Fernández de Velasco, que era condestable de Castilla, redactó unas Observaciones del Licenciado Prete Jacopín, vecino de Burgos, en defensa del príncipe de los poetas castellanos Garcilasso de la Vega, vecino de Toledo, contra las Anotaciones que hizo a sus obras Fernando de Herrera, poeta sevillano. A este ataque y el anterior contestó Herrera con un opúsculo Al muy reverendo padre Prete Jacopín, secretario de las Musas, impreso por primera vez en Sevilla, en 1870. El conde de Gelves muere en 1581 a causa de la epidemia que asolaba a la sazón la ciudad de Sevilla. En 1582, después de haber atormentado a los impresores con sus caprichos tipográficos y de haber corregido a mano las erratas de muchos de los ejemplares impresos, Fernando de Herrera publica por fin una breve antología de su obra poética: Algunas obras de Fernando de Herrera, en edición no venal, ya que no lleva la tasa acostumbrada. Su semblanza biográfica de Tomás Moro (Sevilla, 1591) fue la última obra que publicó en vida. En 1619 el pintor Francisco Pacheco, autor, por lo demás, del conocido retrato del poeta, publicó una recopilación póstuma de la producción lírica de Fernando de Herrera: Versos de Fernando de Herrera, que contiene 372 poemas, seis de ellos repetidos; algunos expertos han puesto en duda la autenticidad de algunos de ellos, porque la lengua es muy diferente, con cultismos y más arcaizante; seguramente Pacheco utilizó unos manuscritos antiguos de Herrera o retocó los textos, o ambas cosas a la vez. Un manuscrito de la Biblioteca Colombina, con el título de Obras de Fernando de Herrera, natural de Sevilla, recojidas por don Ioseph Maldonado de Ávila y Saavedra. Año 1637, que publicó José María Asensio; contiene 28 poemas inéditos y varias copias de las Anotaciones.

Literatura

La poesía de Fernando de Herrera se considera un hito ineludible en la superación del petrarquismo en las letras españolas y, por ahí, un eslabón importantísimo en la evolución de la poesía cultista castellana desde Garcilaso de la Vega a Luis de Góngora. Se han perdido algunas obras juveniles de Herrera, la mayoría de épica culta e inspiradas en Claudiano: La gigantomaquia, El robo de Proserpina, Amadís. También se ha perdido el "poema trágico" de Los amores de Lausino y Corona, que debía cantar las relaciones del poeta con Leonor de Milán. Se conservan menciones a un poema heroico sobre grandes personajes españoles y a otro didáctico sobre "la origen y orden firme de las cosas". Se ha perdido también un Arte poética citada por Francisco de Medina en el prólogo a las Anotaciones, y una Historia general de España citada por Francisco de Rioja y Rodrigo Caro. En 1592 se publicó Tomás Moro, una biografía del santo inglés escrita por él que al parecer es un fragmento de la Historia de las cosas más notables que han sucedido en el mundo. José Manuel Blecua ha editado todos los textos líricos conservados del poeta.

Fernando de Herrera fue un gran perfeccionista del verso; ingenió una ortografía más ajustada al sonido de las palabras y una puntuación especial para señalar las pausas de la elocución, los hiatos, las sinéresis y las dialefas. Despreció la falta de vigor masculino de algunos líricos de la primera mitad del siglo XVI. La simbología lumínica y sus varias coagulaciones metafóricas en sus versos amorosos tiene que ver con el platonismo que acusan; como "claroscuro sentimental" lo califica el hispanista Oreste Macrí. Se trata de un amplio cancionero petrarquista que atraviesa por tres estados: una revelación amorosa que contiene el elogio cortesano y galante de la belleza de la amada; un estadio de fugaz relación humana y, por último, una vuelta de la amada a la inicial tibieza que tiñe el amor del poeta en los colores de la nostalgia: surge el canto a la noche y a la oscuridad y el ubi sunt?. Este desengaño le impulsará hacia la poesía moral. La muerte de Leonor da fin a este cancionero in vita con varias composiciones al deceso. Sin embargo, como poeta petrarquista, sus logros empalidecen algo ante la fuerza de su vena épica, mucho más inspirada, y depurada de los excesos retóricos gracias a una contención y esencialidad que le viene de los modelos bíblicos de la misma, que sigue con preferencia a los italianos. Puede considerarse, en conjunto, por su poesía atormentada y prebarroquista, dentro del Manierismo.

Obras

Relación de la guerra de Chipre y suceso de la batalla naval de Lepanto (Sevilla, 1572).
Obras de Garci Lasso de la Vega con anotaciones de Fernando de Herrera (Sevilla, 1580; edición facsímil Madrid: CSIC, 1973)
Algunas obras de Fernando de Herrera (Sevilla, 1582)
Versos de Fernando de Herrera emendados i divididos por él en tres libros. (Sevilla, 1619), edición de Francisco Pacheco.
Obra poética, edición crítica de José Manuel Blecua, Madrid, 1975, 2 vols.
Amores de Lausino y Corona


CANCIONES
EGLOGA VENATORIA
SONETOS



CANCIÓN I

Voz de dolor, y canto de gemido,
y espíritu de miedo, embuelto en ira,
hagan principio acerbo a la memoria
d' aquel día fatal, aborrecido,
que Lusitania mísera suspira,
desnuda de valor, falta de gloria;
y la llorosa istoria
asombre con orror funesto y triste
dend' el Áfrico Atlante y seno ardiente,
hasta do el mar d' otro color se viste;
y do el límite roxo d' Oriënte,
y todas sus vencidas gentes fieras,
vên tremolar de Cristo las vanderas.

Ay de los que pasaron, confiados
en sus cavallos y en la muchedumbre
de sus carros, en ti Libia desierta;
y, en su vigor y fuerças engañados,
no alçaron su esperança a aquella cumbre
d' eterna luz; mas con sobervia cierta
se ofrecieron la incierta
vitoria, y sin bolver a Dios sus ojos,
con ierto cuello y coraçón ufano
sólo atendieron siempre a los despojos;
y el santo d' Israel abrió su mano,
y los dexó; y cayó en despeñadero
el carro, y el cavallo y cavallero.

Vino el día cruel, el día lleno
d' indinación, d' ira y furor, que puso
en soledad y en un profundo llanto
de gente, y de plazer el reino ageno.
El cielo no alumbró, quedó confuso
el nuevo Sol, presago de mal tanto;
y con terrible espanto,
el Señor visitó sobre sus males,
para umillar los fuertes arrogantes;
y levantó los bárbaros no iguales,
que con osados pechos y constantes,
no busquen oro; mas con crudo hierro
venguen la ofensa y cometido ierro.

Los impios y robustos, indinados,
las ardientes espadas desnudaron
sobre la claridad y hermosura
de tu gloria y valor; y no cansados
en tu muerte, tu onor todo afearon,
mesquina Lusitania sin ventura;
y con frente segura
rompieron sin temor, con fiero estrago
tus armadas escuadras y braveza.
L' arena se tornó sangriento lago,
la llanura con muertos aspereza;
cayó en unos vigor, cayó denuedo,
mas en otros desmayo y torpe miedo.

¿Son éstos por ventura, los famosos,
los fuertes y belígeros varones,
que conturbaron con furor la tierra,
que sacudieron reinos poderosos,
que domaron las órridas naciones,
que pusieron desierto en cruda guerra
cuanto enfrena y encierra
el mar Indo, y feroces destruyeron
grandes ciudades? ¿Do la valentía?
¿Cómo así s' acabaron y perdieron
tanto eroico valor en solo un día;
y lexos de su patria derribados,
no fueron justamente sepultados?

Tales fueron aquestos, cual hermoso
cedro del alto Líbano, vestido
de ramos, hojas, con ecelsa alteza;
las aguas lo criaron poderoso,
sobre empinados árboles subido,
y se multiplicaron en grandeza
sus ramos con belleza;
y, estendiendo su sombra, s' anidaron
las aves que sustenta el grande cielo;
y en sus hojas las fieras engendraron,
y hizo a mucha gente umbroso velo,
no igualó en celsitud y hermosura
jamás árbol alguno a su figura.

Pero elevóse con su verde cima,
y sublimó la presunción su pecho,
desvanecido todo y confiado;
haziendo de su alteza sólo estima.
Por eso Dios lo derribó deshecho,
a los impios y agenos entregado,
por la raíz cortado;
qu' opreso de los montes arrojados,
sin ramos y sin hojas, y desnudo,
huyeron dél los ombres espantados;
que su sombra tuvieron por escudo;
en su ruina y ramos, cuantas fueron,
las aves y las fieras se pusieron.

Tú, infanda Libia, en cuya seca arena
murió el vencido reino Lusitano,
y s' acabó su generosa gloria;
no estés alegre y d' ufanía llena;
porque tu temerosa y flaca mano
uvo sin esperança, tal vitoria,
indina de memoria;
que si el justo dolor mueve a vengança
alguna vez el Español corage,
despedaçada con aguda lança,
compensarás muriendo el hecho ultrage;
y Luco amedrentado, al mar inmenso
pagará d' Africana sangre el censo.



CANCIÓN II

Si alguna vez mi pena
cantaste tiernamente, Lira mía,
y en la desierta arena
deste campo estendido
dende la oscura noche al claro día
rompiste mi gemido;
aora olvida el llanto,
y buelve al alto y desusado canto.

No celebro los hechos
del duro Marte, y sin temor osados
los valerosos pechos,
la siempre insine gloria,
d' aquellos Españoles no domados;
que para la memoria,
que canto me da aliento
Febo a la voz, y vida al pensamiento.

Escriva otro la guerra,
y en Turca sangre el ancho mar cuajado,
y en l' abrasada tierra
el conflito terrible,
y el Lusitano orgullo quebrantado
con estrago increíble;
que no menor corona
texe a mi frente el coro d' Elicona.

A la grandeza vuestra
no ofenda el rudo son de osada lira;
que en lo poco que muestra,
gloriöso Fernando,
aunque desnuda de destreza espira,
el curso refrenando
el sacro Esperio río
mil vezes se detuvo al canto mío.

El linage y grandeza,
y ser de tantos reyes decendiente,
la pura gentileza
y el ingenio dichoso,
qu' entre todos os hazen ecelente,
y el pecho generoso,
y la virtud florida,
de vos prometen una eroica vida.

No basta no el imperio,
ni traer las cervizes umilladas
presas en cativerio
con vencedora mano;
ni que de las vanderas ensalçadas
el Cita y Africano
con medroso semblante,
y el indo y persa sin valor s' espante.

Que quien al miedo obliga
y rinde el coraçón, y desfallece
de la virtud amiga;
y va por el camino,
do la profana multitud perece,
sugeto al yugo indino
pierde la gloria y nombre,
pues siendo más, se haze menos ombre.

Los Éroes famosos
los niervos al deleite derribaron,
que ni en los engañosos
gustos, ni en lisongeras
vozes de las sirenas peligraron;
ante las ondas fieras
atravesando fueron,
por do ningunos escapar pudieron.

Seguid, Señor, la llama
de la virtud, qu' en vos sus fuerças prueva;
que si bien os inflama
de su amor en el fuego,
viendo su bella luz, con fuerça nueva,
sin admitir sosiego,
buscaréis en el suelo
la que consigo os alçará en el cielo.

No os desvanesca el pecho
la sobervia inorante y engañada,
ni lo mostréis estrecho;
que para aventajaros
entre las sombras desta edad culpada,
devéis siempre esforçaros,
que sólo es vuestro aquello,
que por virtud pudistes merecello.

Aquél que libre tiene
d' engaño el coraçón, y sólo estima
lo qu' a virtud conviene;
y sobre cuanto precia
el vulgo incierto, su intención sublima,
y el miedo menosprecia,
y sabe mejorarse,
sólo señor merece y rey llamarse.

Que no son diferentes
en la terrena masa los mortales;
pero en ser ecelentes
en virtud y hazañas,
se hazen unos d' otros desiguales,
estas glorias estrañas,
en los que resplandecen,
si ellos no las esfuerçan, s' entorpecen.

Por el camino cierto
de las divinas Musas vais seguro;
do el cielo os muestra abierto
el bien, a otros secreto,
con guía tal, qu' en el peligro oscuro
de perturbado afeto
venciendo el duro asalto,
subiréis de la gloria en lo más alto.

Y porque las tinieblas,
fatal estorvo a la grandeza umana,
no ascondan en sus nieblas
el valor admirable,
haré qu' en vuestra gloria soberana
siempre Talía hable;
y que la bella Flora,
y los reinos la canten de l' Aurora.




CANCIÓN III

Cuando con resonante
rayo, y furor del braço poderoso
a Encélado arrogante
Iúpiter gloriöso
en Edna despeñó vitoriöso;

y la vencida Tierra,
a su imperio sugeta y condenada,
desamparó la guerra,
por la sangrienta espada
de Marte, con mil muertes no domada;

en la celeste cumbre
es fama, que con dulce voz presente
Febo, autor de la lumbre,
cantó suävemente
rebuelto en oro la encrespada frente.

La sonora armonía
suspende atento al inmortal senado;
y el cielo, que movía
su curso arrebatado,
se reparava al canto consagrado.

Halagava el sonido
al alto y bravo mar y airado viento
su furor encogido,
y con divino aliento
las Musas consonavan a su intento.

Cantava la vitoria
del cielo, y el orror y l' aspereza,
que les dio mayor gloria,
temiendo la crueza
de la Titania estirpe y su bruteza.

Cantava el rayo fiero,
y de Minerva la vibrada lança,
del rey del mar ligero
la terrible pujança,
y del Ercúleo braço la vengança.

Mas del sangriento Marte
las fuerças alabó y desnuda espada,
y la braveza y arte
d' aquella diestra armada,
cuya furia fue en Flegra lamentada.

A ti, dezía, escudo,
a ti valor del cielo poderoso,
poner temor no pudo
el escuadrón dudoso,
con enroscadas sierpes espantoso.

Tú solo a Oromedonte
diste bravo y feroz orrible muerte
junto al doblado monte,
y con dichosa suerte
a Peloro abatió tu diestra fuerte.

O hijo esclarecido
de Iuno, ô duro y no cansado pecho,
por quien Mimas vencido,
y en peligroso estrecho
el pavoroso Runco fue deshecho.

Tú, ceñido d' azero,
tú, estrago de los ombres rabiöso,
con sangre órrido y fiero,
y todo impetuöso,
el grande muro rompes presuroso.

Tú encendiste en aliento
y amor de guerra y generosa gloria
al sacro Ayuntamiento,
dándole la vitoria,
que hará siempre eterna su memoria.

A ti Iúpiter deve,
libre ya de peligro, qu' el profano
linage, que s' atreve
alçar armada mano,
sugeto sienta ser su orgullo vano.

Mas aunque resplandesca
esta vitoria tuya esclarecida
con fama, que meresca
tener eterna vida,
sin que d' oscuridad esté ofendida;

vendrá tiempo, en que sea
tu nombre, tu valor puesto en olvido;
y la tierra posea
valor tan escogido,
qu' ante él, el tuyo quede oscurecido.

Y el fértil Ocidente,
en cuyo inmenso piélago se baña
mi veloz carro ardiente,
con claro onor d' España,
te mostrará la luz desta hazaña.

Que el cielo le concede
de César sacro el ramo gloriöso,
que su valor erede;
para qu' al espantoso
Turco quebrante el brío corajoso.

Vêras' el impio vando
en la fragosa, inacesible cumbre,
que sube amenazando
a la celeste lumbre,
confiado en su osada muchedumbre.

Y allí de miedo ageno
corre, cual suelta cabra, y s' abalança
con el fogoso trueno
de su cubierta estança,
y sigue de sus odios la vengança.

Mas luego qu' aparece
el joven d' Austria en la enriscada sierra,
el temor entorpece
a la enemiga tierra,
y con ella acabó toda la guerra.

Cual tempestad ondosa,
con orrísono estruendo se levanta,
y la nave, medrosa
d' aquella furia tanta,
entre peñascos ásperos quebranta.

O cual del cerco estrecho
el flamígero rayo se desata
con largo sulco hecho,
y rompe y desbarata,
cuanto al encuentro su ímpetu arrebata.

La Fama alçará luego,
y con doradas alas, la Vitoria
sobre el orbe del fuego,
resonando su gloria
con puro resplandor de su memoria.

Y llevarán su nombre
de los últimos soplos d' Ocidente
con inmortal renombre
al purpúreo Oriënte,
y a do iela y abrasa el cielo ardiente.

Si Peloro tuviera
de su ecelso valor alguna parte,
él solo te venciera,
aunque tuvieras, Marte,
doblado esfuerço y osadía y arte.

Si éste valiera al cielo
contra el profano exército arrogante,
no tuvieras recelo,
tú, Iúpiter tonante,
ni arrojaras el rayo resonante.

Traed pues ya bolando
ô cielos, este tiempo espaciöso
que fuerça dilatando,
el curso gloriöso;
hazed, que se adelante presuroso.

Así la lira suena,
y Iove el canto afirma, y s' estremece
sacudido, y resuena
el cielo, y resplandece,
y Mavorte medroso s' oscurece.




CANCIÓN IV

Esparze en estas flores
pura nieve y rocío
blanca y serena luz de nueva Aurora,
y con varios colores
se vista el bosque frío
de los esmaltes de la rica Flora;
pues la ecelsa Eliodora
ya muestra su belleza,
a do con alta frente
da Betis su corriente,
llevando al mar tendida su grandeza;
y vos, lumbres del cielo,
mirad felices nuestro Esperio suelo.

Roxo Sol, qu' el dorado
cerco de tu corona
sacas del hondo piélago, mirando
el Ganges derramado,
el Darïén, la Sona,
y del divino Nilo el fértil vando;
si tú llegares, cuando
esta serena Estrella
alça al rosado cielo,
dando alegría al suelo,
los ojos, do está Venus casta y bella,
d' aquellos rayos ciego,
arderás, en tus llamas hecho fuego.

