Quantcast
Channel: POETAS SIGLO XXI - ANTOLOGIA MUNDIAL + 20.000 POETAS: Editor: Fernando Sabido Sánchez #Poesía
Viewing all 7276 articles
Browse latest View live

ISABEL DE SÁ [19.942]

$
0
0

Isabel de Sá

Isabel de Sá (Punchbowl 8 de septiembre de 1951) es una artista, poeta y escritora portuguesa.

Isabel nació en Punchbowl el 8 de septiembre de 1951. Asistió a la Escuela de Bellas Artes de la Universidad de Oporto, donde se graduó en Bellas Artes / Pintura. Ejerció la profesión de maestra. Inaugura la primera exposición en 1977 en las galerías Dos y Alvarez, del Port, donde residía.

En 1979 se publicó el primer libro de poemas titulado Esquizo Frenia, pela editora &etc, con dibujos y cubierta de Gracia Martins. A partir de entonces inaugurará numerosas exposiciones individuales en galerías principalmente en Lisboa y Oporto, incluyendo Galeria Árvore do Porto (1979, 1980, 1983, 1987, 1990, 1993), Galeria Opinião de Lisboa (1978, 1979, 1980 ) en Labirintho do Porto (1992).

Bibliografía 

1979- Esquizo Frenia (edições &etc, capa e desenho de Graça Martins )
1980- 5 Folhetos Poéticos (edição das autoras, com desenhos de Graça Martins )
1982- O Festim das Serpentes Novas (Brasília editora, capa e desenhos de Isabel de Sá, desenho de Graça Martins , prefácio de Maria Isabel Barreno )
1983- Bonecas Trapos Suspensos (editora Frenesi)
1983- Desejo ou Asa Leve (edição Fenda, desenho de Graça Martins )
1984- Autismo (edições &etc, capa de Isabel de Sá, desenho de Graça Martins )
1984- Restos de Infantas (edições Ulmeiro, capa e desenhos de Graça Martins , prefácio de Eduarda Chiote )
1984- Nervura (edição Mirto, desenhos e capa de Graça Martins )
1986- Em Nome do Corpo (edições Rolim, desenhos e capa de Graça Martins )
1988- Escrevo Para Desistir (edições &etc, desenho de Isabel de Sá)
1991- O Avesso do Rosto (ed. Caminho)
1993- O Duplo Dividido seguido de Palavras Amantes e Os Poetas Suicidas (ed. &etc, capa e desenhos de Isabel de Sá)
1997- Erosão de Sentimentos (ed. Caminho)
1999- O Brilho da Lama (ed. &etc, capa e desenhos de Isabel de Sá)
2005- Repetir o Poema (poesia reunida 1979-1999) (ed. Quasi, capa de Isabel de Sá)

Exposições Individuais 

1977- Galeria Dois, Porto/ Galeria Alvarez, Porto
1978- Galeria Opinião, Lisboa
1979- Galeria Opinião, Lisboa/ Galeria Árvore, Porto
1980- Galeria Árvore, Porto/ Galeria Opinião, Lisboa
1983- Galeria Espaço A- Clube 50, Lisboa/ Galeria Árvore, Porto
1986- Galeria Espaço A- Clube 50, Lisboa
1987- Galeria Árvore, Porto/ Galeria Barca d´Artes, Viana do Castelo / Galeria Templo do Gato, Lisboa
1988- Galeria Augusto Gomes, Matosinhos
1990- Galeria Árvore, Porto
1992- Galeria Labirintho, Porto
1993- Galeria Árvore, Porto
2002- 25 Anos de Pintura (em conjunto com Graça Martins), Galeria Alvarez, Porto
2003- Das Trevas Para a Luz , Galeria São Mamede, Lisboa
2005- O Rosto do Mundo , Galeria Símbolo, Porto
2007- O Triunfo da Natureza , Galeria Símbolo, Porto
2008- The Love Box , Galeria Solar de Santo António, Porto
2011- A Imagem Coisa Primordial , Galeria João Pedro Rodrigues, Porto
2012- Elementos Naturais e Outros Figurantes , Galeria Porto Oriental, Porto

Exposições Colectivas (selecção) 

1983- I Bienal de Chaves , Chaves (Laureada com o primeiro prémio)
1984- Lagos 84 , Lagos
1985- Um Rosto Para Fernando Pessoa , Centro de Arte Moderna, Lisboa
1986- Kunstlergruppe , Galeria T3, Mannheim ( Alemanha )
1987- III Bienal de Chaves
1988- 25 Anos/ 44 Artistas , Galeria Árvore, Porto
2000- Cerveira 2000 Arte Contemporânea , Vila Nova de Cerveira
2001- Euro-World , Franquefurte (Alemanha)
2002- VII Bienal de Artes Plásticas, Cidade de Montijo -Prémio Vespeira , Montijo
2012- Quarta Exposição Arte Urbana , Porto




CONCLUSIÓN

Fui amante de la muerte
Y de la belleza. Vi la locura,
Creí en la vida.
De la infancia hablé
Como lugar de abismo.
El placer
Fue también la gran fuente
De perturbación y alegría.
Recordé las mujeres
Que rechazaron someterse,
Escribí palabras fúnebres.

No guardé la adolescencia,
El corazón resentido
Y no supe qué hacer
De mí fuera de las palabras.
Escribí para renunciar
Y depender
Y tener identidad.

Traducción por Sandra Santos




CONCLUSÃO

Fui amante da morte
E da beleza. Vi a loucura,
Acreditei na vida.
Da infância falei
Como lugar de abismo.
O prazer
Foi também a grande fonte
De perturbação e alegria.
Lembrei as mulheres
Que recusaram submeter-se,
Escrevi palavras fúnebres.

Não poupei a adolescência,
O coração magoado
E não soube que fazer
De mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
E depender
E ter identidade. 




Realidade

Por causa de um livro 
vieste ao meu encontro. 
Era Verão, não sabias de nada 
nem isso interessava. Palavras 
amavam-se fora de ti, 
no atropelo das emoções. 
Lá chegaria a primeira vez, 
o encontro apressado num lugar 
público. Desfeito o erro 
ao toque da pele, não sei 
se havia medo, a paixão queria-me 
no lugar exacto do teu coração. 
Palavras enrolam-se na sombra 
da vida a dor do sentimento. 

Atingido o espírito, o tempo 
da infância, a realidade. Em ti 
a solidão que o prazer 
não mata. Quero a beleza 
dos versos revelada. 
Alguns anos passaram sobre 
a nossa história que não acabou. 
A tarde envelhece e escrevo isto 
sem saber porquê. 

Isabel de Sá, in “Erosão de Sentimentos” 




DENTRO DAS IMAGENS  

Os poemas têm veneno na boca. 

Na estrada da minha vida 
plantei a árvore 
sem saber quem era. 

Em que parte do planeta 
há mais ódio? A matéria 
erosiva transforma o corpo 
e não há regresso. Não 
restará um monte de estrume. 

Em todo o lado 
parece que o mundo em desordem 
pouco a pouco enlouqueceu 
e os homens atam a corda 
à espera que aconteça. 

São infelizes 
mas não o suficiente. 
Não sabem dizer 
por que se esquecem de amar. 



*


Só o lume dos teus beijos rompe 
a treva onde a solidão nos mata. 
Enrolamos a vida no escuro, 
na semente de um amor atribulado. 

Conhecemos o ritmo e a sede, 
a convulsão do desamparo. 
No sentido do corpo, no acerto 
desce a força pelos braços 
na violenta festa do prazer. 

Tudo o que disseste 
no desaforo da paixão 
só podia incendiar a vida inteira 
e encher de esperança o universo. 




A VERDADEIRA BIOGRAFIA: O PERCURSO 

A minha biografia 
é evidentemente excepcional. 
Tive um Pai uma Mãe 
nasci numa Casa 
fui à Escola da vila 
depois do concelho. 
Mudei de distrito para 
continuar 
e o caminho da instrução 
concretizou-se na Faculdade 
de Belas Artes. 

Da infância passada em plena 
Natureza lembro 
a beleza das estações do ano 
os rituais católicos 
uma criada preferida 
o instante em que aprendi a ler. 
Chegou a adolescência 
e com ela a certeza 
Quero ser professora de Desenho. 
Suponho que a Biblioteca 
me salvou do desastre 
interior. 
Tinha dezassete anos 
e requisitei “Uma Época 
No Inferno” de um rapazito 
chamado Jean - Arthur Rimbaud. 

Na Biblioteca o empregado 
olha-me sempre com reserva. 
Eu estudava o quê? 
Um dia livros de medicina 
outro dia de poesia. 
Então a ciência é poética? 

A entrada na vida adulta 
aliada à independência 
e ao amor. O meu país 
sofreu uma revolução. A democracia 
não honrou ainda a sua palavra. 
Cumpro deveres e não posso 
usufruir de direitos proporcionais. 
Eu e alguns milhares 
neste sentimental canto 
europeu sob um regime 
semiditatorial 
contribuo 
para a sopa e os vícios 
de alguns milhares de parasitas. 

Mudando de assunto a pátria 
é grande e a família também. 
Para mim já passou 
o meio século. Já foi o Pai 
a Mãe e o Irmão mais velho. 
Estou por cá à espera 
certamente. 

Não é provável que me entregue. 
Conheci o galinheiro do confessionário 
ajoelhei-me diante do altar 
da virgem. Apaixonei-me. 
Também recebi um terço de prata 
no dia da comunhão solene. 
E na hora exacta o óleo 
perfumado do crisma. 

Sempre que vou a uma missa 
de corpo presente lá está o mesmo altar 
com a deslumbrante 
virgem. Entretenho-me 
a recordar que já tive 
quinze anos e também 
adorei. 

Depois a Páscoa a soturna 
via sacra onde sofria 
pela minha dor 
e as beatas exibiam lágrimas 
como dádiva pelo calvário 
a que Jesus foi sacrificado. 

Jesus era belo na sua passividade. 
Os longos cabelos 
o olhar suplicante 
as pernas 
o tronco liso 
o ventre. Por fim 
a entrega. Braços abertos 
para o bem e para o mal. 

Agora neste dois mil e seis 
trata-se de insistir. Já é tarde 
para quase tudo. 
Os meus contemporâneos alimentam 
uma curiosidade fétida. 
A obra é minha. Faço 
o que quero. Escondo 
rasgo 
mostro 
transformo 
entrego ao crematório 
deixo aos herdeiros 
ao vaticano 
não deixo. 

Nunca esmolei. Não fui pobre. 
Mas os sinais da exclusão 
o ódio é tão luminoso 
que seria patético 
psicotisante até 
não articular sequer 
estes versos 
antes da eutanásia. 




NO DESENHO

A ruína atinge a superfície das palavras, abre no texto uma fissura de lume. Escrevo o que tu queres, a morte do dia. No desenho o rosto adormecido contrasta com o escuro traço da grafite. Também ele será pó ou alguma flor subterrânea. Mas ao espelho eu sou a personagem principal que se desloca na realidade imaginária dos meus livros. Escrever é triste e lembra a beleza do Outono.




NEGAÇÃO

Persigo uma exigência obscura, corro o risco de entrar na minha realidade. Exponho-me à vergonha de escrever, à erosão que isso provoca. Ouso desejar o suicídio das palavras, saber o que me resta. Na estranha paixão do esquecimento, na falta de superfície do eu que me reveste, escrevo porque digo sempre o mesmo. E não há nada de secreto, a escrita é apenas arte.
O tempo, essa brecha, abre no poema o nosso rosto, na pele se introduz e arruína. Se o meu espírito estiver destinado a afundar-se, se a potência do mal quiser o meu limite, serei a radical negação.




-

SOFIA CARVALHINHA [19.943]

$
0
0

Sofia Carvalhinha 

(1993). Estudiante, escritora y activista política portuguesa. Organiza y dirige proyectos académicos, cívicos y culturales en Portugal.





AL ATARDECER DEL SILENCIO

Al atardecer del silencio
Como niebla condensada en mi pecho,
Me retraigo dentro de mí
En esta pequeña cuna de ansias,
Donde se agitan esperanzas tenues
Y abalan dolores inconquistables.
Me pregunto, a la niña que muere
Brotando en alguna parte del alma,
Cuántas angustias habitan en ti
Y cómo permaneces tan sólo bella.

Traducción: Sandra Santos



AO ENTARDECER DO SILÊNCIO

Ao entardecer do silêncio
Como névoa condensada no meu peito,
Recolho-me dentro de mim
Neste pequeno berço de anseios,
Onde se agitam esperanças ténues
E abalam dores inconquistadas.
Me pergunto, à criança que morre
Brotando algures no lugar da alma,
Quantas mágoas habitam em ti
E como me permaneces tão somente bela.






-

SANDRA SANTOS [19.944]

$
0
0

Sandra Santos 

(1994). Estudiante, escritora y traductora portuguesa. Dirige y participa en proyectos culturales, artísticos y literarios en Portugal, España y América Latina.

Sandra Santos (Portugal, 1994). Estudante, escritora e tradutora. Licenciada em Línguas e Relações Internacionais (Faculdade de Letras da Universidade do Porto), é actualmente mestranda em Estudos Editoriais (Universidade de Aveiro). Participa em projectos culturais, artísticos e literários. Traduz do português e inglês para o espanhol e do inglês e espanhol para o português. As suas traduções estão publicadas em Portugal, Espanha e América Latina, nos blogues e revistas "Cuaderno Ático", “Buenos Aires Poetry”, “escamandro”, “Círculo de Poesía”, “Poesia vim buscar-te”, “Otro Páramo”, “La raíz invertida”, "mallarmargens" e "Bitácora de vuelos". A sua missão de vida é contribuir para a partilha de conhecimento, através da sua intervenção político-poética no mundo.





silencio pleno en mi pecho
la mirada nublada y ungida
de un nombre blanco e infinito
una cadencia milagrosa del mundo
sobre el rostro un precoz rubor prolongado
el vuelo disipándose nocivo
el corte celeste en la alegría sombría
de todo.

y nada se asemeja al viaje
al movimiento inquieto
de una múltiple saudade que agrega
lucidez a la sorpresa
—una respiración reescrita a prisa
posante la muerte desprendiendo de la piel
un murmullo casi noción del mundo.



*



silêncio pleno em meu peito
o olhar enublado e ungido
de um nome branco e infindo
uma cadência milagrosa do mundo
sobre o rosto um precoce rubor prolongado
o voo dissipando-se nocivo
o corte celeste na alegria sombria
de tudo.

e nada se assemelha à viagem
à movimentação inquieta
de uma múltipla saudade que agrega
lucidez à surpresa
—uma respiração reescrita à pressa
possante a morte desprendendo da pele
um murmúrio quase noção do mundo. 





-

GEMA BOCARDO CLAVIJO [19.945]

$
0
0

Gema Bocardo Clavijo

Madrid, España. Abogada, escritora, redactora Freelance y narradora oral.

Fue miembro de la Red de Arte Joven de la Comunidad de Madrid, recitando en Centros Públicos y Privados de la CAM. Primer poeta español en recitar en «The Trireme of Ionian Poetry», evento poético organizado por The Ionian Creators' Club con la colaboración del Ayuntamiento de Sarandë, Albania. Algunos de sus poemas, relatos y artículos han sido traducidos al macedonio y al albanés.

Poemas y relatos publicados en Antologías Colectivas como Banco de Maridos Defectuosos. Viejos Amigos. Versos en el aire. Ecos del Grito. Historias de Bilbao en Fiestas. Diez Voces de la Poesía Actual. Palabra Viva. Punto G. Desde el corazón de Murcia. Cuerno de la luna y en medios digitales como Guatiní (Miami), Budnost (Macedonia), Fjala e Lire (Reino Unido), Trajín (México), Revista La oca Loca, Acantilados de papel, Groenlandia, Poesía Indignada, El arcón de las fábulas, GayArt, Somos sumas...

Ha recitado en locales y festivales como Diablos Azules, Bukowski, Café Libertad 8, Zalacaín, La Noche Boca Arriba, Grito de mujer, 100mil poetas por el cambio, La Piel cose las distancias, Foro Poético Real Casino de Murcia, Autores Europeos en la Biblioteca Regional de Murcia, Gente Pequeña, Murcia pinta mucho contra el cáncer, Festival Ser o No Ser...

Cuentacuentos para niños y adultos en solitario y como parte del grupo de cuentacuentos CuentaminaTe en festivales, colegios, bibliotecas públicas, residencias de ancianos, fiestas patronales, eventos solidarios y locales como Teatro Candilejas, Zanzíbar, La Flauta Mágica, El Desván, Brujas, El Dinosaurio todavía estaba allí, Los Pájaros Ateneo Cultural...
Organiza en la actualidad ErotiZarte.

Premios literarios:

Primer Premio de Poesía del IX Certamen Literario del Excmo Ayuntamiento de Loeches                                                                          
Primer Premio de Poesía Santa Catalina de Sena 
Primer Premio de Cuentos Santa Catalina de Sena 
Finalista del II Certamen Internacional Picapedreros 2012
Finalista del Certamen Internacional Ars Creatio 2012
Finalista del I Concurso Internacional de Relato breve El Dinosaurio 2013
Finalista del II Certamen de Poesía Aseapo 2013
Finalista de la II Edición del Concurso Marzorelatos del Excmo. Ayuntamiento de Espartinas
Primer Premio del Certamen Internacional de Relato Aste Nagusia 2014
Finalista I Certamen Literari Tamariu 2015
Finalista Concurso Internacional de Microrrelatos Biblioteca de Godella 2015
Finalista I Certamen de Microrrelatos Aldaia Cuenta 2015
Finalista II Certamen Internacional Ángeles Palazón de Cuentos de Navidad 2015
Primer Premio VI Concurso de Poesía para Mujeres La Nucía 2016
Finalista del III Certamen Internacional de Relato Breve Pasión por Leer 2016

En su blog Puentes y muros (http://gemabocardo.blogspot.com.es/) muestra parte de su trabajo.



DE PEQUEÑA

Sólo necesitaba un perro
y una isla desierta en la que perderme,
pues la gente te abandona,
te traiciona,
te hiere.

Pero al crecer aprendí
que la soledad es permanente
porque los perros se mueren.
Los perros se mueren.
Se MUEREN.

Primer Premio VI Concurso de Poesía para Mujeres La Nucía 2016




CACHORROS

Una ambulancia en una esquina.
Delante de mi, dos niños pequeños.
«¿Qué habrá pasado?» Preguntó el niño.
La niña contestó: «Un viejo menos.»

Caminaba deprisa.
                              En cada mano
la correa de un perro;
los cachorros obedecían
pero tiraba con saña
lastimando sus cuellos.

Debió de sentir mi mirada
porque se giró un momento.
Su cara, sorprendida
al leer en mis ojos
                               el desprecio.

Me pregunto cómo puede
albergar tanta miseria
un corazón 
                    tan pequeño.

Finalista I Certamen Literari Tamariu 2015



MALDITOS CUENTOS

Dicen que el cierzo
congela los huesos...
a ella le hiela el alma
el roce de Sus dedos.

Dicen que abrasa las pupilas
el desierto...
a ella la asfixia la calina
de Su aliento.

Dicen que ensordece la marejada
golpeando el puerto...
a ella le rompió el tímpano
un puño abierto.                                                                   
                                                                                            
Dicen 
los malos cuentos
que las princesitas aguarden 
que el príncipe azul las salve
de su encierro...

A ella el príncipe la encadenó
con un anillo de oro
en una cárcel de miedo.

Y se asoma tras los barrotes,
con la mirada ausente
y marcas en el cuerpo.

Con todos sus sueños
de cuentos de hadas
deshechos.                                                                       



UN SUEÑO

Mi madre trabajó toda su vida
persiguiendo un sueño:
masajeando la espalda de ricos, 
colocando tendones,
enderezando huesos.

Ahorrando gota a gota de sudor.
Desgastando su tiempo. 

Cuando la artritis amenazó fuerte
con corroerle los huesos,
sacó las gotas de sudor del banco, 
se compró una casita,
hipotecando su aliento.

Tenías que ver el brillo de sus ojos
al oler tanto cielo...

Un día, un yonqui de esos 
que rapiñan dinero
le rompió la verja, 
le destrozó la puerta,
robándole el sueño.

Las lágrimas de mi madre rodaron, 
gota a gota,
humedeciendo el suelo.

Ya no le parece tan brillante 
el límpido color del cielo;
y se refugia en su casita de gotas de sudor
con miedo.

No te digo que no me apene el yonqui, 
su mono, su angustia, su miseria,
su duelo;
pero me gustaría tener un cuchillo, 
encontrarlo una noche,
y cortarle el cuello.



BENDITO

Si crecer...
es enlodar la inocencia,
traicionar los principios,
renunciar a los ideales,
enmudecer el cariño,
golpear los labios cálidos,
coleccionar enemigos...

¡Dejadme dormir
en el útero de mi madre
desnudo y bendito!




