
MARIA CARPI
Nació en Guarapé, Estado do Rio Grande do Sul, BRASIL en 1939. Poeta, Abogada, Magistrada estatal. Reside em Porto Alegre.
PREMIOS RECIBIDOS:
- Prêmio Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) Revelação em Poesia
(1990) pela obra “Nos Gerais da Dor”;
- Prêmio Erico Verissimo da Câmara Municipal de Porto Alegre/RS (1991),
- Prêmio Açorianos de Literatura na categoria poesia pela Secretaria
Municipal de Cultura de Porto Alegre/RS (1996) pela obra “Os Cantares da
Semente”;
- Menção Honrosa no Prêmio Casa de las Américas/Cuba (1999) pelo inédito “As Sombras da Vinha”
- Finalista do Prêmio Jabuti/2001 da Câmara Brasileira do Livro, categoria
Poesia, pela obra “A Migalha e a Fome”
BIBLIOGRAFÍA (OBRA INDIVIDUAL):
- NOS GERAIS DA DOR, 1990. Movimento, Porto Alegre.
- DESIDERIUM DESIDERAVI, 1991. Movimento, Porto Alegre.
- VIDÊNCIA E ACASO, 1992. Movimento, Porto Alegre.
- OS CANTARES DA SEMENTE, 1996. Movimento, Porto Alegre.
- A MIGALHA E A FOME, 2000. Editora Vozes, Petrópolis/RJ
ANTOLOGÍAS:
- PEQUENA ANTOLOGIA, 1992. Coleção Petit POA. Secretaria Municipal de Cultura/POA, 199
- CADERNO DAS ÁGUAS, WS Editor, Porto Alegre/RS, 1998
Extraídos de
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA
Org. y traducción de Xosé Lois García
Santiago de Compostela: Edción Loiovento, 2001.
EN LO COMÚN DEL DOLOR
POEM a 27
Si un pájaro no tuviese alas,
sería uma bala deflagrada, alta
noche, cirio incendiado, pero un
insustentable sollozo en el mar, si
un pájaro no tuviese alas, se
arrojaría contra la soledad,
contra el peso, contra la losa de
si mismo, hasta que la inmensidad
exiliada estuviera, dentro,
desmedida, revuelta, sin alas.
Nos Gerais da Dor, 1990.
POEMA 7 DEL CANTO A LA FRUTA
DESIDERIUM DESIDERAVI
Sé con plena exactitud
todo lo que no sé. Amo
con pasión extrema todo
lo que no amé. En vez de
anunciar, voy a cumplir un
rostro en la multitud. Reunirlo.
No como las frutas en um cesto,
pero como las simientes en el fruto.
Desiderium desideravi, 1991
LOS PANES
Yo soy hija del interior
donde los panes no fermentan
con cúmulos del azar,
sino con artesanal virtud
desde la luz del trigo
a la luz del hambre. Donde la
harina y el agua están
a la flor de piel. Donde no
se prepara el grano
para la boca, sino que la boca
madura para el grano.
El trigo de allí no sube,
sino que desciende de entre nosotros.
El pan de allí no sólo
sustenta, sino que profiere
la palabra que duerme en el
apetito. El pan escucha.
Videncia e acaso, 1992.
POEMA 29 –
SIMIENTE EM MI
Un hálito de estación fugada,
de madurez dejada
a la ventana, impone templanza
en mí, en igualdad
de piel, porque ojos
no me vieron, ni manos
me cogieron. Las uvas
donde el tiempo espuma.
Os Cantares da Semente, 1996.
NOS GERAIS DA DOR
POEMA 27
Se um pássaro não tivesse asas,
seria uma bala deflagrada, alta
noite, tocha incendiada, mais um
insutentável soluço no mar, se
um pássaro não tivesse asas, se
arremessaria contra a solidão,
contra o peso, contra a laje de
si mesmo, até que a imensidão
exilada lhe estivesse, dentro,
desmedida, revolta, sem asas.
Nos Gerais da Dor, 1990.
POEMA 7 DO CANTO À FRUTA
DESIDERIUM DESERAVI
Sei com exatidão plena
Tudo o que não sei. Amo
com paixão extrema tudo
o que não amei. Em vez de
anunciar, vou cumprir um
rosto na multidão. Reuni-lo.
Não como as frutas num cesto,
Mas como as sementes no fruto.
OS PÃES
Eu sou filha do interior
onde os pães não levedam
com acúmulos do acaso,
mas artesanal virtude
desde a luz do trigo
à luz da fome. Onde a
farinha e a água estão
à flor da pele. Onde não
é o grão que se prepara
para a boca, mas a boca
que amadurece para o grão.
O trigo dali não sobe,
mas desce-entre-nós.
O pão dali não apenas
sustenta, mas profere
a palavra que dorme na
aparência. O pão escuta.
Videncia e acaso, 1992.
POEMA 29 –
SEMENTE EM MIM
Um bafo de sazão fugada,
de madureza deixada
a esmo, põe temperança
comigo, em igualdade
de pele, porque olhos
não me viram, nem mão
me colheram. As uvas
onde o tempo espuma.
Os cantares da semente, 1996
CARPI, Maria. A força de não ter força. São Paulo: Escraituras Editora, 2003. 109 p. 14x21 cm. ISBN 85-7531-078-X Impresso em papel chamois 80g/m2. Edior: Raimundo Gadelha. Capa: Reginaldo Barcellos. Col. A.M.
Amor, essa fora de não
ter força; essa paz
dando a pez; esse rosto
incandescente, nunca
lido, que se sobrepõe
aos demais e reluta
quando todos fenecem
e mais se aviva, encoberto.
Vou sair de mim, sair
da cidadela do corpo,
sair do corpo do mundo
para entrar. Distancio-me
de onde estou a chegar
perto do amor, onde sou.
Não fui eu a crescer
nessa maré de líquens
e assombro. Outro ser,
como o leito de um rio,
deslocou minhas carnes
e propósitos. Fui-lhe
ventre e sudário. Em mim,
amor morto e amor vivo.
Agora servem-me a ceia.
A LAVOURA DA FOME – poema 10
Não sou eu que tem fome.
É a fome que me tem.
Ela me apura, hóstia, em
sua boca. Ela me salitra
a temperança para devolver-me
à fermentação, contra a cupidez.
A fome é o meu outro, escumoso.
Não vim ao mundo para saciá-la,
mas acendê-la, contra a cupidez.
E da fome me retiro, fatia,
para que ela seja inteira.
A fome, contra a cupidez,
também se retira em funduras,
para que o alimento esplenda
como um sol saído das vagas.
Não mais o impulso ao avesso,
não mais a seta e o batimento
nos ares. Apenas todo o Fruto.
(A Migalha e a Fome)