Luna, que resplandeces
sola, fría, argentada
en el callado velo tenebroso;
y tu luz enriqueces
en la hacha inflamada
del Sol con resplandor maravilloso;
Si el Luzero hermoso,
do el puro Amor s' alienta,
mirares, encendida
en llama esclarecida,
qu' a limpias almas en vigor sustenta,
correrás por la cumbre
con grande y siempre eterna y clara lumbre.

Junta a inmensa belleza
ya está la cortesía,
y suma onestidad y umilde trato
con valor y grandeza,
en el dichoso día
qu' el cielo largo la bolvió más grato,
vivo y puro retrato
d' inmortal hermosura,
rayo d' amor sagrado
qu' a su consorte amado
consigo junto en fuego eterno apura;
y si parte le ofende,
es qu' el velo mortal su bien comprende.

El sacro rey de ríos,
que nuestros campos baña,
al bello aparecer deste Luzero
cubrió los vados fríos
al pie de la montaña,
do vio resplandecer su Sol primero,
del oro que el Ibero
en las cavernas hondas
procura, y con las flores
compuso en mil colores,
y con perlas el curso de las ondas;
y, esclareciendo el cielo,
esparzió olor suäve en torno el suelo.

Las Gracias amorosas
con las Ninfas un coro
texieron en el claro, undoso seno;
y de purpúreas rosas
embueltas en el oro
con ámbar oloroso y flores lleno,
dulce despojo ameno
del revestido prado,
las guirnaldas mesclaron,
y alegres coronaron
el cabello sutil, crespo y dorado,
que, cual de las estrellas,
por el aire bolaron sus centellas.

El alto monte verde,
que de Palas es gloria,
sintiendo en sí los pies de su señora,
su tristeza ya pierde,
y le da la vitoria
aquel, do Prometeo gime y llora;
y donde la sonora
lira de Tracia espira;
el sagrado Elicona
con florida corona,
y do Atlante del peso no respira;
pues su cumbre sostiene
la belleza, qu' el cielo en tierra tiene.

Yo entretexer quisiera
su nombre esclarecido
entre la blanca Luna y Sol dorado;
y su gloria pusiera
en el peplo estendido,
qu' en otra edad Atenas vio estimado;
cuando el tiempo llegado
Minerva es celebrada.
Dichoso el año y día;
y es quien vê el año y día.
Allí herido está con asta airada
el áspero Tifeo,
que muerto pierde todo su deseo.

Mas pues que la rudeza
deste mi débil canto,
causado d' un deseo simple y vano,
no puede a su belleza
dalle la gloria, cuanto
merece el valor suyo soberano,
y mi intento es en vano;
Cisnes, que la corriente
de Betis vais cortando,
el canto vuestro alçando,
su nombre y gloria resonad presente;
si oyan Zéfiro y Flora
su inmensa hermosura con l' Aurora.

Di umilde a esta Luz pura;
sufra vuestra belleza
mi rústica simpleza.



CANCIÓN V

Inclinen a tu nombre, ô luz d' España,
ardiente rayo del divino Marte,
Camilo, y el belígero Africano,
y el vencedor de Francia y d' Alemaña,
la frente, armada de valor y d' arte;
pues tú, con grave seso y fuerte mano
por el pueblo Cristiano
contra el ímpetu bárbaro sañudo
pusiste osado el generoso pecho,
cayó el furor ante tus pies desnudo,
y el impio orgullo Vándalo deshecho,
con la fulmínea espada traspasado,
rindió l' acerba vida al fiero hado.

De ti temblaron todas las riberas,
todas las ondas, cuantas juntamente
las colunas del grande Briäreo
miran; y al tremolar de tus vanderas,
torció el Nilo medroso la corriente,
y el monte Libio, a quien mostró Perseo
el rostro Meduseo,
las cimas altas umilló rendido
con más pavor, que cuando los gigantes,
y el áspero Tifeo fue vencido,
postráronse los bravos y arrogantes,
temiendo con espanto y con flaqueza
el vigor de tu ecelsa fortaleza.

Pero en tantos triünfos y vitorias,
la que más te sublima y esclarece,
de Cristo ô ecelso capitán, Fernando,
y remata la cumbre de tus glorias,
con qu' a la eternidad tu nombre ofrece;
es, que peligros mil sobrepujando,
bolviste al sacro vando,
y a la cristiana religión traxiste
esta insine ciudad y generosa;
qu' en cuanto Febo Apolo de luz viste,
y ciñe la grande orla espaciösa
del mar cerúleo, no se vê otra alguna
de más nobleza y de mayor fortuna.

Cubrió el sagrado Betis de florida
púrpura y blandas esmeraldas llena
y tiernas perlas, la ribera ondosa,
y al cielo alçó la barba revestida
de verde musgo; y removió en l' arena
el movible cristal de la sombrosa
gruta y la faz onrosa,
de juncos, cañas y coral ornada,
tendió los cuernos úmidos, creciendo
l' abundosa corriente dilatada,
su imperio en el Océano estendiendo;
qu' al cerco de la tierra en vario lustre
de sobervia corona haze ilustre.

Tú después que tu espíritu divino,
de los mortales nudos desatado,
subió ligero a la celeste alteza,
con justo culto, aunqu' en lugar, no dino
a tu inmenso valor, fuiste encerrado;
hasta qu' aora la real grandeza,
con eroica largueza
en este sacro templo y alta cumbre
trasfiere tus despojos venerados,
do toda esta devota muchedumbre,
y sublimes varones, umillados
onran tu santo nombre gloriöso,
tu religión, tu esfuerço belicoso.

Salve, ô defensa nuestra, tú que tanto
domaste las cervizes Agarenas,
y la fê verdadera acrecentaste,
tú cubriste a Ismael de miedo y llanto,
y en su sangre ahogaste las arenas,
qu' en las campañas béticas hollaste;
tú solo nos mostraste,
entre el rigor de Marte viölento,
entre el peso y molestias del govierno,
juntas en bien travado ligamento,
justicia, piëdad, valor eterno;
y cómo puede, despreciando el suelo,
un príncipe guerrero alçars' al cielo.




ÉGLOGA VENATORIA

D' aljava y arco tú, Diana armada,
que por el monte umbroso y estendido
fatigas a las fieras presurosa,
huye del alto Ladmo desdichada,
donde tu caçador duerme ascondido;
que ya otra caçadora más hermosa
persigue impetuösa
al javalí espumoso y enojado;
que ya otra más hermosa caçadora
al ciervo sigue aora.
Si Endimión la viere, tu cuidado,
venciendo de la fiera la braveza,
te dexará por ella con tristeza.

A Endimión no dexes tú Diana,
queda con él, no siga al amor mío,
tu amor, Endimión esté contigo,
en la callada noche, en la mañana,
al Sol ardiente, al importuno frío
mi dulce caçadora esté comigo.
Este bosque es testigo,
cuántas vezes la llamo y busco en vano,
l' Aurora me oye sola sin su amante,
y s' ofrece delante,
cuando espera las fieras en lo llano,
suspira ella su amor, yo lloro el mío,
si al monte mira, yo a mi valle y río.

Hermosa caçadora, qu' as llevado
del frío bosque mi herido pecho
con el cabello d' oro suelto al viento,
y de flores y rosas coronado;
¿Eres Napea deste valle estrecho,
qu' alcança con ligero movimiento
al javalí sediento,
y del ciervo la planta voladora?
que tu paso, y tu voz, y tu belleza
más que mortal grandeza
descubre a tu Menalio, que te adora.
Tal va Cintia con trage soberano,
y enciende en fuego al amador Silvano.

¿Qué dios, ô Clearista, t' a ofrecido
a mis ojos, corriendo yo una fiera
sin cuidado d' Amor; y vista luego
te me llevó, dexándome perdido,
porqu' en llama inmortal ardiendo muera?
De tus luzes provó el tirano ciego
con mi daño su fuego,
mas tú abites el bosque oscuro y prado,
o la tendida selva deste río,
jamás del pecho mío
s' apartará el Amor, que m' a abrasado,
el bosque y prado del amor testigo,
a amarte aprenderá también comigo.

O la ligera garça levantando
mire al halcón veloce y atrevido,
o espere al javalí cerdoso y fiero,
o l' aura entre los árboles gozando;
con silencio y voz muda, en lo ascondido
del pecho solo lloraré primero
el dolor, en que muero.
Sin ti el feroz cavallo, el rayo ardiente
del imitado trueno, y la sabrosa
caça, m' es enojosa,
pues tú me dexas mísero y doliente.
Todo m' agradará y será mi gloria
si buelves, y de mí tienes memoria.

¿Por qué huyes, y quieres que sin lumbre
en estas breñas muera con tormento,
y no miras tu amante, que te llama?
Baxa desa fragosa y alta cumbre,
que, según el ruido grave siento,
por entre una y otra espesa rama,
que las hojas derrama,
un feroz javalí s' a recogido.
Con el arco en la blanca y tierna mano
baxa, qu' antes, qu' al llano
llegues, atravesado y estendido
de mi venablo, y muerto, la espumosa
cabeça, llevarás vitoriösa.

No fíes, Clearista, en tu belleza,
que vendrá el día en que las hebras d' oro
mude la edad ligera en blanca plata,
antes muera, que vea tu tristeza.
Mas, ¿para qué suspiro triste, y lloro
por quien a mis querellas es ingrata?
Si tu dureza mata
a quien te sigue, aquél que t' aborrece,
¿qué pena avrá, qu' iguale con su culpa?
Pero, ¿quién me culpa,
pues sigo solo el mal, que se m' ofrece?
Suspenso en el amor y en el deseo,
al fin doy en un ciego devaneo.

Mas vos Amores, roxos dulcemente,
dexad las ondas claras de Citera,
y a mi Ninfa herid con vuestra llama;
que su hermosa flor perder no siente
sin fruto inútil en la edad primera.
Y tú Latonia, pues Amor t' inflama,
cuando el monte te llama,
por el dormido amante, y ya el tormento
conoces del Amor; si e venerado
tus aras, y colgado
del javalí terrible y viölento
l' alta frente y del ciervo la ramosa,
muéstrat' a mis dolores piädosa.

Si contigo viviera, Ninfa mía,
en esta selva, tu sutil cabello
adornara de rosas, y cogiera
las frutas varias en el nuevo día;
las blancas plumas del gallardo cuello
de la garça ofreciendo, y te traxera
de la silvestre fiera
los despojos, contigo recostado,
y en la sombra cantando tu belleza;
y en la verde corteza
de la frondosa enzina mi cuidado
estendiendo, comigo lo leyeras,
y sobre mí las flores esparzieras.

¡Ah cuántas vezes entre aqueste juego
a tu cuello los braços rodeara!
y en tus ojos mis ojos encendiendo,
cuando más descuidada de mi fuego,
a tu boca el espíritu hurtara,
mi espíritu en el tuyo convirtiendo,
dulcemente muriendo.
Esto preciara más que vêr el buelo
del halcón, más que dar de un golpe muerte
al javalí más fuerte,
o alcançar, por el ancho y largo suelo,
junto a l' agua, herido y sin aliento,
el ciervo, qu' atrás dexa el presto viento.

No dudes, ven comigo, Ninfa mía;
yo no soy feo, aunque mi altiva frente
no se muestra a la tuya semejante,
mas tengo amor, y fuerça y osadía,
y tengo parecer d' ombre valiente;
qu' al caçador conviene este semblante
robusto y arrogante,.
iremos a la fuente, al dulce frío,
y en blando sueño puestos, al ruido
del murmurio esparzido
de l' agua, tú en mis braços, amor mío,
y yo en los tuyos blancos y hermosos,
a los Faunos haría invidiösos.

Mas si t' agrada, y ô si t' agradase,
ven comigo a esta sombra, do resuena
l' aura en los ciclamoros revestidos
de iedra; do se vio jamás qu' entrase
alçado el Sol con luz ardiente y llena.
Aquí ay álamos verdes y crecidos,
y los povos floridos,
y el fresco prado riega l' alta fuente
con murmurio suäve y sosegado.
Aquí el tiempo templado
te combida a huir el Sol caliente.
Ven, Clearista, ven ya Ninfa mía,
este prado te llama y fuente fría.




SONETO 1

Osé y temí; mas pudo la osadía
tanto, que desprecié el temor cobarde.
Subí a do el fuego más m' enciende y arde,
cuanto más la esperança se desvía.

Gasté en error la edad florida mía;
aora veo el daño, pero tarde;
que ya mal puede ser, qu' el seso guarde
a quien s' entrega ciego a su porfía.

Tal vez pruevo (mas, ¿qué me vale?) alçarme
del grave peso que mi cuello oprime;
aunque falta a la poca fuerça el hecho.

Sigo al fin mi furor, porque mudarme
no es onra ya, ni justo, que s' estime
tan mal de quien tan bien rindió su pecho.





SONETO 2

Voy siguiendo la fuerça de mi hado
por este campo estéril y ascondido:
todo calla, y no cesa mi gemido;
y lloro la desdicha de mi estado.

Crece el camino, y crece mi cuidado;
que nunca mi dolor pone en olvido.
El curso al fin acaba, aunqu' estendido;
pero no acaba el daño dilatado.

¿Qué vale contra un mal siempre presente
apartar s' y huir, si en la memoria
s' estampa, y muestra frescas las señales?

Buela Amor en mi alcance; y no consiente
en mi afrenta qu' olvide aquella istoria,
que descubrió la senda de mis males.





SONETO 3

Pensé, mas fue engañoso pensamiento,
armar de duro ielo el pecho mío;
porqu' el fuego d' Amor al grave frío
no desatase en nuevo encendimiento.

Procuré no rendir m' al mal que siento;
y fue todo mi esfuerço desvarío.
Perdí mi libertad, perdí mi brío;
cobré un perpetuo mal, cobré un tormento.

El fuego al ielo destempló en tal suerte,
que, gastando su umor, quedó ardor hecho;
y es llama, es fuego, todo cuanto espiro.

Este incendio no puede darme muerte;
que, cuanto de su fuerça más deshecho,
tanto más de su eterno afán respiro.





SONETO 4

El Sátiro qu' el fuego vio primero,
de su vivo esplendor todo vencido,
llegó a tocallo; mas provó, encendido,
qu' era, cuanto hermoso, ardiente y fiero.

Yo, que la pura luz do ardiendo muero,
mísero vi, engañado y ofrecido
a mi dolor, en llanto convertido
acabar no pensé, como ya espero.

Belleza, y claridad antes no vista,
dieron principio al mal de mi deseo,
dura pena y afán a un rudo pecho.

Padesco el dulce engaño de la vista;
mas si me pierdo con el bien que veo,
¿cómo no estoy ceniza todo hecho?




SONETO 5

Órrido ivierno, que la luz serena,
y agradable color del puro cielo
cubres d' oscura sombra y turbio velo
con la mojada faz de nieblas llena;

buelve a la fría gruta, y la cadena
del nevoso Aquilón; y en aquel ielo,
qu' oprime con rigor el duro suelo,
las furias de tu ímpetu refrena.

Qu' en tanto qu' en tu ira embravecido,
asaltas el divino Esperio río,
que corre al sacro seno d' Ocidente,

yo triste, en nuve eterna del olvido,
culpa tuya, apartado del Sol mío,
no m' enciendo en los rayos de su frente.




SONETO 6

Al mar desierto en el profundo estrecho
entre las duras rocas, con mi nave
desnuda tras el canto voy suäve,
que forçado me lleva a mi despecho.

Temerario deseo, incauto pecho,
a quien rendí de mi poder la llave,
al peligro m' entregan fiero y grave;
sin que pueda apartarme del mal hecho.

Veo los uesos blanquear, y siento
el triste son de la engañada gente;
y crecer de las ondas el bramido.

Huir no puedo ya mi perdimiento;
que no me da lugar el mal presente,
ni osar me vale en el temor perdido.



SONETO 7

No puedo sufrir más el dolor fiero,
ni ya tolerar más el duro asalto
de vuestras bellas luzes, antes falto
de paciencia y valor, en el postrero

trance, arrojando el yugo, desespero;
y, por do voy huyendo, el suelo esmalto
de rotos lazos; y levanto en alto
el cuello osado, y libertad espero.

Mas, ¿qué vale mostrar estos despojos,
y la ufanía d' alcançar la palma
d' un vano atrevimiento sin provecho?

El rayo que salió de vuestros ojos
puso su fuerça en abrasar mi alma,
dexando casi sin tocar el pecho.




SONETO 8

¿Por qué renuevas este encendimiento,
tirano Amor, en mi herido pecho?
que ya, casi olvidado del mal hecho,
vivía en soledad de mi tormento.

Cuando más descuidado y más contento,
rebuelves a meterm' en tanto estrecho;
oblígasme, cruel, qu' a mi despecho
procure contrastar tu fiero intento.

Las armas, en el templo ya colgadas,
visto, y el azerado escudo embraço,
y en mi vengança salgo a la batalla.

Mas ay, qu' a las saetas, que templadas
en la luz de mi Estrella están, y al braço
tuyo no puede resistir la malla.




SONETO 9

Esta desnuda playa, esta llanura
d' astas y rotas armas mal sembrada;
do el vencedor cayó con muerte airada,
es d' España sangrienta sepultura.

Mostró el valor su esfuerço, mas ventura
negó el suceso, y dio a la muerte entrada,
que rehuyó dudosa y admirada,
del temido furor la suerte dura.

Venció Otomano al Español ya muerto
antes del muerto el vivo fue vencido,
y España y Grecia lloran la vitoria.

Pero será testigo este desierto,
qu' el español, muriendo no rendido,
llevó de Grecia y Asia el nombre y gloria.




SONETO 10

Roxo sol, que con hacha luminosa
coloras el purpúreo y alto cielo,
¿hallaste tal belleza en todo el suelo,
qu' iguale a mi serena Luz dichosa?

Aura suäve, blanda y amorosa,
que nos halagas con tu fresco buelo;
cuando se cubre del dorado velo
mi Luz, ¿tocaste trença más hermosa?