-

NICOLÁS PEÑA POSADA [19.946]

$
0
0

Nicolás Peña Posada 

(Bogotá, Colombia 1991) Egresado de la Universidad de los Andes en la doble titulación de literatura y artes plásticas. Realizó el diplomado en escrituras creativas en el Instituto Caro y Cuervo. Como proyecto de grado creó y publicó el poemario titulado Ciudad de perros y palomas. Asimismo, ha publicado poemas en diversas revistas y periódicos de Colombia, como también en la revista mexicana La otra. Ha participado en varios recitales y, actualmente, dirige la página cultural Águilas y moscas, espacio en el cual escribe periódicamente poesía y narrativa.


Poemas de Las bestias que soy



Aquí nadie llega y estoy solo
en el fondo de algo que desconozco
y hay rocas en la piel
y hay un lagarto que se parece a mí
y se camufla entre las membranas de las hojas
entre las escamas de las sombras 
que están quietas tibias y quietas
y no juegan a nada y no hablan con nadie
y parecen hombres oscuros con sus fusiles
cuidando la tierra que se alarga entre lianas 
y pasa una serpiente pasa como un instinto
como un reflejo como una señal que no se deja leer
como un delgado tren cargado de días cargado de pocos huesos 
cargado de algún roedor que soy yo y que se descompone
y la serpiente muda de piel y muda de vida y muda de palabras
y ágil así como estaba ya no está ya es otra ya se fue
y apenas quedan resquicios de su color pasado de su olor ausente
y aquí no hay nadie y aquí nadie llega y estoy solo

con el montón de tierra donde de nuevo duermo 
con el montón de bestias que de nuevo soy.



*


Quedaron sepultados los gritos del parque
                                    bajo las piedras porosas
formando el lenguaje oscuro de los insectos.

Quedaron las oraciones de las ancianas
selladas en los labios de los árboles
que miraban estupefactos
el baile de la muerte sobre el vientre rojo del aire.

Quedó el color dorado de los niños
que corrían por las calles empedradas
pegado en forma de costra
a la piel de las viejas casas del barrio
donde el tiempo era una puntilla doblada a punto de caerse.

La madre y el hijo son ahora 
una estatua oxidada de silencio
que recorre en las noches la plaza
vigilando el sueño de las palomas en los techos
y el canto ahogado de las campanas en los charcos.

El viejo que vendía aguacates
se convirtió en una estrella que ya no brilla
caída sobre el barro como un rayo desterrado del cielo.

El militar que parada en una esquina
sumaba con los dedos los días 
que le faltaban para ver a su novia
ahora es un cuerpo desbordado de agua
que abraza las raíces sueltas de la mañana.

Mi corazón
mi corazón rueda por los zaguanes
como una libra de carne
cortada sin piedad por la mitad.

Nadie sabe desde hace cuánto 
que no se escuchan las risas de las calles
colarse por los vacíos de la ventana
para inundar los rincones sombríos de los cuartos
donde se masturban dos jóvenes entre suspiros entrecortados.

Nadie sabe desde hace cuánto
que la voz del vendedor de periódicos
y el silbido de su bicicleta en las horas naranjas
no despiertan a los trasnochados que roncan
y huelen a anís y a mujeres de otras tierras.

Solo y por casualidad
pasa un pájaro por todas estas ruinas
habitada por los rostros de la niebla
ve los árboles mutilados
el pasto juagado de rojo 
como si se hubieran reventado 
todas las moras de los arbustos
todos los corazones de las flores
ve la tierra tapada de cuerpos y despojos 
y se va para no volver

como todos los muertos del día
que han perdido un lugar en el cielo
porque Dios ya no es capaz de mirarlos a los ojos.



*



Se escucha el río 
suenan las piedras en su interior
que hablan lenguas insondables. 
Imagino que los peces descansan
                            y que al lado
─detrás de los alambres─
una vaca cargada de leche 
espera al siguiente día
la mano que exprimirá su alma blanca.
Supongo que a esto llaman noche:
un mar que cuelga en el aire
un lobo que me llama desde el vientre
un enemigo que se camufla 
detrás de un collar con la foto de su madre
                             y un amuleto de brujería.
Alguno de los dos morirá 
y nadie podrá enterrarnos.
Para eso estamos hechos ─pienso─
aunque me gustaría sentarme un rato 
a lanzar piedras en el río
meter los pies en el agua 
y que el frío trepe 
como un renacuajo por los huesos.
Sentarme y esperar a que el destino 
esta noche se haga el desentendido
el de la vista gorda ─como dicen─
y olvide por un instante 
que los hombres nacimos para matarnos.




*



Eran las tres de la mañana.
En Manglar la hora de los muertos
eran todas las horas.
Mi madre dormía sola
─como siempre─
en el cuarto de paredes negras
comidas por el gorgojo
y los cantos del bosque mutilado
que entraban sin pedir permiso.
Mi padre debía ser por esa época
el corazón negro de un girasol 
o quizá la rama de un árbol
sostenida por las raíces
viejas de la guerra.
Un perro comenzó a ladrar
y ya se sabía
que íbamos a ser nosotros 
los que tendríamos que escondernos
y pedirle a Dios que nos cuidara.
Pero ya estaba la historia del pueblo
trazada en una cartografía de espinas
lejos de su alcance
lejos de su omnipresencia
lejos de su bondad y su mirada de halcón.
Y fue así como decidí cubrirme
detrás de las manos
detrás de los ojos de pescado
detrás de la piel de tierra sombría
como si todavía estuviera jugando 
con mis hermanos a las escondidas
mientras esperaba el 1,2,3
y de seguido mi nombre pronunciado 
como un largo día de lluvia.





Poemas de Antes de las palabras

1

coser y coser
día tras día
la misma herida
que no para de sangrar


9

estar seguro de que no hay nada más en la vida
que este tren en el filo de la montaña


10

escuchar el llamado del agua
el recital de las olas en su huida

enroscarse 
volverse concha

regresar al naufragio 
donde nacimos


23

a veces uno espera la mañana
para poder asirse de nuevo a la luz

sin saber que en ella 
también vibran los labios oscuros de Dios


24

una vela que se extiende en el olvido

mi nombre junto al canto del fusilamiento


26

comienza a dañarse la carne
un olor a días pasados invade la casa


se encuentra uno mismo en la herida

y jura que la vida se hace inhabitable 
y que descomponerse es el único camino del hombre


33

lo mismo que desaparecer
no ser visto:

rayo fundido 
pájaro sin canto

lo mismo que irse 
deshacerse en agua 
huir del rostro:

verso de plumas 
amor en fuga

poema que se levanta y cacarea en la nada


34

rehusar 
migrar del nombre

abandonar la cartografía 
de lo que hemos construido con despojos


40

ironía del poeta:

tratar de encontrar a dios
en el grito invisible de la guerra








-

ANTÔNIO LACARNE [19.947]

$
0
0

Antônio LaCarne

Antônio LaCarne (1983) es un poeta brasileño, autor de Salão Chinês (Patuá, 2014) y Elefante-Rei: Poemas B (CBJE, 2009). Tiene un título en Lenguas de la Universidad Federal de Ceará y escribe en su blog O Impenetrável (oimpenetravel.tumblr.com). Su nuevo libro se puede conseguir en el siguiente enlace: https://revistagueto.com/selo-independente/



*La traducción de los siguientes poemas fue realizada por el escritor argentino Jan de Jager y revisadas por el autor





Loop

estas son las noches que recordamos
tu colchón inflable
dando cuenta del cuarto
y yo recordando cada conversa
como si el amor allí cerca
fuese nuestra vida escondida
pero conducimos en silencio
por la ciudad tan destruida
como el corte en el pecho
que intentamos disfrazar,
y no sirve de nada,
no es posible que un rascacielos
nos defina,
maría antonieta presa en un cuadro
y en la gloria que viviste sin mi
al mentir que el último amor
fue una herida agradable
que no lastima
o cuando entramos en una curva
encontramos sin querer una respuesta
y las personas mienten




Loop

estas são as noites que lembramos,
o teu colchão inflável
tomando conta do quarto
e eu relembrando cada conversa
como se o amor ali perto
fosse nossa vida escondida,
mas dirigimos em silêncio
na cidade tão destruída
quanto o corte no peito
que tentamos disfarçar,
e não adianta,
nem é possível que um arranha-céu
nos defina,
maria antonieta presa num quadro
e na glória que você viveu sem mim
ao mentir que o último amor
foi uma ferida agradável
que não machuca
ou quando viramos numa curva,
encontramos uma resposta sem querer
e as pessoas mentem.





plástico & blando

tienes ojos de frankenstein
perdido en una selva sin verano
o arena donde me desequilibro
y construyo mi amor
a veces plástico, blando, out of control
ventarrón que me derrumba
o no sé mi nombre ante ti
buceador
100 metros de nado estilo mariposa
mis manos que tiemblan
y repiensan cómo construir un arca
una cama, un diván
yo me pregunto por dónde anduve
si el tren en esta estación
es el más prohibido del mundo
o si soy una mujer por dentro





plástico & macio

 você tem olhos de frankenstein
perdido numa floresta sem verão
ou areia onde me desequilibro
e construo meu amor
às vezes plástico, macio, out of control
ventania que me derruba
ou não sei meu nome diante de você
mergulhador
100 metros de nado borboleta
as minhas mãos que tremem
e repensam como construir uma arca
uma cama, um divã
eu me pergunto por onde andei
se o trem nesta estação
é o mais proibido do mundo
ou se sou uma mulher por dentro.





Los hombres malditos

sobre todas las cosas los hombres me dejaron sin rostro,
incluso las mujeres, esas que se repiten antiguas,
sin mucho esfuerzo,
pero mi sonrisa envenenada te transportó a un mar distante,
las perlas en el fondo del océano,
mi cuerpo en el fondo del océano,
las palabras que no cruzan paredes,
o si alguien quisiera, puedo todo a mi propio alcance,
y si la noche es siempre larga
danzo veloz con los ojos cerrados para siempre.

ya no envejezco como de costumbre,
el teléfono es un enemigo,
muero de ganas sólo por ver y me encierro en el cuarto,
ninguna película representa,
y tú tampoco eres verdad,
la calma solo corresponde a los comprimidos entre los dedos,
símbolo de larga duración que no se rasga





Os homens malditos

sobre todas as coisas os homens me puseram sem rosto,
inclusive as mulheres, elas que se repetem antigas,
sem muito esforço,
mas o meu sorriso envenenado trouxe você num mar distante,
as pérolas no fundo do oceano,
meu corpo no fundo do oceano,
as palavras que nem cruzam paredes,
ou se alguém quiser, posso tudo ao meu próprio alcance,
e se a noite é sempre longa
danço veloz de olhos fechados para sempre.

já não envelheço como de costume,
o telefone é inimigo,
morro de vontade só por ver e me tranco no quarto,
nenhum filme representa,
você também não é verdade,
calmaria só corresponde aos comprimidos entre os dedos,
símbolo de longa duração que não se rasga.




Playa

Siempre en dirección a esta playa
pero a contrapelo de mí
como dijo aquel que no me conoce
analizando mi diálogo a veces
literal y seco como quien no insiste
y ve que la ceniza del cigarrillo
no es más que un agujero
tal vez una fuga perdida en otro agujero
o herida aquí en el cuerpo
o volcán perdido en los pliegues
de tus piernas tan lejos
o la montaña que escalo sin previsión
aurora boreal, ritmo y masturbación





Praia

Sempre na direção desta praia
mas ao contrário de mim
como disse aquele que não me conhece
analisando meu diálogo às vezes
literal e seco como quem não insiste
e vê que a cinza do cigarro
nada mais é que um buraco
talvez uma fuga perdida em outro buraco
ou ferida aqui no corpo
o vulcão perdido nas dobras
das tuas pernas tão longe
ou a montanha que escalo sem previsão
aurora boreal, ritmo e masturbação.



4 poemas do livro Salão Chinês, de Antônio LaCarne:


anteprojeto

primeiro ritual automático do dia: este livro é memória de tom na transversal & babadeiro. ramificação de espécies brandas, sem muito luxo. o vazio de perder ou ganhar ao abrir os olhos, não importa. imitação difícil de quem já foi. rua íngreme, dobrando esquivo ao caminho. cabeça dispersa, também entre as pernas, recordação recortada & anteprojeto.





boyfriend

carinho,
me resgatou do buraco, das barras, das putas mágoas de bêbado apaixonado – sou um bruxo antes dos trinta & não te absolvo por me abandonar antes do segundo beijo, como se eu fosse uma cadela esfomeada, doida por pau, segredo & literatura. 
penso nos trópicos, na meia dúzia de bananas: um pingo de sensibilidade longe da tua zona de conforto  –  olhar de pantera mascarado por fluxos de escuridão, quando dei adeus às sleeping pills & enchi a cara numa compensação difícil.
nem porra, nem puta – você criou asas enquanto eu despencava do meu próprio andar de um metro & oitenta, então resolvi escrever um livro sobre a pós-modernidade que oprime, deprime & que não manda flores no dia seguinte.
amei você quando não havia sol ou pudor. 
espinhos, cristais escondidos, falésias: coração comparado às andorinhas da paixão universal. 
mantive os diários sob o poder das gavetas. mutilação das linhas de expressão quando sonhei com o ator pornô húngaro a me livrar da frigidez numa cama chinfrim de motel  pago com o limite do meu cartão de crédito. 
escolhemos a suíte pole dance com hidro & demarquei cada centímetro com a língua, olhos, nádegas em profusão – depois fui embora com um sorriso de viúva alegre estampado nas fuças.
o lado b do amor tão obscuro, vendendo meu próprio peixe para que você me ame, ou na pior das hipóteses, desmembrar as vértebras do meu prazer em ambientes dominados por cães na sarjeta & dignidade na estratosfera. 
mas pago o preço, encaro as duas faces da moeda & planejo cada passo na alcova. 
os quadriláteros do abandono estão aqui representados, dançamos ao som do jazz diante dos canteiros centrais & das vias expressas não plastificadas.
resta-me rasgar as tuas pernas, queixo, memória & afeto aos frangalhos: tiro de espingarda no coração. aí o clima esquenta & sou obrigado a me desfazer das histórias onde interpretei megeras, datilógrafas ninfomaníacas, divas abandonadas. 
me livro do luxo, da intelectualidade & do frio. 
telefono para dr. salomão que me atende entorpecido de recusa. ele diz que já fomos longe demais no tratamento, não há cura possível. ele então prescreve doses cavalares de um medicamento cujo rótulo exibe fogo ao redor da boca, boca ao redor do fogo. tomo dois comprimidos sem pestanejar. 
dr. salomão sorri, glamouroso – segurando a bengala importada do egito. 
como pagamento, ele me estapeia a bunda. 
& pairo num terceiro andar de um corredor às quatro & trinta & sete no calor insustentável do brasil. 
(você precisa abrir os olhos).
mas você me observa reticente & o combustível do momento é o pensamento claustrofóbico & oscilante naquele quarto úmido de motel. 
pole dance com hidro, lembra?
as fomes que não se descosturam. 
busco fôlego para materializar o livro. 
arbustos, jarros, sombra & coração impecável para as consequências.
você que me culpa & que não me explora os olhos, os ossos do ofício, os gatos abandonados, o gato por lebre. 
tudo em vão como um lábio superior desenhado sem esmero na pintura.
& diante do ex-amante proponho um batuque, um samba, uma pausa na coreografia. tomo mais um gole do perigo que eu mesmo interpretei. 
da janela, fotografo as luzes esparsas do centro da cidade.
projeto: obsessão, terror & glória. 
25 de fevereiro de um ano qualquer:     
a vida é um fist fucking cravejado de diamantes pontiagudos.




tigre siberiano

adolescentes reproduzem meu fio condutor numa vasta cama de plumas & acessórios eróticos onde invisto minha língua sobre a previsão das mentiras para inventar um relato sobre sexo, ejaculações, coxas nuas que sobrepõem meus orifícios mediúnicos durante o coito & suas doses cavalares de memória em quartos escuros vistos sob o espaldar da cama que não range & que não prolifera nossas ardências na noite de frio, rumba, razão mimeografada presa à estante de brinquedos fabricados nos anos 90.
como se os meus olhos fossem o dorso de um cavalo prestes a mumificar a vida num galope sombrio, relincho tropical no alto da montanha ao invés de reconhecer o grito imaculado do homem que me domina sem o meu consentimento felino, pois quem enumerou os defeitos dos corpos teme o gesto de penetrar ou ser penetrado sem que os inimigos ou amantes sucumbam perante o último orgasmo travestido no sorriso de nossas gengivas, vaginas, líquidos empalidecidos enquanto o dia amanhece & tratamos de nos recompor: livre arbítrio que abre a boca antes que a presa se torne carcaça & eu psicografe o perigo do mundo.




cowboy

baby, 
não era você o moço perdido, vestindo flores, olhar baixo que pedia cigarro aos quem nem sequer te reconheciam? você precisava ver como não fui tolo & dei o primeiro passo na noite, cilada após cilada, romance destruído após romance destruído. os meus amigos  & suas respectivas cadeiras cativas, cada qual com um copo nas mãos, o sorriso que vinha fácil entre tantas modas, tendências, discussões sobre a capa da vogue, kate moss nua, gisele bancando a santa. eu ouvia calado, cutucando quem estivesse mais próximo. o som das trombetas que a gente insistia em dar valor, mas que às 10 da noite tudo era pintado de droga, saliência, esquina do táxi, roupa amarrotada. a valentia de um deus pagão dentro da cueca. 
24 horas de desejo por você, 
sem nome, 
jururu,
carteira de cigarro vazia,
isqueiro perdido,
madrugada & suas garras,
gente de índole difícil,
quarentão que não fez nada da vida,
plebeu desmascarando encrenca,
uma barra,
uma superbarra,
você de quatro,
eu de bruços,
o telefone que não tocou pela oitava vez,
katherine mansfield trancafiada na suíte,
a inimiga plantando bananeira,
eu pertinho das bananas,
borracha para panela de pressão no centro da cidade,
um cavalo,
uma dose de balé pendurada no queixo.
estou transbordando mais uma vez. giancarlo, klauss, todos parecem mortos. cada corpo é uma bituca de cigarro no cinzeiro sujo. seguro a onda como quem surfa com uma perna só, & se alguém diz que é preciso matar um leão por dia, derrubo então o dominó da vida.
pois se eu pudesse sugar de você esse amor infantil, eu arrancaria as tripas da farsa que me ilude. dr. salomão não me salvaria, pagan poetry não me salvaria, uma floresta encantada não me salvaria, nem os modelos da ford, muito menos você de pau duro ocultando as galáxias.



-

JUAN CARLOS QUINTERO HERENCIA [19.948]

$
0
0

Juan Carlos Quintero Herencia

Fecha de nacimiento: 1963, Santurce, San Juan, Puerto Rico

Reside en Maryland desde 2001. Ha publicado los libros de poesía: La caja negra (Editorial Isla Negra 1996) "El hilo para el marisco/Cuaderno de los envíos" (2002), Libro del sigiloso (Terranova Editores, 2012) y El cuerpo del milagro (Bokeh, 2016).

Esta colección de poemas de juventud recibió el Premio de Poesía del Pen Club de Puerto Rico de ese mismo año. Ha publicado también dos libros de ensayos críticos: "Fulguración del espacio. Letras e imaginario institucional de la Revolución cubana" (2002) y "La máquina de la salsa. Tránsitos del sabor" (2005). Recibió en 2009 la beca John Simon Guggenheim Memorial Foundation para analizar su estudio  titulado "La escucha transeúnte: Poéticas y políticas en el archipiélago caribeño". El manuscrito del "Libro del sigiloso" recibió en 2006 el premio Creative and Performing Arts (CAPA) de la Universidad de Maryland.