Luna, onor de la noche, ilustre coro
de las errantes lumbres y fixadas,
¿consideraste tales dos estrellas?

Sol puro, Aura, Luna, llamas d' oro,
¿oístes vos mis penas nunca usadas?
¿vistes Luz más ingrata a mis querellas?


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JOSÉ MARÍA HINOJOSA LASARTE [14.386]

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José María Hinojosa Lasarte 

(Campillos, 1904 - Málaga, 22 de agosto de 1936) fue un poeta español de la Generación del 27, introductor en España de la poesía surrealista. Fue codirector, con Manuel Altolaguirre, de la celebérrima revista Litoral. Murió asesinado al comienzo de la Guerra Civil Española en la puerta del cementerio de San Rafael, de Málaga, víctima de la represión republicana.

Perteneciente a una rica familia de hacendados, mostró desde muy temprano su inclinación por las letras y la política, cursando con brillantez sus estudios de Derecho en la ciudad de Granada donde se licenció años más tarde. Empieza a escribir poesía en 1923, y sus primeros libros, Poema del campo (Madrid, 1925) y Poesía de perfil (París, 1926) poseen una índole arcádica y simbolista, influida por Juan Ramón Jiménez, en arte menor. Atraído por las vanguardias, pero también para estudiar francés en la Sorbona, viajó a Francia en 1925, trabando amistad con la joven generación de pintores (entre los españoles, los de la Escuela de París: Joaquín Peinado, Bores, Ángeles Ortiz, Benjamín Palencia...) y escritores de su época (el escritor cubano José María Chacón, el hispanista francés Jean Cassou) y asimilando las estéticas de vanguardia, entre ellas el Surrealismo. A su regreso a España Emilio Prados le presenta al grupo del 27 activo en la Residencia de Estudiantes (Salvador Dalí, Luis Buñuel, Rafael Alberti, Federico García Lorca, Luis Cernuda) y del Novecentismo (Juan Ramón Jiménez, José Bergamín) colaborando activamente en revistas en el grupo formado por los poetas del 27 de Málaga, Emilio Prados y Manuel Altolaguirre; su primera aventura literaria fueron los cuatro números publicados de la revista malagueña Ambos (1923), realizada junto a Manuel Altolaguirre, José María Souvirón y Emilio Prados, resultando algo así como un ensayo precursor de la gran revista literaria del 27 en Málaga, Litoral. Publica su libro poético La rosa de los vientos (Málaga, 1927), donde es patente la huella del creacionismo y el ultraísmo. Los libros de Hinojosa aparecieron en bellas ediciones de autor con ilustraciones de Dalí, Bores, Benjamín Palencia o Moreno Villa. En 1928, tras una breve estancia en Londres, se traslada a la Unión Soviética con José Bergamín y vuelve desilusionado de los logros de la revolución. Él protegió a Dalí y a Gala cuando pasaron unas vacaciones en Torremolinos (1928) tras escaparse de Paul Éluard. Publica un libro de poesía surrealista, La flor de Californía (sic) (Madrid, abril de 1928). En el libro hay reminiscencias de Los cantos de Maldoror, de Isidore Ducasse, conde de Lautréamont, y chispazos poéticos humorísticos inspirados por Ramón Gómez de la Serna. En su segudna parte, "Textos oníricos", desaparece ahora la leve trama argumental de los capítulos iniciales y el relato se convierte en poema en prosa, en un ejercicio de escritura automática plenamente surrealista.

Poco a poco se distancia de sus compañeros del 27. Tras la publicación de su último libro, La sangre en libertad, en 1931, también surrealista, abandona la literatura. Un año antes había comenzado su relación, con muchas fluctuaciones sentimentales, con Ana Freüller Valls. En 1932 inicia una intensa actividad política en partidos conservadores. Esto motiva que sea encarcelado por las autoridades republicanas en julio de 1936; el 22 de agosto, tras un bombardeo de los sublevados, es asaltada la cárcel por un grupo de milicianos anarquistas y medio centenar de presos –el poeta, su padre y su hermano, también un hermano de Manuel Altolaguirre– serán fusilados como represalia ante las tapias del cementerio ese mismo día.

Obras

Poema del campo (Madrid, 1925)
Poesía de perfil (París, 1926)
La rosa de los vientos (Málaga, 1927).
Orillas de la luz (Málaga, 1928).
La flor de Californía (sic) (Madrid, 1928)
La sangre en libertad, (Málaga, 1931).
Poesías completas Málaga: Litoral, 1983.
Seis poemas inéditos. Málaga: Diputación Provincial, 1988.
Obra completa de José María Hinojosa (1923-1931), edición de Alfonso Sánchez. Fundación Genesian, 2004.



Calma

A Luis Buñuel

¿Dónde se acaba el mar?
¿Dónde comienza el cielo?
Los barcos van flotando.
o remontan el vuelo?

Se perdió el horizonte,
en el juego mimético
del cielo y de las aguas.

Se fundió el movimiento,
en un solo color
azul, el azul quieto.

Se funden los colores;
se apaga el movimiento.

Un solo color queda;
no existe barlovento.

¿Dónde se acaba el mar?
¿Dónde comienza el cielo?




Campo-estelas

Almendros en flor.

La primavera
se acerca.

Cerezos en flor.

La primavera
está plena.

Granados en flor.

Ya se aleja
la primavera.





Canción final

A Rafael Alberti

Y qué se me importa a mí,
que la helada se deshiele.

Y qué se me importa a mí,
que los pájaros no vuelen.

Y que los barcos mas barcos,
solo por la mar naveguen.

Si tengo en ciernes un campo
de margaritas de nieve.




Cuando nos miramos

Mi cabeza inclinada sobre el aire
miraba su cabeza hecha amor por mis ojos
cuando de sus cabellos
saltaban las abejas para dejar su miel
en los labios resecos y sin esperanzas
en los labios hundidos bajo las palabras
llenas de amor y sangre.

Nuestras cabezas acaban por perderse
envueltas en las nubes
la mía inclinada sobre el aire
la suya hecha amor por mis ojos.




El fuego calcina nuestras carnes

Este brazo de fuego
quemaba mi costado
recubierto de brotes
plenos de savia verde
cuando tu cabellera
fue de piedra en el viento
y mis sueños se abrían
en pétalos de carne.

Estos aires de fuego
derretirán la nieve
lejana de los polos
al cuajar en el árbol
nuestros dos corazones.




Erótica imprevista

Hundido entre juncales,
eludí la pasión
de la mujer sin carne.

Eludí la pasión,
dentro de mi ramaje
y sin quererlo yo.

Perdida entre arenales
la mujer, ya voló
mi carne con su carne.



Herido siempre, desangrado a veces...

Herido siempre, desangrado a veces
y ocultando mi sangre sin riberas
llevo mis pasos presos entre nieblas
y mis miradas van sobre cipreses.

Aún conservo en las uñas esta sangre
que me dejó la carne de un momento
empapado de lágrimas y miedo
cuando vino a perderse entre mi carne.

Era sólo mi sangre quien llamaba
en medio de aquel valle, de aquel bosque,
y era sólo mi sangre, eran mis voces
las que oían la lluvia sobre el agua.




Huyendo del destino

En medio de este hueco redondo y transparente
que me persigue siempre a través de la tierra
retumban los hachazos que separan las ramas
brotadas en el tronco de mármol patinado
por el humo de pólvora y la luz de la luna
filtrada entre los dedos de tus manos de nieve.

Tus brazos recogían en sus siete colores
la lluvia de mi frente y la espuma del agua
perdiéndose en las aguas tu cabellera rubia
mientras que tu cabeza flotaba entre las olas
verde entre verdes algas con los labios abiertos
por la caricia última de mis labios de fuego.




La rosa de los vientos

Para picotear sobre mi fría palma
bajan aleteando las estrellas
y la Osa Mayor no será nunca blanca
porque ha olvidado su pasión mimética.

Han puesto colgaduras encaladas
para borrar los huecos de mis huellas,
mujeres negras que habitan mi casa.
Sólo han brotado de mi barco velas.

Mientras oteo curvos horizontes
en el balcón de escarcha tempranera,
veo llegar el humo desde Londres,
que amarillo nació en las chimeneas
y, cano ya, me llama a grandes voces
y pregunta con gesto anacoreta
por la senda que lleva al Polo Norte.

Encogiendo mis hombros hechos niebla
yo le regalo un alfabeto Morse.




Mi alegría

Vino a mí en espiral,
con vuelo de mañana,
su voz hecha sonrisa
de lucero del alba.

Mi sangre baña el río
en aleteo de agallas;
queda el cuerpo sin sangre
y oye la voz del alba.

Está mi cuerpo frío
ya tendido en la playa,
y huyendo de la luz
desaparece el alba.

Su voz hecha sonrisa
vino a mí en espiral;
mi gesto sin aristas
fue a ella en espiral.




Mi cabeza inclinada sobre el aire...

Mi cabeza inclinada sobre el aire
miraba su cabeza hecha amor por mis ojos
cuando de sus cabellos
saltaban las abejas para dejar su miel
en los labios resecos y sin esperanzas
en los labios hundidos bajo las palabras
llenas de amor y sangre.

Nuestras cabezas acaban por perderse
envueltas en las nubes
la mía inclinada sobre el aire
la suya hecha amor por mis ojos.




Mi corazón perdido

En su cuerpo de espuma nacían las espigas
que en ráfagas de viento llenan con sus rumores
mi corazón perdido en el mar de su lengua
mi corazón hallado en medio del desierto
por cadenas de voces en oasis de sangre.

Mi corazón perdido busca entre sus encajes
la llama que devore las ansias de su sombra
y las nieves que bajen de las altas montañas.



Nuestro amor

Nuestros cabellos flotan en la curva del aire
y en la curva del agua flota un barco pirata
que lleva en su cubierta entre cercos de brea
tus miradas de ámbar y el ámbar de tus manos.

Nuestros cabellos flotan en aire enrojecido
mientras su cuerpo pende hecha color su carne
de los siete colores tendidos en un arco
sobre el cielo de hule herido por sus ojos.

¿Por qué siempre rehuyes el encerrar tu carne
en mi carne cuajada de flores y de heridas
abiertas con puñales en madrugadas blancas
llegadas del desierto entre nubes de polvo?

Nuestros cabellos flotan en la curva del aire
envueltos entre ráfagas de crímenes violentos
y manos inocentes quieren lavar la sangre
derramada en la tierra por el primer amor.




Pasión sin límites

Vuela mi corazón
unido con los pájaros
y deja entre los árboles
un invisible rastro
de alegría y de sangre.

Las gotas de rocío
se helaron en las manos
abiertas y floridas
de los enamorados
perdidos en la brisa.

Vuela mi corazón,
mi corazón atado
con cadenas de estrellas
a la sombra de un árbol
atado con cadenas
y con cantos de pájaros.




¿Por qué no?

Bañábase en la playa
sin corazón
y sin el velo de la desposada.

Y tenía su cuerpo,
sin corazón,
por la arena salada recubierto.

Tendida sobre el aire,
sin corazón,
comenzó a despojarse de su carne.

¿Y el corazón?
Los peces lo llevaban,
mar adentro, colgado de sus alas.



Sencillez

Los dedos de la nieve
repiquetearon
en el tamboril
del espacio.

Parábolas de nubes
forman un halo
de cristal,
sobre el monte nevado.

Una línea
y un plano.

Quiero poner mi vista
sólo en el espacio,
que es sencillo
y a la vez complicado.




Siempre bella

Precisamente porque estaba sola
tendida en una rama de la noche
no quise vadear el arco iris
para unir en un beso nuestras voces.

Ella guardaba dentro de sus ojos
una pareja de palomas blancas,
ella tenía dentro de sus párpados
la nieve derretida de sus lágrimas.

Esta noche de seda, cómo cruje
y se hace toda ecos, a mi paso,
ocultando en sus pliegues las palabras
que escapan sin querer de nuestros labios.

Precisamente porque estaba sola
yo me había disuelto con el aire,
dejó volar aquel par de palomas.

De "Orillas de la Luz"



Sueños

Embadúrnate el cuerpo,
de oscuridad
y de silencio,
y podrás levantar
la copa de los sueños.

Pasaron superpuestas
ráfagas de recuerdos,
y los nuevos clisés
sólo quedan impresos,
mientras hay luz de menta
dentro del pensamiento.

Una astilla de luz,
agujerea
los tulipanes negros.




Unidos por la luz

Bajo una misma luz
están nuestras cabezas.

Tu corazón y el mío
cantan sobre las piedras
cuando la noche oculta
los rugidos de fieras.

¿Tu corazón y el mío eran sólo de arena?

Por el desierto arrastran los camellos sus penas
y llevan en sus ojos oasis de palmeras.

¿Tú corazón y el mío
eran sólo de arena?

Por el desierto arrastran
los camellos sus penas
y llevan en sus ojos
oasis de palmeras.

¿Tu corazón y el mío
eran sólo de arena?

Nuestras sombras unidas
florecen en la tierra.




Ya no me besas

Un viento inesperado hizo vibrar las puertas
y nuestros labios eran de cristal en la noche
empapados en sangre dejada por los besos
de las bocas perdidas en medio de los bosques.

El fuego calcinaba nuestros labios de piedra
y su ceniza roja cegaba nuestros ojos
llenos de indiferencia entre cuatro murallas
amasadas con cráneos y arena de los trópicos.

Aquella fue la última vez que nos encontramos,
llevabas la cabeza de pájaros florida
y de flores de almendro las sienes recubiertas
entre lenguas de fuego y voces doloridas.

El rumbo de los barcos era desconocido
y el de las caravanas que van por el desierto
dejando sólo un rastro sobre el agua y la arena
de mástiles heridos y de huesos sangrientos.

Aquella fue la última noche que nuestros labios
de cristal y de sangre unieron nuestro aliento,
mientras la libertad desplegaba sus alas
de nuestra nuca herida por el último beso.

FIONA FARRELL [14.409] Poeta de Nueva Zelanda

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Fiona Farrell

Fiona Farrell (nacida en 1947) es una poeta de Nueva Zelanda, escritora de ficción y dramaturga. Su última novela, piedra caliza, fue publicada en abril de 2009. The Broken Book, (ensayos y poesía) fue publicado por la Universidad de Auckland Prensa 2011. 

Bibliografía 

Novelas:

The Skinny Louie Book (1992)
Six Clever Girls Who Became Famous Women (1996)
The Hopeful Traveller (2002)
Book Book (2004)
Mr Allbones' Ferrets (2007)
Limestone (2009)

Poesía:

Cutting Out (1987)
The Inhabited Initial (1999)
The Pop-Up Book of Invasions (2007)

Historias cortas:

The Rock Garden (1989)
Light Readings (2001)



ENAMORÁNDOME DE CAMINO A CASA

Me he enamorado
de camino a casa.

Primero, un lago
se recostó a mi lado,
desnudo hasta el horizonte.

Luego una colina me extendió
su brazo marrón y me acercó 
hacia ella.  Podía oler el sudor
de sus hendiruras a cada vuelta.

Luego un puerto me lamió
la oreja, susurrando
las cosas que los puertos les dicen
a todas las chicas: sobre otros
sitios que han tocado,
pero tú eres la única, nena.
Eh, tú eres la única…

Luego alcancé la cima
y el cielo se elevó
sobre mí y su cara era
enorme y tierna. Respiró
en mi cabello y su aliento era
un águila colgada de un solo hilo.

Luego yo volaba. Caía.
Me encontraba completamente fuera de todo.
Rocas y nubes bajo
mis hombros. Extendida como
como la curva azul del océano.

Tómame, dije.

Tómame.

Soy tuya.

Tuya, cuando nací
con el Waitaki en mi mano izquierda
el Pacífico a mis pies
los Kakanuis a mi cabeza.

Tuya hoy.

Y tuya cuando
me encuentre finalmente envuelta
en una grieta de tu costado cicatrizado,
rezumando y desmenuzándome
en tu dulce oscuridad.

Tuya ahora y por siempre.

Mi país no dijo nada.
Es del tipo tranquilo.
Pero se recostó
y encendió una
larga
luminosa
puesta de sol.





NUESTRO VIAJE A TAKAKA

Bueno, fuimos a Takaka
el fin de semana
y había una fuente.
Sí.
Una fuente.
Tiene el agua más pura de
Nueva Zelandia.
Fluye directamente del centro.
Y podíamos ver bajo el agua pura
con una cosa así como un espejo.
Y había una anguila.
Sí.
Una anguila, nadando de derecha
a izquierda como un carrete de lazo,
como un banderín ondulante.
Tú sabes: un banderín,
con dientes, y un ojo como un
pendiente de plata entre toda esa
alga de laguna. Y había 
tantas burbujas. Cada una
era como un pequeño mundo
elevándose en su luminosa piel.
Y entonces fuimos a ver
las minas de oro.
Sí.
Minas de oro.
Y había unas cuevas
en la maleza. Habían raspado
las colinas hasta que la tierra corrió roja.
Y entramos en una de las cuevas 
y había un joven durmiendo en las frondas de helecho,
meditando para amejorar
el mundo. Tenía consigo a su perro.
Sí.
Su perro.
Así fue como supimos que estaba allí.
La cueva era profunda, como una oreja.
O como un ombligo. Era profunda y
húmeda, y oímos al perro ladrar
abajo en la oscuridad y a un joven 
diciendo, “Tranquilo!”
El barro en la cueva se pegó
a nuestras manos como sangre seca.
Le dimos al joven un pancito.
Sí. 
Un pancito.
Con queso y huevo.
Y le dijimos, Bueno, suerte con la
meditación y con todo. 
Él dijo, Sí, bueno, se esforzaría 
por hacer lo mejor posible.
Luego manejamos a casa.
Sí.
A casa.
El sitio donde vivimos.

Y creo que el mundo se sintió un poquito mejor.
Sí.
Sólo un poquito mejor.
Después de nuestro viaje a Takaka.