Caballo de Troya

En las profundidades,
donde la zanja frente al Morro
es Medusa negra,
donde el negro se traga al negro,
un enorme pez ciego y
sin escamas
levanta un arco,
aleta membranosa
labia fluorescente

Perdidos por este fulgor tenue,
atraídos por la candelilla,
extendido pene
prensil carboncillo
efectivo lazo
bastón blando nadador,
arpón escondido que es toda luz,
pequeños peces en su boca sucumben

En las profundidades,
el pez desarruga su órgano,
lo pasa sereno
tardo cual melaza
sobre una escultura que tocada ahora
echa a la corriente inmóvil su detritus depositado

De madera desusado
negro otra vez,
sepultado hasta las rodillas
el caballo relincha

En las profundidades del Atlántico,
un pez de los mil demonios
deja caer su sexo basto
sobre el caballo de Troya

Descendiente
tras sus cuartos traseros,
el pez despeja la cola de una sola mordida,
el trazo que las ruedas olvidaran sobre la arena
un oleaje secreto
de cuando en vez
la mar de ocasiones
lo borra y lo escribe,
avanza retrocediendo

Es posible imaginar a los aqueos
suspendidos en aquella marcha,
sin embargo por allí no se los ve

¿Cuál es tu guerra, mijo?
¿Qué has hecho para estar aquí sumergido
y con el mar adentro?
¿Quién te imaginará ahora como el golpe sigiloso de la muerte?
Quién iba a decir que está sería tu mejor batalla,
cara a cara con tu doble vivo
bellaco y terso

En esta lejana balsa,
tumba abierta,
náufrago sin isla,
caballo sin palo,
sordo sin procesión
ni a rebato,
sin bullicio
el caballo de Troya
anuncia en la eternidad un paso
que nunca habrá de dar

En las profundidades,
donde la alharaca nunca ha tenido asiento,
allí: bóveda oscura
bóveda en la bóveda
(paréntesis de titanio negro)
la cabeza los belfos
el copete las crines
la tensión hermosa del cuello,
esperan por siempre lo que ya les pertenece

El pez auspicioso,
primero de su estirpe
aletea violento su velocísima despedida,
una flecha de sombra oscurece la penumbra

Bajo el hongo de las arenas alzadas,
ya sin quites
sin cuerpo,
in-proceloso
un caballo congelado por la tiniebla
no se cansa de esperar

1ero de septiembre de 2010, 18-19 de diciembre de 2012, Córdoba, Argentina y Silver Spring





Siempre Ciempiés

Enemigo tú: Gongolón,
cuando de madera acercas
para que me sirva de asiento
taimado don escalón

Capricho el tuyo: Ciempiés
que malgastas la librea
cuando ojeroso ante libros
se te caen los elepés

En dos patas tambalease Ciempiés,
-ñángotese- dice raudo Gongolón,
-leche, arrocito- pide y aúlla Ciempiés

Nariz que se hunde entre las páginas
se agarra el bulto,
el mismísimo se da lengua

¡Coño! persistencia tuya: Gongolón,
bollo comisura y dragoncilla,
gallerín repesa escudilla,
nada cabe entre nosotros,
nada serpea entre bajeles
echapallá don babeles

Enemigo tú: Gongolón.

18- 19 de diciembre de 2012, Silver Spring





Me tocó vivir

Me tocó vivir en un puente de arena,
mi vida es esta meseta tensada por una liana de mangle y
las manos de mi padre muerto.

Mi vida tiene la consistencia del miasma,
la misma duración,
el mismo descoyuntarse de la era,
los mismos proyectos
enrolados con la consistencia del ajonjolí
y el trombón de Barry Rogers.

Cuando el puente se eleva
lo impulsa un tendón traslúcido,
dardo en metamorfosis,
su condición granular
seca o húmeda
es la misma cosa blanda.

Quién lo duda
por doquier maestros, jefes de agencia,
trabajadores sociales, gestores culturales,
psiquiatras, alcaldesas
abogados, poetas, poEGOS,
neo-patriotas,
charlatanes
cínicos vulgares,
cínicos sofisticados,
cínicos desempleados,
desempleados sinceros,
desempleados cínicos,
cínicos de closet,
closet de cínicos,
profesores sin libros,
libros sin profesores,
perros satos,
perros falderos,
¡oh tiradores de droga
cuánto nos han ayudado!
un litoral asqueroso
entusiasmado con el olor de la brea
todo eso y más
tenemos.

Hay incluso un amanecer olvidado
para siempre por su propia belleza,
el escándalo de su silencio lleno de luz
asediado por el ruido de tantos feligreses,
el silencio vaporoso de las criaturas
que lo vegetan
cercado
por las guturaciones alargadas del sebo de los sexos.

Aletargado por las sombras que ya trepan
me subo a los órganos de mis días,
me toco el cuerpo,
un montículo de arena y espuma,
el regazo de mi madre
apenas.

En la noche pude enfocarme
gracias a los aparatos
a las pantallas
Nítidas, nitidísimas veloces
como un parpadeo,
las quise mucho.
El puente se sumerge conmigo,
en su forma mudo el carapacho.

29 de septiembre y 12 de octubre de 2009, 10 y 30 de marzo de 2014 y 28 de abril de 2015, Silver Spring.





ANNA ENQUIST [19.949]

$
0
0

Anna Enquist

Anna Enquist (Ámsterdam, 19 de julio de 1945) es el seudónimo de una de las escritoras más populares neerlandesas, Christa Widlund-Broer. Es conocida sus trabajos de poesía y por sus novelas.

Nacida en Ámsterdam, estudió piano en la academia de música en La Haya y psicología en la Universidad de Leiden. Sus primeros poemas aparecieron en la revista Maatstaf en 1988 mientras que su primera colección Soldatenliederen se publicó en 1991 mientras estaba trabajando como psicoanalista. A partir de entonces dedicó la mayor parte de su tiempo a la literatura. En poesía, publicó seis colecciones más: Jachtscènes 1992, Een nieuw afscheid 1994, De tweede helft  2000, Hier was vuur 2002, De tussentijd  2004 y Nieuws van nergens  2010. Todos estos poemas han sido publicados en un único volumen Gedichten 1991-2012.

Los  primeros trabajos de prosa, Het meesterstuk 1995 y Het geheim 1997, son novelas psicológicas en las que la música clásica juega un papel importante. En 2002, llegó a un amplio número de lectores con De ijsdragers que estuvo distribuido como un regalo durante la Semana del Libro en neerlandés del 2002. Su reconocida novela histórica De thuiskomst de 2005, se centra en Elizabeth Batts, la esposa del explorador británico James Cock.


 ESTACIONES

 Después de yacer poseída por el arado
 la tierra yace doblada, huesuda.
 Lo que está muy hondo ha surgido sin resistencia.
 Ninguna piel áspera ha recibido arcilla, huir
 está impedido para quien se abre de esa manera.

 La tierra gime bajo el pasto,
 llorando su añoranza del acero
 -ven el próximo año, regresa-. El tardío sol
 calienta la tierra pólder que sueña aparentemente
 con ser hendida dividida quemada.



 SILENCIADA

 Arraigada más sólidamente que nunca
 en la realidad- Diciembre, en mi bici,
 tormenta alrededor de mi cabeza- compro
 un libro que dice
 cómo el tiempo pierde su dominio.
 Durante meses tomo de la vida
 no más de lo que me pertenece. El autor
 está paralizado y enfermo. Él no puede hablar.
 Oh, nubes cabalgando el viento, oh canto, oh amor.



 SEGURIDAD

 Dondequiera durmiésemos ese verano,
 cada noche la lechuza gritaba
 su boscoso llamado. ¿El mismo?
 ¿Lechuza? - Así es como suena una lechuza
 había dicho alguien, y nosotros
 creímos y recordamos.



 DE REPENTE

 De repente perdí
 el poder de retener
 calor. Ahora que los chicos
 han dejado la casa, resoplé
 ¡sí! Repté bajo 
 aún más frazadas. La estufa
 rugía. El más calentito de nosotros dos
 ya no podía 
 darme calor. Tirité
 y temblé como si estuviese
 cara a cara con la muerte.

 Que era el caso, en realidad. La muerte
 y yo estábamos en un terraplén.
 Entre nosotros no había nada sino
 una considerable distancia.



 JULIO

 Es verano ahora; el jardín
 está lleno de gente muerta de calor; los perros
 están jadeando y las frambuesas
 están grandes como cabezas de duendes.

 La humedad rodea nuestros vidrios:
 se conversa acerca del precio de las bicicletas
 y los pasajes aéreos, y todo el rato
 un campo interminable de hielo se estira dentro mío.



 ESCAPE

 En la jaula del día y de la noche,
 la jaula de los mandados,
 latas de cerveza, el mejor trabajo.

 En la jaula del álbum de fotos,
 del amor. En la jaula del arte,
 en la jaula de saber:

 Levantate, aferrá las barras,
 tomá el máximo de aire y
 rompete el corazón en pedazos.



 ENCOGIMIENTO

 Cómo los días se me escapan, siempre
 uno nuevo sopla contra la ventana.

 Un chico sombrío en la cocina ya no
 come de mis platos. Escasa

 es la vieja vida que se siente como siempre.

 Entretanto mis horas se vuelan; son
 las verdaderas. Lo que golpea contra mi ventana

 es la vida genuina, el presente
 que come, que come de mí.



 INVASIÓN

 En el desnudo rechazo, viento en mi pelo,
 estamos parados y vos mirás. Con todas tus fuerzas
 me mirás, imagen de amor.

 Y yo, entro gateando a través
 de tus ojos llenos de lágrimas, me deslizo por los senderos
                                                                    [de tus nervios,
 salto sobre láminas de mielina, el susurro
 de las sinapsis, el ARN fuerza a las proteínas
 a alinearse en mi imagen:

 soy tallada, cincelada, en tu cerebro
 hasta que mueras, hasta que te mueras.


FUENTE
Modern Poetry in Translation. New Series. N° 12. Winter
1997. Dutch and Flemish Issue.

Publicado por Robert Rivas
http://inutilesmisterios.blogspot.com.es/




VAN HET WATER

Hij torent hoog boven mij uit, de brug,
en grijpt met harde vingers in het gras.
Voertuigen schuiven heen en terug, een kind
brengt bloemen, de fanfare juicht.

Ik wacht. Men zal zich naar mij buigen
krom van waan en klacht en in de golfslag
troost van honderd moeders horen. Ik ga
gewillig rond de nieuwe pijlers staan.

Ik zal nog tegen stenen slaan als deze brug
is overwoekerd en vergaan. 0 wolkenlucht,
spiegel u in mijn huid. Ik heb mij laten
leiden en omspannen en verslaan.



OF WATER

Towering tall and over me, the bridge
grabs into the grass with hard fingers.
Vehicles slide back and forth, a child
with flowers, a roaring fanfare.

I wait. They’ll bow in my direction,
bent with madness and malady, hearing in the waves’ slap
comfort from a hundred mothers. I’m willing;
I take position, surround the new piles.

When this bridge is overgrown and gone
I’ll still be beating stones. O cloudy sky,
see yourself reflected in my flesh. I’ve let myself
be led, be spanned, be beaten.

© 1996, Anna Enquist
From: De tweede helft
Publisher: De Arbeiderspers, Amsterdam, 2000
© Translation: 1998, Lloyd Haft




UIT DELFT

Als hier licht valt, dan onder loden
lucht, valse gloed in de namiddag.

Kon ik de stad innemen, mij stellen
in de stenen cirkel op de markt, drinkend

de bloedige schaduw van het stadhuis –
Laat naar je kijken. Ik bonk op de muren,

zij verstuiven als ochtendas in de kachel,
of ik er ben. Uit de grachten rijst

een wal van zuur water. Hier was het,
hier zuchtte ik om de polder, viel ik

tegen ijzig bouwwerk. Hier ruilt men
de reis tegen een enge thuiskomst.




FROM DELFT

If light falls here, it's under a sky
of lead, false glow, late in the day.

Wish I could take the city, set myself up
in the stone circle in the marketplace, and drink

the blooded shadow of town hall
Get your head examined. I pound on the walls;

they go up in dust like ash in a stove in the morning,
as if I exist. Out of the canals rises

a wall of caustic water. Here's where it was,
here's where I sighed for the open polder and fell against

an icy structure. Here's where you trade the trip
for the tight home corner.

© 2000, Anna Enquist
From: De tweede helft
Publisher: De Arbeiderspers, Amsterdam, 2000, 9029515120
© Translation: 1998, Lloyd Haft




TAMBOER

We horen hem wel, de tamboer in de verte,
maar luisteren niet. De maat van zijn stokken
bepaalt onze stappen. Ook nu. Verwijlen

wil ik bij een wals van vroeger, een dans,
kind op de arm. Het spant ondraaglijk
tussen toen en vandaag. Aan de mars valt niet

te ontkomen. Woedend doe ik een greep
in de muziekdoos van het geheugen, waar
haar te vinden voor ik omval? Maar kijk,

de trommelaar brengt ons het kleinkind,
verlokt ons tot een nieuw lied, zadelt ons op
met de laatste vreugde voor de eindstreep.



THE DRUM

We do hear it, the drum in the distance,
but don’t listen. The rhythm of the sticks
determines our steps. Even now.

I want to linger by a waltz from before,
a dance, a child in my arms. The tension
between the past and present is unbearable.

The march is inescapable. Furiously
I dig into memory’s music box, trying
to find her before I fall. But look,

the drummer brings us the grandchild,
luring us into a new song, saddling us
with a final joy before the end.

© 2013, Anna Enquist
From: Een kooi van klank
Publisher: Stichting CPNB & Poetry International, Amsterdam, 2013, 9789059651852
© Translation: 2013, David Colmer




-

HILDA MORLEY [19.950]

$
0
0

Hilda Morley

Hilda Morley. Poeta EE.UU.

Nacimiento: 19 de sep. de 1916 · Nueva York, Nueva York
Defunción: 23 de mar. de 1998 · Londres, Inglaterra
Premios: Beca Guggenheim en Artes Creativas, Estados Unidos y Canadá (1983)
Educación: Wellesley College · Universidad de Londres

Selected Bibliography

A Blessing Outside Us (Pourboire Press, 1976)
What are Winds & What are Waters (Asphodel Press, 1983)
To Hold in My Hand: Selected Poems 1955-1983 (Sheep Meadow Press, 1983)
Cloudless at First (Moyer Bell, 1988)
The Turning (Asphodel Press, 1998)


Hilda Morley nació como Hilda Auerbach  en Nueva York, el 19 de setiembre de 1916, de padres rusos, Rachmiel y Sonia. Fue un raro caso de precocidad literaria -llegó a cartearse con Yeats-, ya que salvo Rimbaud y algunas otras excepciones, como dice Steiner muy atinadamente, la precocidadgenial sólo se da en tres disciplinas: el ajedrez, la música y las matemáticas. Las tres muy relacionadas entre sí.

Se mudó con su familia a Palestina a los 15 y luego a Londres, para ingresar a la Universidad (a los 18). Allí se casó: un matrimonio que no duró mucho. En el año 1940 se traslada a Estados Unidos, por los bombardeos alemanes sobre Gran Bretaña. Se casa con Eugene Morley, un pintor relativamente conocido y se vincula con Pollock, Kline, etc.

Años después, viviendo otra vez en Londres, se casa con el compositor alemán Stefan Wolfe, que poco después dictará clases en la renovadora Universidad Black Mountain,  situada en Carolina del Norte. Recién a los 60 años de edad publica su primer libro de poemas. Desde entonces ha obtenido un enorme reconocimiento, entre otros de Robert Creeley. Dijo de sí misma: "He escrito poesía desde los 9 años (un tiempo largo, que)... Mis poemas aparecieron en algunas publicaciones. Me encanta leer en voz alta y hacer amigos (fans) de esa manera. Estuve casada con el ya fallecido Stefan Wolpe y tal vez he sido influida por él; esto es, para continuar trabajando a pesar del dolor y salvarse una misma de este modo".


 ARROYO EN NEW HAMPSHIRE

 ¡Santo Cielo! helechos en el arroyo     Ofelia
 uno piensa en ella
                              ya que hay 
 espíritus en el agua
                              así como hay
 piedras brillantes
 en la claridad de este arroyo.
                             ¿Cuál Ofelia
 es?
      La luz del sol
 sobre los guijarros
           un temblor de
 sombra      esas pequeñas
 contracorrientes
 las cascadas también     los más profundos 
 lugares
             (uno podría bañarse acá
 hacer de este un arroyo para
 vivir
       no para morir en él)



 (COMIENZO)

 Comienzo a amar la belleza 
 de los viejos más que la belleza de
 los jóvenes - la anciana mujer escudando 
 su rostro del ardiente sol con un abanico
 de encaje negro y el exquisito
 anciano con la barba blanca y el viejo que empuja
 el coche de un hombre joven que está muriendo
 de distrofia y la
 mujer entrada en años que sostiene la mano de un niño
 pequeño con un guardapolvo damasco



  POR SAFO

                               Ni la miel ni
 la abeja, dijo ella,
                               tampoco la miel...
 y yo vago con ella acá en estos peñascos de roca,
 laderas de colinas rocosas como los peñascos de Lesbos,     
                                 si fuese en su nombre, Faon,
 que ella se arrojara en el océano
 púrpura, por falta de su amor, por falta de él, se lanzara
                                                                       [de cabeza
 en el agua oscureciente, yo en tu nombre viviría siempre
 aún en el borde de estos senderos de roca,
 desplumando el seco romero, la adelfa silvestre,
 consciente del súbito abismo y gateando
 ligeramente sobre él.
             Espero no partir nunca del país
 de tu voz.
      Puedo vivir acá sobre los mínimos 
 pastos, los  medio húmedos 
 guijarros, puedo florecer acá
 y crecer más fuerte,
                         como esta
 salamandra que emerge
 al sol por un momento y se hace
 la muerta si pasa un extraño, pareciendo
 escabullirse en busca de refugio entre el
 suelo recién volteado y las simples
 caras de la roca



 (AHÍ ESTÁ EL CAMELLO)

 Ahí está el camello
 cuya cara no había notado 
 antes
      pensando en
 una manera delicada
       sin ninguna
 auto-compasión
          con una real
 paciencia
        Sus pensamientos se refieren a
 el espesor del aire
 a su alrededor     sea en
 sequía o lluvia
          una expansión de
 la luz

FUENTE

New Directions. An International Anthology of Prose& Poetry. # 27. New Directions, 1973.

Publicado por Robert Rivas 
http://inutilesmisterios.blogspot.com.es/


New York Subway

The beauty of people in the subway
that evening, Saturday, holding the door for whoever
was slower or
left behind
                   (even with 
                   all that Saturday-night
                   excitement)
& the high-school boys from Queens, boasting,
joking together
proudly in their expectations
& power,       young frolicsome
bulls,
          & the three office-girls
each strangely beautiful,             the Indian
with dark skin & the girl with her haircut
very short and fringed, like Joan
at the stake,             the corners
of her mouth laughing
                                 & the black girl delicate
as a doe, dark-brown in pale-brown clothes
& the tall woman in a long caftan, the other day,
serene & serious        & the Puerto Rican
holding the door for more than 3 minutes for
the feeble, crippled, hunched little man who
could not raise his head, 
                                      whose hand I held, to
help him into the subway-car—
                                                    so we were
joined in helping him               & someone,
seeing us, gives up his seat, 
                                             learning
from us what we had learned from each other.

"New York Subway" by Hilda Morley, from To Hold My Hand: Selected Poems 1955-1983. © The Sheep Meadow Press, 1983. 



And I in My Bed Again

Last night
                   tossed in
my bed
                  the sound of the rain turned me
around,
               a leaf
in a dried gully
                        from side to
side,
          the sound of the rain took me
apart,      opened to             what is it?
breath caught in memory of
a deep sweetness
                             that sound
                             unceasing
delicate,             the wetness running
through my body
                           It might be nighttime
                           in a forest hut,
the rain constant
                          in little rivulets
splashing,
                       at times uncertain—

safe in each other’s arms,
                                       the rain sheltering
us       a depth opening
bottomless to a terrible sweetness,
                                             the small rain
shaking us in our bed
                                         (the terror)
whispering
                        End of a season,
                        wind from the west

From To Hold in My Hand: Selected Poems, 1955-1983 (Sheep Meadow Press, 1983). Copyright © 1983 by Hilda Morley.



Hanukkah 

This season for us, the Jews— 
a season of candles,
                                      one more 
on the seven-branched candlestick for 
the seven days of the week,
                                                  but let it be seven 
in the sense of luck in dice,
                                          seven of the stars in 
the constellations:
                                  Orion, Aldebaran in the sky
                                                                                     lively
over Jerusalem
                               Let the fuel 
last the besieged       such as we are,
                                                             to nourish
us.
        Let the oil continue 
for heat, for illumination,
                                                flame crouching 
in the lamp,
                      the glass smoky
                                                   (December upon us) 
the light not fail.
                               The air has been mild 
for days—
                  & the 7 rings through my life 
despite the 8 of this week—
                                                     bushes 
in the doorway of 7 Charles where I lived, 51, 
crackle with dryness,
                                         are bare still. 
That house with the lucky 
number brought me luck & misluck, both,
                                                                        like the other
that added to 7, out of 4 & 3,
                                                    that seven 
underlying the eight of this week, 
the 8 just over, the 7 just under 
a third of the years with Stefan:
                                                          I praise them
both today—
                        the lasting oil 
in the seven-branched candlestick:
                                                                absence 
of all fear—the smallest 
drop of fuel enough to leap from. 
new york, 1973

Hilda Morley, "Hanukkah " from To Hold in My Hand: Selected Poems, 1955-1983. Copyright © 1983 by Hilda Morley.  