ÁMAME

Ámame, como si estuviese
siempre a punto de
partir. Ámame, como si
mi maleta estuviese empacada y
yo en mi abrigo, esperando
al taxi. Ámame, como si
me fuese a ausentar por un
tiempo, en misión en un
campo de batalla,
corresponsal en el extranjero.
Ámame, como si pudiese
no haber un mañana. 
Esta noche el mundo
acabará. Habrá bombardeos
aéreos.  Estamos ambos de
uniforme. Ámame, como si
mi barco estuviese partiendo
con la marea de la mañana,
atravesando las escarpaduras
para trazar aguas desconocidas.
Ámame, como si estuviésemos
solos en una cabaña en la montaña:
la nieve cae y es posible
que no nos encuentren jamás.

Ámame, como si el amor fuese
una terrible aventura.





EN POCAS PALABRAS

Hace dos semanas ella dijo
que conseguiría una bicicleta cuando
cuando llegara el verano, y yo
pensé que era valiente y
salvaje: my propia madre-
niña. Ahora, no se puede poner
en pie. Su piel cuelga
en pliegues como un lino pesado.
Sus manos son seda tornasolada,
azul y marrón como el
vestido que se puso para bailar.

… porque Lo alabaste bailando
con pandereta y arpa.
Lo elogiaste bailando
sola en la oscuridad…

La arreglamos como una flor,
sus manos como hojas secas bajo
el edredón, su cabeza caída como
un capullo de lirio en su tallo marchito.

… bailaste al son de la radio
en una habitación vacía,
ligera en los brazos del
único y verdadero novio…

Le canto todas las canciones y
ella se va caminando en perfecto ritmo,
por ese sendero largo largo,
a través de ese valle tranquilo y oscuro,
encaminada hacia el lado 
asoleado. 

Sobre la desteñida Feltex rosada
bailaste mejilla a mejilla,
con Jesús quién es pareja
del pobre y del humilde.

Ella se posa sobre mi dedo 
más pequeño.  Eleva su boca seca
y canta su gorjeada canción.
Es siempre para ella este 
temprano amanecer. Es siempre 
para ella este claro día. Y 
queda por siempre suspendida justo en
este instante de vuelo.

… tus hijas se acurrucaban
en las madrigueras de la noche
bailaste en tu vestido
que con la luz brillaba…

Cada noche nos arropaba en
cama, los rezos dichos, y el
mundo rodaba tranquilo a través
de la oscuridad. ‘Voltéate,’ decía. ‘Voltéate. De cara a la pared
y tendrás lindos sueños…’ 
Y en las noches de lluvia, el agua 
goteando por las cañerías, ella decía,
‘Es una buena noche, buena para
dormir.’ Ahora está aquí:
arropada, con los pies hacia el mar, la cabeza
hacia la colina, abrigada con el barro de Merton amarillo
para mantener bien alejado el frío.
Y por encima, una alondra graba
su brillante canción en la oscuridad mientras
la lluvia llega desde el sur.
‘Buenas noches,’ decimos, nuestras
bocas suaves del llanto.
‘Es una buena noche, mi amor.
Una buena noche para dormir.’

… porque Lo alabaste bailando
con pandereta y arpa.
Lo elogiaste bailando
sola en la oscuridad…




‘Durante los últimos tres meses el Dr Zenad ha estado observando los defectos de nacimiento en su sala de parto donde nacen a diario de 20 a 30 bebés. ‘Agosto – tuvimos tres bebés nacidos sin cabeza. Cuatro tenían cabezas anormalmente grandes. En Septiembre tuvimos seis sin cabeza, ninguno con cabeza grande y dos con extremidades cortas.  En Octubre tuvimos uno sin cabeza, cuatro con cabezas grandes, etc…’

(Maggie O’Kane reportando sobre los efectos secundarios del uso de munición recubierta con uranio empobrecido en Iraq después de la guerra terrestre de 1991.  The Guardian, Enero 1999).



EL CRANEO DE HAMED AMERI NO DEJA DE CRECER

(          )
(          )

Este es el lenguaje de la guerra.
¿Puedes escucharlo?
No son trompetas ni tambores ni el
estruendo de máquinas ni el                                   
retumbar de cañones. No es
el soldado cantándole a su amada
mientras que se pule las botas.
(          )
(          )
Este es el sonido que hace un niño
que nace sin cabeza. Este
es el sonido que hace una mujer
que labora para dar a luz a un niño sin
boca, sin orejas, sin
dedos, un niño cuya cabeza
se hincha como una calabaza.
(          )
(          )
¿Puedes escucharlo?
Este es el sonido de células de hueso
en frenesí. Este es el sonido de
un ojo rodando como fruta
magullada en su cuenca.
(          )
(          )

Este es el sonido que el niño 
que no tiene orejas escucha. Este es el sonido
de la guerra. Este es el resonar
de trompetas y el aplaudir de
accionistas satisfechos. Este es
el silbar del científico en su
laboratorio. Este es el balbuceo de
muchas lenguas cuando son
simultáneamente traducidas en las
torres de vidrio en la ciudad de piedra.
Este es el eructar de hombres gordos
y el rascar de sus plumas
signatarias de todas las convenciones.
(          )
(          )
¿Puedes escucharlo?
El suave correr del agua cuando
los bebés se deslizan sobre la mesa,
llorando aunque no tengan bocas,
escuchando aunque no tengan orejas,
sus dedos trepadores enroscados en
hilos de significado.

Traducciones de Rogelio Guedea





Hamed Ameri’s skull won’t stop growing

(                                           ) 
(                                           )
This is the language of war, 
Can you hear it? 
Not trumpets or drums nor the 
thrumming of machines nor the 
thud of the big guns. Not the 
soldier crooning to his sweetie 
as he polishes his boots. 
(                                           )
(                                           )
This is the sound a child makes 
who is born with no head. This 
is the sound a woman makes who 
labours to bear a child without 
mouth, without ears, without 
fingers, a child whose head 
swells like a pumpkin. 
(                                           )
(                                           )
Can you hear it? 
This is the sound of bone cells 
in frenzy. This is the sound of 
an eyeball rolling like bruised 
fruit in the socket. 
(                                   )
(                                   )
This is the sound the child hears 
who has no ears. This is the sound 
of war. This is the blaring of 
trumpets and the clapping of 
satisfied share-holders. This is the 
whistling of the scientist in his 
laboratory. This is the babble of 
many tongues as they are 
simultaneously translated in the 
glass towers in the stone city. 
This is the burping of fat men 
and the scratching of their pens 
signatory to all conventions. 
(                                           )
(                                           )
Can you hear it? 
The soft rush of water as the 
babies slip onto the table, 
crying though they have no mouths 
listening though they have no ears 
their tendril fingers twisted in 
threads of meaning.

From The Inhabited Initial (AUP, 1999) 





Words, War and Water

‘For the past three months, Dr Zenad has been monitoring the birth defects in 
their delivery room, where 20 to 30 babies are born daily...’ August - we had 
three babies born with no head. Four had abnormally large heads. In 
September we had six with no heads, none with large heads and two with 
short limbs. In October, one with no head, four with big heads and four with 
deformed limbs or other types of deformities…’

            The most likely origin of this gene-twisting force is not Iraqi but 
Western. During the 100-hour ground war of February 1991, coalition planes
fired at least 1 million rounds of ammunition coated in radio-active material 
known as depleted uranium, or DU…the heaviest metal in the world… so 
tough that bullets coated in DU can slice through tanks like a knife through 
butter…

(Report by Maggie O’Kane in the Guardian , January 1999)
nu BREAD-an e-iz-za-at-te-ni 
wa-a-tar-ma e-ku-ut-te-ni

Now bread you eat. 
Water then you drink.

(This proverb dating from c.2000BC provided a vital clue to the translation of Hittite.)

From The Inhabited Initial (AUP, 1999) 





Wa-a-tar

Stutter once, and there’s the 
same water speaking volumes 
between willow branches.

It leaves the same mark on a 
cracked hand, repeats itself 
in the perfect circles of cups 
scooped from red clay.

Stutter once, and it dribbles 
its familiar cool line from 
lip to belly. It breaks out of 
darkness at those places where 
rock stammers 
and becomes uncertain.

Wa-a-tar , said the army breaking 
from a dry pass and seeing the 
ocean wedged blue between hills.

Wa-a-tar , as they lay at the 
margins of a river, supping to the 
babble of dry reeds.

Wa-a-tar , to the woman at the well, 
one hip jutting to hold the curve of 
a jar, the other holding her baby.

Hold out your cup. Hold out your hand, 
cracked palm uppermost, and she would 
pour you such a quantity of longing.

Such pure beauty.

Wa-a-tar .

Stutter once and we are there: 
one of the king’s daughters, 
walking home among the dragonflies 
bearing life in both arms.

From The Inhabited Initial (AUP, 1999) 





Ursula at Parakakariki

My white bird stands 
by a southern sea, 
arms lifted wide 
to fly from me.

Once, she stood on my hand 
fingers caught in my hair. 
Now she steps from land 
to thin bright air.

From earth scraped red-raw 
and seeded with bone 
she rises in feathers, 
she flies alone.

At the fine wire 
between day and night 
she flies feathered in soft rain, 
feathered in light.

From The Inhabited Initial (AUP, 1999) 






The Inhabited Initial 
  
These poems are intended as meditations on the miracle of the western alphabet which had its origins in early Semitic pictograms. 
  

A aleph: an ox 
  
Boustrophedon 
  
She draws the others after 
dees worruf gnol eht nwod 
dropped in dark trenches. 
reh fo enil eht wolof eW 
going to the fence and 
.toof yvaeh yb toof kcab. 
  
  
B beth: a house 
  
This bivvy shelters all 
our gods and treasures. 
We huddle reading the 
calligraphy of fitful 
flame, in our tumbled 
dreaming the murmur of 
mothers like blood round 
the belly and beyond the 
open window the grunt and 
howl of things we cannot 
name. 
  
  
C gimel: a camel 
  
It sways toward us sewn in a 
secret pocket with strange 
seeds and stones. A cup with 
a foreign cut carried across 
dry land. 
  
  
D daleth: a door 
  
You open it and everything 
pours in: new stuff, old 
stuff, some for the dump. 
You shut it fast, but there’s 
always some small fist 
hammering at the other side. 
  
  
E he: lo! 
  
Behold! The Word is striding 
high in new shoes! The mark 
of its heel is stone. The mark 
of its toe is feather and the 
skin of unborn lambs. The 
Word spans the air-bridge with 
curlicue and flourish. Make 
straight the way! Make room! 
Make a cake! 
  
  
F vau: a hook 
  
Meaning hangs like a silk dress, 
a heavy coat. There. Behind the 
door waiting the structure of a 
breathing body to plump and move. 
  
  
G gimel: a camel 
  
Here it comes a again from 
another direction, dust fluff 
at each footfall and on to dots 
and silence… 
  
  
H heth: an enclosure 
  
Teeth drawn up, a white pallisade 
and through the palings wag woof 
and oink moo click suck burp cluck 
and yap yap yap yap yap. 
  
  
I yod: a hand 
  
Finger or fist. Take that! 
Take that! If you would 
rule a people, first force 
them to eat your words. 
  
  
J yod: a hand 
  
On the one hand, chaos. 
On the other, order. 
And down the middle, 
the jagged blast of 
knowing. 
  
  
K kap: the palm of the hand 
  
And here’s the bird-print of the 
goddess, her creatures owl and 
hedgehog, bloody as birth and 
spiked with sticky jig-a-jig. 
She examines the pattern on a 
new leaf and says: look, look. 
See how the heart cuts across 
the other lines. 
  
  
L lamed: a goad 
  
You gotta move. You gotta 
figure it all out. You gotta 
go with the babble of brook 
and creek and out into the 
main current where the flow 
is thunder, driving us all to 
the edge and over. 
Raus! Raus! 
  
  
M mem: water 
When a word is launched it 
bobs about like a little red 
boat under a proper sun on 
the blue stripe of now. 
Go, little boat. Go. 
  
  
N nun: a snake. 
  
This letter wriggles through 
dry leaves slipping from skin 
to skin. 
  
  
O cayin: the eye 
  
I see you. Yes, I see it all 
through your round window. 
The well, the bubble, the tear. 
No pupil. Just your perfect 
bowl, holding nothing but 
white water. 
  
  
P pe: the mouth 
  
Her mouth a puckered kiss 
breath popping like seed 
from a dandelion to settle 
on other hillsides, other 
mouths soft and damp as 
flowers, with their roots 
down deep. 
  
Q qoph: a monkey 
  
The tricky ones skip and mimic. 
No wonder the bootmen are 
burning books, clipping the square 
for another winter. But on the 
fence above their sweaty heads, 
the letters tease. Catch us, bootmen! 
Catch us if you can! 
  
  
R res: the head 
  
You’ve got your head screwed 
on backwards, looking over 
your shoulder. You keep your 
head, though, under fire. You 
growl. You bare your little teeth. 
You say: heads I win, tails I win. 
You are strong, backwards or 
forwards. 
  
  
S shin: teeth 
  
The word bites, leaving a ragged 
edge and a tiny bubble of blood. 
It goes off to sit in its box, 
tasting memory. 
  
  
T taw: a sign 
  
What signs are these? Crossed sticks, 
pointing every way. Grass bent in the 
direction of travel. A man whose arms 
are spread like a cormorant’s wings to 
dry in the blast of faith. And down here, 
he’s 4 her. 
In red and black 
by the railway track 
he sets the old refrain. 
I Am 
I Love 
to the clickety-clack 
of every passing train. 
  
  
U vau: a hook 
  
High five! 
Up yours! 
Come. Go. 
Bless. Bash. 
Some letters 
hang on by 
living hand 
to mouth. 
  
  
V vau: a hook 
  
Snagged in the mouth by a sharp 
hook we were lifted to flap about 
growing legs on the bank. At brain 
stem’s root the memory that once 
we drew a perfect wake across a 
still morning when there was no 
sound but air comparing notes with 
water. 
  
  
W vau: a hook 
  
Waa waa 
  
baby cry. 
  
Waa waa. 
  
Maa maa. 
  
Daa daa 
  
  
X samech: a prop 
  
They hold us straight as a 
row of beans. Without them, 
we’d flop and muddle. Futharc 
and ogam on wooden stakes. 
Majuscule, uncial and all those 
clever bastards who have spelled 
out our rattle and marked the 
spot where we were lying, 
buried. 
  
  
Y vau: a hook 
  
Here it is, shaking above the 
hidden spring. And here it is, 
split for two wishes. And 
here it is, wine flowering on 
a slender stem. Break the 
glass with a dancing foot. 
Let the wine run. 
  
  
Z zayin: lightning 
  
In a flash, all is made plain: 
it’s an ordinary tale passed 
breath to breath, like living. 
We perch, claws caught in 
the skin of a shining tree. 
We sing with our heads 
tilted to the storm. We sing 
the song that is known only 
in this valley. We pass it on. 
  
From The Inhabited Initial (AUP, 1999) 








SUE WOOTTON [14.410] Poeta de Nueva Zelanda

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Sue Wootton 

Poeta y escritora de ficción nacida en Nueva Zelanda, cuya obra ha sido ampliamente publicada y antologada. Ficción y poesía ampliamente publicada en Nueva Zelanda como en el mundo. Parte de su obra ha sido traducida al húngaro, rumano, español y vietnamita.

Sue escribió 4 poems for “Lan Yuan – A Garden of Distant Longing” a book about Dunedin's Chinese Garden (2013).

Colección de 3 historias cortas, The Happiest Music on Earth, was published as an eBook in December 2012.

Cuatro libros de poesía: Sue's four collections of poetry are Hourglass (2005), Magnetic South (2008), By Birdlight (2011) and Out of Shape (2014).

En 2008 su historia Virtuoso ganó un lugar en el prestigioso NZ Mes del Libro antología, Six Pack 3.

Además de escribir para adultos, Sue también escribe poesía y cuentos para niños. Un libro para sus hijos, Cloudcatcher, fue publicado en 2010.

Su poema Countdown aparece en Nueva Zelanda entre los Mejores Poemas 2004.

En 2008 Sue celebró el Robert Burns de Becas de escritura creativa en la Universidad de Otago.

Sue ha recibido varios galardones por su trabajo:

Shared second prize in the 2013 Hippocrates Prize for Poetry and Medicine – “Wild”
Awarded the 2012 NZ Society of Authors Mid-Career Writers Grant.
Winner 2011 New Zealand Poetry Society international poetry competition.
Winner 2010 Takahe international poetry competition.
Runner-up in the 2009 and 2010 BNZ Katherine Mansfield short story competitions.
Finalist in both 2008 Takahe and Sunday Star Times short story competitions.
Winner 2007 Inverawe (Tasmania, Australia) poetry competition.
First prize in both fiction and poetry sections of the 2006 Aoraki Literary Festival competition, the first writer to walk away with both honours.
Winner 2013 Victorian Cancer Council Arts Award for poetry





TEMPORADA DE BERENJENAS

i.m. Phil Laing, asesinado en Zimbabue 18 de diciembre 2003 

Esta temporada de berenjenas: maíz 
más alto que el hombre, susurran sedosas mazorcas.

Cubro con la palma de mi mano 
 los tomates que se han comido  el sol,

los arranco de sus tallos,
siento su verde tallo estremeciéndose.

Camino sobre la brea derretida, cargando bolsas repletas
de  cerezas, pensando para la Navidad, para mi madre,

guisantes de Zimbabue. Y luego una llamada
perpleja en la noche silenciosa con las manos vacías,

buscando las palabras para contarle. Una muerte
en la familia. Un asesinato. Una atrocidad sin sentido,

y el mensaje en un inglés 
casi irreconocible, sospechoso, denso,

codificado con dolor y temor.  Palabras exageradas y
fuertes, absorbiendo luz sin reflejar rostros.

¿Cómo puede ser verano todavía? Nos hemos hundido
en el hielo. Sólo madura la angustia.

Cada noche, satélites titilando,
y luego se desvanecen. Estrellas brillando,

permanecen mudas. La luna perforada  
arrastra un manto de nube sobre un solo ojo,

luego sobre ambos, parpadea de nuevo.
En el ardor del medio día  sujeto los tomates a la tabla

los rebano, los contemplo jugosos.
Berenjenas a la parrilla, observo las burbujas,

mezclo vinagretas, pero no puedo verterlas. 
Permanezco inmóvil, la jarra medio llena de aire.



AUBERGINE SEASON

i.m. Phil Laing, killed in Zimbabwe 18 December 2003 
 
This is aubergine season. Corn 
stands higher than a man, and silk cobs 
whisper. I cup my palm
around tomatoes that have eaten the sun, 

pluck them from the stem,
feel the green cord tremble. 

I walk on melted tar, carrying split bags
of cherries, thinking for Christmas, for my mother, 

Zimbabwe snow peas. And one phone call later
I stand in silent night empty-handed,   

working up the words to tell her. A death
in the family. A murder. An atrocity. Senseless,  

and the messages coming in a kind of English 
we don’t quite recognise: slippery, dense,  

encrypted with grief and fear. Words with tight, 
swollen skins, that drink all light, that reflect  

no faces. How can it still be summer? We have plunged 
into ice.  All that ripens now is anguish.

Every night, satellites blink, 
and pass.  Stars glitter,  

remain mute. The pitted moon 
hauls a cloudy shawl over one eye,  

then both, then winks again.
In the burn of noon I pin tomatoes to the board 

and slice, watch the spout of juices.
I char-grill aubergines, observe the blisters,

mix vinaigrettes, but cannot pour. 
Am stilled, the loaded jug mid-air.

from Hourglass (Steele Roberts 2005)



VIAJE CON AGUA Y CON ESTRELLAS 

Ay, amar es un viaje con agua y con estrellas
Pablo Neruda
Cien Sonetos de Amor: XII 

Noche plena. Triunfante cielo estrellado. Remabas, yo sentada atrás, 
arrastraba mis dedos. Nos perdimos hacia  fluidas dimensiones.

Desde los remos y desde mis dedos, fosforescencia. Habíamos volcado, 
la corta incandescencia – cometas de verdes colas hundiéndose.

La casualidad  helando el bote en cada brazada, por un momento 
vibraron los tablones y los escalamos se destrozaron. Millones de millones de estrellas

por todas partes y entre ellas nosotros, sumergiéndonos entre la luz esparcida.
Éramos dos siluetas en la oscuridad. Remo a remo un mar estrellado

prismas agrietados. Un largo viaje: años. Y sin embargo,
¿Lo recuerdas, las huellas de mis dedos? Tan luminosas, en el agua, en tu piel.



VOYAGE WITH WATER AND STARS

Ay, amar es un viaje con agua y con estrellas 
Ah, loving is a voyage with water and with stars 
 Pablo Neruda 
 Cien Sonetos de Amor: XII 
 
Full night. A sky triumphant with stars. You rowed; I sat astern, 
trailed my fingers. We had slipped into unmoored dimensions. 

From the oars, and from my fingers, phosphorescence. Had we capsized,
what brief incandescence: green-tailed comets, sinking.  

Chance nipped the boat at every stroke, a moment when the planks
juddered and the rowlocks graunched. The million million stars 

were everywhere and we amongst them, dipping through splayed light.
How dark we were: two silhouettes. Blade by blade the starry sea 

the split perspectives. A long voyage: years. Yet, my fingerprints,
do you remember? How luminous, on the water, on your skin.

fromMagnetic South (Steele Roberts 2008)






SUR MAGNÉTICO

Tú eres mi sur magnético.
Caigo ante ti.

Soy la anguila, la gaviota,
el pez dorado,

retornando y retornando.
Tuya la marea a la que nado.




MAGNETIC SOUTH

You are my magnetic south.
I fall to you true.

I am the eel, the gull,
the silvery fish,

returning and returning. 
Yours is the tide I swim to.

From Magnetic South (Steele Roberts 2008)






SOBRE EL TEJADO

Si puedes balancearte
patas arriba

sobre la delgada arista de lata
del rojo tejado

apoyándote en tu mano izquierda
y en la derecha una taza de té

haciendo malabares con tus pies
a un repollo, a la mariposa, a un solo grano de arena

y hacer aparecer de tus bolsillos
una mariposa nocturna  y oscuridad

seguida de un amanecer

si puedes hacerlo todo
y  hacerme creer

que subiste sin usar escalera
entonces tiro mi moneda

en tu sombrero,
maestro.





ON THE ROOF

If you can balance
upside down

on the thin tin ridge
of a red roof

supporting yourself on your left hand 
a cup of tea in your right

juggling with your feet
a cabbage, a butterfly, a single grain of sand

and conjure from your pockets
moths and darkness

followed by a sunrise

if you can do all this
and have me believe

you got up there without using a ladder
then my coin

goes in your hat,
maestro.

From Hourglass (Steele Roberts 2005)




TEORÍA DE CUERDAS

Esas líneas 
de longitud

y altitud
que unen

el globo,
este planeta cual pelota colgante

atado
al sol

whakapapa*
desplegándose

por los mares
y los siglos

el nido
detras de tus costillas

donde
el algodón

enmarañado nunca usado
para reparar una fisura

culpables secretos
doblemente atados

pedazos
de arrepentimiento

la pelota ceñida
de coraje

tu desplegados
cuando se debe

la dura unión 
de tu matrimonio

convencido
de que alguien

juega contigo
cual marioneta

convencido
de que tejes

tu propia vida,
tu sentido

la vida
tambalea

en la cuerda floja – 
de múltiples filamentos

de espacio y tiempo
te va tejiendo:

una mortaja 
que te sostiene

sin poderse 
sujetar

se niega a si mismo
y se repite

y patina
por el universo

cayendo
en huecos

cayendo
en huecos

el instante

percibes

la

red


* whakapapa : ancestros en el idioma Maorí de Nueva Zelanda





STRING THEORY

Those lines
of longitude

and latitude
that bind

the globe,
this swing-ball planet

tethered
to the sun

whakapapa 
unfurling

through seas 
and centuries

the nest
behind your ribs

in which 
is snarled

cotton never used
to mend a rift

double-knotted
guilty secrets

snippets 
of regret

the tight ball 
of courage

you unwind 
when needs must

the tough braid 
of your marriage

your conviction 
that someone

plays you
like a puppet

your conviction 
that you weave

your own life,
your sense

that life
teeters

on a high wire – 
the multiple filaments

of space and time
that entwine you:

a shroud
that holds you

and cannot 
be held

that negates itself 
and replicates itself

and skates 
across the universe

and falls 
to holes

and falls to

holes

the instant

you glimpse

the

mesh

from Magnetic South (Steele Roberts 2008)

Traducciones de Rogelio Guedea



JOANA MEDELLÍN HERRERO [14.412] Poeta de México

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Joana Medellín Herrero 

(D.F. México,  Octubre de 1991). Estudió creación literaria en la Escuela Mexicana de Escritores y actualmente estudia lingüística en la Escuela Nacional de Antropología e Historia. Ha publicado virtualmente en Periódico de Poesía, El mollete literario, La Rabia del Axolotl, entre otros. Sus textos también se encuentran compilados en “Un disparo en la nuca para terminar el verso”, editado por La Rabia del Axolotl, “Poetas Parricidas, generación entre siglos” antología editada por Cuadrivio y en “Introducción al Lenguaje de los Astronautas” publicado por (H)onda Nómada ediciones. Ha colaborado también en la gaceta de la ENAH y algunas otras publicaciones sueltas. Al ser ganadora del tercer lugar en el evento de Poesía en el Cuadrilátero 2012, se desprende su última publicación: “Mi Rubik” editado por Verso Destierro, editorial organizadora del concurso.



Joana Medellín presenta en "Cada quien su boca" de Palabras Urgentes (3/03/14)


Mi rubik

Estoy llevando mi vida 
a las más intrincadas cosmovisiones.
Me siento encarnar 
en un tumor de pétalos muertos.
Hundiendo los dedos en la melcocha de mis arritmias
mi coraje tiembla como pupila frente a un estrobo.
Me sentaré a ver cómo el tiempo desmantela corazones
porque aquí en la nada estoy yo
y mi voluntad se enguanta tenazas
mi necedad es un cangrejo trazando paralelos horizontales,
haciendo brea la sangre
pues nunca le enseñé a mis manecillas
el electroshock que escandaliza el aire.
Mis muelas mastican el desfile de segundos suicidas 
para devolverle oxígeno a lo exangüe.
Repetiré mi nombre: Joana y nacerán luciérnagas
curvando con su vuelo una cúpula erigida para mí, Joana,
por no temer pronunciar esta médula de parálisis.
Todo es espiral naciendo de mi asma, y me queda claro:
lo perpetuo de este instante 
es la basura mental de nuestras mentiras confortantes.
A cuchilladas someto el futuro, 
hay que escupirle en la cara para calmarlo.
Tengo que arreglar el rubik de mi cabeza,
salivar arena,
tengo que agitar con vuelo colibrí mi materia,
llegar a la ruptura del vórtice, digo, del vértice,
de mi cubo enigmático que se yergue como espejo mutante 
y todo lo que queda 
es el atado ridículo de mis emociones,
parvadas de elipsis temporales.
Tengo que arreglar el rubik de mi cabeza,
buscar de dónde viene esta eclosión, 
cabalgar caminos de lentejuelas,
hacerle injertos de cometas a mis vísceras 
para que luzcan bonitas y no haya asco de palparles.
Tendré, de una manera u otra 
que resignarme a la pateticidad de la suerte,
a la variación polidérmica de la fauna que me crece 
del pelo y las uñas,
extensión última de mi territorio corporal.
Tendré, que adaptarme al grito nebulosa que me trepa la garganta
y dejarlo correr para enredarles en las orejas 
mis más entrañables galaxias,
porque mi única gracia ha sido menear la pluma
como ganso en vuelo cuando cambia la estación
y el horizonte siempre yéndose 
me deja en la misma incertidumbre que las monedas del i ching
que el tarot, la borra del café o la cirugía minuciosa de mi alma
cuando todo mi Yo se espuma
en el instante que rompe la hora de mi cordura.
Tendré que pulir las garras con la propia carne.
Llorar los ojos por los lagrimales de una flor
y sentenciarme al cadalzo de mi propia dirección.
Será necesidad, entonces, 
asumirme bruma enronquecida, corona de espinas.
Y enrojecido el espasmo contráctil de la locura,
colorear de contradicciones las entrañas de los académicos
llenarles de llagas la voz 
y quemarlos en la lepra de sus propios juicios,
el canon será borrego para almorzarlo en barbacoa;
porque ya no quiero preguntarle a la RAE si lo que escribo está bien,
porque no digo para ser gramatical.
Digo porque tengo una nebulosa 
que se extiende en un grito: 
AUUUUUUUUUUUUUUUU
casa de fantasmas sin casa, 
olvido de aceleración orgánica,
casa de mí misma cuando respiro                       
(EXHALACIÓN)
Tendré que detenerme…
a sabiendas de que el mundo no para
y que el nardo crecido en mi cabeza también se llama entelequia.
Tendré que organizar los carbones del ánima.
Tendré que arreglar el rubik de mi cabeza
tendré, tendré, que hacerlo todo una bolita de magia 
para alimentar a esta mujer flaquita
que por vocación sólo sabe gritar: 
AUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU





Falla generacional

A los poetas locos de mi generación.

La otra noche jugué a contar pesadillas
a nombrar los colores que las unían a mi arcoíris
en un relámpago de arena 
perdí la cuenta 
el collar se cayó desbaratado entre mis piernas,
transformado en cardumen de burbujas escalando cual salmones,
decidió treparme hasta encontrar un túnel 
y tejerse en mis semillas.
Esa noche decidí no tener hijos.
No tener problemas para decidir nombres,
No tener problemas para saber educarlos,
No tener problemas para exigirles ser alguien, buscar algo.
No tener problemas, ni puntos.
Pero escribí:
Garabatos macizos y frágiles tiñeron el papel
enramadas de horizonte y cicatrices,
pesadillas collar burbuja manchando la hoja.
Comienza de nuevo la cuenta larga:
Uno,  y conozco el orgasmo que pulsera se amarra a la mano.
Dos, mi pareja es ceniza en una urna rosada 
que se empolva la cornisa de mi llaga.
Tres, habrá que recuperarse de las derrotas 
clavando la raíz al cielo.
Cuatro, los puntos cardinales refractan mis emociones, 
el centro es una nube.
Cinco, mis pies encuentran voluntad de espino 
y clavan su torcedura al aire.
No hay tiempo de seguir contando,
torbellino los recuerdos nos transforman
torbellino el futuro es una migaja de fracaso 
frente al ocre fuego fatuo
del oscuro amanecer.
Esa noche decidí no tener hijos 
pero escribí y me arrepiento, he nombrado,
he dado a luz la luz y no la he educado,
mi vibración marítima, mi búsqueda fáustica del mundo
se va caminando sin norte;
qué puedo exigirle si me trago el tiempo 
como cocktail en la borrachera
y ya peda confesando le digo:
Luz mía, vibración mar.íntima, medusa fáustica expansiva,
he nacido en el declive del imperio.
El horizonte nace de los bolsillos de los rascacielos.
Mi madre me parió en un infarto.
Estoy sentenciada a la estaca y no la pluma.
Las golondrinas huyen de mis versos.
Llevo más arrugas en la calma que las estrellas asteriscos en su trazo.
Soy de la generación de los noventa,
sin herencia,
mi hogar es la lágrima del mundo que rueda y rueda
carreta de lagartos desbocados,
imantación del contraste y algarabía.
Soy de la generación de los noventa y nos estamos incendiando.
Ondeamos vaporosos como la devaluación del peso.
Somos siempre linde 
de nuestros más pulcros y dolorosos encuentros
nacimos de las esclavas de oro 
que regala el universo a la luna para ataviarse, 
y del anillo hoyo negro 
que nos divorcia  de la esperanza marchita.
Tenemos los puños rajados por pegarle al sol.
Con la frente sibilante y la sonrisa de metralla,
nos dedicamos a masacrar a la gente:
Somos poetas.
¿Quién les dijo que la poesía era una palmadita en la espalda?
¿Quién les dijo que venimos a decirles la verdad?
Nuestra boca humeante 
puede recitar si acaso, zancadas vagabundas
pasos que siembran el camino de pirita.
Nacimos en la piel de un siglo que se acaba 
y el principio de uno que es gargajo en el alma.
Pero seremos recordados 
por tener miedo y ser adictos,
al baile que es iris en el pecho de una supernova.
Es terrible, hijo malcriado mío, texto errabundo, 
confesarte,
que seremos ésto y sólo esto
escritores recordados así,
bailando foxtrot 
en nuestra pista de psyco.





Senderos

1

Timbales percuten en las orillas del mundo,
lagunas tejen limbos
en las costillas de los mares
y mis ojos,
ruedan como perlas desprendidas
del collar de la coincidencia:

De mi boca nace humo
que como la selva a mis espaldas
tiembla
herida por la estrella que cárdena 
arde como brasa sobre el día,
acaricia los senderos
y tuesta el canto de los pájaros,
que navegan de rama en rama
haciendo orquesta aérea.

Dejo en los lunares del jaguar mi espera,
mi cicatriz cardiaca en los anillos del tronco
y una pupila
en el veneno del chech’en.


2

Avanzamos junto a la linea blanca
aviento la mordida que cortó mi uña
a la bóveda que nos parpadea nubes,
nos encuentra de frente
prendida al hilar de sus hermanas radiantes,
se derrama amarillo cuna
en la negrura del mapa que nos ruge.

Mecidos por el vapor de la península
llegamos a la plaza del pueblo 
latido de pinole,
canto de jut jut.
El mundo sigue la ruta circular de las piedras
pulidas por la sangre del mundo
pocas bocas sonarán
como el zumbar de un enjambre de mosquitos,
susurros de la piel que arde,
hambrientos de memoria
hambrientos de kilometraje.


3

Un brote de turquesas florece en el agua
que barro abajo,
arrulla algas con el susurro
de una historia desmantelada,
con el secreto de las piedras verdes,
con la lengua que enrosca
el maya así como al universo
y su enunciación primera.
Roca labrada para hacer montaña,
cuentas la historia de las estrellas
crecidas a los pies del piich,
reflejos pluricolor
de las alas-avispa
de las patas-hormiga
de mis falanges-raíz
hundiéndo los misterios de mi voz.
Laguna, cascada, río, mar.
Laguna, cascada, río, mar.
Los timbales crecen corazón del tiempo
en el ombligo de la tierra,
en mis piernas de arena negra.

Reúno en las hebras de mi cabello,
las imágenes nacaradas
de mis perlas rodantes.




Sin título

Me voy siendo:
Hilo jalado de una prenda
tejida por las manos cerosas del tiempo,
que en su giro de punto apretado,
va dibujando una línea de rizados cantos,
melodía que cambia
según me des-sea
sisa, manga, cuello o espalda
en las andadas en que:

Me estoy pensando:
Partícula sostenida por la tensión
de una materia poco clara,
más bien espesa,
más bien oscura y pesada,
suspendida en una boca sin lengua
porque aquí
todo es inefable.

Me transformo:
En pastizal al que le crecen yerbas
según los dedos de la tierra,
se junten y hagan relaciones
de presencia-ausencia.

Así,
mi vuelta de partícula en materia densa
descansa en el latido de una pequeña huerta
que cultiva la mujer salvaje,
florece cuando sus ojos de péndulo
entre la vida y la muerte,
tocan mi pupila despierta
y
Me voy inventando:
entre la otredad
que son yo misma
que soy la gente.