That Bright Grey Eye 

The grey sky, lighter & darker 
greys,
            lights between & delicate 
            lavenders also 
blue-greys in smaller strokes,
                                                      & swashes 
of mauve-grey on the Hudson—
                                                           openings 
of light to the blue oblong 
off-center
                   where the door to the warehouse 
shows—
                the larger smearings darkening
                                                                          deep 
into blues
                             So alight that sky, 
                             late August, 
early evening,
                             I had to 
gasp at it,
                   stand there hardly moving 
to breathe it,       using 
whatever my body gave me,
                                                    at 
that moment       attending to it, 
thinking:
                  Turner, he should have 
seen it,
              he would have given it 
back to us,
                     not let it die away
                                                                       And that other 
evening, walking down Bank Street from marketing,
the sky fiery over the river,
                                                  luminous but 
hot in its flowering also,
                                              rich in color 
as Venice seen by Guardi—more aflame even, 
the sky moving in a pulse,
                                                its fire breathing 
in a pulse verging on danger—mane of a lioness 
affronted.
                         That brilliance—the eye of the lion 
filled to the lids with 
flame
                  And his eyes, Turner's, that bright grey eye 
at seventy-six,
                           "brilliant as 
the eye of a child"
                                 who grew his thumbnail 
in the shape of an eagle's claw,
                                                          the better 
to use it in painting
                                     In Kirby Lonsdale, Yorkshire, 
where Turner first drew mountain-landscapes, 
                                      I found Blake's Marriage 
of Heaven and Hell—sold for two guineas, 1821 
& Turner aged 46 that year
                                                  & there I read: 
"And when thou seest 
an Eagle, thou seest a portion of genius.
                                                                         Lift up 
thy head," says Blake.
                                        These afternoons now, 
                                         late in September, 76, 
the sky, the river are lit up
at the end of Bank Street, at Bethune.
                                                                     The pavement 
trembles with light pouring 
upon it
               We are held in it. 
We smile.
                   I hold my breath to see if 
the cashier in the supermarket 
will be gentle with the old lady who cannot 
read the price-tag on 
a loaf of bread.
                            Then I breathe freely, 
for yes, she is helpful, yes, she is 
kind.
                   Outside on 
the pavement, the light pouring itself away 
is the light in the eagle's 
eye        (or the eye of 
a child)
                              (I saw it in a man's eye once: 
                              but he's dead now more than 
                              four years) 
Drawing heat out of 
surfaces,
                      the light is 
without calculation,
                                    is a munificence now, 
is justified.

new york, 1977

Hilda Morley, "That Bright Grey Eye " from To Hold in My Hand: Selected Poems, 1955-1983. Copyright © 1983 by Hilda Morley.  




-

ANDRÉS HERMANN A. [19.951]

$
0
0

HERMANN A.

Andres Hermann A. (Quito, Ecuador  1983) Poeta, ensayista y catedrático universitario. Realizo sus estudios en comunicación social, posee algunos postgrados en el campo de la educación y nuevas tecnologías. Tiene formación de doctorado en educación y gestión del cocimiento, estudiaos realizados en Ecuador, Argentina y España.

Ha sido profesor en algunas universidades del país y extranjeras, y escrito varios artículos académicos. Es articulista y parte de la revista SOPHIA de Abya – Ayala.

Actualmente es catedrático en la Universidad Nacional de Educación y profesor invitado en los post grados de la Universidad Andina Simón Bolívar. “De la levedad” es su primer libro.




De la levedad, en los tiempos de Andrés Hermann

Recorro los versos de Andrés Hermann, avenida de grafías transmutando del fuego poético al crisol existencial que la humanidad ha buscado desde el principio de su memoria. Su Ópera Prima parte de la levedad en la deconstrucción del amor, el erotismo y los demonios internos, en la no entendida tarea de ponerle nuevos nombres a las cosas. Quizá hay mucho más en la poesía, en su capacidad de signar, de dar calor, de dejarnos temblando e indefensos en los dos ritos fundamentales de su existencia: Crear, que es dejar una impronta del mismo dolor que todos sienten, vencer la levedad que cuestiona a todo autor que la busque con honestidad; y, el ceremonial maravilloso, leerla, adivinar el desgarramiento o la felicidad que la hicieron susurro sobre el tiempo y la tierra.

Hermann inicia el texto con un título escondido en las dialécticas filosóficas de los ancestros de Occidente. ‘Anamnesis’ plantea la hipótesis de que es irrenunciable volver al pasado para enfrentar y sobrevivir a un presente-futuro donde lo efímero se vuelve tan común que asusta. El poeta lo sabe y en su primer ensayo público se resiste, marca las pistas de un ser que está dispuesto a sobrevivir en el oficio de escribir.

A partir de la primera declaratoria, las palabras son arrastradas con ternura, en unos casos, y con violencia, en otros, a la furia del amor, al manto doloroso de la carne próxima lloviendo dentro y fuera del ser, cruces donde cada caricia tiene su propio calvario, como las que se siembran en una mujer muerta que se la disputa al barquero del tártaro, Caronte. Siento la muerte como una tormenta, en la que también ha naufragado en su breve existencia, quien hoy pretende ungirse como poeta. Es necesario decir que en ninguna manifestación creativa de la humanidad ha sido posible trascender sin el dolor y la muerte como mazo y cincel del alma humana, en medio de ellas el eros como bálsamo o como horca, porque a veces flotamos en el cuerpo del ser amado o veces morimos en él.

La lectura me va llevando a un destino que si bien no siempre logra el equilibrio en el pulimento de la obra, da claras señas de un obrero que si persiste en sus esfuerzos será capaz de levantar catedrales, tal vez como aquellas de la edad media que perviven con un espectro de misterio, contando historias que no siempre llegan al mismo final. Andrés, hoy oficiamos en la iniciación de tu ser poeta. Lo hacemos en la seguridad de que en ti hay la metáfora que hace del hombre poeta y del poeta esperanza.

Gabriel Cisneros Abedrabbo




Es en la nostalgia

Es en la nostalgia
que pude hallarte.

Que logré ser feliz.

Que supe asilarme en tu mirada.

Que sintiéndome muerto
regresé por ti.

Que comprendí tu ausencia.

Que descubrí que amaba mi soledad.

Que hallé la trascendencia.
que sin buscarte te encontré.



He contado a las estrellas de nuestro querer

Me duele la vida
necesito embriagarme en ti
recorrer con mi lengua tu cuerpo.

Invoco a mi dolor
tu silencio me rompe
fragmenta mi corazón.



Detengo el tiempo y acaricio la soledad

Hay un pájaro azul en mi corazón
que quiere salir pero soy duro con él
le digo quédate ahí, no voy a permitir
que nadie te vea.
Charles Bukowski


Por un momento me detengo en el tiempo:
miro a mi alrededor
la gente apresura el paso,
no se detiene.

Sumido en la rutina
me pregunto:
¿A dónde irán aquellas personas?
¿A sus hogares?
¿A los burdeles?
o ¿al encuentro con sus amantes?

Me siento más solo
abrazo el vacío
acaricio la soledad.

Siento el deseo
de asilar la agonía del tiempo.



Sentidos

Llegaste
entre incertidumbres,
para trastocar el significado
que tenía mi existencia.

Llegaste para cambiar el sentido
de mis utopías y mis luchas.



Entre lo corpóreo y lo espiritual

¿Dónde el sentido?
¿Dónde reside el límite
entre lo corpóreo y lo espiritual?
¿Amor o levedad?



Anamnesis

Sumido en la nostalgia,
preso de mis miedos
ahogado en la angustia.

Impotente de
no poder redimir
el daño causado.

quiero que sepas
que son tuyos mis besos.



La dame qui vient de mes rêves

Tú que como cuchillada
entraste a mi triste corazón.
Charles Baudelaire

La que un día fue mía
acaba de partir a su encuentro con Caronte.

Rezo una letanía
para que ilumine el tránsito de su alma.

Despojo sus prendas
para profanar su libido inerte.

En un acto resucital
se aferra a mi sexo intenso,
siento el sopor de su cuerpo
que moja mi deseo.

Vigoroso entro en su pubis
mordisqueo sus frágiles senos,
bebo la sangre que emerge de sus poros.

Me despierto agitado
Afuera la lluvia cobija
aquel manto oscuro que es la noche.




De la levedad

Tu cuerpo pecaminoso se proyecta
ante el cristal de mis ojos.

Irrumpes mi lapso etéreo
tus manos se internan en cada uno de mis poros.

Tu respiración
se confunde con mi aliento agitado.

Nuestros cuerpos
conciben una sola unidad
la lluvia cae y armoniza,
el deseo se evapora entre lo efímero
y lo complaciente.

El goce de tu libido
ha dejado de ser solamente placentero.

Busco asilo en tu mirada.



Sólo queda el aroma a tu recuerdo

A papá

Viña ciudad de mar
olor a marisco añejo,
arena la nieve que cubre la cordillera.

Costa apoteósica
la brisa había acariciado tu rostro
la tibia espuma del mar humedeció tus pies.

Exilio, desarraigo, nostalgia
la tiranía arrancó tu tierra
obligó a internarte en la sierra

La voz de la quinta región se apagó
el mar y las montañas,
testigos del ser humano,
a la estrella solitaria amó.




Luciana

Las estrellas no temen
parecer luciérnagas.
Rabindranath Tagore

Hace tiempo que no logro hallar camino,
La noche me acoge, elevo una oración
que retribuya el milagro.

Luciana
primera luz de la mañana
las estrellas no temen parecer luciérnagas.






-

MERCEDES ALVARADO [19.952]

$
0
0

MERCEDES ALVARADO

Mercedes Alvarado (Ciudad de México, 1984). Es autora del poemario Apuntes de algún tiempo (Verso Destierro, 2013) y Cuerpos Ajenos (Ed. Factor 22, 2006). Parte de su trabajo se ha publicado en revistas y periódicos en México, Portugal y Noruega. Fue reconocida con la Mención Honorífica en los XXXVI Juegos Florales Margarito Sández Villarino de Los Cabos (2008).



Chamberí

I

A veces una vuelve
y la ciudad es un montón de calles de gente adulta de edificios.

Hay en cambio ciudades – hombre
plazas que nos detienen
fuera de lo que somos
en un tiempo que huele todavía a regalices.

Miro cien veces a mi abuela en cada mujer con mascada.
No soy la niña que brinca pero las palomas son las mismas.

La memoria es esto: un silencio
en medio de la ciudad que no se avejenta.
Madrid es el tirón sobre la piel que nos deja el invierno.


II

El latir de la ciudad son mis pasos
porque voy sobre ella como quien no se fue
porque la miro como quien camina, sí
hacia dentro
más allá
del metro, los cables, los sótanos
más allá
de la historia que nos ocurrió
cuando eran sus callen quienes nos habitaban
más allá
de cuando infancia no era palabra siquiera
(porque el infante no sabe de la infancia,
ese páramo que luego
nos venden cual promesa vencida
sin política de cambios ni devoluciones)
más allá
pero mucho, muchísimo más allá
de lo que puede decir cualquier poeta.





Memoria de las caídas

(Fragmentos)

Y no era yo
ni mi sombra
ni mi luz
ni mi noche.
No eran mis ojos sangrantes
en el dibujo.
No era grava encarnada.

Esa memoria de lápiz
nunca coloreó mis formas.

No era la mancha
no el papel carcomido.
No era yo

ni mi sombra
 era una copia de mi cuerpo
en otra historia.


*


Esta niña duerme con un reloj ruidoso
y despierta pensando que la luz
no alcanza motivos para despertar.

He sido pasos de mujer
corriendo
hasta hacer de la voz un muro
luego fui quien salvó
en el miedo por conocer
una calma nunca vista.

Entonces volví a quien había sido
al tiempo en que perdí el tiempo.


*



Los escalones del puente que subo
huyendo a casa por la noche
son los únicos que saben los horarios
de los amantes que no pasan por ellos.

La sombra de una mujer que no soy
se hace una luz que hiere
en cada paso más dentro.
Sin que la mano llegue a ellas,
miro las piedras de mí.

Me falta un rincón donde el mundo vea
una intimidad no conocida
la palabra que se sabe
intuida                       fatal                risueña;
una niña qué cuidar cuando se oculta.





Las baldosas están cubiertas
y los tejados
los quicios de las ventanas
el copete de los arbustos
la escalera hacia la biblioteca
las bancas del parque
las bicicletas en el patio
los árboles
las calles que dan al puerto
las casetas en las paradas del bus
 el punto de espera en el muelle

la ciudad entera es una sola capa
antes de los peatones.





Lamento por la vida de David

No voy a llorar tu muerte, David,
porque nadie me la ha dicho.
No voy a llorar tus pasos en el desierto
(ésos que fuimos buscando
de casa en casa)
ni tu piel
bajo la península
ni tu falta de todo
             excepto de ti.

No voy a llorar, David, aunque estés
en el silencio que se adueña de cada mesa
en la angustia que nos hacemos al nombrarte.
(sobre todo cuando tu nombre se nos ausenta
en presente)

Te fuiste, David, con la noche.
Es que todos nos vamos solos porque
es imposible
estarse yendo acompañados.
Pero te fuiste, sin querer huir
sin ningún sitio
del cual irte, sin ninguna cosa
de la que despojarte, sin exilio
que te cobije
de esa distancia tuya.

Instalado en un sillón de la sala, este duelo
como visita que no se marcha,
nos mira a todas horas.
Te vamos callando
cada vez que falta tu voz
tu sentencia
tu inexacta acusación al mundo.

No voy a llorar tu andar, David,
ni la quietud constante de la incertidumbre.
No voy a decir que no vuelves
no voy a olvidar la palabra     TODAVÍA
para acompañar tu nombre
cada vez,
todas las veces que alguien pregunta.


II

Ayer pasó un hombre por la puerta de casa
descalzo
con la mirada de los que sólo saben a dónde no van
y las manos llenas de tierra.
Tenía los ojos manchados, también.
Es que los hombres pierden algo con la memoria
cuando se quedan en ese paraíso de la deriva
y se les hace en la mirada un huequito
por el que esperan que les entre algún retorno.

A veces me pregunto a solas
luego de ver tanta tierra,
tanto cerro
erizo y seco
tantos arbustos
desperdigados
tanta carretera
tanto mar;
luego de tantas noches
de tanta hambre
de tanto hablar contigo
-si es que te hablas todavía-,
cómo vas a encontrar el tiempo
para volver.

Has de tener en los ojos el mismo huequito
del hombre que caminaba por la banqueta
cuidándote
para que nadie irrumpa tu camino.


III

No sé si sepas que los días siguen pasando
que se nos han acumulado los minutos
que tus hijos van creciendo
y a tu mujer se le hace honda la mirada.

Has de haber recolectado historias
-también tú-
de ésas que se quieren contar un día
-sin urgencia -
cuando la gente pregunta qué ha sido.

Es que el tiempo se hace
entre nosotros
como un muro al nombrarte:

David.


IV

No te pido que vuelvas
-a quién se le ocurre que volver
es un acto posible –;
no se puede andar sobre uno mismo
si acaso dejar
la sal
en el camino
para que el hueco propio
nos hable de algún tiempo.

Por eso, David, no creas
que volver es una forma de hallarnos.
Ya nadie es: dejamos de sernos
tan pronto íbamos sucediendo.

Sobre todo ahora, que las fiestas
se llenaron de juegos infantiles
y las noches parecen acortarse.
Ahora, que el mundo  baila
cada cinco o seis días
y las mareas siguen llegando temprano.

Todavía no aprendo la guitarra.
Tu padre sigue hablando fuerte.
Mikael no ha dejado de comer.

Pero no, David, no trates de volver:
no estamos en quienes fuimos.


V

Esto no tiene nada qué ver con la espera
-ridícula –
de verte venir
-sobre tus pasos –
por el mismo camino

porque             TODAVÍA

(todavía,
todavía,
todavía)

nos queda muy grande el hueco
para que seas memoria.






-

TALI WEISS [19.953]

$
0
0

TALI WEISS

Tali Weiss, poeta israelí, profesora de Escritura Creativa y editora de libros. Master (M.A) en Escritura Creativa del departamento de literatura en la Universidad de Haifa. Ha publicado sus poemas en varias revistas israelíes. Publicó cuatro libros de poesía: "Siam" (1997), "Poemas tranquilos" (2010),  "Como una pluma" (2013) y "El ombligo de la noche" (2015). Es miembro de la Asociación de Escritores de hebreo en Israel.

Educación:

1998-2001: Licenciada en Comunicación y Gestión, de la Facultad de Administración en Tel Aviv, Israel.
2006-2008: Máster en Escritura Creativa, del Departamento de Literatura de la Universidad de Haifa, Israel.
2010: Curso de La Escritura de Guiones en la Academia de Cine y Televisión "Exposición" en la Universidad Abierta de Israel.

Los poemas de Tali Weiss han sido publicados en revistas literarias:

"Resonancias"– en el mes de marzo de 2016. Dichos poemas han tenido muy buenas críticas del editor Héctor Loaiza.
"Revista Almiar"– en el mes de octubre de 2016.
"MONOLITO – Revista de Literatura y Arte"– en el mes de noviembre de 2016.



Poemas de la poeta israelí Tali Weiss traducidos del hebreo al español por la propia autora.



La mano de la lengua 

Con precaución toco la pólvora
de las palabras que aún no nos atrevimos a decir
un océano de secretos escondidos.
Una vez la membrana
de los silencios cálidos se agrietó
cuando tus ojos brillaron detrás de las gafas
de soledad y me diste tu mano
para tomar mi mano.
De las palabras que entonces elegimos
de la canasta de nuestra día
unas palomas recogieron en su ruta hacia la libertad.
Toco en la pólvora
y el calor de las palabras escondidas
lagrimea de mi lengua con precaución
hacia la página fría.





Los extremos rotos

Este estaba siempre ahí
nuestra fotografía de hace siete años
oculta dolor de cinco
y evitaba la mirada
que toca adentro
y me conformaba con una limpieza rápida
del polvo de los extremos rotos.
Para el observador
Esto es visto bastante inocente.



*


Las extrañezas para ti son como las nubes pasajeras
que están cambiando sus formas y se disipan lentamente.
El pájaro que divide el corazón de la nube
no sabrá que está pasando sobre el mar del dolor.
Cada vez que el pájaro de mi alma te llama
una nube de Consuelo está pasando sobre mi
y me envuelve con las gotas transparentes
del amor.
El cielo, gracias a mis extrañezas,
es tierno y tolerante conmigo.





La lengua de las personas solas 

Misteriosa como un pájaro del desierto
confiada como un gato de casa
burlada como el sol en un día frío
es la lengua de las personas solas.
A veces ella es valiente como alpinista
y a veces se desploma como una hoja esparcida
pero siempre cruza fronteras y días
envuelta con silencio.

Cuando le hablé
descubrí dentro de mi un amor
pero nadie
lo escuchó.




EN UN UNIVERSO PARALELO

En un universo paralelo descubrimos la ternura
y la sensualidad maravillosa en el tiempo que se detuvo
al pasar por nosotros
cuando volamos por las ondas aéreas del amor
y nos olvidamos
del mundo solitario
donde vivimos en silencio.




AL TÉRMINO DEL MUNDO

Un ser humano puede ser solitario y ahogarse
en la multitud, en la plétora de palabras vacías
al término del mundo
entre los idiomas difíciles
y enredados, entre las personas
casi felices
casi tocando
un manojo de pensamientos aislados
claman la comprensión
el significado
como no hay aire para la respiración
cuando la línea de luz desaparecerá
así un ser humano podrá ser solitario
y ahogarse
dentro de sí mismo
al término del mundo.




LOS OSOS

Dentro de tu cuerpo se esconde un oso grande.
En las noches calurosas el oso sale de tu cuerpo
y me visita.
Cuando el oso vuelva a tu cuerpo
te despertarás
con algo de mi bajo tu piel.
Esta noche soñé que
brotaba de mí una osa grande
que estaba enojada
su rugido era espantoso
y no podía detenerla.
Y cuando ella volvió con su sacrificio
comprendí
que otra vez no saborearé la miel.




EL APUÑALAMIENTO

Yo era una maniquí perfecta
Todas las vestimentas que me ponían,
eran adquiridas inmediatamente
nunca me quejaba de los pinchazos
de los alfileres en mi piel.
Pero las otras maniquíes me envidiaban
y me golpeaban con furia
hasta que mi vestido se desintegrara
todas mis partes se desarmaran
y fui tirada a un rincón oscuro.
Y yo, con mi deseo obstinado de vivir
limpié los restos de la vergüenza
encerré en una caja
mi sueño de ser maniquí
y me puse a escribir poemas.




COMO NERUDA

Háblame en español
con pasión
como Neruda
hasta que me olvide de mis amarguras del lenguaje corporal
e irrumpirá dentro de mí la bailarina de flamenco
a la pista de baile
entre tus brazos apasionados.
Háblale en español
hasta que ella se quite
su vestido de muselina
y las flores rojas de su cabello
se desparramen por todas partes con deseo.
Sé generoso con tú lengua
como Neruda,
¡ámame en español!




TODAS LAS COSAS

Todas las cosas que no podía cumplir con éxito
todos los sueños que no soñaba
todos los dolores que no sentía
todas las sonrisas que no me sonreían
y todas las vidas que no estaba viviendo
hoy me guiñaron por las pantallas alejadas.
Qué raro, como si debajo de mi nariz irrumpiera
la lava hirviente de los sentimientos
cuando yo sigo el revoloteo de las alas de una mariposa
en el dorso de mi mano.