Punto y coma

a mi padre

Siento el trotar de un potro
marmóreo, corriendo desbocado
en el atrio de mi pensamiento.
En cada paso se troza las patas
y cuece su andar en el magma
de mi confusión. Habrá que dedicar
5 minutos diarios a llorar por llorar,
y darle la extensión líquida precisa
a este aletear de mariposas agua
que me maremotan el cabello.
Instalada en la rompiente ola
De mi crisis, surfearé las emociones
Con la maestría y seguridad
Que da haber labrado mi propia tabla.
Asumiré la certeza de la caída
cada que la espuma revienta
en la crin de mi cabello loco.
No entiendo muchas veces
de qué manera los círculos se cierran
aunque mi corcel no conozca
la línea recta. Todo espiral crecido
de su andar se va a alimentar el calor
de mis volcanes, nacidos del vértigo
de encontrarse de pronto tan libre.
Cada responsabilidad adquirida
se me escurre entre las manos
como el llanto diario al que recurro
en el que durante 5 minutos
me permito extrañar a toda lágrima
a mi padre, y lo extraño
con la añoranza de escribir el humo
volador. Entonces tengo miedo
de no tener miedo cuando yo soy
el jamelgo ciego trotando,
¿en qué rincón se quedaron
mis ojos?¿por qué los recuerdos
se caen como cuadros sin clavo?
En el circuito cerrado de mis cuadros
Coloreando mi cubo mágico
Todo es el neón pálido
de mi iris en mil pedazos.






TOMÁS BROWNE CRUZ [14.413] Poeta de Chile

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Tomás Browne Cruz

Tomás Browne, nacido en agosto de 1982 en Viña del Mar, Chile, vive actualmente en Noruega, tras una larga estancia en jardines de Australia. Formó parte de la revista Verde Viento y es miembro del Foro de Escritores de Chile, en cuya colección publicó Trazar con Voz (2004). Excursión a los sucesos (2008) y  Las semillas de Urano, Editorial Comba, Barcelona 2014 su último libro.

En 2012 ganó el premio de Poesía Transgresora Latinoamericana, concedido en México, con Revelaciones de un Cuidador de Inicios, donde brilla el carácter y la originalidad de su obra. Ha sido incluído en la antología Otro Canto (EE.UU., 2013) y es traductor del poeta estadounidense E. E. Cummings.



"Revelaciones de un cuidador de inicios"



Convoluciones

1

Puede ser que Laura sea Aurelia que sean el mismo fantasma
Puede ser que Miriam tenga la sexualidad de Edgard.
Puede ser que Edgard sea el padre de Laura.
Puede que Aurelia haya sido Miriam.
Puede ser que Edgard y Miriam sean padres
            de Laura y Aurelia.
Pero Laura y Aurelia tienen padres diferentes.
Laura es hija de Edgard y Aurelia es hija de Miriam.
Laura y Aurelia son medias hermanas.
Sabemos que Miriam tiene un secreto que no quiere
            destrenzar por nada.
Sabemos que Edgard es culpable de ese secreto.
Edgard es cómplice de Aurelia.
Edgard embaraza a Miriam.
Laura conoce la razón de su padre.
¿Conoce Aurelia la razón de su madre?
Miriam conoce las razones de Edgard.
No puede sopesarse en una historia, dicen ellos juntos.
Nada se oculta con el fin de mostrarse tiempo después.
Los accidentes voluntarios dan vergüenzas
Las matanzas no tienen remedio, dicen ellos juntos.

Nadie quiere reconocer nada.
El dolor es una falsedad que no se reconoce.
El dolor se acaba y la falsedad se hunde.

No hay historia.

No hay Laura, Edgard, Miriam, ni Aurelia.
No hay orden entre ellos.

Así ellos se disuelven.




3

Es ella quien cambia los ritmos bajo el agua
Dándole a los moluscos el sexo virtual, y a las manta-rayas
Una eyaculación prolongada
           como una sinfonía de ángeles.

Es él quien incendia los árboles perdidos en el bosque
Escarchando la hervida sangre de los toros
         y dando a los perros
Un pegamento débil.

Pero la luna reveló a la mujer desnuda
Asemejándose a sus pechos, según como esté
            menguante o llena,
Y al hombre lo reveló como lobo,
            porque la luna es un testículo
Que le llena los testículos al hombre con su semen
            más etéreo.

Poemas extraídos de:
Revelaciones de un cuidador de inicios
Tomás Browne Cruz
Versos destierro, México, 2013
Ganador del I Premio Latinoamericano de Poesía Transgresora Verso Destierro 2012




"Las semillas de Urano". Reseña y selección de poemas.


En Las semillas de Urano, su cuarto poemario, recientemente publicado por la nueva editorial Comba, Tomás Browne se aventura por los caminos de la Grecia antigua, se adentra en su mitología, como en una selva, y, de rebote, porque el mito suscita la reflexión, en la filosofía clásica. El profundo legado que ambas nos han dejado, como base de la civilización tal y como la entendemos, su paso a través de las diferentes épocas de nuestra historia, y su pervivencia y legitimidad, entre las nebulosas de la postmodernidad líquida, en el inconsciente colectivo, quedan representadas aquí como un organismo vivo. Se dirá que una obra que apela al pasado o a la tradición carece del componente de modernidad necesario para interesar al presente. Nada más errado. Ya Gilles Lipovetsky, que sabe mucho de esto, señaló: "Cuanto más se entregan nuestras sociedades a un funcionamiento-modo concentrado en el presente, más acompañadas están por una vaga memoria de base. Los modernos querían hacer tabla rasa del pasado, nosotros lo rehabilitamos; si el ideal era abandonar las tradiciones, ahora recuperan la dignidad social. Al exaltar el más mínimo objeto del pasado, al apelar a los deberes del recuerdo, al reactivar las tradiciones religiosas, la hipermodernidad no está estructurada por un presente absoluto, sino por un presente paradógico, un presente que no deja de exhumar y "redescubrir" el pasado." Este redescubrimiento pasa por Browne como por un filtro, que extrae de la tradición clásica el mundo de las ideas pero para situarlo bajo la lente de la lógica dialéctica; es su confrontación y la vigencia de esta en la cotidianidad más mundana lo que al poeta le interesa. Por ejemplo: la confrontación platonismo-aristotelismo, encarnada en el debate de la razón frente a los sentidos o la antítesis "apariencia-realidad":

                    "Pero las palabras la apariencia, y los corazones nos distraen
                    con su publicidad
                    Son el ritmo de una musculatura en el siglo, de yoga y
                    consumismo." ( "VI" )

          O la dicotomía Eros-Tánatos; la desenfrenada búsqueda del placer carnal por parte del individuo contra el hombre en sociedad ante su destino fatal, o lo que es lo mismo, la lucha entre el principio del placer y el principio de realidad que en nuestra historia literaria tiene un antecedente claro en el Arcipreste de Hita y el Libro de Buen Amor:
                
                 "No sé si el sonido en nosotros sembró la locura
                 Pero por cierto la locura sembró el amor." ( "I" )
       
          La propia actividad creativa, la escritura, en el poema "El olimpo", podría estar hablándonos de varias temáticas en una, como la distinción: prosa-verso o novela-poesía, grandes personajes frente a personajes pequeños, la épica frente a la lírica, el arte mayor frente al arte menor, el mester de clerecía frente al mester de juglaría":

                    "Es el poeta épico el que es impropio, revestido de poderes,
                    Y es la punta de la pirámide donde las paralelas se juntan,
                    Donde el incesto, las violaciones, torturas y el regalo
                    Son explicaciones sin razones, que son la razón del poeta
                    Lírico, propio, cantándose a los pies del Olimpo." ("Olimpo")

              Esta continuas oposiciones llegan hasta el propio cuerpo, para concebirlo como campo de batalla en el mito del andrógino:
                
                   "Lo mataste con sangre en el ojo turnio,
                   Maldiciéndolo, se lo devolviiste a la luna llena
                   Y maldiciéndola devino en una media luna
                   Para que entendieras que tu otra mitad
                   No es el espejo que buscas a tientas." ("Andrógino")

Tomás Browne es uno de esos poetas que confía en la poesía como medio de llegar a otra especie de entendimiento. La poesía en sí misma representaría ya no un lenguaje sino un idioma, una lengua gracias a la que somos capaces de repensar el mundo e iluminarlo desde otra perspectiva, con otros ojos, con otra mirada. En Browne la palabra poética recobra toda su fuerza, su carácter, para volverse acontecimiento, verdad. Para muestra hemos seleccionado los siguientes tres poemas del libro. Solo añadir que se trata de una edición muy cuidada, de una presentación impecable en cuanto a la maquetación, el tipo de papel y el tratamiento de los textos y las ilustraciones a cargo del propio autor. Ernesto Escobar Ulloa


I

No sé si la música de las esferas sembró la razón,
Pero por cierto la razón sembró el odio.
No sé si el sonido en nosotros sembró la locura
Pero por cierto la locura sembró el amor.
No sé cuál es la relación entre el amor y el odio
¿Que el amor ama al odio o el odio odia al amor
O el amor odia al odio y el odio ama al amor?
Pero por cierto la razón es enemiga de la locura
Que aunque quisiera no puede tener enemiga
Por ser loca, y por ser loca ¿es maricona?
Tampoco tiene amigas.

No sé si la música de las esferas tiene la culpa del odio
Pero por cierto es de los dioses que se vengan
Con mucha imaginación, unos con otros, como sus hijos
De nuestras mujeres violadas, nos vengan porque estamos
     locos,
Pero por cierto la locura sembró el amor y les damos perdón
Para Cantarlos con el sonido en nosotros.




Canción para sembrar un poema

Los ríos dirigen sus cauces
Al olvido que siembra orquídeas
En los campos del pasado.

Los árboles entregan sus ramas
A la memoria que labra amapolas
En los campos de batalla.

Los maestros dirigen a sus discípulos
A una idea que siembra narcisos
En el templo de los templos.

Los lobos entregan sus pieles
A las ovejas que esquilan hierbas
En los campos del pasado.

El sol dirige sus rayos
A la calavera buscando su cadáver
En los campos de batalla.

Los dioses entregan sus llaves
Al poeta que siembra poemas
En el templo de los templos.


Nota al pie de las piedras:
La caída o el símil de la abeja

Si la poesía no quiere cantar más, si la palabra o los versos
   mueren.
Si la imagen cree haberle ganado a la palabra misma, en la
   forma de un poema,
Vendrán los mitos y la voz de la escritura encenderán
    nuevas semillas para Urano
Que se propagarán hacia el futuro, y crecerán con la forma de las flores
Que han sido néctar para abejas que mueren camino a ellas,
Desorientadas por el ultra sonido y por la imagen satelital,
Como a oídas los poemas mueren en manos de poetas de
     prensa
Con argumentos y mucha idea, y con ellos el ocaso no
    vuelve atrás,
Pero cruza la tierra por dentro en completa y silente
    oscuridad
Donde se saca del hombro al día, donde purifica a la ciudad,
Donde pierde el horario del día, y reaparece virgen y jovial
    por un instante,
Y es el alba como una copa de cristal que recibiera los
    vinos necesarios
Embriagándose hasta el final, para resbalarse y no decir,
Sino vomitar versos del pasado con imagen y palabra
   vulgar
En la mesa de los amigos, en las cicatrices del poeta.

Tomás Browne
Las semillas de Urano
Editorial Comba, Barcelona 2014



ISOLDA DOSAMANTES [14.414] Poeta de México

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Isolda Dosamantes 

Nació en el estado de Tlaxcala, México (1969). Es Licenciada en Ciencias Políticas y Administración Pública por la Universidad Autónoma de Tlaxcala. Tiene la Especialización en Literatura Mexicana por la Universidad Autónoma Metropolitana y el Diplomado en Creación Literaria de la Sociedad General de Escritores de México (SOGEM). Fue becaria de la ´Fundación Alberti´, del Consejo Estatal para la Cultura y las Artes del Estado de Tlaxcala y del Fondo Nacional para la Cultura y las Artes en su programa de Apoyo a Proyectos y Coinversiones. Ha publicado diversos poemarios entre los que destacan ´Altura Lustral´ (2001) y ´Utopías de Olvido´ (1997). Colaboró en los suplementos culturales de ´El sol de Tlaxcala´, así como en diversas revistas culturales como ´Textos´,´ Tierra Adentro´, ´Pasto Verde´, ´Oráculo´, ´Deriva´ y ´Molino de letras´. Figura en algunas antologías como ´Eco de Voces. Generación poética de los sesenta´ (2004), ´Melíferas Bocas´, (2004), ´Para tu exclusivo placer´ (2003) y en las selecciones ´Sueños que a plena luz evaporan los soles´ (1993) y ´Nos queremos casar de rojo´ (2001). Ha sido profesora de las preparatorias de la Ciudad de México, del CEPE UNAM, de la Universidad de Estudios Extranjeros de Pekin, actalmente es profesora de la Universidad de Xiangtan, China.




ARTÍCULO 27

Mi país está colmado de montañas
de sierras verdes    peñascos
ríos que se desbordan con la lluvia grande
mi país tiene montañas verdes,
cerros de arena y de tezontle
tiene también cemento
que va cubriendo poco a poco la tierra del maíz
y el canto del cenzontle.
Soy del sur y traigo el chiquihuite cargado de fruta
 mis manos son puños de semillas.

Soy la mujer de la cuesta
ando por los senderos
camino por azoteas de teja mirando al horizonte
busco tierras sedientas de maíz
su jardín
su pedazo de asfalto lo requiere.
Cuando nazcan milpas
comeremos elotes frente comal oyendo las memorias
alegres de una abuela..



CASINO

Llegaron con su olor a petróleo,
anduvieron metiéndose entre los clientes
dieron vueltas
vueltas
se tejieron con las maquinitas y las mesas,
giraban entre la copa de vino y el black jack,
mayates entre el azar del tiempo y un póker
buscaban a algo en medio de la tarde.

Trapeaba la señora Rode
y Juana con su pequeña panza
con su panza simpática de meses
daba grasa a sus zapatos
y de pronto
 todos corrieron
zapatos pasaron por mi cabeza
fui una alfombra
corrían todos sobre mi espalda
el aire se hizo oscuro, tosí
tosí
una y muchas veces maldiciéndolos
a esos que andan dando órdenes y no tienen rostro.
Maldije con fuerza
como si empujará un camión de carga
de nada sirvió
como de nada los soldados en las calles y los políticos que hablan
de nada sirven
igual que las marchas y los gritos de niños muertos
de nada sirven
a nadie culpan de las muertes del ABC,
a nadie de esta muerte mía que llega con el humo
y esta asfixia que siento en la tiroides
es un nudo grande de tristeza
me voy con otros que se me van adelantando, me voy a otra vida
a la muerte misma que no llega
mis ojos lloran
por todos los muertos de este México
mis ojos rojos son humo
siento el carbón en mis pies
ardo un poco y
¡cof!
qum
no sé
por
qué
no llegan los bomberos.




CARTA DE CONFESIÓN, 2008

A Gabriel Cruz Mayorga

Es una carga fuerte
somos un gigante mitológico cargando el mundo
nuestra espalda nudo
al no poder llegar a ningún sitio.

Hubo una vez  un loco que habló solo.
Habló con la voz grande de Tlatoani.
nombró las heridas en la espalda del monte
nombró las cabezas de niños muertos en las montañas.
Los locos vierten en sus sílabas
lágrimas nocturnas,
consejos
ellos dibujan mundos donde las milpas crecen en tierra agreste.

Todos estamos locos
somos locos de un mundo
cargado de balas y esperanza,
de balas que nos encorvan con su chirriar puntal en la cabeza.

Amigo, algunos pierden, perdemos, la memoria.
No queremos saber
nos basta con el plato de frijoles a tiempo ,
la medicina,
con un ron para olvidar el trajín diario,
perdemos piso,
perdemos alma.
y como si eso no fuera suficiente
las mojadas,
las indígenas,
las pensantes,
las pobres espaldas sobrias que oyen y ven,
bombas,
como si al atacar civiles los grandes capitales sintieran cosquillas.

Y uno tan acá del otro lado,
hablando todo esto con su almohada
porque a nadie le importa Gabriel que mi cabeza de vueltas
y piense en cada cuerpo frío como se piensa en el amor.

El mundo está poniéndose más triste
se deprime la economía
y la falta de sol nos consume frente al diván o al escritorio.

¿Cómo empezó este mes Gabriel,
cómo se nos viene el mundo encima?

Nadie habla del porqué de las bombas,
si pudiera hablar con los de las armas
si pudiera Gabriel,
les diría que los civiles no,
¡qué los civiles no!
¡Qué los civiles no!




MIGRANTE

Extraño a mis paisanos,
a los albañiles que chiflan cuando paso por la obra,
a los borrachos que cantan con José Alfredo,
a mis Alcántares,
extraño los apretones del metro,
un café en los portales de mi ciudad natal,
caminar por Dolores y Madero
beber una cerveza en la cantina de los lunes.

Busco ahuehuetes en bosques de miel,
añoro el río de mi  infancia
con los pirules custodiando su cauce cual guerreros .

Los dólares brillan me seducen
son grises regalos para el alma.





CLAUSTRO SANTA MARTHA

Mi hábito son los valles de concreto
sé que el polvo no tiene sabor tierra
el polvo se detiene
es una nube gris
es la ceniza
del tiempo en la memoria.

Tengo prisa y el tiempo se dilata
el microbús
en cada esquina frena
el reloj avanza a ritmo de polvo
se cuela el aroma del pescado
central de abastos.

El reloj camina
avanza el micro unas calles
(te acuerdas de tu casa invadida de grillos
eres una cucaracha en el concreto
un espectro que mira el sol rumbo al trabajo
no te han llamado
te has quedado en la prisión de los escombros)
un enfrenón te arrastra hacia adelante
un grito seco
el chofer que seca su cara del hastío
ante el suicida de una moto,
arranca, se detiene
ya pronto llegas a valle de concreto
donde eres una estatua inamovible.



Un canto

Quiero que llegue el mar, ser agua,
ser agua por un mes hasta librarme;
ser liebre, liebre, liebre, libre y danzar
desandar los nudos y bailar un ritmo nuevo,
sacudirme de las fuerzas oscuras
encontrar al duende
hablar con la musa
despertar al ángel
llegar al veste de la diosa y verla cobijarme.
Sentir que me abriga para callar el viento en mi cabeza
y poner las palabras en mi pluma.





Poemas del libro Paisaje sobre la seda



Espada del infierno

¿Con qué piel debo enfrentar los gritos del viento en mi cabeza?
no sé quien soy
desde la noche en que tomaron mi cuerpo para herirme
      (a cuatro manos ulceraron mis ramas
      a cuatro gritos lloré en la penumbra de sus rostros
      en el silencio más recóndito del día
      en el anonimato más insoportable
      en la cobardía más limpia del escombro)
hice como si no pasara nada
y en mis ojos nació una nube
oscuridad continua
espada del infierno
acuchillándome constante
¿con qué piel debo limpiarme del romero
para recuperar el reflejo cristal de mis pupilas?



Brujería

Cuando te nombro
caen una a una estrellas verdes
una cana, dos, diez años, 
retoño de los sueños
veinte años y regresas.




Te escucho pintadas las ojeras.

Caminaríamos una calle juntos
si no fueras aceite que quema y se consume.

Del barro nos fundimos espirales
las sábanas de hotel
se agitan a distancia.
Eres sólo un mal día
dolor de espalda
un peso que no quiero tener.

Con este conjuro te ordeno que te vayas.




Flor de loto

I

Si alguna vez amé quisiera recordarlo,
sentir el aleteo,
luciérnaga entre milpas
gacela en pastizales.

A veces quisiera un rostro cerca
de mis labios
y caminar las olas, 
jugando con el mar.

Tan sólo soy un pájaro
que vuela libre
y busca entre sus vuelcos
una rama en que abrigarse del calor.


II

Soy una mujer
en busca de algún lago.

El Lago Oeste viene hacia mis ojos
es parte de mi cuerpo,
en su tiniebla me acurruco.

El lago me refleja 
en sus sauces llorones.

Soy flor de loto que renace
en medio de sus hojas,
rodeada de llovizna
soy sirena 
y con mi tono de colores,
encuentro una canción al centro de mi vientre.





Camino bajo ocotes

Cuando se escuchan las milpas secas
y danzan sobre el oído
tu voz se acerca en el crepúsculo
que pone a brillar a los maizales.

Cuando el viento imprime su toque de elegancia
en cada surco de la tierra
y comienza la lluvia
un aroma surge para invadir 
el aire que respiro.

Cuando camino bajo ocotes
entre el aroma inundado de barro
y la primera estrella de la tarde
tengo la certeza de estar viva.



Cuervos en la memoria

      Mis manos danzan sobre tu espalda,
y nace en mis ojos un brillo de alegría, 
es un goce el aroma de tu piel en mis cabellos
es río que nace en mi entrepierna.

En la penumbra de la luna
cuando nuestros cuerpos encuentran el sosiego
soy dichosa de tan libre,
en cada paso la certeza de la luz.

Soy una luciérnaga constante,
burbuja de tus labios 
con esa forma sutil de tus miradas.

Soy la bella emperatriz de tus anhelos
gacela entre montañas,
tu cáliz y tortura.

Soy gacela, luciérnaga, burbuja
soy veneno, emperatriz y lágrima
en el instante que me estrello con tu olvido.
Soy vértigo, ensoñación del aguamala
y busco en los escombros
descubro entonces el otro lado de mi piel
y me estremezco.
No sé cuando te perdí, ni donde reencontrarme
¿dónde el brillo de luciérnaga, en qué beso, en cuál esquina?
Y soy pescado de mil cañas.

Y soy pescado de bambúes y de carrizos
soy pescado
y me recuerdo en la sonrisa de una niña.





En la cantina

Bastó con iniciar el ron primero
una copa tras otra,
carcajadas,
un día sobre otro en otra cama,
una cerveza en la mañana,
un caldo para calmar la sed,
a la cantina,
un bolero de José Alfredo,
flores para la culpa,
cochecitos de carreras,
platicar con las banquetas,
un vaso más de ron y otro mañana;
una boca que pasa sus labios sobre tu rostro
otro ron y desvestirse en el disfrute de los cuerpos
que dan pena de tan torpes que caminan.





Por un amor

 Ojalá pudiera nombrarte.
Sobre tu pecho un amuleto incandescente. 
Eras el fuego de la mesa
incendiabas la sala con tu voz:
cantabas las palabras de un poema
tus ojos-águila atravesaban a la gente
hasta encontrarse con los míos,
después fue caminar en círculos, 
entre calles nocturnas
y sonrisas sonámbulas,
amanecer en otro pueblo,
comer para amainar la cruda,
andar por las fuentes de Durango
y despertar al sol en la ciudad. 
Te me perdiste. 
Pasaron días que se hicieron años
sólo tu voz en las revistas.
Hasta una tarde solitaria 
cuando desandaba en Álvaro Obregón
el abrazo feliz al encontrarnos:
tu veste de mezclilla y tu amuleto,
unas copas de tinto en nuestros labios
y tus ojos-águila que cruzaron mi saliva
provocaron el fuego de mi vientre
y fuimos con urgencia hacia la noche
para bebernos todo el vértigo de años.
Sin cuestionarnos el tiempo por venir
ni el viento rondando nuestros cuerpos
sólo fuimos dos lazos hechos nudo
cuerdas girando en los sabores de la carne, 
nos sorprendieron las horas del deseo, 
llama desnuda de las pieles,
fue tan perfecto
que esta noche solitaria del otoño
hago un brindis con té verde
en memoria de tus besos.





Un canto

Quiero que llegue el mar, ser agua,
ser agua por un mes hasta librarme;
ser liebre, liebre, liebre, libre y danzar
desandar los nudos y bailar un ritmo nuevo,
sacudirme de las fuerzas oscuras
encontrar al duende 
hablar con la musa
despertar al ángel
llegar al veste de la diosa y verla cobijarme. 
Sentir que me abriga para callar el viento en mi cabeza 
y poner las palabras en mi pluma.




Al viento

Sé que el camino andado está y quisiera volver hacia algún punto 
hacia el lugar donde perdí la fuerza
quisiera tener voz y gritar a cuatro vientos mis canciones
facilidad perdida en algún sitio:
quizá el duende me hurtó 
la musa esta enojada
el ángel ocupado
y la diosa
la blanca mujer omnipotente
me mira desde allá, desde occidente
con lástima de mí
por mi silencio.


Una lágrima 
se hace piedra en la garganta y estropea 
el brillo incandescente de unos ojos.



GWENN-AËLLE FOLANGE TÉRY [14.415] Poeta de México

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Gwenn-Aëlle Folange Téry

Escribe tanto en español como en francés, yendo de un idioma al otro como va de Bretaña, donde sueña, a México, donde vive.
Descendiente de bretones, hombres y mujeres de mar, pero también y sobretodo, de escritores, músicos y pintores, reparte su vida entre su familia y sus pasiones, la escritura y la pintura. En su taller, los pinceles, las palabras, los lienzos, colores y sentimientos cobran vida bajo sus manos.
Cada día, Gwenn-Aëlle toma la palabra y habla de la vida.
Su libro más reciente “Ráices de luz”.



Llora mi tierra

Caminan los hombres
De blanco vestidos
Parecen astronautas
Pero no visitan la Luna
Ni Marte ni el Universo
Basura es lo que revuelven

Usan lanzas y banderas
Mas caballeros no son
Revuelven basura
Y hueso es lo que buscan
Bajo una hoja de maíz podrida
Bajo el papel de envoltura de algún chocolate
Aparece un fémur
O tal vez una dentadura
La de un muchacho
Normalista le dicen
Detrás de un bote de cátsup
Una mano, o una rótula

La neblina espesa cae como la noche
Se lamenta el viento
Es casi día de muertos en México dice el calendario
Ignorando que por estos lares
Es día de muertos diario
La tierra roja negra y café llora ríos de sangre

La neblina esconde lágrimas, esconde angustia, esconde ira
El viento se lleva lamentos, el suyo, el mío y el de los desaparecidos
Llora México, lloro yo, llora una madre, un hermano, un hijo
Los padres empuñan machetes

Llora México
Lágrimas de sangre

La neblina ahoga los gritos
Los huesos negros emergen entre la basura
Los papeles vuelan
La tierra los vomita
La basura hiede
Hiede la muerte como hiede la culpa

Como hiede su miedo

Por aquel tiradero
Las voces callan, la neblina ahoga sentires
Los cobardes cuervos han huido
Y yo, con el poder que me otorga la palabra,

Yo

Los maldigo.





Ma terre pleure

De blanc vêtus
Les hommes marchent
Semblables aux astronautes
Mais ils ne visitent ni la Lune
Ni Mars ni même l’Univers
La décharge publique est leur champ

À la main lances et drapeaux
Mais chevaliers ils ne sont
Ils ne remuent que  détritus
Et ne recherchent que des ossements
Sous une feuille de maïs pourrie
Sous un vieil emballage de chocolat
Apparaît un fémur ou encore une mâchoire
Celle d’un jeune homme
Normalien qu’on l’appelle
Derrière un pot de sauce tomate
Une main, ou une rotule

Le brouillard épais tombe comme la nuit
Le vent se lamente
C’est bientôt le Jour des Morts au Mexique ressasse le calendrier
Ignorant que chez nous
C’est jour des morts tout le temps
La terre rouge noire et marron pleure des fleuves de sang

Le brouillard ensevelit les larmes, ensevelit l’angoisse, ensevelit la colère
Le Mexique pleure, je pleure, une mère pleure, un frère, un fils
Les pères empoignent leurs machettes

Le Mexique pleure
Des larmes de sang

Le brouillard étouffe les cris
Les os noirs émergent entre les détritus
Les papiers s’envolent
La terre les régurgite
La poubelle pue
La mort pue de même que la vilenie pue

Que leur lâcheté pue

Au milieu de cette décharge
Les voix se taisent, le brouillard noie les sentiments
Les corbeaux, couards, ont fuit
Et moi, de par le pouvoir que me donne la parole,

Moi

Je les maudis.





Barco de piedra

Es cierto
Es cierto que algunos barcos son de piedra
Que se quedan, inmóviles, viendo a la mar ir y venir
Pero también es cierto que los otros barcos, aquellos que parecen ser libres, esperan ellos también la marea, encallados en la arena
Es cierto
Es cierto que algunos barcos están detenidos, marcando el suelo con su peso
Que se quedan, inmóviles, diciendo muy alto la inanidad de sus anclas
Pero también es cierto que los otros barcos, aquellos que parecen ser libres, se ven obligados a seguir al timonel, incapaces de partir solos si no es a la deriva
Es cierto
Es cierto que algunos barcos parecen estar muertos
Que se quedan, inmóviles, viendo lo azul del cielo
Pero también es cierto que los otros barcos, a pesar de sus colores tornasolados, no son más que cascos vacíos esperando a su amo
Es cierto
Es cierto también que mi cuerpo parece ser de piedra
Que se queda, inmóvil, viendo a la vida ir y venir
Pero también es cierto que los otros cuerpos, los que parecen ser libres, siguen esperando la oportunidad de su vida para ponerse al fin en movimiento
Es cierto
Es cierto que mi cuerpo parece estar detenido, marcando la cama con su peso
Que se queda, inmóvil, diciendo fuerte la inanidad de una cadena
Pero es cierto también que los otros cuerpos, a pesar de sus ganas de reír, siguen las leyes, la moda y a menudo, los apetitos de otro
Es cierto
Es cierto que mi cuerpo parece estar muerto
Que se queda, inmóvil, viendo a las ventanas
Pero es cierto también que florece como ese barco de piedra
Que a pesar de la terrible inmovilidad a la que está sometido, mi alma vive y no espera a nadie
Que los pensamientos toman su vuelo
Que las palabras hablan fuerte, en voz alta
Muy alta
Es cierto
Es cierto que mis manos parecen ser de piedra
Pero viven, y empuñando pinceles y colores, se abren, vibran y sobre todo
Ay, sobre todo…
Hacen vibrar…
Es cierto
Es cierto que ese barco de piedra está destinado a hundirse
Es cierto también que los otros barcos se burlan de él, y esperan el final
Pero también es cierto que soy libre, libre y llena de vida, de palabras y de colores...
Es cierto
Tan cierto




SEGUNDO BLOQUE

Dolor

A veces, el cuerpo es el que gana.
El dolor se multiplica, llena el universo de su aliento viciado y te muerde la cara.
La piel quema, los músculos se distienden, todo el cuerpo aúlla. Los ojos cerrados, crispados, no puedo más que respirar bajito, de a poquitos, rehuyendo la evidencia. Me duele.
Hoy, mi cuerpo es el que gana.
Mis piernas se rehúsan a moverse, de repente como de plomo  caliente, ardiente, líquido de fuego sobre la cama. El calor es tal que las sábanas se incendian y se arremolinan sobre ellas. Largos lamentos emanan de ellas, como para volverse loco.
Volverse loco.
Mis manos no son más que terribles palas de madera, de bordes rugosos, pesadas y ardientes. La fiebre las invade, lengua de fuego que destruye todo al pasar. Poco a poco, abro los ojos, decidida esta vez a una decapitación de manos, lo cual no es tan loco porque ellas solas son como una cabeza entera, llena de ideas locas que se estrellan contra las paredes como pájaros enjaulados. El corazón acelerado, como encarcelado, las miro, sorprendida: no veo más que manos, simples, normales. Esperaba una masa roja, abotagada, y no veo más que manos. Casi blancas. Cinco dedos cada una. Casi bonitas. Crispadas, sí. Inmóviles, sí. Más no el horror que esperaba.
¿Será que el infierno sólo está en mi cabeza…?
Vuelvo a cerrar los ojos, respirando un poco más, de a poquitos todavía. Me concentro, pienso en mí. Trato de mover una pierna, la otra. La espalda. El dolor aúlla, como si él fuera el que sufre. La parálisis me parece más llevadera, el dolor me hace perder toda medida. Me duele.
Los ojos cerrados, hay zarabanda en mi cabeza, el diablo festeja y se ríe. La quemazón crece, se vuelve hoguera. Rojas las mejillas, lágrimas sobre los labios, veo, sí, veo, mis manos deformes, sanguinolentas, mi espalda torcida y mis piernas podridas…

A veces…
El cuerpo es el que gana.



TERCER BLOQUE

Esas mujeres
A esas mujeres, me las encontré un día a la vuelta de una revista. Sus fotos, en página central, ilustraban un texto corto. En su país, un hombre había decidido, en nombre de no sé qué política económica,  mandarlas a esterilizar… a la fuerza. Trescientas mil mujeres, algunas dormidas, otras amenazadas, otras tantas por costumbre -obedecer se vuelve rápido una costumbre cuando lo amaestran a uno desde la infancia-, perdieron así una parte de su cuerpo, de su vida, de su derecho a elegir.
Las reuní sobre un lienzo, las pinté exactamente como habían escogido posar: con su ropa, su peinado, hasta sus aretes… Pero sobre todo con su mirada.
A menudo pienso que debería de pintar más retratos…
El de la niña a la que le jalan el cabello para peinarla bien y que aprende que hay que ser bella, que para serlo, hay que sufrir y que no se atreve ni a respirar por miedo a ensuciar su maravilloso vestido nuevo, el rosa.
El de la mujer que tiene miedo: miedo a que no le salga la sopa, a que llegue su esposo, miedo a su padre, a su hermano, miedo a decir, a hablar, a pensar.
El de la que se siente culpable por desear más, o por desear, a secas.
El retrato de la chavita de once años que acaba de tener un hijo, cuya violación no fue denunciada… La vergüenza es más fuerte que la ira, y la justicia no es más que una palabra que usan los hombres, les pertenece a ellos.
O el de esa niña que aprende a cocinar, a barrer, a tender las camas, para después, para cuando tenga su casa, ¿verdad?
El de la que está tan orgullosa de sus medias nuevas, aunque le aprieten, de sus zapatos de tacón alto que le impiden correr y de la pintura sobre su cara, que todo es, menos pintura de guerra.
El retrato de la mujer de negocios que a diario usa falda porque llevar pantalón no se le permite en la empresa donde trabaja.
Y casi casi al opuesto, el de la mujer que no trabaja por un sueldo porque no puede, no sabe, no se atreve… Porque tantas veces le dijeron que no es buena para nada… Aun cuando en casa el dinero  le sea calculado, negado, condicionado.


O el de esa mujer, la que intenta hablar, decir tan sólo una palabra, porque no está de acuerdo, y que sabe, bien que lo sabe, que sólo recibirá un insulto si le va bien, o golpes, casi siempre.
Necesitaría claro varios lienzos para las mujeres que hablan fuerte, que luchan y que ganan. A las que llaman marimachas o salvajes, y que comparan con un hombre diciendo que, después de todo, no lo hacen tan mal, las que trabajan duro por dinero y más duro aún cuando llegan por fin a casa. Las que terminan por matar al no aguantar tanto sometimiento.
Pero las escogí a ellas… Las que no dijeron que no…  A las que obligaron, arrastraron a veces, o engañaron… Las que un día vencieron ese miedo terrible y prestaron su rostro para un artículo, en una revista extranjera…
Las escogí, a ellas… Porque un día, a pesar de todas las trabas, todas las tradiciones, todas las amenazas…
Vencieron al miedo.





De patos

De repente entendí el cuento del patito feo…
Lo había visto siempre del punto de vista del pato, del inadecuado.