YO ESCRIBO

Yo escribo palabras suprimidas
por la distancia que hay entre tú y yo
y el amor que sentía por ti.
Y no hay emoción que no haya escrito
para consolarme con las palabras.
Pero ellas están volando
dejando versos vacíos de contenido
y es intenso el deseo de oír tu voz.
Yo escribo para escuchar
el sonido de la partida
de las palabras,
como una propagación de mi ser en el mundo.




EL OMBLIGO DE LA NOCHE

¿Qué haces
en las altas horas de la noche
cuando el viento silba temores profundos dentro de ti?
Yo repito
este temporal
escucho jazz fogoso afroamericano
de Miles Davis
bebo con fruición la última gota
de Martini Tonic con limón
aspiro oscuridad.
En las calles se oyen ruidos de soledad
la noche no desaparece con la primera luz
solo está cambiando de lugar
como en los sueños. Como en el amor.






Te construyo universos
Para que tú tengas adonde escapar
cuando tu corazón está pesado sobre este mundo.
Me preocupo por alfombrarlos con unas estalactitas hermosas  
de felicidad,
donde todo está permitido, todo está iluminado,
también el deseo más profundo
se realiza él mismo.
Si me necesitaras
me encontrarás en la habitación de trabajo
movilizo fuerzas de las estrellas.
En la vía láctea de mi amor
te construyo universos.




El pensamiento

Si tú pensaras en mí
un pomelo se caería sobre las hojas murmullando en el patio
un temblor pequeño se extendería en mi cuerpo
y una brisa placentera movería la cortina de mi habitación.
De repente aparecerías delante de mí con un destello de voz y vista
y yo me sonreiría y volvería
al silencio de mi día.




Un pájaro herido 

Pájaro herido, cuéntame
cómo llevas tú el peso de las nostalgias del cielo
cómo tu conjunto desde el final del mundo se está juntando
como un abrazo
y de dónde brota tu gorjeo compasivo, a pesar de tu herida.
Enséñame pájaro herido
a ubicar
una semilla de la luz en los fondos de la tierra,
a consolarme de la nada.





El amor estuvo en quiebra

El amor estuvo en quiebra
y me abandonó desnuda
tengo en mi mano un papel arrugado por demasiado silencio
alrededor de mí, los ventanales quebrados,
el recordatorio para el caos del corazón.
El amor no me necesita más
y es bueno así,
yo me desperté.





La sensibilidad 

Las personas sensibles se emocionan con la compañía de otras
personas.
Las palabras tiemblan
en el aire de la habitación.
Las personas sensibles se identifican con cáscaras de otros
aun en la oscuridad,
en silencio.
Con una mano delicada les tejen un velo de luz melancólica.






Este fue un abrazo oculto del secreto
que todavía no descubriste
y esta fue la mirada que se cruzó con mi mirada
que creó la luz grande entre nosotros
parece que no hay en el mundo nada más que nosotros
estamos vinculados al amor temporal
que está trepando hacia la nube pasajera
y acariciando la estrella solitaria.
Ambos en un calor del cuerpo compartido
por un momento estamos mordiendo del fruto dulzón
que está dejando en nuestras bocas el sabor del
recuerdo de nuestra juventud perdida.




-

ODYMAR VARELA BARRAZA [19.954]

$
0
0

Odymar Varela Barraza

Odymar Varela Barraza (Barranquilla, Colombia, 1967) es poeta y escritor colombiano.

Nacido en 1967 en Barranquilla (Atlántico), Varela Barraza egresado del Colegio Americano y de la Universidad del Atlántico,sus textos han sido incluidos en diversas antologías impresas y digitales, Sus poemas se han publicado en diversos periódicos y revistas, ha participado en encuentros literarios nacionales e internacionales.

En 2010 publica su primer libro de poesía El alma al orden de corte más clásico y lírico. Tras años de silencio y un largo periodo de vivencias y realidades poéticas, de todo ese materia sale su libro El sueño de existir, en el que advierte bucea en la condición cósmica del hombre. Su tercer libro de poesía, La eternidad de momentos ínfimos, revela demasiado pronto que los laberintos no tienen salida a no ser que vueles las paredes. Poemas que asfixian, poemas que no dejan entrar el aire en la garganta porque no hay tiempo para los puntos, para las comas, para las estrofas. Son poemas cuyo peso recae en el ritmo, en un ritmo brutal que hace que los poemas se sucedan unos a otros salvajemente, con la violencia de quienes saben que no tienen mucho que perder. En 2015 presenta la primera parte de la colección "Los ecos del tiempo", trilogía en forma de Plaquette una  recopilación sin un orden  cronológico establecido de su vida poética titulada La mala confluencia de los instantes en 2016 pública la segunda parte de la colección "Ajustes de la vida en color sepia"; "Romance de un sonido con su eco" escrito en paralelo es la tercera parte de la colección y recopila   poemas escritos entre el 2003 y el 2014. 

- Miembro de LLETRAFERTIS, Asociación de Escritores de Sant Boi - Miembro de ACEC (Asociación Colegiada de Escritores de Colombia) - Colaborador de Fundación Espejo como jurado de premios de poesía  - Colaborador de Retazo de arte, asociación cultural. - Colaborador del colectivo de escritores El laberinto de Ariadna. - Algunos de sus poemas han sido traducidos al inglés, rumano y francés

OBRAS DE POESÍA:

- El alma al orden  (Ediciones Az90, 2005) - El sueño de existir (Parnass Ediciones, 2010) - La mala confluencia de los instantes -Colección los ecos del tiempo) (Odradek Editorial, 2012) - La eternidad de los momentos ínfimos (Ediciones Odradek, otoño de 2014) - La mala confluencia de los instantes -Colección los ecos del tiempo) (Odradek Editorial, 2014) - Ajustes de la vida en color sepia - Colección los ecos del tiempo (Ediciones  Odradek, 2016) - Romance de un sonido con su eco, Antología personal 1998- 2015 ( Editorial Odradek 2017)

COMO ANTÓLOGO

- Ha coordinado una antología que reúne a 20 autores muy admirados por él. - La casa de los corazones rotos. Varios autores. Selección de Abel Santos. - Antología versos del Caribe Colombianos (Ediciones Odradek 2017. Próximamente)

COLABORACIONES EN ANTOLOGÍAS:

-Sonrisas del Sáhara (Parnass, 2010) -Talla G (Lalunaesmía editoras, 2011) -Vilapoética (Parnass, 2010) -premio de poesía amatoria, gozosa y erótica (Hipálage, 2011) como finalista -concurso de Microrrelatos Lorenzo Silva (Parnass, 2010),  -El camino del corazón solidario (Bohodón ediciones, 2012) -Poesía solidaria de Poesia en Acción (Odradek ediciones, junio 2013) -Poesia des dels balcons. Homenaje a Salvador Espriu (Odradek Julio 2013) -Voces desde el laberinto (Odradeck ediciones, 2013) -Poetas bajo Palabra. antologia 2014 Casa de Hierro

COLABORACIONES EN BLOGS, REVISTAS IMPRESAS Y DIGITALES:

-El lenguaje de los puños (Blog del poeta David González) -La Quimera (Revista gratuita de poesía. Argentina) -Lakúma Pusáki (Revista chilena de literatura) -Sureando-sureando (Blog de Beatriz Rodríguez) -Fragments de vida (Blog del poeta Francisco Javier Solé Ribas) -Tu cita de los martes (Blog del escritor Javier Cánaves) -Blog del poeta Manuel López Azorín -Culturalia (Programa de radio) -Pandora (Magazine de cultura) -Erosionados (Blog de poesía erótica de Adriana Bañares) -Puentes de papel (Blog del poeta y crítico José Luis Morante) -El Pulso (Diario de cultura y literatura) -Otro lunes: Revista de Literatura Hispanoamericana -Terral (Revista digital de Literatura) -Otras palabras (número 10º Aniversario) -Fundación Espejo (Revista) -Pliego de poesía Nuevas Voces de El laberinto de Ariadna. -Los libros del replicante (Blog de crítica literaria) -Insólitos (El blog que camina en el lado salvaje de la literatura).




Pelo de perro

“Hay dolores de los que
únicamente podría consolarme
la desaparición del cielo”.

Ayer murió mi perro. Le quedaban cuatro meses para cumplir catorce años. Yo siempre decía: “entre el Presidente y mi perro, me quedo con mi perro” y “entre el vecino y mi perro, me quedo con mi perro”. Pero ya no está. Ya no está. Es extraña la vida. Tuvieron que asociarse humanos y lobos hace miles de años para que él y yo nos encontráramos, aunque nosotros no cazábamos mamuts, sino pelotas de goma que le arrojaba y él me traía diligentemente, en un acuerdo silencioso que la economía mundial encontraría despreciable. En Wall Street no sabían que existía mi perro. No sabían que daba grandes saltos de alegría contra mi pecho (con grave peligro para su salud y la mía) cuando le decía: “¿Vamos de paseo, Dalí?”. Nadie se ha alegrado tanto de pasear conmigo. Ninguna mujer, ningún amigo. Tu perro cree que eres Dios aunque seas un tipo absurdo y lleno de defectos.

El perro se ha ido. Seguimos encontrándonos pelos blancos aquí y allí por toda la casa y en nuestra ropa. Los recogemos. Deberíamos tirarlos. Pero es lo único que nos queda de él. No los tiramos. Tenemos la esperanza de que si recogemos suficiente pelo, seremos capaces de recomponer al perro.

Ayer murió mi perro y la vida es menos humana.




¿Qué pasado nos separa?

Parece, mar, que luchas
-¡oh desorden sin fin, hierro incesante!-
por encontrarte o porque yo te encuentre.
Juan R. Jiménez

Sabes que no me gusta el mar, lo sabes perfectamente. No es porque no sepa nadar, no, no es nada de eso. Es porque siempre me pareció cruel. El sistema de mareas: bajamar, pleamar. Las olas, la espuma. Hay algo de cruel en todo ese ciclo, en toda esa repetición.
El mar siempre devuelve a la orilla cachivaches desagradables que la gente ya no quiere: un sillín oxidado de bicicleta vieja, latas de leche condensada, zapatos sin cordones, cordones sin zapatos, llantas, plásticos, radios inservibles. O esos cadáveres que se perdieron mar adentro y que vuelven semanas más tarde, hinchados, picoteados por las gaviotas, cuando ya nadie los echa de menos porque hasta a la pérdida se acostumbra uno.

Por eso no me gusta el mar, porque es igual que la memoria. Termina escupiéndote a la cara todo aquello de lo que quisiste deshacerte un día.




En mi casa hay una silla vacía

Esto es lo que queda del polvo
por eso, no duele al caer
por eso, no sabía distinguir
tu aliento, del aire.
Por eso, los dientes manchados
en el pecho de la almohada
tu vida despidiéndose
del pulmón izquierdo.
La distancia era eso
todo un cielo sobre el suelo
todos los días con un nido en la cabeza.
Los guantes de látex
y volar, con el ojo cerrado
el pecho en picado.
Para los pies de la cama
no hay nada
solo un libro
y hojas que arden.
Eso era
sentirse terriblemente horizontal
y sin rostro.
Si, esto es lo que queda del polvo
tu boca que asoma
de la boca de un horno.





El río equivocado de agosto

Me duele el río de agosto
equivocado, vacío
y el discurso amenazante de tu silencio.

Me duele el reloj que nos aleja del tiempo
y ese río que explora en tu piel
el sabor de Cartagena.

Me duele el agua que no mana de tu pecho
y los peces que se esconden en la noche
por temor a la oscuridad.

Me duele que Ray Charles
no nos cante Yesterday a solas
y que tu gato no me quiera hablar.

Me duele no saber deletrear
las palabras que conducen a tu nombre
y el olvido que se olvida de olvidar.

Me duele el río de agosto, equivocado, vacío.




La casa en mí

Hay una casa que vive en mí.
Abro sus puertas en los ventrículos de mi corazón
surge la luz de una historia con pasos alegres
es el tiempo una sangre insólita
que fluye desde si hasta si
como un río sin límites.
Dentro, las voces repican su adiós
mientras las celosías niegan el futuro
con una flor en el dintel.
Allí estás
igual que sombras que recorren sin parar
mis músculos y mis sentidos.
Eres el clamor de cada alvéolo
la latitud insondable de los abismos
el pálpito urgente de cualquier pensamiento.
Hay una casa que soy yo
con mis ventanas de mar y mis pasillos azules
con la penumbra de las habitaciones descreídas
con la voz en los adornos
que lloran su luz blanca
sobre recuerdos sin edad.
Hay una casa en mí
que no se describe en metros cuadrados
su medida es el rondo de una peonza incansable
su longitud la cicatriz de un horizonte
que para siempre me habita.




Mis cosas

He regresado a la habitación de los ecos.
Mi espalda se ha vuelto cuadro, jardín, profundidad.
Cada objeto exhibe la huella de un algo impreciso
que en la memoria se tiñe de luz. Medallas, libros,
extraños suvenires que alguna vez tuvieron vida,
dibujos, hojas sueltas, versos y escritos
que languidecen junto al cajón blanco,
las fotografías que nunca enmarqué y que ahora
son la palpable seña de una destrucción programada.
Todo persiste en su obstinación de muerte. Mientras
busco entre las ropas lo que mi corazón olvidó
suenan cerca
otras voces, otros silencios, otros pasos sin futuro
que no reconozco.



Mar

El mar continúa siendo un sujeto
lleno de dudas y de sal.

En él fallecen marinos
seres que desconocen su existencia
conserva canciones clandestinas
de sirenas.
No existen referencias de lo contrario.

El mar nos transparenta
con la muerte.
No hay trayecto que devore
los recuerdos
no hay artefacto triturador
de osamentas sin dolor.

Todo es dolencia
             la noche
             las sombras
             la mano
que desconozco tanto.

Comienzan a derribar los primeros escombros
cortados con las uñas de los ojos.
La arena que se filtra
de los sueños se hace polvo.

No hay más baile
             que tus ojos
apostados en la camisa.

Ya no seré de nadie
             ni tú de nadie.

Todo es arcaico
             y la despedida se nos hace
una inservible libertad.




-

GABRIELA SCHUHMACHER [19.955]

$
0
0

Gabriela Schuhmacher

Gabriela Schuhmacher. Nacida en la ciudad de Santa Fe, provincia de Santa Fe, Argentina, donde vive actualmente. Publicó en el año 2016 su primer libro de poesía “Cantos del Norte” (Editorial De l´aire, colección la Herida Fundamental). Obtuvo el 2do premio de la VI edición del Concurso Nacional de Poesía 2016 “Paco Urondo” de la Ciudad de Villa María (Córdoba): plaqueta “Todas las miradas”, con una selección de cinco poemas del corpus inédito “El perro de la infancia y otros poemas”, y así también el 2do premio de la V edición del concurso literario 2016 “Vicentín”, género poesía, de la ciudad de Avellaneda (Santa Fe) por el poema “Schistocerca paranensis (Langosta peregrina)” del corpus inédito “Puros e Impuros (Tríptico en caja entomológica)”.

Junto al músico santafesino Rubén Paolantonio integra el dúo “Palabras tocadas”, siendo el primer trabajo grabado: “Otra vuelta a la manzana”, obra de carácter interdisciplinario que reúne poesía, música y video.

Estudió artes visuales y gestión cultural especializada en artes y patrimonio cultural, transitando universidades de Córdoba, Mar del Plata y la Fundación Ortega y Gasset en Buenos Aires.

Coordina talleres interdisciplinarios de artes visuales y literatura, y como artista plástica se dedica a la fotografía experimental.






Las tierras blancas
(¿Dónde yaces, padre?)

Cuando era niño
el río estaba prohibido,
se atisbaban especies oscuras,
en mi almohada una pluma de garza
era hundida por el filo de un hacha
y una noche tuve el impulso
de llevar al río la pluma partida,
dejarla que flote.
Cuando era niño preguntaba:
¿duerme, mi padre?
y corría ligero a tu cama vacía,
cama con colchón de hebra abierta
por las aguas. Ya no cantabas:
los cauces de las tierras bajas
transgreden la blanca extensión.





Casa de barro

Salimos de la casa temprano,
mi hermano y yo,
el instinto pulsó
el momento de emigrar
tras el umbral de barro,
cáñamo y ropa tendida.
La puerta se cerró en un vaivén leve,
como todos los días,
y alguien desde su interior dijo:
será la última vez.





El olivo
(Padres, ¿por qué me han desamparado?)

Mi madre dijo, nos vamos, y yo
que jugaba en la galería con mi perro,
no entendí. El aleteo de la noche
evoca en su sordera un mismo nido.
¡Estoy bajo el olivo!, el que trajo Alcides
durante el ayuno por el regreso de su hijo.
¿No creen que debería saber
cuál es el lugar que eligieron?
Desaparecidos, acá la silla de mimbre
mira al puente de madera, a la vieja
ensenada y a los chañares, ¿qué puedo
esperar del arroyo, acaso vendrán
como las ranas y las aves más grandes,
cuando se cierre la noche? ¿Qué noche?
Mi perro no alienta apariciones
y yo sigo saludando lejos. Nos vamos,
le dije a mi perro y él me siguió.
Madre, yo sabía cruzar la cañada
con rama de olivo verde en los pies.





Coro de ánimas
Al búho del olivo

Ave negra que traspasaste un día
el descanso del padre,
violaste las leyes de tu especie
y sigues en los árboles.
Lo sabemos, prefieres la rapiña
y devorar en pleno vuelo.





Diálogo del hijo
con el coro de ánimas.

El fuego
(Oigan, ¿qué sostiene la tensión armónica?)

— Se enciende en la medida justa
que se apaga, pero desconozco
cuál es su agente inmóvil,
acá, sin padres, entre las llamas
de ancestros, arde el marrón
de la sangre después de soltar
los cactus sus paletas. No hay leña,
derribaron los árboles del camino,
las tunas serán el recuerdo
de algún fuego, el que corrió
antes que yo y regresa
sin develar qué lo mueve.
El agente increado está cerca,
en las ausencias de contrafuegos.
Trae con el polvo
la medida justa de mi padre,
el dulzor de los tunales pelados
por mi abuela, el desorden que estibó
mi madre en invierno, los pasos
circulares del amamantamiento.
—Lo sabemos, todo es fuego.





La noche avanza
con cuerpo de paloma aventada
y junto a su hermano muerto,
el hijo habla al coro de ánimas.

Cantos de cuna
(Nuestra madre nos dijo:
duerme, duerme niño hermoso
que el cielo ya bajó)

—Es aquí donde nacimos,
con resinas de pino en la cara,
bajo la cruz clavada que reza:
esta es tierra de espectros.
—Somos estrellas que anidan
en los cielos yacentes,
resignados a la suerte
de ser arrojados sin vuelo.
La muerte detiene el sentido del sueño
y cantamos despiertos
los acordes del semblante en sal,
su tumba errante.
Somos los que mecen la tierra afónica,
los lazos de sangre
destejidos entre semejantes.
—Hijos extraviados en campos de cactus,
es aquí donde vivimos, con arrullos de luces
al borde del camino,
donde las palomas se pierden sin horizonte
y el nido se rodea de voces.
—Construiremos la cuna con rosa y jazmín
pero ahora, a dormir, todos a dormir.





-

MINDAUGAS NASTARAVIČIUS [19.956]

$
0
0

MINDAUGAS NASTARAVIČIUS

Mindaugas Nastaravičius (1984). Después de graduarse en periodismo cursó Filosofía y estudios literarios. Ha publicado dos poemarios: Dėmėtų akių (De los ojos con manchas) en 2010 y Mo en 2014. Además, se dedica al teatro y colabora con diferentes compañías  y grupos artísticos de Lituania.  


Las presentes traducciones son de Dovile Kuzminskaite y María Sebastià-Sáez

http://circulodepoesia.com/2017/02/poesia-lituana-mindaugas-nastaravicius/




cita a sordas

             ella:¿y cómo me ves?
             él: la verdad es que pensaba que iba a ser mucho peor.