Sí saben no, como cuando te dicen, y te la crees, que eres demasiado esto o demasiado lo otro
Que si tus dientotes, que si tu estatura
Que si tu sensibilidad
Que si te gusta ser la protagonista en la vida de otros
Que a qué juegas, siempre
Que te calles
Que no digas eso, ni así
Que si no entiendes, nunca
Que si eres tan diferente, mi amor, que no sé, cómo te digo…Eres rara…

Y sí, conoces el cuento pero no se te ocurre que el patito feo puedas ser tú. No por feo, ni por pato, sino por la posibilidad de ser cisne.
No se te ocurre que lejos, muy lejos, aunque sólo a la vuelta del estanque, hay otros como tú, grandes, habladores, ruidosos, calmados, sensibles, grandotes y hasta dientones.
Y entonces la vida te regala por fin lo que pedías, sales, levantas la cabeza, hablas, escuchas y ves, descubres, te maravillas, caes casi: hay otros como tú.
No importa si son patos o cisnes, gansos o renacuajos, hay otros como tú.
No eres rara
Ni estás loca
¡Ni  diferente eres con un carajo!
Sólo andabas en el estanque equivocado…




Une histoire de canard

Tout à coup j’ai compris l’histoire du vilain petit canard…
Je l’avais toujours vue du point de vue du canard, de celui qui détonne.

Vous savez de quoi je parle non, comme quand on te dit, et puis t’y crois, que tu es trop ceci ou trop cela.
Qu’on te parle de tes grandes dents, de ta taille
De ta sensibilité
De ta façon de vouloir être au premier rang dans la vie des autres
Quand on te demande à quoi tu joues, encore
Quand on dit de la fermer ta gueule
Ne dis pas ça, ou le dis pas comme ça
Quand t’as rien compris, encore
Quand tu es si différente, mon amour, que je ne sais pas comment  te dire… Tu es étrange…

Et oui, tu connais l’histoire mais tu n’aurais pas idée de te comparer au vilain petit canard. Pas parce qu’il est vilain, ni parce que c’est un canard, juste parce qu’il s’agit d’un cygne.

T’as pas idée non plus que loin, très loin, ouais juste dans l’autre mare quoi, y’en a plein des comme toi, des grands, des qui causent, des qui font du bruit, des calmes, des sensibles, des trop grands et des dentus.

Et alors la vie t’offre enfin ce que tu as demandé toujours, tu sors, tu relèves la tête, tu parles, tu écoutes et tu vois, tu découvres, tu t’émerveilles, tu tombes presque : y’en a d’autres des comme toi.

Pas grave de savoir si ce sont des canards ou des cygnes, des oies ou des têtards, y’en a d’autres des comme toi.

Tu n’es pas étrange

Ni folle

Même pas différente Putain de Merde !

Tu t’étais juste trompée de mare…







IÑAKI CARRASCO GONZÁLEZ [14.423]

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Iñaki Carrasco González

Iñaki Carrasco también es Iñaki Zegé y muchas otras cosas.

Nació en Madrid y otros lugares en 1976. Estudió Restauración, Ingeniería Informática, Filología Hispánica y Música. Aunque nunca ha ejercido como topógrafo.

Escribe desde hace mucho tiempo y no.

Es autor de un blog del que no daré el nombre.

Participa habitualmente en lecturas como lector y como oyente.

Aparece en la antología “Manos a la obra dos” (Fuentetaja 2011) y ha publicado un poemario titulado “Pequeños holocaustos sin importancia” (Ed. Amargord 2012)




ESTO ES BROKEN ARROW, OKLAHOMA...

Esto es Broken Arrow, Oklahoma,
aquí vive Jodie, tiene 26 años,
trabaja en una lavandería industrial
desde la mañana a la noche,
de cuando en cuando le dejan salir
a echar un pitillo
en la parte trasera de la nave,
fuma allí junto a la alambrada del recinto
y los contenedores de basura.
No puedo decir que Jodie sea tonta,
todo lo contrario.
Además, es bastante atractiva
para ser una chica del west south central
—aunque tiene las caderas anchas—.
Jodie no fue a la universidad,
de hecho, no terminó la secundaria.
Dice que andaba metida en drogas,
la metha y todo eso.

Dice que no conocía otra cosa
 y que se fue por el mal camino,
que hizo cosas malas que no quiere explicarme.
Luego se quedó embarazada,
volvió a su casa en Broken Arrow
y estuvo entrando y saliendo de un centro
durante dos años.
Ahora tiene una hija a la que casi no ve,
necesita estar todo el día
trabajando en la lavandería,
hacer horas extras y de cuando en cuando
algún trabajo eventual
para poder pagar las facturas.
A veces sale a fumar,
observa el sol a través de la alambrada,
se frota las manos en las caderas
para quitarse el frío
y junto a los contenedores de basura
vuelve a pensar en aquel tipo de la 91 oeste
que de cuando en cuando le fiaba un gramo.





Pequeños holocaustos sin importancia
Colección Avena loca
Ediciones Amargord. 2013




Habló alguien de los bárbaros hace tiempo
cuando todo parecía que se hundía
y no había otra opción que dejarnos arrasar
Entonces yo deseaba a los bárbaros
Esperaba que llegasen sentado en la plaza frente al foro
mientras, todos los demás huían
alguien recitaba a solas a Cátulo y a Propercio
el sol del amanecer me iluminaba el rostro
y un viento suave despeinada nuestros cabellos.

Mientras, los demás morían entre el tumulto
de la estampida
y había más sangre en las bocanas de los puertos
sobre el empedrado de las calles
y en los andenes del metro
da la que jamás hubo en las manos de los bárbaros




Tenías razón

Madrid es una ciudad de invierno
 
Es una ciudad de invierno
como otras lo son de verano o de otoño
 
Madrid -ahora- es una ciudad
abandonada por los pájaros y los peces;
los peces que han volado a otra tierra más cálida
los pájaros que, simplemente, han muerto
y ahora es diciembre, es febrero
que ha deshecho hasta helarlos
los huesos más pequeños de mi cama
 
Ahora la nieve escapa entre las articulaciones
y Madrid es más fría, más triste
en el hilo musical de los comercios vacíos






Levantarme temprano los días laborables
los fines de semana también
aunque me haya acostado tarde
si tengo que ir a trabajar
paso la mañana esperando
que dé la hora de salir
si es festivo ocupo el día
en hacer la limpieza
en ordenar la casa
y otras tareas inútiles
De pronto se ha hecho tarde
y está más cerca la noche de lo que esperaba
si estoy en el trabajo me alegraré
se acerca la hora en la que abandono cualquier responsabilidad
si es un día libre y estoy solo
siento pesadumbre y un poco de angustia
Como, ceno, desayuno
cuando es la hora de hacerlo
Dejo pasar el tiempo porque es lo que toca
porque espero que algo suceda
 
Es lo que hace todo el mundo 




 
Pequeños holocaustos sin importancia
 
Acaba de sonar en mi móvil una alarma que dice
hoy a las seis de la tarde comienza el deshielo de los polos
Una nota en el frigorífico recuerda que
el próximo jueves está previsto que se desate
la hambruna definitiva
Pienso en ello mientras reparo
en un post-it sobre el escritorio, al lado del portátil
en el que advierte que será esta mañana, sobre las once
después de la hora del café
cuando cientos de funcionarios salgan a la calle
y entreguen a todos los extranjeros, sin distinción de raza
nacionalidad o color de piel
en un sobre verjurado con solapa autoadhesiva
conteniendo en papel timbrado de ciento diez gramos
la orden de extradición
Mi agenda de sobremesa semana vista apunta
que de aquí al martes
todas las especies en peligro de extinción
incluyendo el albatros de Ámsterdam, el gorila de montaña y el
Liquen de Felt boreal
habrán desaparecido
Y en mi cabeza algo dice
no pasa nada
pequeños holocaustos sin importancia
 
 






MARGA MAYORDOMO [14.424]

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Marga Mayordomo, Premio Poesía 'Joaquín Benito de Lucas'




Marga Mayordomo Sánchez

Poeta madrileña. Ha publicado la plaquette Con los huesos al aire y sus poemas se han incluido en medios digitales, revistas y antologías como Manos a la obra (2010 y 2011), Libertad tras las rejas (2012), Depaso (2013) y En legítima defensa: Poetas en Tiempos de crisis. Dedos de Martini-Dry es su primer poemario y ha sido galardonado en Talavera de la Reina con el premio Joaquín Benito de Lucas 2013.



Poema de  "Con los huesos al aire":


Almohadas separadas

Necesitabas verme
necesitabas verme para nada

Amanezco
el pecho calcinado
y los ojos desiertos

Madrugada
Pido un poco de tiempo
Soy buena, nunca defraudo
un golpe de lujuria por la espalda
un trago de aguardiente seco
un pellizco masoquista
un pecado en movimiento
siempre

Tengo la piel reseca de esperar
de esperarte para nada
Tengo perdidas las fuerzas
tengo el alma con los huesos al aire

Y estoy cansada

-cansada de ser
el broche de las fiestas
el consuelo del borracho
el placer de la conquista
el territorio de la fantasía y el morbo

-cansada de esperar
un "lo siento" a la muerte de mi padre
un roce de unos dedos en la frente
un beso a la luz del día

-cansada de dormir en almohadas separadas 
sola




Dedos de Martini-Dry
Colección Melibea
Talavera de la Reina. 2014



CUANDO TE ACERCAS

Cuando te acercas
a mi cuerpo reseco
huye el otoño.




MI BATA VIEJA

Me he envuelto en mi bata.
Es tan vieja que ya huele a mi piel
y conserva mi forma.
Es tan vieja que aguanta zarandeos
con paciencia de madre.

Intento recordar sus orígenes.
La compré en la noche de los tiempos
fijo que de rebajas.
Tiene un color un tanto mediocre
y unos cuadros verdosos con diseño de chico
y su pelo es tan suave que perturba al rozarte.

Exiliada de los vestuarios fashion
con grietas en el cuello y las mangas
aún conserva favores de reina
y hace auténtica magia
despertando el placer en los poros.

Al salir de bañarme
mi desnudo la busca.
Al vestirme se vuelve jarapa
cuando me alzo las medias.

He salido a la calle y regreso con frío.
Mientras voy escuchando la música
ciño en dos vueltas la bata caliente
me recuesto en la alfombra
y me froto con ella.





LA MÁSCARA

Hoy he desayunado el primer café
con la primera flor del ciclamen.

Con dedos entumecidos de sueño
he girado el dial de la radio.

Evitando cuidadosamente las noticias
he buscado algún bluesman
que me arrastre muy lento hacia el Delta.

Con dedos entumecidos de sueño
he acariciado el rojo que se estampa en los cristales.

Evitando cuidadosamente a los intrusos
he parado los relojes
y he transitado lugares donde no cabe la secuoia.

Ahora
el tiempo ha expirado.
Hasta para rendirse hay que presentarse
en el campo de batalla.

Al otro lado, la pólvora, el fuego
el maquillaje, la gente, la femme risueña.
También las cañas, la broma, el pitillo
la marcha, hoy es fiesta.

Lentamente me abrocho la ropa
y después de mirarme al espejo
me pongo la máscara
y cierro la puerta.










SANTIAGO GIL GARCÍA [14.425]

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Santiago Gil García 

(1967) es un escritor y periodista español.

Santiago Gil es un escritor canario con una amplia obra. Escribe poesía, narrativa y relato. Forma parte de la denominada "Generación 21" de nuevos novelistas canarios, destacando por su narrativa.

En el año 2005 se le otorgó un accésit en el Premio de poesía Ciudad de Las Palmas de Gran Canaria y el año siguiente gana la XVIII edición del Esperanza Spínola de poesía.

Participa invitado por la Fundación Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, la Cátedra Vargas Llosa y la propia la FIL Guadalajara, en la FIL de Guadalajara 2014.

Incluido en la Enciclopedia Activa de Escritores Canarios. 

Santiago Gil nació en Guía de Gran Canaria, en Gran Canaria, el año 1967. Realizo los estudios de Educación General Básica (EGB) en el Colegio Nicolás Aguiar y el bachillerato en el Instituto de Guía. Entra a la universidad para cursar derecho, estudios que abandona en el tercer año de carrera.

Tras abandonar los estudios universitarios emigra, primero a Londres y luego a Dublín. Regresa a España estableciéndose en Madrid. Se matricula en la Universidad Complutense donde obtiene la licenciatura de periodismo y frecuenta ambientes de actividad literaria.

En 1995 regresa a Gran Canaria donde comienza a trabajar el periódico el Diario de Las Palmas. Cinco años después comienza a colaborar con diferentes medios de comunicación, tanto locales como nacionales y extranjeros, con artículos de opinión, entrevistas y críticas literarias.


En el año 2005 recibe un accésit en el Premio de poesía Ciudad de Las Palmas de Gran Canaria y el año siguiente gano la XVIII edición del Esperanza Spínola de poesía.

Su obra

Cuenta con más de una decena de títulos publicados en los que destacan libros de relatos, poesía y narrativa.

Cómo ganarse la vida con la literatura Las Palmas de Gran Canaria: Anroart Ediciones, 2008, novela.
El parque Santiago Gil Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2005, relatos.
Equipaje de mano Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2006, relato corto.
Los años baldíos Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2004, novela.
Por si amanece y no me encuentras Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2005, novela.
Tiempos de Caleila Las Palmas de Gran Canaria: Ayuntamiento de las Palmas de Gran Canaria , 2006 Sinopsis: libro de poesía.
Tierra de nadie Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2004, aforismos.
Un hombre solo y sin sombra Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2007, novela.
Las derrotas cotidianas Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2010, novela.
Los suplentes Madrid Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2010, novela juvenil.
Sentados Las Palmas de Gran Canaria Anroart, 2011, novela.
Queridos Reyes Magos Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2011, novela.
Yo debería estar muerto Santa Cruz de Tenerife; Las Palmas de Gran Canaria: Idea, novela.
El motín de Arucas Las Palmas de Gran Canaria: Cam-PDS, 2010, novela corta.
El Color del Tiempo Ayuntamiento de Teguise. 2007 (Premio Esperanza Spínola), poesía.
Una noche de junio Las Palmas de Gran Canaria. 2010 (accesit Ciudad de Las Palmas de Gran Canaria), poesía.
Música de papagüevos Editorial Domibari. 2008. Memorias de infancia situadas en Guía en Guía de Gran Canaria, memorias.
Psicografías Fundación Néstor Álamo. 2010 Recopilación de artículos de opinión publicados en Canarias 7, artículos.
El destino de las palabras ATTK Editores. 20136 Novela7
Trasmallos Madrid: Ediciones La Discreta, 2014, poesía.




Poemas de su libro “TRASMALLO”



Mar de otoño en primavera

Este mar triste de otoño en primavera,
una avenida que atardece mojada por la lluvia,
bufandas que ya están olvidadas en los cajones,
paraguas que rompen el viento de la costa,
y tú tratando de explicar por qué me dejas.
Aún recuerdo cada una de tus palabras
confundidas con el olor de la tierra mojada
y la brisa de mar adentro que traía el viento.
No es que no me quisieras,
ni que hubieras dejado de adorarme.
Según tú fue el tedio, el hastío,
los domingos aburridos e interminables.
Dices que no hay otro, ni otra, ni ninguno,
que es parte de la vida esta derrota.
En fin, que el futuro te regale divertimentos,
que nunca más te venza la desgana, la monotonía,
ni el desamor, ni el desencanto,
ni te quedes jamás, dios no lo quiera,
ante uno de estos mares tristes de otoño en primavera.





Serenidad

Tocas mi cara una y otra vez estrenando la vida,
juegas a reconocer todos los sabores que te rodean,
sonríes pletórica o te enrabietas caprichosa,
y todo te lo quieres llevar a la boca,
o levantas las manos, ansiosa, queriendo alcanzar el cielo.
Tu mirada llega serenando cataclismos a lo largo del tiempo.






Mensajes

Al final solo somos botellas sin nombre
que arriban a costas náufragas de olvido,
mensajes que se borran en el tiempo,
o que llegan cuando no queda nadie,
cristales que luego pulen los oceános
confundiendo nuestras cenizas con la arena.





Campanas

No recordabas el tañer de estas campanas.
siguen repicando cuando llega la alegría,
golpeando quedamente cada hora que pasa,
entristeciendo latarde si traen algún muerto.
No importa que hayas estado lejos muchos años.
Ellas te siguen recordando que cada vibración es eterna,
un eco interminable que acaba expandiendo tu propio universo,
un sonido lejano que a veces se acaba enturbiando de nostalgias,
el golpe monótono del tiempo que despierta a las palomas de la plaza.





LLAMADAS PERDIDAS

Quedan los números que no marcaste,
los amores que no llegaron a ninguna parte.
Ni siquiera recuerdas los prefijos
que tus dedos tecleaban autómatas y esperanzados.
Entonces no había teléfonos móviles
ni pantallas donde vernos las caras a diario.
El amor era una llamada perdida en la madrugada.





REVOLTURAS

Me he encontrado una cama revuelta de amor y sexo.
Me perderé entre sus sábanas
como si entrara en una ciudad prohibida,
rastrearé los restos de los besos y de las caricias,
y dejaré que la noche siga creyendo que pasa de largo.
Nunca duerme solo quien se recuesta
donde alguna vez amó.
Todas las sábanas guardan la memoria
de los cuerpos deseados.



LA FIESTA

No digas que no te lo advirtieron.
Vivir es jugar al escondite contra uno mismo,
disparar todos los días la ruleta rusa del azar,
gozar nirvanas, cavar fosas,
o andar por páramos interminables
esperando milagros que nunca llegan.

La vida es una inasible perplejidad.
Por eso no sabemos nunca qué ponernos,
ni cuándo diablos acabará la fiesta,
ni si estamos haciendo el ridículo en mitad de la sala.
Y encima los bailes son cada vez más difíciles.
Y también uno se cansa mucho antes.




EL VIAJE

Mejor los preparativos
y las rutas trazadas en el mapa.
Las fotos con costas sin mosquitos,
los balnearios sin ruidos de retretes ajenos.
Mejor la agencia de viajes,
el despliegue satinado de colores y paisajes,
o las ciudades soñadas durante años.
El viaje casi siempre decepciona.



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