       De una conversación escuchada en la calle a propósito


cuando nos vimos por primera vez, después de dos
horas dijiste que no habría nada

después de un mes yo también afirmé que no habría,
y tú, yéndote, te giraste, en realidad
nada pasa

después de medio año confluimos los libros en una común
existencia–mira, algunos coinciden,
pero te parecía que esto todavía no significaba nada

después de un año miré alrededor –mira y tú que pensaste que
no habría nada, aquella noche no hubo nada,
todo empezó después

al despertarte dijiste que en nuestra vida de alguna manera
no pasaba nada, por alguna razón nada se movía, muy
tranquila estaba este agua

a la mañana siguiente te diste la vuelta, porque te pesaba la vida,
porque yo ni siquiera me acordaba que día nos habíamos visto,
qué había dicho al separarnos

el nueve de agosto decidimos salir de estas aguas:
estabas segura de que necesitábamos
una vajilla a juego

yo también me esforzaba, dije que podía
tatuarme algún pez
en la axila porque ahora todo iba a ser de nuevo

el cuatro de septiembre ya estábamos intentando distinguir
qué libros eran los tuyos y cuáles los míos, los peces
salían ya nadando de la vajilla tuya y mía

pero cuando nos vimos por primera vez, después de dos horas
abrí la boca, qué rápido
pasó este tiempo, huecos eran los segundos

sin agujerear los minutos, porque no vi cómo fluías,
porque no escuché cómo corrías afuera, torrencial año de
inexistencia

tres meses chorreando, ocho días salidos
del cauce, porque no podría decir la hora exacta




disparo desde la calle Statybininku

cuando me invitó detrás del establo Jaroslavas dijo que todo estaba
claro: que las gallinas las mataba algún gato
negro que había visto su madre

observamos el recinto sangriento, las gallinas blancas
con los traseros arañados, en las marrones la sangre
se notaba menos, pero todo estaba claro

hay que cargarse al gato, con lo cual los hombres de la calle
Statybininku, nosotros, dos chicos de doce – lo haremos
con nuestras propias manos y las madres ya no llorarán

Jaroslavas dio a elegir: o coger hachas
y esperar o hacernos arcos, en las flechas poner
un clavo y entonces todo iba a estar claro

un mediodía él estaba buscando enebros o fresnos, mientras
alrededor de los establos de la calle Statybininku buscaba hilo de estraza,
me dejó montando guardia

claro, lo aproveché: uno tras otro llevé
a casa los huevos de las gallinas ajenas, pero todavía vivas, y nada más
entrar en la cocina me hacía un gogel mogel

y al gato lo esperamos hasta que anocheció y cuando ya
no se veía nada, lanzábamos flechas porque sí hacia los establos,
hasta que una de las mías le dio a la cabeza a Jaroslavas

claro, no se murió, pero durante dos días no salió
de casa, después le llevé de la mía
un sándwich con salchichón y le pedí disculpas y ya está

luego intenté escribir sobre todo aquello, pero
como diría Jaroslavas, todo aquí está muy claro:
había que elegir hachas, por lo menos uno de nosotros

ahora estaría ausente, ya que después intenté escribir sobre todo aquello
hasta que se derrumbó la calle Statybininku, las gallinas picotearon
a los gatos hasta la muerte y estos ahora defienden a Jaroslavas



movimiento estático 

cuando tenía unos diez años un Moskvitch
amarillo atropelló a nuestro perro Topsikas

lloré un poco, pero luego ya no lloraba,
porque había que empezar a hacer algo, moverme

levanté a Topsikas del asfalto, lo llevé detrás de la casa
y me tumbé al lado, porque sabía, que había que hacer algo

tengo que cerrar los ojos, creer mucho y cuando los abra de nuevo
Topsikas respirará otra vez, respirará y respirará

cuando tenía unos quince años estaba tumbado
con mi padre junto a la hoguera, ardían nuestros ojos

y mi padre dijo que ya estaba, que su vida
se había acabado, entonces cerré los ojos

luego volví a abrirlos pero mi padre seguía
mirando la hoguera, ardían sus ojos y los de las ascuas

cuando tenía justo los veinte estaba tumbado
junto a la lápida de mi padre, no tenía fuerzas para cerrar los ojos

pensaba que ya estaba, que la vida había terminado,
me levanté y me llevé a la hoguera

pero esta noche todavía existo y sé que si de repente
abriera los ojos, nada habría cambiado,

nada se movería tampoco si abriera los ojos lentamente,
si no los abriera nunca más

por eso estoy tumbado, con los ojos cerrados, escuchándote respirar
y entonces – en paz con todo – me duermo



Mindaugas Nastaravičius „MO“

   Mindaugas Nastaravičius (g. 1984) – poetas, dramaturgas, žurnalistas. 2010 metais, laimėjęs Rašytojų sąjungos organizuotą „Pirmosios knygos“ konkursą, išleido eilėraščių rinkinį „Dėmėtų akių“, buvo apdovanotas Zigmo Gėlės premija už geriausią metų debiutą. Kūryba versta į anglų, prancūzų ir rusų kalbas.

   „Tai ji, Atmintis, nepakartojamai asmeniška ir nesumeluotu asmeniškumu universali, yra centrinė antrosios Mindaugo Nastaravičiaus poezijos knygos veikėja – įgalinanti (netgi įpareigojanti) poetą į pasaulius žvelgti giliai, atvirai, saviironiškai. Atminties nutvieksta poezija netgi liūdniausiomis akimirkomis išmoksta, o išmokusi ir mus išmokina šypsotis.

   Manau, kad nešinam unikalia lietuvių poezijoje patirtimi aštuoniolika kilometrų nuo vaikystės ir paauglystės Marijampolio Vilniaus rajone ligi „Mo“ Mindaugui Nastaravičiui įveikti buvo ne arčiau, nei Sigitui Parulskiui tuos veik porą šimtų kilometrų, kuriuos paskutinis lietuvių agrarinis poetas keliavo nuo Obelių ligi „Mirusiųjų“.

  O ir skerdžia (aukoja) Mindaugas Nastaravičius ne Sigito Parulskio (kaip dauguma postparulskinių poetų miesčionių), bet savo kiaulę. Gyvą gyvos poezijos kiaulę!
Om, skaitytojau mielas, om...“

Aidas Marčėnas
Ištraukos iš knygos

i s t o r i j a  a p i e  p r a e i t į , d a b a r t į
i r  v i s a  k i t a , k o  n e b u s

     •
ką tik tvirtai apsisprendžiau: pradėsiu
kurti, jau pirmi mano žodžiai bus
daugiau nei užrašyti žodžiai,
karvė čia nebus karvė,
jokių istorijų, tikro
gyvenimo, ką tik
viskas pasibaigė

     •
ir ką man daryti, ką man dabar
daryti, sėdžiu ir ši tyla
nieko gera nesako

    •
dabar aš noriu kurti: iš žemės išaugo
sūnus, kuris prisirišo toje pačioje
žemėje, iš sūnaus vėl išdygo
tėvas, angelas skrenda
dangum ir nieko
nesako

    •
tada nebuvo jokio gyvenimo,
tada gyvenau su karve: pririšu,
ji nuėda, kiek pasiekia, skylė
žemėje, kai ištraukiu kuolą,
kai perkeliu į kitą
vietą – dar viena
skylė žemėje

    •
dabar aš noriu kurti: karvė neateina
manęs perkelti, skauda šita
grandinė, viską seniai
esu nuėdęs, iš žemės
išdygsta tėvas,
aš graužiu
tą žemę

    •
tada aš gyvenau su karve, bet draugas
nuolat kartojo, kad geriausi
poetai yra miesto poetai,
todėl užtaisiau visas
skyles ir mudu
išėjome

    •
jos ragus aprišau grandine, mums
mojavo visokie žmonės,
baidė mano karvę,
bet mes ėjome
nesidairydami,
ėjome ir tai
nėra jokia
kūryba

    •
nuo kojų trupėjo sudžiuvęs mėšlas, atsivedžiau
karvę į katedros aikštę, ir žmonės tada
kalbėjo, kad nieko gera tai nežada,
tėvas išlindo iš žemės, ne mano,
ne karvės tėvas, angelas
skrenda į mus, ir tai
ne aš sukūriau

    •
bet dabar aš noriu kurti: mes stovėjome
ir laukėme, kol tapsiu geriausias,
triskart mylėjau, palikęs buvau
savo karvę, ji stovėjo
ir laukė manęs,
tada viskas
apsivertė

    •
aš stovėjau ir laukiau, kol ji
graužė nedygstančią žolę,
kol bliovė ant šito tėvo,
visus vienodai
mylinčio

    •
ir tada tvirtai apsisprendžiau: nieko nebus,
mudu grįžome ant savo žemės,
pririšome mano tėvą,
nes ką man reikėjo
daryti, ką
man čia
kurti

    •
dabar aš nenoriu kurti:
atgal į skyles žemėje,
atgal į gyvenimą,
viskas, bet tėvas
grandinę
nutraukęs,
angelas
žemę
graužia,
ir aš
nežinau,
kur juos
perkelti



k u r č i a s   p a s ima t y ma s

 ji: na, ir kaip aš tau atrodau?
jis: tiesą sakant, galvojau, kad bus daug blogiau.
                   Iš tyčia nugirsto pokalbio gatvėje
mums susitikus pirmąjį kartą, po dviejų
valandų ištarei, kad nieko nebus
po mėnesio ir aš pasakiau, kad nebus,
o tu nueidama atsisukai, kad šiaip tai
nieko ir nevyksta
po pusmečio jau suplukdėme knygas į bendrą
buvimą – žiūrėk, kai kurios sutampa,
bet tau atrodė, kad tai dar nieko nereiškia
po metų apsidairiau aplink – matai, tu galvojai,
kad nieko nebus, tą naktį nieko ir nebuvo,
viskas prasidėjo po to
atsibudusi ištarei, kad mūsų gyvenime kažkaip
nieko nevyksta, kažkodėl niekas nejuda, labai
ramus yra šitas vanduo
kitą rytą nusisukai, nes tau sunku gyventi,
nes aš net neprisimenu, kurią dieną mes susitikome,
ką išsiskiriant pasakiau
rugpjūčio devintą nusprendėme išbristi:
tu buvai tikra, kad mums reikia
vienodų indų
aš irgi stengiausi, pasakiau, kad galiu
išsitatuiruoti kokią nors žuvį
pažastyje, nes viskas dabar bus iš naujo

rugsėjo ketvirtą jau bandėme atskirti, kurios
knygos yra tavo, kurios – mano, žuvys
jau plaukė iš tavo ir mano indų
o mums susitikus pirmąjį kartą, po dviejų
valandų išsižiojau, kad labai greitai
praėjo šis laikas, kad kiauros yra sekundės
nepramuštos minutės, nes nemačiau, kaip suteki,
nes negirdėjau, kaip išbėgi, sraunūs
nebuvimo metai
trys varvantys mėnesiai, aštuonios išsiliejusios
dienos, nes valandų tiksliai nepasakysiu






-


PASKALIS PAPAVASILIOU [19.957]

$
0
0

PASKALIS PAPAVASILIOU

Paskalis Papavasiliou (Salónica, 1941) emigró a Viena cuando tenía 18 años y regresó a Grecia casi dos décadas después, en 1980. Es miembro de muchas asociaciones literarias (tanto europeas como griegas). Tiene publicados cuatro poemarios y ahora prepara su próxima publicación. En una selección de poemas escogidos bajo el título "Ausgewählte Gedichte" se tradujeron al alemán poemas suyos.

Su poesía refleja su niñez, los años pasados, las memorias de una Grecia diferente de la actual: niños que juegan en las parcelas de la vecindad o en las calles sin coches. Un tema recurrente en sus versos es el amor, un amor cariñoso, lleno de ternura. En sus versos, Papavasiliou, mezcla el lenguaje cotidiano con el uso de palabras olvidadas, las nociones corrientes con las excepcionales; en el mismo verso conviven palabras que han caído en desuso o un lenguaje poético y vocablos actuales.

Los poemaspresentados aquí tienen como temática común el amor. Como los versos amorosos forman el cuerpo más significativo de su producción, tengo elegidos tres poemas amorosos, o mejor dicho, cuasi-amorosos y cuatro poemas inéditos. El primer poema nos habla de un viaje, un tema preferido por muchos poetas contemporáneos; el mar, los barcos, el viaje, el eterno azul son ideas empleadas con frecuencia por los poetas griegos puesto que Grecia es un país marinero. Y, el verso final del poema nos da el amor “… más calladas que mis deseos por ti.” El segundo poema es un himno al viaje mental, al viaje del alma y del cuerpo: “Nadar en los ríos de la serenidad/Trepar el suspiro del alma…” El tercer poema nos habla del amor, del mar y de los ríos, del sol y de las playas griegas, temas muy frecuentes también en la poesía griega. Nostalgia, amor, mar, melancolía, el pasado y el presente se entretejen hasta formar una tela poética muy personal en la poesía de Papavasiliou.

Los cuatro últimos poemas (inéditos como ya mencionado), forman parte de una futura publicación suya. Papavasiliou muy cortésmente, me los envió apenas se los pedí. En esos poemas contemplamos un cambio hacia versos más cortos, en algunos casos, el verso es una sola palabra. El uso de sustantivos y adverbios es más frecuente que antes y los verbos son pocos pero fuertes. Papavasiliou, en la mayoría de los casos, no pone títulos en sus poemas, el primer verso de cada poema funciona como título también.

El amor y la nostalgia laten con sigilo en la obra de Papavasiliou. Tanto la Grecia de los años pasados como la pasión de un amante a lo antiguo, que no existe hoy en día, constituyen la esencia de su poesía.

Natasa Lambrou



*Traducción de Natasa Lambrou

http://www.lagallaciencia.com/2017/02/paskalis-papavasiliou-un-poeta-amoroso.html




Κάποιες φορές στις σιωπές
η ψυχή ταξιδεύει από τη χαρά  στη μελαγχολία       
από τη νοσταλγία στο όνειρο                        
στο απέραντο γαλάζιο πέλαγος         
με φουσκωμένα πανιά από τις θύμησες

Η καρδιά τιμόνι στο άγνωστο           
Οι χαρές στην πλώρη                                   
Οι πίκρες σκορπισμένες στο κατάστρωμα               


Την ώρα που τα σύννεφα πλαγιάζουν                      
στην κλίνη του ασημένιου φεγγαριού                      
λάμπουν τα αστέρια σαν έντονες λαχτάρες              
πιο βουβές και από τους πόθους μου για σένα         




A veces hacia los silencios
viaja el alma de la alegría a la melancolía
de la nostalgia al ensueño
a la infinita mar azul
con las velas hinchadas por los recuerdos

El corazón timón rumbo a lo desconocido
Las alegrías en la proa
Las penas sueltas sobre la cubierta

A la hora cuando las nubes se reposan
en el lecho de la luna de plata
las estrellas se iluminan como anhelos vehementes
más calladas que mis deseos por ti




Προσπαθώ
Να κολυμπήσω στα ποτάμια της γαλήνης
Να σκαρφαλώσω στης ψυχής τον στεναγμό
Και να φουντώσω ευτυχία απ'την πνοή μου
Να ταξιδέψω μ'ένα όραμα αληθινό
Και να βιγλίσω το απέραντο του πάθους
Μ'ένα πνεύμα που σαλεύει το μυαλό
Να ξεκλειδώσω την αμπάρα της ψυχής μου
Να λαμπυρίσουν τα σημεία που ζητώ
Και να βατέψω ακάματος στη σκέψη μου επάνω
Προσπαθώ



Intento
Nadar en los ríos de la serenidad
Trepar el suspiro del alma
Y estallar felicidad de mi aliento
Viajar con una verdadera ilusión
Vigilar lo amplio de la pasión
Con un espíritu que delire la mente
Abrir con llave el cerrojo de mi alma
Que resplandezcan los puntos que pido
Copular reposado mi pensamiento
Intento





Χαμόγελο

Ένα χαμόγελο απέραντο σαν πέλαγος με οδήγησε σ'εσένα
Βλέπω στο βάθος να μου γνέφουν δυο μάτια
Ματιές ανείπωτες στο βάθος της καρδιάς μου φωτίζουν τις γωνιές
Ήρθα στα χείλη του γέλιου σου ν'αράξω
Τ'όνειρο στα μάτια σου να ξεδιπλώσω
Κι αυτή την άγια ώρα επάνω στο κορμί σου ν'ακουμπήσω
Και απ'το ποτάμι της ψυχής σου να δροσιστώ
Να κολυμπήσω στα άδυτα ρυάκια του κορμιού σου
Μ'αγάπη να αναδυθώ
Να λιαστώ απ'τις αχτίδες των ματιών σου στην παραλία της καρδιάς σου
Να κυλιστώ στην άμμο του γιαλού σου
Ρέμβη αγάπης να αισθανθώ



Sonrisa

Una sonrisa amplia como mar me condujo a ti
Veo al fondo dos ojos que me hacen señas
Miradas inefables en el fondo de mi corazón iluminan las esquinas
A los labios de tu risa vine a reposar
El sueño a tus ojos a desvelar
Y a esa hora santa sobre tu cuerpo a reclinarme
Y del río de tu alma a refrescarme
A nadar en los arroyos sagrados de tu cuerpo
A emerger con amor
A tomar el sol desde los rayos de tus ojos en la playa de tu corazón
A rodar sobre la arena de tu costa
A sentir el ensueño del amor




Μία μέρα
Μια ώρα
Ένα λεπτό
Κάθε δευτερόλεπτο
μου λείπουν τα μάτια σου
ταχυδρόμοι ερώτων
Νογώ τις στιγμές των μακρινών εποχών
της αγάπης γιομάτης έρωτα 
Αναλογίζομαι  τόλμες που δεν τόλμησα
Νιάτα αλόγιστα 
Απερίσκεπτα
Εφήμερα
Όλα μια νοσταλγία δίχως απαντοχή
Τώρα
Θρήνος
Θλίψη
Πλήξη
Θρύψαλα
Σκόνη 
Ερημιά



Un día
Una hora
Un minuto
Cada segundo
me faltan tus ojos
mensajeros de amor
Me percato de los momentos de épocas lejanas
del amor lleno de pasión
Medito osadías que no osé
Juventud desconsiderada
Atrevida
Efímera
Todo una nostalgia sin expectativa
Ahora
Lamento
Tristeza
Cansancio
Trizas
Polvo
Páramo






Μίλα μου
Πες κάτι
Θυελλωδικά
Δαιμονικά
Έντονα
Έστω ψιθυριστά

Η σιωπή
Ό,τι φοβάμαι πιο πολύ
Θυμίζει πλήξη
Μοναξιά
Στεναγμούς
Θρήνους
Ρόγχους από τα τάρταρα μου
Στη σιωπή ακούω και παράξενους ήχους

Πες κάτι
Ό,τι και να πεις
είναι για μένα
αυγής ξημέρωμα



Háblame
Di algo
Tormentosamente
Bestialmente
Intensamente
Susurrando, por lo menos

El silencio
Lo que más temo
Recuerda hastío
Soledad
Suspiros
Llantos
Ronquidos de mi tártaro
En el silencio oigo también sonidos raros

Di algo
Diga lo que digas
es para mí
el amanecer del alba




Τι απόμεινε
Ο απόηχος από όσα με ενδιαφέρον πράξαμε
στους κύκλους της ζωής μας
ανάμεσα σε ταξιδιάρικα πουλιά
Τώρα καθισμένοι γύρο από το τραπέζι με φίλους
Ράθυμες συνομιλίες
με ένα ποτήρι κρασί
Ένα τσιγάρο
Ένα κενό
Αναμνήσεις από εκείνους που έφυγαν
Το παρελθόν
Το παρόν
Το μέλλον
 Και ο στόχος να μας κυριεύει ξανά



Qué más quedó
El eco de todo lo que con interés obramos
en los ciclos de nuestra vida
entre pájaros viajeros
Ahora sentados con amigos en círculo en la mesa
Conversaciones vagas
con un vaso de vino
Un cigarrillo
Un hueco
Memorias de los que se marcharon
El pasado
El presente
El futuro
Y el objetivo que nos posea de nuevo






Τούτη τη βραδιά
μήτε το φεγγάρι
μήτε η δροσιά της νύχτας
μπορούν να σβήσουν τη φωτιά
που πυρπολεί το είναι μου

Είναι οι στιγμές που χάνονται οι σκιές
και προβάλουν τα αστέρια
Πυγολαμπίδες τρεμουλιαστές
Λαμπερά ενθύμια
χαρούμενου περασμένου καιρού
που αλλοίμονο δεν θα γυρίσει πια



Este atardecer
ni la luna
ni el fresco de la noche
pueden apagar el fuego
que arde mi ser

Son los momentos en los que se pierden las sombras
y brotan las estrellas
Luciérnagas que titilan
Recuerdos brillantes
de un tiempo pasado alegre

que ay no volverá jamás









-

DIONISIOS KAPSALIS [19.958]

$
0
0

DIONISIOS KAPSALIS

Dionisios Kapsalis (Atenas, 1952) es licenciado en Filología Clásica e Inglesa (Universidad Georgetown, EE.UU) y Filología Griega Moderna (King´s College, Reino Unido). Ha publicado más de 20 libros de poesía y ensayo. Ha traducido al griego obras de Wilhelm Müller, Emily Dickinson y William Shakespeare. Su traducción de los 25 sonetos de Shakespeare se considera una de las mejores. Ha enseñado literatura en el Teatro Nacional de Grecia y ahora trabaja en el Instituto Cultural del Banco Nacional de Grecia como director.


Ha sido galardonado con el Premio Nacional de Literatura Traducida al griego y con el Premio Kostas y Eleni Uranis de la Academia de Atenas. En 2015 fue reconocido como Doctor Honoris Causa por la Universidad Aristóteles de Salónica.

Dionisios Kapsalis es uno de los pocos poetas contemporáneos que escriben poesía con métrica y rima. En una época en la que se propicia la poesía del verso libre, él opta por la versificación rimada no porque menosprecia el verso libre sino porque a él le sale más fácil y natural escribir versos rimados, según dice. A causa de esa forma rimada de sus versos muchos de sus poemas han sido musicalizados.


Su temática gira alrededor del amor y la muerte. El amor en la obra de Kapsalis resulta latente: algunas veces una sola palabra, un verso (“el dolor del corazón crea estrellas”) y eso es todo; en otros casos, este mismo amor es patente, indiscutible (“yo te quiero y temo de que te vayas”). Sin embargo, la muerte no es latente, es un tema recurrente, constante en su poesía. En el fragmento IX de su poemario “Días festivos” nos habla de la muerte que vendrá con su guadaña afilada, nos dice que quiere recibirlo en un vestido elegante y concluye: “Vendrá a la hora en la que mi luz se agobia”; esa es la hora que la vida se le (nos) escapa de las manos dejando un cuerpo cansado, un aliento derrotado y una luz que agobia parpadeando. El poema fue musicalizado por el grupo de rock “Diáfana Krina” (Lirios Diáfanos).

En su poema “Vela” la muerte está presente de nuevo en el verso “¿Papá, qué significa muero?” y en su último poema presentado hoy, “En este cielo”, la muerte le permite al poeta subir e ir hacia el más allá.

Lo que destaca en la temática de la muerte es que Kapsalis no le tiene miedo a la muerte: Kapsalis no percibe la muerte como un final irreversible, un viaje sin retorno, sino como una situación tranquila, como la calma que viene después de la tempestad. La perspectiva de Kapsalis es la de un neorromántico que busca la paz y pide la calma. Kapsalis quiere alejarse de los temas modernos y por eso da un giro hacia el romanticismo ofreciendo a sus lectores momentos escalofriantes y relajantes a la vez.

Su poesía resulta romántica por la temática, difícil por el uso peculiar de las palabras pero encantadora y fascinante por la perspectiva personal de su creador.

Aquí compartimos con todos los lectores de La Galla Ciencia unos poemas de Dionisios traducidos del griego moderno en nuestra sección de TRADUCCIONES. Os dejamos también el poema DÍAS FESTIVOS, musicalizado por el grupo de rock DIÁFANA KRINA, cuyo cantante Anestópulos murió hace unos meses, en Octubre de 2016.

Traducción:   Natasa Lambrou

http://www.lagallaciencia.com/2017/01/algunos-poemas-de-dionisios-kapsalis.html#more



Κερί

Κοίτα, ο πολικός αστέρας 
που δείχνει πάντα το Βορρά 
τα βλέπει τόσο καθαρά,
σα να είχαν όλα ξαναγίνει 
από λεπτότατη οδύνη.
Και τι θα πει μπαμπά πεθαίνω;
Μαθαίνω, αγόρι μου, μαθαίνω. 




Vela

Mírala, la estrella polar
que indica siempre al Norte
y que tan claro lo advierte,
como si se lo rehiciera todo
por un dolor muy delicado.
¿Papá, qué significa muero?
Aprendo, hijito mío, aprendo.


*


Μέρες αργίας 

Ξέρω πως θα `ρθει και δε θα `μαι όπως είμαι,
να τον δεχτώ με το καλύτερο παλτό μου.
Μήτε σκυμμένος στις σελίδες κάποιου τόμου,
εκεί που υψώνομαι να μάθω ότι κείμαι.

Δε θα προσεύχομαι σε σύμπαν που θαμπώνει,
δε θα ρωτήσω αναιδώς, πού το κεντρί σου;
Γονιός δε θα `ναι να μου πει, σήκω και ντύσου
καιρός να ζήσουμε παιδί μου, ξημερώνει.

Θα `ρθει την ώρα που σπαράσσεται το φως μου
κι εκλιπαρώ φανατικά λίγη γαλήνη.
Θα `ρθει σαν πύρινο παράγγελμα που λύνει

όρους ζωής και την αδρή χαρά του κόσμου.
Δε θα μαζεύει ουρανό για να με πλύνει,
δε θα κρατά βασιλικό ή φύλλα δυόσμου.




Días festivos

Yo sé que vendrá él y como estoy no estaré,
para recibirle en mi vestido adecuado.
Sobre las páginas de un tomo ni inclinado,
para ver que yazgo donde yo me subiré.

A universo que se ciega no rezaré,
¿y tu fila? vulgarmente no dudaré,
No habrá mi padre a decirme, vete a vestir
amanece, mi hijo, ya es hora de vivir.

Él vendrá a la hora en la que mi luz se agobia
y un poquito de calma pido furibundo.
Ya vendrá orden candente que zanjando cambia

clases de vida y la dicha tosca del mundo.
Cielo para lavarme no recogerá,
alhábega o hierbabuena no cogerá.



*



Οι ώρες απειθούν

Οι ώρες απειθούν, γίνονται μέρες, 
οι μέρες εβδομάδες.. μήνες.. χρόνια.. 
περιπολούν στους κήπους μαύρα πιόνια 
και πέφτει νύχτα σ’ όλες τις σκακιέρες. 

Κλείνουν στο σπίτι τα παιδιά οι μητέρες 
και γω που σ’ αγαπώ τρέμω μη φύγεις. 
Χτυπάω στ’ όνειρό μου, δεν ανοίγεις,
κι ο πόνος της καρδιάς γεννάει αστέρες 

διάττοντες, σε άπονο ουρανό. 
Κοίτα πως καταλάμπουν το καινό 
πεθαίνοντας κι η πύρινή τους κόμη 

αχτένιστη, φεγγοβολάει ακόμη, 
σαν ποιητές που σίγησαν ενώ 
χάλκευαν μια χαρμόσυνη συγγνώμη. 




Las horas no obedecen

Las horas días se hacen, no obedecen,
y los días semanas.. meses.. años..
en el jardín velan peones doblados
negros, en los tableros noches se hacen.

En casa a los hijos meten las madres
yo te quiero y temo de que te vayas.
Llamo a mi sueño pero tú no abres,
el dolor del corazón crea estrellas

fugaces, en un cielo indispuesto.
Mira como resplandecen lo nuevo
muriendo y con su pelo refulgente

despeinado, luce todavía,
como poetas mudos oralmente
fraguando algún perdón con alegría.



*




Στον ουρανό 

Στον ουρανό δεν έζησα ποτέ μου
κι όμως θυμούμαι κι εύχομαι το φως του
τις νύχτες όταν δέομαι του αγνώστου
θεού σε μια ζωή μεσοπολέμου.

Μονάκριβος δεν είμαι, δεν πιστεύω
πως πύκνωσε ο κόσμος για να ζήσω
για μια στιγμή θα στάθηκε πιο πίσω
ο θάνατος και μ’ άφησε ν’ ανέβω.

Ίσως η μοίρα φρόντισε να μείνω
αντίκλητος της λύπης των αιθέρων
για να τελώ των σκοτεινών εταίρων
τη μνήμη και τη δόξα τους να κλίνω.


En este cielo

Nunca antes he vivido en este cielo
pero lo recuerdo y su luz deseo
por las noches al clamar al oculto
dios en una vida siempre en conflicto.

No soy precioso, no me lo creo yo
para vivir yo, el mundo se llenó
para un instante atrás permaneció
la muerte y a subir me permitió

Quizás quisiera que quede este sino
agente de pena del remolino
de heteras sombrías para celebrar
la fama y sus glorias para conjugar.

 *Traducción de Natasa Lambrou







-


GRACIA AGUILAR [19.959]

$
0
0

GRACIA AGUILAR 

Gracia Aguilar Almendros. Nació en Albacete en 1982. Es Licenciada en Humanidades. Ha publicado poemas en varias revistas y fanzines, como Barcarola, La Siesta del Lobo, Isla Desnuda o Feria. Figura en la antología de poetas jóvenes de Albacete Generación Fanzine de Arturo Tendero y en la antología Guía de poetas de Albacete 2009. Ha obtenido el premio de Poesía Joven convocado por el Ayuntamiento de Albacete (2005). También ha sido reconocida con el Premio Jóvenes Artistas de la Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha.



POÉTICA

Soy hija de poeta, es decir, la poesía ha sido,
desde muy temprano, la forma natural de in-
tentar explicarme a mí misma. La poesía fun-
ciona también como un interruptor que puede
parar mis obsesiones, por eso, para mí, es im-
portante el ritmo, porque suplanta otro ritmo,
repetitivo y doloroso, que puede arrastrarme. A
menudo acuden versos sueltos a mi mente y me
curan. Creo en el poder de la palabra, mis poe-
mas son a veces oraciones profanas. También
creo que leer a Safo cuando empezaba a descu-
brir el cuerpo me cambió, me hizo nombrar el
deseo de otras formas.



BAILANDO CON LOBAS

Esos segundos
enloquecidos,
en los que soy tan solo movimiento.

Para dar el siguiente paso
no hay más que seguir
una cadencia más sabia que yo.

Siento la cálida respiración
de la manada,
huelo, respiro nuestra carne,
encendida y diversa.
Una mano acaricia mi pelaje
y aúllo feliz.



AUTODEFENSA

                    A Pedro Gascón, que me dijo:”Escríbelo”.

Mis guantes mienten,
bajo la lana rosa
son guantes de boxeo.

A los seis años me hicieron tomar
amargas medicinas,
queriendo así calmar la rabia
de mis defensas,
hasta ese punto llego en mis ataques preventivos.

Y sabed
que bendigo mi fuerza
y mis puños ensangrentados.

Tenía dieciocho
cuando por vez primera
intentaron violarme,
y veinte la segunda,
no pudieron, pues soy
una pequeña boxeadora
afortunada.

Nunca lo había escrito
por no ser una chica
que escribe violación o semen
y quiere ser con ello transgresora,
porque en mis poemas
lo oscuro apenas me rozaba.

Hoy escribo ansiolítico,
dolor y semen
porque conozco su sabor.

Hoy ansío un descanso entre rounds,
una voz dentro
de mí, o fuera,
que como Humphrey Bogart diga:
“Tranquila, preciosa, todo irá bien”.

Y sobre todo,
y por favor que yo,
sobre todo, que me lo crea.





FINISTERRE

Allí pesaba el cielo,
era una sábana ceñida y fría,
yo un animal boqueante.

Aquí la luz es miel untada,
y dora todo por igual.
Es sencillo formar parte de un horizonte,
cuya vastedad es la tuya.

Pero una madrugada,
a la salida de aquel bar,
me esperaba la nieve,
intentaba lamer mis muslos,
y mendigando así mi amor
callada y blanca, la ciudad
se ofreció al fin.



Aunque he permanecido
tímida en mi inmensidad
como los calamares gigantes, abisales;
hoy sé que quepo
en todos los abrazos.

Y ya no voy a cometer
con el mundo, la infidelidad
del gato que cuidadosamente,
limpia su piel
hasta que no deja rastro de nosotros.

Tengo la solución
para salir del laberinto
de casas blancas:
cruzar las puertas
en las que se escribió mi nombre.
Mi nombre, síntesis del mundo,
con tiza, en la pared.



Tienes otra materia, otros ritmos,
mas todo el mundo es una extensión
de mi y tú una de las más dulces,
ante ti siempre estoy descalza,
despeinada, recién amanecida.
Ven a mi fragilidad de pijama.
Toda piel que he tocado me ha convertido en oro,
Déjame buscarme en tu cuerpo,
lámeme el alma.



Clara, mi hermana,
primera prueba, luminosa
y cierta como un grito,
de que alguien diferente a mí,
puede quererme.

Me alejaba, yo a veces, en los libros
y también la encontraba allí,
en la palabra “rapaz”,
en toda defi nición de un cachorro,
cuando alguien dice: limpia de corazón.

Sentir cerca su olor
es saber que lo abstracto
nunca te atrapará.



Era mi sueño de ciencia ficción:
Escapábamos de esa isla rojiza
en una nave voladora,
dentro una luz rubia bañaba
los mandos.
Y nos conducía con cadencia de Chet Baker a casa.

Cómoda dentro de esta incertidumbre de pies desnudos
las huidas no preocupan si aceptas
esta continua travesía, el mundo
por un orden con patas de elefante
sostenido,
un control automático que conoce el camino,
describir todos los sabores nuevos
en gruesas libretas de viaje esta.



Hasta la madre se convirtió en barro
un barro acuoso,
frágil y sin cocer.
Y quedé sostenida
por un latido desigual, pequeño,
polivalente e incierta como célula madre:
y aún así cada vez más definible,
con un cuerpo mullido y nuevo,
anchas caderas que me sostienen,
un cuerpo que jamás pronunciará
un noli me tangere.
Camino ahora con pies de barro,
desnuda, sólida y pluvial.



He llegado a Fisterra,
la tierra donde acabo,
donde me desconozco,
el final de la Gracia Transparente.

Estoy aquí,
a punto de saltar al agua oscura,
sabiendo que crisálidas y huevos
se suceden, que nunca estaré terminada,
que he de vivir como larva perpetua.
Tatuarme el rostro no me hará más dura
y hace tiempo que las imágenes de las iglesias románicas
no son ejemplo suficiente.
(Tienes razón: tengo heridos los labios
pero los ojos no,
conservo todavía formas de contemplarte
como a un atardecer).

Estoy aquí,
mientras algo ha dorado la ciudad,
una luz antes de la lluvia,
que la hace cálida y más grande.
Allí el acantilado,
Un, dos, tres, cuatro, splass.




-

CARLOS MAZARÍO [19.960]

$
0
0

CARLOS MAZARÍO 

(Alicante, 1977) es Licenciado en Humanidades por la Universidad de Alcalá y profesor de Geografía e Historia en un instituto público. Es autor de los poemarios “Un incendio” (Groenlandia, 2015) y “Mi vida en Camposanto” (Inventa Ed., 2016), así como del blog personal “La poesía etcétera” (etceterapoesia.blogspot.com). 

Carlos Mazarío ha ganado el IV Premio de Poesía Asociación Cultural Fractal, con el libro Movilidad Exterior. El jurado resaltó su coherencia y buena construcción, siendo un libro redondo en todos los aspectos, y por su lúcida crítica a una crisis económica, y a un mundo, el del ladrillo y el de la corrupción política, que ha producido un éxodo de jóvenes hacia otras tierras. Este canto a los jóvenes emigrantes está plagado de referencias literarias y combinado con un lenguaje poético trabajado, con interesantes juegos conceptuales.



“Un incendio” (Groenlandia, 2015)


CUENTOS
CHINOS

HAY DÍAS QUE SON CLAROS
como los ojos
              / del pescado fresco,
en que la verdad luce
en el reflejo en los escaparates
de una cara angustiada. 

Son días en que el aire
se exilia en los rincones de las calles, 
deja un vacío denso
que duele, más que pesa,/ 
                 y sin embargo,
nos cuesta respirar, 
            / porque lo hacemos
casi sin interés, que ya no hay nada
que pueda mantenerlo.




HACIA INCENDIOS FUTUROS
galoparé, no os quepa la menor
duda, que mi vacío necesita
otra paz, otras tierras, 
                    / otra sangre.

Habrá más fuegos que vengan, 
                    / vibrantes,
azules, redentores,
en una ardiente huida que fecunde
hojas de un calendario inexistente,
páginas aún no escritas de un libro 
                  / insospechado.

Serán llamas como enormes palmeras,
una matriz inmensa con puntas 
                  / encendidas
que venga a liberarme de  
                 / estos días oscuros
en los que no hay certezas, 
                no hay ciencia, 
                      no hay palabras,
sólo hay tiniebla, y vago
buscando estrellas, luces
que iluminen la estancia 
                 / en que tropiezo.
Pero no,el muro está en mis ojos tapiados, 
                / y lo veo
desde su vientre, bastos costurones  
                / de yeso
cegando mi mirada.

Ante esto, dónde están 
               / los fuegos sanadores,
los incendios que un día llegarán, 
               / los volcanes
que estallan con bramido 
               / poderoso, 
las llamas
que prenden los recuerdos,
              / lo oscuro, lo maligno,
convirtiendo en cenizas el dolor,
en lluvia de pavesas abstractas
              / el pasado,
lo amado, lo que hiere.

Han de venir, vendrán;
veo su luz, a tientas, al fondo
               / de este túnel.



NUNCANADANADIE

QUÉ VA A SER DE TI,
sombra infeliz,
cuando termine todo,
cuando acabe la lucha,
cuando los ojos turbios 
          de los combatientes
estén secos 
      como lagunas tristes 
            en verano.



Mazarío, Carlos. Movilidad exterior. Albacete; Asociación Cultural Fractal, 2016.


MOVILIDAD EXTERIOR

En la sesión plenaria de los martes
la señora Ministra se encarama
al estrado, con su traje de chaqueta,
dejando en el escaño un portafolios
y un bolso de Chanel. Como es debido
saluda al Presidente y se dirige
en discurso leído a sus colegas,
y con gran desparpajo
acuña en un momento dado el término:
movilidad exterior.

                                   Su puta madre.



REY

Ahora vuelves
a la que nunca dejó de ser tu casa
—la llamabas así, recuérdalo,
voy a comer a casa, me decías—,
pero entonces regresas
y tu cuerpo es extraño en una cama
de noventa, con sábanas que huelen
a adolescencia, con la ventana triste
por la que ves las bragas color carne
de la vecina en el patio de luces
tan oscuro, y hoy todo te molesta,
te molestan los gritos de tu madre
y el ruido de la tele, la cisterna
con su goteo atávico,
el gotelé amarillo y la cenefa
de frutas y pucheros, los ronquidos
en el insomnio negro en que te ensañas,
y te dices me tengo que marchar.

Marchar a dónde, rey.

Qué hueco tan profundo
tener que irse y no saber a dónde.



RADIO

Tal vez no ira, pero algo parecido,
una concentración de odio prehistórico,
la bilis de un dragón, la sangre enferma
de mil generaciones de paganos,
una explosión atómica en el vientre
oyendo las noticias.



DÍAS ROJOS

Qué humillación abrir cada mañana
los ojos, y no hallar
más que el mismo almanaque en la cocina
lleno de días rojos, y tu madre
que ya no te sostiene la mirada.



LOS PERROS

Ahora no tienes más ya
que la sombra del hueco de tu mano,
y tus días son tiempo,
y el pasado no existe,
y el futuro tiene el color exacto
del fondo de los ojos de los muertos.

Has de marcharte ya. Tienes la puerta
como equis en los mapas,
y tus conversaciones se llenan de maletas.

Has de marcharte ya, pero no lo haces:
huelen los perros tu miedo a partir.



MOEBIUS

Ves circular maletas con los ojos cansados
y temes haber perdido la tuya,
pero no, esa es,
la que desborda títulos, y tiene
el color del fracaso y las noches en vela.



DEUTSCHLAND ÜBER ALLES

Alemania desfila
a ciento treinta y cinco kilómetros por hora
al otro lado de la ventanilla.

Yo conduzco, tú callas a mi lado.

Montículos de nieve endurecida
se van quedando atrás de forma sincopada,
con ritmo subrayado
por el diapasón del limpiaparabrisas.

Al helarse, la nieve se encoge y se comprime.

El corazón se hiela también, también se encoge
en esta carretera tan moderna
que no limita la velocidad
de nuestra huida a lo desconocido.



C.V.

Lo prudente sería
enviar formularios, apuntarse a academias,
tener un cierto colchón económico,
buscar lazos de afecto —conocidos
de amigos de amigos de conocidos—,
una casa con alquiler barato,
un entorno no hostil.

Estamos condenados
a una audacia rayana al despropósito.



DIÓGENES

Dame un libro y un sitio donde huela
a tu sexo. No necesito
más.



LE PARADISE

Extrañeza de sentirse a un tiempo
expulsado y querido.
También tenemos ocasión de reírnos
aquí fuera, aunque el llanto
nos crezca de las manos como dos hormigueros,
corales a la vez fecundos y dañinos,
con su sabor a sangre
y su dulzor.
Esta vez el paraíso son los otros
                                                                 países.



PERSPECTIVA AÉREA

En verano volvemos.  Todavía
están los padres y están los abuelos,
y los amigos nos echan de menos,
reconocemos al llegar olores
y entendemos aún
cada conversación y cada broma,
recuperamos hábitos
que nunca hemos perdido, están bien instalados
en nuestro subconsciente, no se olvidan,
pero al otro verano
nos extrañamos cuando alguien dice algo
arrancado al slogan de un anuncio, o se cita
a una nueva famosa de la tele,
y las zonas de sombra van creciendo,
mueren nuestros abuelos, nuestros padres
se van volviendo ancianos, los amigos
tienen nuevos amigos, nuestros hijos
confunden a sus primos, a los que no ven nunca,
y un verano
no encontramos fecha en la que venir
entre los campamentos y el trabajo,
la invitación a una boda en Bruselas
y otras inmediateces, y ese aire
que nos separa tiñe todo de azul
a lo lejos,
volver ya no es volver,
es sólo ir.



SILENCIO

Se perderán tu sangre y tu apellido,
y tu idioma caerá
como caen en un bosque solitario los árboles,
sin nadie que lo escuche.



EXPORTACIÓN

Compro la fruta en el supermercado
de un suburbio de Lieja. Últimamente
acostumbro a mirar la procedencia
de todo lo que compro. A tres cincuenta
el kilo de naranjas de Valencia. Me llevo
cinco euros de una fruta que nunca me ha gustado
demasiado. Ya en casa
le quito la camisa y, con la precisión de un cirujano,
voy sacando los gajos jugosos, que, en la boca,
con textura de ostra y gusto dulce,
se transforman en algo diferente
a lo que conocía. No es naranja
lo que he comido hasta llegar aquí,
a este supermercado de un suburbio
de Lieja.
                   Qué metáfora.



CAUCHEMAR

Se me viene a la mente en el insomnio
una imagen: una vasta extensión de leche quieta.
De repente
una gota
de petróleo
muy densa.

Así mi corazón en el exilio.



DOS PATRIAS

Tengo en las reuniones
la palabra en la boca y la mirada esquiva,
persigo en los diales Radio 5
y consumo la prensa nacional que me llega
con ansia de tirante en primavera.
En los supermercados
miro las etiquetas como un analfabeto.
Cuando visito al médico
gesticulo con trucos de actor sobreactuado.

El silencio en la noche me da aliento a los días.

En su cuarto, mi hija pequeña duerme
y sueña ya
la mañana siguiente en una lengua extraña.



ALIEN

Sentir como una piel extraña el mundo
que te rodea, ver con ojos vanos
la espesura del bosque, y no encontrar
casa a la que volver.



LISTAS INFINITAS DE VIVOS

                   Lápidas, tumbas con nombres, listas infinitas de muertos.
                                                                       A.M.M.

Pretendéis reducirnos a una cifra,
son veinte, treinta mil,
¿qué proporción es esa
entre cuarenta y cinco millones de personas?
Pero todos tenemos una cara, unos ojos
que lloran, tenemos todos
una vida y el afán de vivirla.
No somos estadísticas. Somos, acaso,
una mujer, un hombre
con la extraña manía de pensar.
También los muertos
son una multitud en términos históricos,
muchos más que vosotros, pero no nos imponen
su visión esquelética del mundo,
la dictadura de su mayoría.
No somos cifras. Yo soy Juan Rodríguez,
arquitecto, poeta, treinta y dos años,
y me echáis al destierro, a mí y a tanto.

Que empiece la revuelta.



NO LUGARES

Nos encontramos bien en aeropuertos,
pues no tenemos patria
y nuestro nombre es Nadie.



ATLAS DEL FUTURO DEL MUNDO

Un barco con bandera de Malasia
llega al puerto de Le Havre una tarde de junio.

Un puzzle de containers de colores
comidos por el salitre y el sol
es desmontado por la garra experta
de las grúas mecánicas.

La carga declarada: ropa cara
de marcas italianas y francesas,
material deportivo hecho por niños,
tecnología punta obsolescente.

La carga clandestina: imitaciones
de marcas italianas y francesas,
material deportivo hecho por niños
y el cadáver de doce polizones.



MANIOBRAS PARA EVITAR LA EXTINCIÓN

El tigre de Siberia se ha asentado
en la zona desmilitarizada
entre las dos Coreas,
la región más inhóspita del mundo
para la vida humana.

Asolado en su tierra,
se desplazó kilómetros en busca
de este refugio de zanjas y alambres
iluminado algunas noches
por fuegos nucleares de artificio.

Le acompañan allí
el leopardo de Amur, y otras especies
inencontrables en el resto del mundo.

El lince ibérico
merodea Melilla.



CEMENTERIO DE COLLIURE

                 ¿Oyen los muertos lo que los vivos dicen luego de ellos?
                                                                                                      L.C.

En Colliure reposa
el esqueleto macerado en lágrimas
del poeta que murió de tristeza e ignominia
hace ya tanto tiempo
                    que ahora lo conmemoran
                                             incluso sus verdugos.


MARGEN IZQUIERDA

Te recibe
el humo insano de las chimeneas
que se adentra en tus ojos
a través de las fosas nasales, y te incita
a llorar, a ti que no lloraste
mirando el bulto inmóvil de tu madre
alejándose
bajo el reloj parado en la estación.



MOVILIDAD INTERIOR

Ahora ya no están más, pero hace poco tiempo
—tus padres lo recuerdan—
Madrid sumó al millón y pico de cadáveres
las sombras de varios cientos de miles
más, que no valían nada,
que no tenían nada
más que hambre y la fuerza de sus manos
con las que construir casas insólitas,
desventrar cuevas para guarecerse
—recuerda, fue en Madrid, hace no tantos años,
tus padres lo recuerdan, gente en cuevas,
gente en el barro sucio del Jarama,
la ciudad que crecía como un órgano enfermo,
como la espuma glauca de un océano turbio—
y la burla continua,
y los analfabetos perdidos en los túneles
del metro, y los niños hambrientos
comiendo de un puchero mientras se despiojaban
con sus ojos de niño desterrado,
hace no tanto tiempo,
Madrid, tantos cadáveres
mirando por encima del hombro a sus espectros,
recuérdalo, tus padres lo recuerdan.




-



JAUFRÉ RUDEL [19.961]

$
0
0

Muerte de Jaufré Rudel. Biblioteca Nacional de Francia.


Jaufré Rudel

Jaufré Rudel de Blaye, en occitano original Jaufrés Rudèls de Blaia (h. 1113 en Blaye - h. 1170), trovador y poeta aquitano en lengua de oc.

Llamado "el príncipe de Blaye", villa cercana a Burdeos, en el estuario del Garona, de la que fue señor, era un caballero de la corte de Leonor de Aquitania originario de Saintonge y estuvo relacionado con Alfonso Jordán de Tolosa y con Hugo Bruno VII de Lusignano. Participó en la Segunda Cruzada (1147-1149), organizada por el rey Luis VII de Francia. Según la leyenda, habría oído hablar de la princesa de Trípoli (Libia) y se enamoró de oídas, pero perdidamente, de ella. En el curso de la Segunda Cruzada cayó muerto en los brazos de la princesa de Trípoli.

Escribió chansons de amor en que habla de «L'amour de loin» (amor lejano), es decir, el amor imposible y sin esperanza, celebrando quizá a la condesa Hodierna de Trípoli, una dama de buen linaje e inaccesible, o según otros a Melisenda, hija del conde Raimundo I, descendiente de los condes de Toulouse, y de Hodierna de Jerusalén, hija a su vez de Balduino du Bourg y de la princesa armenia Morfia; de ella habría oído hablar a algunos peregrinos de Antioquía. Parece que falleció realmente de amor por una dama establecida en Oriente y que, por razones materiales o psicológicas, este amor fue un amor imposible, amour de loin o, en su nativa lengua provenzal, («amor de lonh» o «amor de terra londhana»). Han subsistido seis, según otros ocho poemas de Rudel, de los cuales cuatro poseen notación melódica. Fueron editados por el medievalista Alfred Jeanroy.

La leyenda

La leyenda se recoge en una de las numerosas rasós o vidas de trovadores provenzales que se han transmitido, y dice así: enamorado de oídas, empezó a escribir poemas a esta musa según las reglas del amor cortés, una de las cuales era no mencionar el nombre de la dama. Como su pasión crecía y no se menguaba, se le hizo necesario hacer tan largo viaje para ir a cantarle sus sentimientos de tú a tú, pero el trayecto era largo y costoso, y Jaufré era pobre y además tenía una salud precaria. Se propuso por lo menos que ella supiera de él y confió sus escritos a los caballeros que partían a Tierra Santa y les hacía prometer que los harían llegar a las manos de Melisenda. Tardó años, pero logró ahorrar lo suficiente para embarcarse y conocer a la protagonista de sus pensamientos a la que dedicaba cada verso que escribía.

Se embarcó en Marsella en una nave templaria; pero su salud ya se había quebrantado mucho y las penurias de la travesía le dieron la puntilla; llegó gravemente enfermo a Palestina. Aun así, arribó a Trípoli y se acercó al palacio pidiendo audiencia con la condesa, pero los guardias se rieron de él y le dieron largas. Su insistencia hizo, sin embargo, que la señora supiese de su presencia y murió en sus brazos, como cuenta la vida anónima:

Él enfermó estando en la nave, y fue llevado a Trípoli, a un albergue y tenido por muerto. Se lo hicieron saber a la Condesa; y ella fue a él, hasta su lecho y lo tomó entre sus brazos. Y él supo que era ella, que era la Condesa y al momento recobró el oído y la respiración, y loaba a Dios que la había mantenido con vida hasta que la hubo visto. Y así él murió entre sus brazos. Y ella lo hizo sepultar con gran honor en la casa del Temple. Y luego, en aquel mismo día, ella se hizo monja, por el gran dolor que sentía por la muerte de él.

La leyenda de Jaufré Rudel les resultó un tema irresistible a los poetas del Romanticismo. Escribieron sobre él Ludwig Uhland, Heinrich Heine, Robert Browning (Rudel to the Lady of Tripoli) y Giosuè Carducci (Jaufré Rudel). Algernon Charles Swinburne retomó este tema constantemente desde su The Triumph of Time, en The Death of Rudel y en Rudel in Paradise (también titulado The Golden House) . Inspiró la pieza teatral de Edmond Rostand La Princesse lointaine (La princesa lejana) y la ópera L'amour de loin de Kaija Saariaho, sobre libreto de Amin Maalouf. También el compositor mexicano Ricardo Castro estrenó en 1906 una ópera sobre el tema titulada "La Leyenda de Rudel",con libreto de Henry Brodi. En 1926, sir Nizamat Jung Bahadur, de Hyderabad, escribió también un poema de épica culta sobre este tema, Rudel of Blaye. Recientemente, José Guadalajara ha realizado una versión de esta leyenda bajo el personaje de Jorge de Rudelia, trasunto de Jaufré Rudel, en su novela histórica El alquimista del tiempo (2015).

Obras

Belhs m'es l'estius e·l temps floritz
De monte lapis 
Lanqand li jorn son lonc en mai 
Lan quan lo temps renovelha 
No sap chantar qi so non di 
Pro ai del chan essenhadors
Qan lo rius de la fontana 
Qand lo rossignols el foillos 
Qui non sap esser chantaire 




Jaufre Rudel. El amor de lejos

Un trovador enamorado en la distancia: El amor de lejos

Que nadie de mí se asombre:
amo a quien jamás me verá
Otro amor en mi corazón no hay
salvo el de una dama que jamás he visto
Ninguna alegría me regocija
Ni sé qué bien me vendrá.


En la corte de Leonor, en Aquitania, había un trovador, Jaufre Rudel. Tan delicadas eran sus canciones que las damas y doncellas no se cansaban de escucharlo. Más de una, entemecida, le lanzaba insinuantes miradas, pero, Jaufré Rudel permanecía solitario. Soñaba con un amor ideal. 

Tengo una amiga pero no sé quién es, pues jamás a fe mía la vi... y mucho la amo... Ninguna alegría me place tanto como la posesión de este amor lejano.


Hodierna de Trípoli

Jaufré estaba enamorado de la condesa de Trípoli. Decían (los cruzados) que era una de las mujeres más bellas del mundo. Jaufré no sabía cuánto exactamente porque nunca la había visto, pero esto no impedía que le enviara larguísimos poemas de amor. Le escribía "cantos al amor lejano" es decir, chante d`un amour de lonh. 
Finalmente, ella lo invitó para que la conociera, pero él vio el bello rostro de la dama una sola vez... dice la leyenda:

Él enfermó estando en la nave, y fue llevado a Trípoli, a un albergue y tenido por muerto. Se lo hicieron saber a la Condesa; y ella fue a él, hasta su lecho y lo tomó entre sus brazos. Y él supo que era ella, que era la Condesa y al momento recobró el oído y la respiración, y loaba a Dios que lo había mantenido con vida hasta que la hubo visto. Y así él murió entre sus brazos. Y ella lo hizo sepultar con gran honor en la casa del Temple. Y luego, en aquel mismo día, ella se hizo monja, por el gran dolor que sentía por la muerte de él.

La princesa lejana de Jaufre Rudel.




 En mayo cuando los días son largos de Jaufré Rudel 


I   En mayo cuando los días son largos,
    me es agradable el dulce canto de los pájaros de lejos
    y  cuando me he separado de allí,
    me acuerdo de un amor de lejos.
    Apesadumbrado y agobiado de deseo
    voy de modo que el canto ni la flor del blanco espino
    me placen más que el invierno helado.

II  Nunca más gozare de amor
    si no gozo de este amor de lejos,
    pues no sé en ninguna parte, ni cerca ni lejos,
    de más gentil ni mejor.
    Su mérito es tan verdadero y tan puro que
    ojala allí, en el reino de los sarracenos
    fuera llamado cautivo por ella.

III Triste y alegre me separare
     cuando vea este amor de lejos,
     pero no sé cuándo lo veré,
     pues nuestras tierras están demasiado lejos.
     ¡Hay demasiados puertos y caminos!
     Y, por esta razón, no soy adivino…..
     ¡Pero todo sea como Dios quiera!

IV El gozo me aparecerá cuando le pida,
     por amor de Dios, el amor de lejos;
     y, si le place, me albergare cerca de ella,
     aunque soy de lejos.
     Entonces vendrá la conversación agradable,
     cuando, amante lejano, estaré tan próximo
     que con hermosas palabras gozaré de solaz

V   Bien tengo por veraz al Señor,
     gracias a quien veré el amor de lejos;
     pero por un bien que me corresponda,
     tengo dos males, porque de mi está tan lejos…..
     ¡Ay! ¡Ojala fuera allí peregrino
     de modo que mi báculo y mi manto
     fueran contemplados por sus hermosos ojos.


VI Dios, que hizo todo cuanto va y viene
     y sostuvo este amor de lejos,
     me de poder – que el ánimo ya lo tengo –
     para que en breve vea el amor de lejos,
     verdaderamente, en lugar propicio,
     de modo que la cámara y el jardín
     me parezcan siempre palacio.

VII Dice verdad quien me llama ávido
      y anheloso de amor de lejos,
      pues no hay otro placer que tanto me guste
      como el gozo del amor de lejos.
      Pero lo que quiero me está tan vedado
      porque mi padrino me hechizo
      de modo que amara y no fuera amado.

VIII ¡Pero lo que quiero me esta tan vedado!....
       ¡Maldito sea el padrino

       que me hechizo para que no fuera amado!



Belhs m'es l'estius el temps floritz 

Belhs m'es l'estius e'l temps floritz,
Quan l'auzelh chanton sotz la flor,
Mas ieu tenc l'ivern per gensor
Quar mais de joy m'i es cobitz,
Et quant hom ve son jauzimen
Es ben razos e d'avinen
Qu'om sia plus coyndes e guays.

Er ai ieu joy e suy jausitz
E restauratz en ma valor,
E non iray jamai alhor
Ni non querrai autruy conquistz,
Qu'eras say ben az escien
Que selh es savis qui aten
E selh es fols qui trop s'irays.

Lonc temps ai estat en dolor
Et de tot mon afar marritz,
Qu'anc no fuy tan fort endurmitz
Que no'm rissides de paor.
Mas aras vey e pes e sen
Que passat ai aquelh turmen,
E non hi vuelh tornar ja mays.

Mout mi tenon a gran honor
Totz selhs cui ieu n'ey obeditz
Quar a mon joi suy revertitz:
E laus eu lieys e Dieu e lhor,
Qu'er an lur grat e lur prezen,
E, que qu'ieu m'en anes dizen,
Lai mi remanh e lay m'apays.

Mas per so m'en sui encharzitz,
Ja non creyrai lauzenjador:
Qu'anc no fuy tan lunhatz d'amor
Qu'er no'n sia sals e gueritz.
Plus savis hom de mi mespren,
Per qu'ieu sai ben az escien
Qu'anc fin'amors home non trays.

Mielhs mi fora jazer vestitz
Que despolhatz sotz cobertor
E puesc vos en traire auctor
La nueyt quant ieu fuy assalhitz.
Totz temps n'aurai mon cor dolen,
Quar aissi's n'aneron rizen,
Qu'enquer en sospir e'n pantais.





I enjoy the Summer and the flowers' season
when birds sing below the flowers,
but I find Winter more pleasant
because I am granted joy,
and when one envisions his pleasure
it is a good and solid reason
for him to be kinder and merrier.

Now I have joy, and I am merry
and am restored in my worth,
and I shall never turn elsewhere
nor shall I covet other people's conquests
because now I know for sure
that he is wise who waits
and that he is a fool who loses his patience.

For a long time, I was in pain
and oblivious to what happened to me
and I was never so fast asleep
that I couldn't wake up for fear.
But now I see, and judge and feel
that that torment is over
and I don't ever want to be back to it.

They very much congratulate,
all those whom I have listened to
because I am back to my joy:
and praises be both to god and to them
who have their merit and their meed.
And, whatever I went about saying,
I rest and am satisfied there.

And, since I am exalted,
I shan't believe any slanderer:
I never was so far from love
as much as I am safe and healed now.
Even those wiser than me are wrong
because I well know for sure
that a perfect love doesn't betray anyone.

I'd better go to bed dressed
than naked under the covers
and I can produce as evidence
the night I was assaulted.
I shall always grieve about it,
because they went away laughing, like that,
while I still sigh and repine about it.




Lanqand li jorn son lonc en mai

Lanquan li jorn son lonc en may
M'es belhs dous chans d'auzelhs de lonh,
E quan mi suy partitz de lay,
Remembra'm d'un' amor de lonh.
Vau de talan embroncx e clis
Si que chans ni flors d'albespis
No-m valon plus que l'yverns gelatz.

Be tenc lo Senhor per veray
Per que formet sest' amor de lonh,
Mas per un ben que m'en eschay
N'ai dos mals, quar tant suy de lonh.
A! quar no fuy lai pelegris,
Si que mos fustz e mos tapis
Fos pels sieus belhs huelhs remiratz!

Be'm parra joys quan li querray,
Per amor Dieu, l'ostal de lonh,
E, s'a lieys platz, alberguarai
Pres de lieys, si be'm suy de lonh,
Qu'aissi es lo parlamens fis
Quan drutz lonhdas et tan vezis
Qu'ab cortes ginh jauzis solatz.

Iratz e dolens m'en partray,
S'ieu no vey sest' amor de lonh.
No'm sai quora mais la veyrai,
que tan son nostras terras lonh.
Assatz hi a pas e camis,
e per aisso no'n suy devis.
Mas tot sia cum a lieys platz.

Jamai d'amor no'm jauziray
Si no'm jau d'est' amor de lonh,
que mielher ni gensor no'n sai
ves nulha part, ni pres ni lonh.
Tant es sos pretz ricx e sobris
Que lai el reng dels Sarrasis
fos hieu per lieys chaitius clamatz.

Dieus que fetz tot quant ve ni vay
E formet sest'amor de lonh
Mi don poder, que cor be n'ai,
Qu'ieu veya sest'amor de lonh,
Verayamen en luec aizis,
Si que las cambras e'l jardis
Mi resemblo novels palatz.

Ver ditz qui m'apella lechay
e deziros d'amor de lonh,
que nulhs autres joys tan no'm play
Cum jauzimen d'amor de lonh.
Mas so qu'ieu vuelh m'es tant ahis,
Qu'enaissi'm fadet mos pairis
Qu'ieu ames e nos fos amatz.





During May, when the days are long,
I admire the song of the birds from far away
and when I have gone away from there
I remember a love far away.
I go scowling, with my head down
so much that songs and hawthorn flowers
aren't better, to me, than the frozen Winter.

I trust the Lord's fairness
in having formed this faraway love,
but for each consolation I achieve
I get two ills, because I am so far away. 
Ah! Why didn't I go there as a pilgrim,
so that my staff and hooded cloak
would be beheld by her beautiful eyes!

It will certainly feel like joy when I ask her,
for the love of god, to be hosted;
and, if she likes it, I shall lodge
near her, although I come from far away.
Conversation is so pleasant
when the faraway lover is so close
that he would long to be welcome with kind intentions.

Sad and pained shall I depart
if I don't see this faraway love.
I don't know when ever I shall see her,
so far away our countries are.
So many are the crossings and the roads
that I can't tell.
But be everything as she likes it.

Never shall I enjoy love
unless I enjoy this faraway love,
since I don't know of a better and worthier one
anywhere, near or far away.
So abundant and sovereign her merits are
that down there, in the Saracen's realm,
I wish I were held in thrall for her sake.

God, who created all that comes and goes
and shaped this faraway love,
give me strength, since I already have the intention,
so that I see this love far away
in reality and in a fitting place
so that rooms and gardens
shall seem to me to be new palaces.

He is true who calls me grasping
and longing for a faraway love
since no other merriment pleases me as much
as enjoying a faraway love.
But that which I want is denied to me
since my godfather made it so
that I love and am not loved.





-

Viewing all 7276 articles
Browse latest View live